16° Feira de adoção
Logo após o almoço, Enrico e Milena se dirigiram ao local onde o evento de adoção seria realizado, uma praça ampla e ao ar livre, com uma atmosfera vibrante que contrastava com a tranquilidade da manhã. O céu estava claro, mas o ar ainda carregava uma leve brisa fresca, o que tornava a caminhada agradável. O local estava mais movimentado do que o esperado para uma terça-feira, com tendas coloridas montadas ao redor, criando um cenário acolhedor. De um lado, as barracas exibiam cartazes com informações sobre os animais, enquanto do outro, pequenas áreas estavam reservadas para interação entre os pets e as pessoas que vinham conhecer, brincar e, quem sabe, adotar um novo amigo.
Milena estava vestindo uma roupa casual, mas com um toque de estilo que sempre exibia com naturalidade. O jeans, levemente desbotado, se ajustava perfeitamente à sua silhueta, enquanto as botas de cano curto davam um toque prático e elegante à sua aparência. Por cima, ela usava um agasalho de tricô cinza claro, que a aquecia sem ser excessivo, a combinação perfeita para o clima ameno daquele dia. Seus cabelos, presos em um rabo de cavalo baixo, balançavam suavemente com o vento, enquanto um sorriso suave brincava em seus lábios, evidenciando o quanto ela estava à vontade no ambiente.
Enrico, ao seu lado, não podia deixar de reparar na forma como Milena parecia tão à vontade. O movimento natural de seus gestos, sua postura descontraída, tudo nela irradiava uma energia tranquila e acolhedora. Ele a observava de canto de olho, ainda processando a sensação de estar ali com ela, sem as tensões dos últimos dias pairando entre os dois.
Eles atravessaram a praça, caminhando em direção ao centro do evento, onde uma pequena apresentação começaria em breve. A música suave que preenchia o ar e o riso das crianças brincando com os cães criavam uma sensação de leveza que parecia afastar qualquer pensamento negativo. O cenário, cheio de cores e sorrisos, era um contraste direto com os desafios do mundo lá fora, e Enrico se viu envolvido naquele momento simples e puro. Ele se sentiu... bem, algo que não experimentava há tempos.
Enquanto andavam, Milena falava com entusiasmo sobre a importância de eventos como aquele. Ela estava claramente imersa na causa, e seus olhos brilhavam cada vez que ela mencionava como o evento poderia ajudar os animais a encontrar novos lares. Enrico a ouvia atentamente, se pegando cada vez mais admirado com a paixão que ela colocava em tudo o que fazia.
— Eu adoro ver o impacto positivo que esse tipo de evento pode ter. — Milena disse, com uma leveza na voz. — Quando você vê a alegria das pessoas adotando um animal, é quase como um alívio, sabe? Você sente que está fazendo algo de bom.
Enrico assentiu, concordando, mas também sentindo um certo desconforto. Ele sabia que, em algum momento, aquela descontração e facilidade entre eles precisariam ser abordadas. Mas, por agora, estava feliz por simplesmente viver o momento, sem pressa.
Ele viu algumas famílias com crianças pequenas que olhavam as fotos dos animais na parede da tenda, outras já acariciando cachorros que pareciam tão alegres quanto eles. O cheiro de pipoca no ar e o som suave de risadas fizeram a praça parecer ainda mais acolhedora.
Milena se virou de repente, uma expressão curiosa no rosto.
— Enrico, você já pensou em adotar um cachorro? — ela perguntou, sua voz carregada de sinceridade e um toque de humor.
Ele sorriu levemente, ainda com os olhos focados nas pessoas ao redor.
— Eu? Um cachorro? — Enrico riu de forma baixa. — Acho que um cachorro precisaria de mais atenção do que eu posso dar no momento... Minha vida é agitada demais... Se adotar um cão, vai sobrar para Giulia e Julieta ter que cuidar. — sorriu calorosamente se lembrando das irmãs.— Já tive alguns no exercito que ficava sobre os meus cuidados, eles iam comigo para todos os lugares em missões...
— Entendo!
Milena assentiu, compreensiva, mas com um olhar que sugeria que ela sabia que Enrico podia ser mais responsável do que ele estava deixando transparecer.
— E quanto á você... Tem algum animal de estimação?
— Eu tenho peixes...
— Peixes?
— Sim, no meu apartamento tem um aquário de peixes... — Milena disse, seus olhos suavizando enquanto ela observava os cães na tenda. — Meu apartamento não é muito grande , mas eu gosto... Então não tem espaço para um animal de porte grande... Se eu fosse pegar um cachorro, eu queria algum de porte grande... Mas infelizmente no meu apartamento não tem espaço necessário para deixar um animal trancado... Eu amo animais, mas não sei se seria uma ótima dona.
—Eu aposto que você seria uma ótima dona... Só precisa dar uma chance para si mesmo. —Milena seguiu, um sorriso ligeiro nos lábios, mas, no fundo, sentindo que, de alguma forma, aquele momento juntos estava tornando algo mais significativo.— Olha, vai começar! Vamos ver os cães fazendo a demonstração! — Ele disse, seu entusiasmo evidente. Milena olhou para Enrico, com os olhos brilhando de entusiasmo.—
— Vamos lá. Mas não espere que eu adote um, hein? — respondeu ela com um tom de brincadeira, embora soubesse que as palavras dele tinham tocado um ponto mais profundo. pois ela queria muito. Mas o seu apartamento não tinha espaço suficiente. Quem sabe quando ela tivesse a sua casa.—
Juntos, caminharam até a área onde os cães estavam exibindo suas habilidades, enquanto Enrico se sentia envolvido por aquele ambiente acolhedor e tranquilo. Por mais que suas palavras tivessem sido cautelosas, algo dentro dele estava se permitindo abrir para a ideia de um novo começo, ou talvez, de um novo vínculo.
— Você está gostando, né?
Milena assentiu, seus olhos brilhando com um entusiasmo genuíno.
— Estou adorando! Tudo isso tem uma energia tão boa, tão acolhedora. Os cães, as pessoas... é algo realmente bonito.
— É, eu também acho. Isso tudo foi organizado pelo meu amigo Diego. — Ele disse, com um tom de orgulho na voz. — Ele é delegado, mas também tem uma paixão enorme por defender os animais.
Milena o olhou com curiosidade.
—Deve ser difícil, não? Conciliar a vida de delegado com a defesa dos animais.
— Para ele, é uma missão... Desde criança, Diego sempre foi o tipo de pessoa que se importa profundamente com os outros. Quando éramos mais jovens, ele não se contentava em apenas jogar futebol com os amigos ou sair para a balada. Ele sempre estava envolvido em algo que ajudava os outros, fosse resgatando animais de rua ou ajudando pessoas em situações difíceis.
Milena sorriu, impressionada.
— Uau, isso é incrível. Ele deve ser uma pessoa muito forte.
— Sim, sem dúvida. — Enrico concordou, o olhar dele agora mais distante, como se ele estivesse lembrando de momentos antigos. — Conheço o Diego desde que éramos crianças. Crescemos juntos, jogávamos futebol no mesmo time, e ele sempre teve essa veia protetora. Na adolescência, ele começou a trabalhar com resgates de animais, e foi aí que realmente entendeu a importância do trabalho que ele faz agora. Não é só uma questão de resgatar um animal, é uma questão de dar voz a quem não tem.— Sorriu.— Já me meti em muitas confusões para ajudar ele em resgates antes de eu ir para o exercito.
Milena ouviu atentamente, admirando a forma como Enrico falava de seu amigo. Havia algo genuíno em suas palavras, algo que mostrava o quanto ele o respeitava e se importava com a sua missão.
— Você sempre foi tão próximo dele?
— Sempre. — Enrico disse, com um sorriso nostálgico. — Apesar de eu ter seguido um caminho bem diferente, a gente nunca se afastou. Ele seguiu a carreira na polícia, e eu entrei para o exército. Mas sempre mantivemos contato. Acho que ele é a única pessoa com quem eu realmente posso ser eu mesmo, sem máscaras... Leo e Tommaso também são grandes amigos... Mas, o Diego, eu o conheço a minha vida inteira, ele é quase como um irmão para mim.
Milena sentiu um calor no peito, tocada pela confiança de Enrico. Ela sabia que, por trás daquela fachada dura, ele carregava um coração sensível.
— Acho que vocês são um bom par de amigos. E é ótimo ver que, apesar das diferenças, ainda se apoiam um ao outro.
Enrico deu um leve sorriso, um pouco tímido.
— É, nós nos ajudamos a manter os pés no chão. E mesmo quando as coisas ficam difíceis, sempre há algo que nos lembra quem somos... O único defeito dele, é que ele é um verdadeiro mulherengo.
Milena sorriu, sentindo que a conversa estava se aprofundando.
— Olha aquele! Ele é incrível! — disse, apontando para um border collie que estava, saltando através de aros e correndo por uma pista de obstáculos.
Enrico olhou para o cachorro, e um sorriso natural surgiu em seu rosto. Era impossível não se contagiar pela energia de Milena.
— Você está certa, ele é impressionante. — respondeu ele, sorrindo. —
O evento continuou, mas logo os dois começaram a sentir fome. Enrico sugeriu que parassem para comer algo, e Milena aceitou com um sorriso. Eles caminharam até uma barraca que vendia comida típica italiana. O aroma dos ingredientes frescos, como tomate, manjericão, e queijo, preenchia o ar. Milena escolheu uma fatia de pizza margarita, enquanto Enrico optou por uma focaccia, famosa pela crocância e sabor intenso.
Sentaram-se em um banco próximo, degustando o lanche e aproveitando o ambiente ao redor, que estava cheio de risos e conversas animadas. Entre uma mordida e outra, Milena olhou para Enrico, vendo-o com mais atenção do que nunca. Ele parecia mais relaxado ali, como se estivesse realmente se permitindo desfrutar do momento.
— Não sei o que é mais delicioso, a comida, o local, ou a companhia. — Milena disse de maneira suave, seus olhos encontrando os dele.
Enrico olhou para ela, sentindo uma sensação reconfortante tomar conta de seu peito. Ele não sabia exatamente o que estava acontecendo, mas a presença de Milena era algo que ele começava a valorizar muito mais do que esperava.
Sem pensar, ele se inclinou ligeiramente para mais perto dela, até que seus rostos estavam quase colados. O sorriso de Milena se suavizou, os olhos brilhando com algo mais, algo indefinido, mas muito presente. Enrico estava começando a perceber que, apesar da resistência que ele sentira no começo, havia algo de muito especial ali. Algo que não queria ignorar.
Quando seus lábios se encontraram, foi um beijo suave, mas carregado de uma intensidade inesperada. Os sons ao redor pareciam desaparecer por um momento, como se o mundo tivesse parado enquanto eles se beijavam. Milena fechou os olhos, sentindo o calor de Enrico, e um pequeno suspiro escapou de seus lábios. Era como se, por um instante, tudo fosse possível.
Eles se separaram lentamente, ambos com o coração acelerado, mas sem pressa. Milena abriu os olhos, e viu Enrico olhando para ela com uma expressão difícil de decifrar.
— Eu... — Enrico começou, sua voz baixa, mas carregada de algo genuíno. — Isso... foi inesperado.
Milena riu baixinho, tocando o braço dele de maneira suave.
— A vida é cheia de surpresas, não é? — Ela respondeu com um sorriso travesso.—
Os dois permaneceram em silêncio por um momento, cada um refletindo sobre o que acabara de acontecer, mas nenhum dos dois parecia se arrepender. Algo havia mudado entre eles, e o que quer que fosse, agora parecia impossível ignorar.
— Você gostaria de jantar comigo essa noite? — ele perguntou subitamente para a morena.—
— Jantar? — Milena perguntou surpresa com o convite, e Enrico confirmou com a cabeça.—
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