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24° Bruschettas, e vinho


Ao abrirem a porta da casa, foram recebidos pelo silêncio. O lugar estava tranquilo, exceto pelo suave ronronar de Sansão, o gato das irmãs, que se espreguiçava no sofá. Ele olhou para eles com um ar de desinteresse, como se estivesse avaliando se valia a pena se levantar.

— Olá, Sansão! — Milena exclamou, agachando-se para acariciar o gato. Ele se aproximou, esfregando a cabeça nas mãos dela, enquanto Enrico fechava a porta atrás deles.

Na mesa da sala, uma mensagem deixada em um bilhete colorido dizia: 

"Oi, pessoal! Temos um compromisso e vamos chegar tarde. Aproveitem a casa! Beijos, Julieta e Giulia."

Milena leu a mensagem em voz alta e riu.

— Parece que estamos sozinhos.

— Isso pode ser perigoso. — Enrico respondeu, um sorriso malicioso se formando em seus lábios. — O que você acha de aproveitar a privacidade?

Milena ergueu uma sobrancelha, seu olhar cheio de provocação.

— Eu gosto de como você pensa...

— Ok, então vamos tomar um banho, e depois preparamos algo para comer...  Não podemos deixar a fome nos pegar desprevenidos, certo?

Milena sorriu, um brilho travesso em seus olhos.

— Ótima ideia! — disse ela, começando a subir as escadas. — A casa é toda nossa, então vamos aproveitar!

Enrico a seguiu, o coração batendo mais rápido com a expectativa. Assim que chegaram aos quartos, ele percebeu que a atmosfera estava cheia de eletricidade. Ambos sabiam que estavam prestes a entrar em um território novo, mas isso só tornava tudo mais excitante.

Depois de um banho rápido, onde o vapor encheu o ambiente, eles se vestiram com roupas confortáveis e quentinhas, devido a mudança climática.  Enrico foi o primeiro a chegar na cozinha.

 A luz suave refletia nas paredes, criando uma atmosfera acolhedora. Enrico pegou algumas ervas frescas, tomates e outros ingredientes que encontrou na geladeira. Assim que Milena desceu as escadas, o cheiro do molho de tomate e das especiarias invadiu suas narinas, trazendo uma sensação acolhedora. Enrico estava concentrado na cozinha, movendo-se com a graça de alguém que conhecia bem o que estava fazendo. A luz suave iluminava o ambiente, destacando seu foco enquanto ele picava ervas frescas e mexia a panela.

— O que você está cozinhando? — perguntou Milena, apoiando-se na porta da cozinha e o observando com um sorriso.—

Ele olhou por cima do ombro, um sorriso leve se formando em seus lábios.

— Um clássico. Pasta alla puttanesca. Espero que goste.

Milena se aproximou, curiosa e intrigada.

— Parece delicioso! Posso ajudar com algo?

— Na verdade, não precisa. — Ele balançou a cabeça, mas logo acrescentou com um tom provocante. — A menos que você queira cortar alguns ingredientes.

— Ah, mas eu tenho outra ideia em mente... — disse ela, com um sorriso travesso, enquanto se aproximava ainda mais, quase como se quisesse distraí-lo.—

Ele riu, mas não desviou o olhar do prato que estava preparando.

— Tente não queimar a casa enquanto eu estou ocupado. — O tom dele era brincalhão, mas havia uma tensão subjacente que os dois podiam sentir.

Milena se encostou na bancada, observando cada movimento dele. O jeito que ele mexia a panela, o foco em seu trabalho, tudo isso a fazia admirar ainda mais. Era uma nova faceta de Enrico que ela não conhecia, e isso a fascinava.

— Eu tenho que admitir, você é um verdadeiro chef. — ela disse, os olhos brilhando, enquanto observava ele cortando a cebola com maestria, precisão e sem chorar.—

— E você, uma ótima assistente. — Ele finalmente se virou para ela, um olhar malicioso em seu rosto. — Mas lembre-se, não ponha fogo na minha cozinha.

— Acha que consegue me intimidar assim? — perguntou ela, com um ar desafiador.

— Ah, eu sei que não. — Enrico deu um passo à frente, a proximidade deles aumentando a tensão no ar. — Mas você sabe que é mais divertido quando há um desafio, não é?

Antes que Milena pudesse responder, ele a puxou para mais perto, seus rostos a poucos centímetros de distância. O momento foi eletrizante, lembrando-os da conexão que tinham compartilhado anteriormente. Ele a beijou com cautela, de forma suave e calma, sem pressa nenhuma, e ela correspondeu ao beijo do loiro. Assim que se afastou ele sorriu de maneira provocante voltando para o fogão, e deixando Milena de pernas bambas.

— Por que não faz uma salada, ou bruschetta para a gente? 

Milena se afastou, ainda sentindo a intensidade do beijo nos lábios. O coração batia acelerado enquanto ela se dirigia à bancada, buscando ingredientes para a bruschetta. Com as mãos ligeiramente trêmulas de excitação, começou a cortar os tomates em cubos pequenos, a mente divagando entre os sabores e a química que pairava no ar.

— Você tem certeza de que não precisa de ajuda? — Enrico perguntou, lançando um olhar para ela enquanto mexia no molho.—

— Estou bem, apenas me concentrando na tarefa. — respondeu Milena, forçando um sorriso enquanto tentava manter a compostura.— Eu não vou colocar fogo na sua cozinha Tenente.—Ela adicionou manjericão fresco e um fio de azeite, e o aroma imediatamente começou a se espalhar pela cozinha. A cada movimento, ela sentia o olhar de Enrico sobre ela, o que a fazia ficar ainda mais animada. Quando terminou de misturar os ingredientes, olhou para ele, seus olhos brilhando de satisfação. — Pronto! — anunciou, colocando a mistura em uma tigela.

Enrico se virou, admirando o trabalho dela.

— Uau, isso parece incrível! — exclamou, um sorriso sincero nos lábios. — Agora só falta o pão.

Milena se dirigiu à prateleira, pegando uma baguete crocante. Enquanto cortava o pão, eles trocaram sorrisos e olhares cúmplices, a atmosfera descontraída e cheia de promessas.

— Você realmente sabe como deixar tudo mais divertido Milena. — disse Enrico, enquanto ela colocava os pedaços de pão na assadeira.

— Eu aprendi com a melhor. — ela respondeu, piscando para ele, enquanto preparava as bruschettas para levar ao forno.— Minha avó Paola, é dona de um restaurante Mexicano, em San Lorenzo... O El touro apesar de ter uma gastronomia mexicana, também tem uma mistura italiana, e é um lugar maravilhoso.

 — Parece incrível! — Enrico exclamou, inclinando-se para frente, interessado. — Você deve ter crescido em meio a sabores maravilhosos.

— Com certeza! Minha avó sempre foi criativa na cozinha. Ela dizia que a comida é uma forma de amor, e eu cresci acreditando que cozinhar é uma arte. — Milena disse, um brilho nostálgico nos olhos enquanto lembrava das tardes passadas no restaurante, ajudando a avó.— Eu amo o meu trabalho, e não trocaria por nada... Mas, cozinhar é algo que me faz bem, e me dá paz... As vezes quando estou entediada, ou reflexiva, gosto de ir até o El touro e ajudar a minha avó a preparar suas receitas... 

Com tudo pronto, ela colocou a assadeira no forno e virou-se para Enrico, que estava observando com um olhar admirado.

— Agora, que tal uma pausa enquanto esperamos? — sugeriu ele, inclinando-se contra a bancada.

Milena hesitou por um momento, mas a oportunidade era tentadora.

— Uma pausa? Para o que exatamente? — perguntou, com um sorriso provocante.

— Para aproveitar este momento. — Ele deu um passo à frente, a tensão crescendo novamente entre eles.

— E o que isso envolve Tenente? — Ela estava se divertindo com o jogo de palavras, o coração disparando.

— Hmm, talvez um segundo beijo? — Enrico sussurrou, aproximando-se mais uma vez, os olhos fixos nos dela.

Milena não hesitou. Ao invés de responder, ela se aproximou e envolveu os braços ao redor do pescoço dele, puxando-o para um beijo mais intenso e apaixonado. O mundo ao redor deles desapareceu enquanto se entregavam àquele momento, a cozinha transformando-se em um refúgio só deles.

Quando finalmente se afastaram, ambos estavam ofegantes, os sorrisos nos lábios.

— Ok, isso definitivamente deixa o trabalho na cozinha mais interessante. — Enrico comentou, seu olhar ainda cheio de diversão.

— Concordo! — Milena respondeu, o rosto quente, mas o coração leve. — Agora, vamos ver como as bruschettas estão indo.

Enquanto Milena se afastava, ela se dirigiu rapidamente ao forno, seus pés deslizando suavemente pelo chão de azulejos. O aroma das bruschettas assadas a envolveu, fazendo seu estômago roncar, mas também trazendo uma onda de excitação. Com cuidado, ela abriu a porta do forno, a luz quente iluminando seu rosto.

— Uau, estão lindas! — ela exclamou, retirando a assadeira com um pano. As bruschettas estavam douradas, com o queijo derretido e os tomates suculentos, quase brilhando sob a luz da cozinha.

Enrico se aproximou, observando com atenção enquanto ela arrumava as bruschettas em um prato bonito.

— Você definitivamente tem talento para isso. — ele comentou, admirando a apresentação. — Se um dia resolver virar cheffe, eu estou a disposição para fazer as degustações.

Milena riu divertidamente, ao colocar a forma em cima da bancada sobre o olhar de Enrico.

Os dois se sentaram à mesa, e Milena serviu as bruschettas, cada uma mais apetitosa que a outra. Enrico abriu um vinho e os serviu. Enquanto se deliciavam, a conversa fluiu naturalmente entre risadas e trocas de histórias.

O clima estava tão leve que eles se perderam em conversas sobre comidas, lembranças e sonhos, enquanto o tempo parecia voar. As bruschettas foram rapidamente devoradas, e a Pasta alla puttanesca, agora era apreciada. Enrico se levantou para pegar mais vinho.

— Você se importa se eu pegar uma garrafa extra? — perguntou, virando-se para Milena.—

— Não, de jeito nenhum. — ela respondeu, um sorriso brincando em seus lábios. — Na verdade, quanto mais, melhor!

Enquanto ele se afastava, Milena observou a cozinha, agora cheia de risos e boa comida. A noite estava se desenrolando de maneira perfeita, e a conexão entre eles parecia mais forte a cada momento.

Quando ele voltou, ela se levantou para ajudar a encher os copos. Assim que se sentaram novamente, houve um silêncio confortável, e a tensão que antes estava presente agora se transformara em uma sensação de intimidade.

— Então, o que você acha de fazermos um brinde? — sugeriu Milena, levantando seu copo.—

— Com certeza! — Enrico respondeu, erguendo o dele. — A novas experiências e a esta noite incrível!

— E a nós! — ela acrescentou, o coração palpitando enquanto seus olhares se encontravam novamente.—

O tilintar dos copos ecoou pela cozinha, e assim que tomaram um gole, a sensação de que estavam vivendo algo especial se tornou ainda mais clara. A noite estava apenas começando, e ambos sentiam que havia muito mais por vir. 

***


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