11° Escolhas
Francesca se afastou, mas o ar de desconforto ainda pairava sobre a mesa. Enrico manteve o olhar fixo em Milena, que, alheia à intensidade com que era observada, se divertia com suas amigas, rindo e dançando de forma leve e espontânea. O jeito despreocupado e alegre com que ela se movia despertava nele algo que há muito tempo não sentia — uma sensação de leveza, misturada a uma ponta de nervosismo.
— O que foi isso, Enrico? — provocou Diego. — Se você estava saindo com ela era só falar... Eu não sou talarico.
Enrico revirou os olhos e riu, tentando disfarçar.
— Não é nada disso... Ela é uma maluca, tem um parafuso a menos. Minhas irmãs devem ter armado alguma coisa pra ela fazer isso... Só não esperava que ela levasse tão a sério.
— Tá com uma cara de quem gostou — comentou Leonardo. — Afinal, você não conseguiu parar de olhar pra ela.
— Para, cara... Ela é só amiga das minhas irmãs.
— Só que ela é uma amiga bem gata — disse Diego, com um sorriso brincalhão. — Se você não fizer nada, eu posso dar um jeito nisso.
Enrico fez uma expressão séria e fechou a cara, irritado. Nesse momento, uma nova onda de risadas escapou das garotas, e ele olhou a tempo de ver dois homens altos se aproximando delas. Um dos caras pousou a mão no braço de Milena, e ela sorriu para ele, abraçando-o de forma íntima, quase como se o conhecesse a vida toda. Enrico franziu o rosto, seu desconforto crescendo. Tinha alguma coisa naquele gesto que não o deixava nada à vontade.
— Cara, você tá olhando pra ela como se fosse explodir — provocou Tommaso, cutucando-o no ombro. — Se não tomar uma atitude agora, pode ser tarde demais.
Enrico não respondeu, mas não conseguia desviar o olhar. Milena estava totalmente à vontade, conversando com o recém-chegado como se ele fosse alguém especial, e isso mexia com ele de uma forma que nem ele entendia. Quando ela entrelaçou o braço no do desconhecido e começou a caminhar em direção à pista de dança, Enrico não conseguiu mais se conter. Tomado por uma mistura de coragem e ciúme, ele respirou fundo e atravessou o salão, indo até onde Milena e o estranho dançavam.
Chegando lá, ele colocou a mão no ombro do homem, interrompendo o momento.
— Desculpa, parceiro, mas acho que a Mila está ocupada agora — falou com um sorriso confiante, tentando manter a compostura.
Milena, surpresa, olhou para ele com um ar confuso e divertido.
— Ocupada? Com o quê? — perguntou o estranho, cruzando os braços e levantando uma sobrancelha para Enrico, que não recuou.
— Comigo. Achei que você queria dançar... Comigo. Ou era só provocação? — disse Enrico, seu tom carregado de sinceridade e ironia.
Milena riu, balançando a cabeça.
— Achei que você estava ocupado demais com sua ex- namorada tenente.
— Você disse algo sobre dançar ou andar na roda gigante, não foi? Acho que vou aproveitar a oportunidade.
Milena o encarou por um momento, tentando decifrar o que estava por trás daquele sorriso, mas acabou rindo e aceitando a mão dele.
— Está tentando me agradar agora, tenente?
— Talvez eu esteja apenas garantindo que ninguém mais roube a atenção da minha namorada.
O tom casual dele fez Milena corar levemente, mas ela rapidamente se recompôs.
— Namorado?
— Sim, o namorado... e você, quem seria? — Enrico disse, mantendo o ar sério.—
— Eu sou o irmão dela.
Enrico ficou serio, onde ele tinha se metido... Só queria se vingar da maluca, mas agora ele estava diante do irmão da maluca. Antes que pudesse dizer qualquer coisa, Eros o encarou por um segundo antes de soltar uma risada alta.
— Calma, cara! Essa pirralha é minha amiga. Sou o melhor amigo dos irmãos dela. Vi essa maluca crescer praticamente... Mas olha só, você está aprovado. É durão na queda. Vai precisar de sorte para encarar os irmãos De Luca... — Eros completou, rindo, enquanto Milena lhe lançava um olhar mortal.
— Pare de dizer bobagem Eros...
Eros riu divertidamente vendo o pavor nos olhos de Milena.
— Tranquilo, Mila, não vou jogar essa bomba nos seus irmãos. Isso eu deixo pra você — disse, ainda se divertindo. — Vou deixar vocês dois dançarem em paz.
Eros se afastou, percebendo o clima entre Milena e Enrico. Ele lançou um último sorriso de incentivo para ela antes de se juntar ao amigo que conversava com Giulia e Julieta. Enrico a olhou, estendendo a mão, que ela aceitou com um sorriso e uma pontada de curiosidade nos olhos.
— Bom, então vamos dançar. Mas vou avisando: se pisar no meu pé, está fora.
Enrico riu, guiando-a para a pista de dança enquanto Giulia e Julieta assistiam de longe, trocando olhares cúmplices.
A música suave e romântica que tocava criou o cenário perfeito. Enrico passou o braço ao redor da cintura dela, puxando-a para mais perto, e Milena, sem dizer nada, envolveu o pescoço dele com seus braços. Os dois se balançavam em silêncio, apenas sentindo a proximidade.
Depois de alguns instantes, Enrico murmurou, olhando fundo nos olhos dela:
— Então... desde quando você decide dar uma de minha "namorada" e me salvar de ex-namoradas?
— E desde quando eu sou a sua namorada?
— Então, me "salvar" da Francesca foi só um teatrinho, é isso?
— Talvez tenha sido mais por diversão do que para te salvar. Mas... pelo jeito, você não se importou muito, estava gostando. — disse, sorrindo provocativa.—
Ele sorriu de lado e, antes de responder, puxou-a um pouco mais para perto, inclinando-se para sussurrar no ouvido dela:
— Você é maluca...
— E você não fica muito atrás, Tenente. As suas irmãs me avisaram sobre a ex, mas você me surpreendeu com sua ousadia. E se Eros fosse um dos meus irmãos de verdade? Já pensou nisso?
Enrico riu, sem desviar o olhar.
— Aí eu ia ter que me virar, certo? Já estou aqui, e quem está na chuva é para se molhar.
Milena o encarou, a expressão séria suavizada por um brilho travesso nos olhos.
— Sabe, eu sempre achei que você era o tipo que jogava pelo lado "seguro". Parece que eu estava enganada Tenente.
Enrico inclinou a cabeça, aproximando seus rostos.
— Com você, acho que nada seria seguro sua maluca.
Ela riu, balançando a cabeça e apertando mais o abraço ao redor dele antes de dizer:
— É das malucas que eles gostam Tenente.— falou a morena mordiscando o canto dos lábios que não passou despercebido por Enrico.—
— Você está brincando com fogo garota.
— Eu adoro me queimar de vez em quando Tenente. — falou piscando pare ele de forma provocativa.—
Quando a música chegou ao fim, e a proximidade entre eles se tornava ainda mais intensa, quase palpável. Milena, ainda envolvida nos braços de Enrico, sentia o coração batendo mais forte, algo que raramente experimentava. Ele a fitava intensamente, e o ambiente ao redor parecia se desfazer aos poucos, deixando-os em uma bolha onde nada além deles importava.
Quando o casal voltou para a mesa, encontrou Julieta e Giulia conversando com Alessandro e Eros de forma animada..
As irmãs novamente riram da interação entre os dois, percebendo a química crescente. Julieta sussurrou para Giulia:
— Eu acho que eles estão se dando bem.
— Você acha? — Giulia respondeu, com um olhar esperançoso. — Espero que sim. Ele merece alguém que o faça feliz... Quem sabe ela não consegue tirar ele do Exercito.
Enrico se virou para as irmãs, percebendo o olhar cúmplice delas e um sorriso se formando em seus lábios.
— O que vocês estão sussurrando aí? — ele perguntou, curiosamente.
— Nada demais, só comentando sobre como você e a Milena estão... bem juntos — Giulia respondeu, com um ar de mistério.—
— Os irmãos De Lucca vão surtar.— falou Alessandro saboreando sua bebida.—
— E não vai ser eu a jogar essa bomba!— falou Eros.—
— Ok, vocês parem de fofocar como duas velhas. — falou apontando para os amigos.— O que estão fazendo em Aosta afinal?
— E o que mais poderia ser... Estamos de passagem... Vim visitar uns familiares e arrastei Eros comigo. — falou Alessandro sorridente.— Só não esperava te encontrar aqui pirralha.
— Estou na cidade a trabalho seus enxeridos...
Eros lançou um sorriso divertido para Milena, apoiando o cotovelo no balcão enquanto a observava.
— Lavoro, huh? E que trabalho tão importante é esse, que precisou viajar até Aosta? — perguntou Alessandro, erguendo uma sobrancelha com aquele tom provocador.—
Milena revirou os olhos, mas acabou rindo.
— Trabalho, sim, idiota! Estou aqui para fechar um contrato com a construtora Lisovski...— ela respondeu, dando um leve empurrão no ombro de Alessandro. —
— Ah, então você veio a trabalho e acabou numa quermesse dançando com um... Militar? — provocou Alessandro, lançando um olhar curioso em direção a Enrico.
Milena suspirou, cruzando os braços e balançando a cabeça.
— Não é só um "Militar", ele é...
— Namorado né, certo... Eros já me informou... Sai che la tua famiglia impazzirebbe se scoprisse! Eles vão surtar se te verem assim.
Milena deu de ombros, com um sorriso de desafio.
— Lascia che impazziscano, eles não precisam saber de tudo, não é? Se non sai tenere un segreto, Alessandro, allora non sei affatto mio amico. — ela murmurou, piscando para ele.—
Alessandro colocou a mão no peito, fingindo estar ofendido.
— Eu? Eu sou o túmulo dos segredos pirralha! Só não posso garantir o mesmo de nossos outros "amigos"... — disse ele, apontando com a cabeça para Eros.—
Eros deu um meio sorriso, erguendo o copo para Milena.
— Non preoccuparti, Mila. Seus segredos estão a salvo comigo pirralha. Pode ficar tranquila que não vou contar para os seus irmãos... Minha boca é um tumulo.
— Pois bem, já que estamos aqui, que tal um brinde? — sugeriu Alessandro, erguendo seu copo, com um sorriso caloroso.—
Eros ergueu seu copo também, sorrindo.
— A Aosta e todas as surpresas que ela nos reserva! — brindou ele, trocando um olhar cúmplice com Eros, ambos imersos nas possibilidades da noite. Ambos sabiam que aquela noite prometia boas histórias e, talvez, alguns encontros inesperados...
***
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