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Sombras del pasado | 19

E se alguém machucar você, eu quero brigar
Mas minhas mãos foram quebradas muitas vezes
Então eu usarei minha voz, serei rude pra caralho
Palavras, elas sempre ganham, mas eu sei que vou perder

─ Tom Odell , Another love

C a p í t u l o d e z e n o v e

"Sombras del pasado"

Busan, Coreia do Sul.

10 anos atrás

Ele era uma alma perdida em meio ao inferno.

O garoto tocou o lápis entre os dedos, os murmúrios dos demais soavam pela sala de aula, vozes animadas, empolgadas com suas próprias conversas. Os fracos raios de sol acariciavam sua pele, aquecendo seu rosto, perto da janela sentia a ventania mover levemente os fios que cobriam sua testa, a cabeça apoiada sobre os braços ansiava para voltar para casa.

Taehyung achava engraçado, pois ele não tinha mais um lar, na verdade o local onde ficava podia ser considerado sua prisão. Tudo o que possuía quando mais novo agora era resultado de nada.

Perder sua avó aos onze anos trouxe um impacto profundo em sua vida.

Ainda lembrava-se das quintas-feiras quando sua avó o levava até o colégio, sempre com dois beijos de despedida, logo após a escola, tomavam sorvete de chocolate encarando o céu. A idosa amava apreciar cada tempo e circunstância do paraíso, passavam horas brincando em adivinhar as formas das nuvens, Taehyung fingia não saber que sua avó o deixava ganhar. E se ele soubesse que com o passar dos anos mudanças drásticas aconteceriam, teria desfrutado mais, desejado receber mais beijos doces para as lembranças não desaparecerem com o tempo.

Morar com a mãe foi sua esperança, seu desejo de finalmente conhecer a mulher que o gerou. O jovem não se importava do abandono quando era mais novo, sua avó sempre lhe dizia que a personalidade da filha era explosiva.

Kim aprendeu que segundas chances podiam ser dadas, a felicidade queimava em seu interior para conhecê-la, e finalmente a dor pungente do abandono parental havia chance de ser esquecida.

Contudo, assim que saiu do orfanato, quando finalmente encontraram sua mãe, as estimativas se destroçaram.

Taehyung tinha apenas treze anos quando notou que sua vida seria um inferno disfarçado de paraíso.

"Todo mundo é capaz de dominar uma dor, exceto quem a sente."

O jovem garoto lembrou da frase gravada na pintura sem acabamentos de seu quarto, uma citação de William Shakespeare, no qual ele admirava profundamente suas obras.

A avó de Taehyung faleceu no inverno rigoroso da pequena casa onde moravam, na percepção dos outros o lugar era miserável, imundo, degradante e aglomerado de lares próximos demais um dos outros. A estrutura frágil, vielas estreitas, um quase escasso sistema de aquecimento eficaz, barracos compostos por papelão ou placas de metal.

Kim achava irônico que enquanto ele se acostumava com a cor predominantemente cinza onde morava, um local próximo irradiava com o céu ensolarado, enquanto para os outros a chuva significa lazer e conforto, as suas noites eram cobertas por desespero temendo com que a água inundasse sua casa.

O final de sua infância foi marcado pela tristeza morte da avó, o período em que foi colocado num orfanato, a época dos julgamentos por pertencer a um lugar impuro. Por conta das baixas temperaturas, muitas pessoas ficaram doentes e a idosa em uma noite acabou não resistindo e partiu.

Mudou-se para a movimentada Busan para ficar com a mãe.

Jovem garotinho tolo que pensou em possuir felicidade, talvez fosse algo já predestinado desde seu nascimento, sobreviver num vazio imperceptível aos olhos alheios, a melancolia crescente dominando seus pensamentos, atingindo o pico mais alto e catastrófico da tragédia.

A mentira mascarada horrivelmente que poderia acreditar que as coisas melhorariam, a maioria sabia, e Taehyung tinha a certeza, ele era o resto de alma quebrada.

Escrevendo trechos de músicas favoritas no diário das composições mais marcantes, não enxergando dentro dos olhos opacos o garoto filho de um pai que não quis assumir a responsabilidade e de uma mãe que fugiu atrás dele, de tristeza voltou com o coração partido, entregando sua criança a própria mãe.

Suas íris castanhas viraram-se para observar os companheiros de turma, alguns focados em seus livros, estudando na esperança de se tornar alguém, presos em uma sociedade que apenas o melhor vence. Outro grupo sorria como se aquele diálogo fosse a melhor coisa de suas vidas, o menino bufou frustrado, passando as mãos entre os cabelos, na estimativa de saber o horário para ir embora.

Kim havia percebido que nada que fizesse, qualquer ação que tomasse, ele nunca poderia ser feliz.

Se Taehyung fosse uma boa pessoa, por que ninguém se aproximava dele?

Se ele realmente não fosse uma vergonha como sua vó dizia, por que ninguém ficava ao seu lado?

A criança impura, forte o bastante para atrair o desprezo de todos ao seu redor, o quão miserável ele parecia ?

Era sintomático, sua fatídica existência significava males comuns se repelindo, uma destruição imersa lutando diariamente contra e para a aprovação das pessoas, não refletia o que sentia, pois assegurava-se em falsos momentos e lembranças do passado.

Suposições sobre o menino com olhar baixo, ombros caídos e postura retraída eram notórias, alguns diziam que ele era filho de algum gângster que não quis assumir o controle, já outras iam longe com maldições, abandono e mortes.

Era patético.

Porém, também era doloroso.

Porque as mesma hipóteses que o descreviam como pecador, eram as únicas que refletiam parte de seus sentimentos, uma tempestade de problemas.

• • •

Taehyung estava saindo da escola, colocou suas mãos dentro dos bolsos do casaco. Avistou os grupos de colegas saindo juntos, com a face inexpressiva uma singela parte sua os invejou, os estudantes pareciam ignorar sua presença, e quando lhe dirigiam a palavra negavam-se a encarar seus olhos, muitos por saber do lugar de origem do rapaz o enxergavam como uma vergonha.

Conforme seguia o caminho até o apartamento, sentia que seus passos estavam sendo vigiados, seus músculos rígidos alertavam que alguma estava errada.

De novo, não.

Pensou enquanto suas pernas davam passadas maiores, afim de fugir, sugou o máximo de ar possível para acalmar seu corpo, podia ouvir seus batimentos martelando contra as costelas.

- Kim Taehyung?- seu nome assobiou junto com vento da tarde.

Ergueu seus olhos, encontrando três homens altos, um careca, outro com uma expressão irritada e o do meio com um sorrisinho no rosto, era Do‐yun, vestiam jaquetas escuras e luvas de couro.

Taehyung recuou alguns passos para trás, preparado para correr, a rua onde estavam era deserta, os becos estreitos e o afasto gasto.

─ Não torne isso mais difícil ─ com uma expressão sarcástica o do meio aconselhou, balançando o cigarro entre seus dedos
─ Queremos apenas uma resposta.

Sem opção o estudante observou todos apavorado, mordiscando os lábios, tentando controlar o nervosismo presente em seu corpo.

Virando as costas para os mais velhos, o menino saiu correndo quase sentindo suas pernas dormentes, o suor impregnava em sua cabeça, deixando seu cabelo molhado, o uniforme azul escuro grudava na pele.

Ofegou, cuspindo o ar pela boca, não tendo tempo para racionar o impacto de seu corpo indo em direção ao chão, ressoou pelo ambiente sujo, um beco abandonado.

─ Eu disse para não tornar as coisas difíceis, garoto.─ o do meio pronunciou, os outros homens seguraram seus braços prendendo seu corpo.

─ Eu não sei de nada... ─ murmurou engolindo em seco, a mão do mais velho agarrou seus fios, erguendo sua cabeça em sua direção.

Jogou o cigarro no chão, pisando duro, abaixando-se para ficar frente a frente com o garoto.

─ Nada de respostas vagas, sabe que detesto isso jovem.

Os homens rodeavam com sua presença ameaçadora, não fornecendo chances de escapar ou fugir do alcance. Assistiam o jovem na esperança que ele falasse algo.

─ Kim. Kim. Kim.─ cantarolou, apoiando os sapatos envernizados diante de seus olhos.

─ Eu realmente não sei de nada.

Sua voz saiu num sussurro, o mais novo olhou tentando passar confiança, ainda trêmulo e assustado, conseguiu pronunciar as palavras.

─ Eu esperava mais de você, jovem. ─ Do-yun lamentou desgostoso, descansando seu braço no joelho
─ Roubar minha grana?─ sua cabeça balançou decepcionado, sua língua estalou diversas vezes no céu da boca ─ Você me colocou em uma situação difícil, gosto de lidar com dinheiro, não com devedores.

─ Faz semanas que não a vejo.─ arfou, tentando suprir a dor em suas costelas pela queda.

─ Onde está a vadia da sua mãe? Aquela filha da puta está me devendo.─ o agiota pigarreou, tirando o sarcasmo, havia a seriedade em suas falas, o semblante irritado preservava uma ameaça velada.

─ Ela saiu para viajar de novo, até agora não entrou em contato comigo.─ explicou o mais novo, cerrando os punhos.

─ Acho bom está dizendo a verdade garoto.

Ditou em advertência, erguendo o rosto do garoto para ficar próximo do seu. Em propósito de gerar mais amedrontamento ao jovem, brincar com sua mente até a verdade ser dita.

─ Avise a ela que quero o dinheiro que emprestei de volta ─ com a tensão palpável, riu presunçoso
─ E não fique triste, ainda temos muitos negócios para tratar no futuro, afinal sua mãe é a nossa cliente fiel.

─ O que? ─ o menino disparou alterado ─ Não era somente devolver seu empréstimo ?

─ Oh ─ Do-yung jogou as mãos no ar
─ Você não sabia.

─ Sobre o que? ─ em choque com a revelação o menor projetou seu corpo para frente, exigindo uma resposta, seu interior queimava de dor.

─ Ah jovem ─ balbuciou fingindo tristeza ─ Achou mesmo que ela tinha parado?

─ Mas. Mas. ─ repetiu desesperado, balançando seus braços, sem conseguir solta-los.

─ Mande o recado a ela, aliás quero minha grana rápido, sabe que detesto ter que sujar minhas mãos com sangue. ─ piscou ironicamente, antes de caminhar para longe de seus olhos.

• • •

Andando de volta, suas pernas doíam, suas roupas estavam sujas e bagunçadas, os braços doloridos pela posição. Todo o seu corpo reclamava.

Abriu a porta do lugar, sentido o cheiro mórbido e solitário, porém permaneceu paralisado na figura sentada no sofá a alguns metros de distância dele.

─ Chegou tarde. ─ sua mãe comentou em tom vago, segurando o controle da televisão.

Silêncio. Podia ouvir ao fundo os ruídos do aparelho, as perceptíveis conservas animadas dos vizinhos, latidos de cachorros e carros passando próximos.
Todavia, no ambiente só restava um silêncio perturbador.

Kim Min-ji.

Cabelos curtos, tocando suas orelhas, olhos fundos e um sorriso amoroso, sua mãe.

Seus lábios se alagaram felizes, Taehyung não sorriu de volta.

─ Filho ─ sua surpresa era verdadeira junto a preocupação no olhar ─ O que aconteceu com você?

A mulher se levantou, andando até o garoto.

─ Você voltou a jogar? ─ perguntou direto.

As narinas dilataram-se, o suor em sua testa e as mãos feridas de sua mãe trouxeram a verdade.

─ É coisa minha.─ a mulher tentou segurar seu rosto, Kim deu um passo para trás, evitando-a.

─ Eles me seguiram, novamente.─ revelou frustrado, passando as mãos pelos cabelos.

O peito de sua mãe subiu e desceu, quase afundado. Suas expressões preocupadas revelam suas mentiras.

─ Fiz Kimchi, quer?

Desconversou rapidamente, quase de modo exaltado.

─ Nós fizemos uma promessa, mãe, que você pararia de jogar.

Seus olhos castanhos observavam o garoto tenso, seus lábios colaram sem dizer uma palavra.

─ Responde.─ exclamou magoado, desejando que fosse outro pesadelo.

─ Eu estou com sorte, filho.─ seu tom brando e animado lhe deu náuseas.

Taehyung estava sufocado, encurralado em um destino sádico. A agonizante ansiedade estilhaçou seu interior, antes adormecida, sufocava seu corpo num mar denso, aprisionava na escuridão eterna. A decepção prevalecia na mesma intensidade quando descobriu que precisava roubar para pagar as dívidas da mãe, necessitava estar andando sobre as ruas na obrigação de pegar objetos de valor ou dinheiro, apenas para que no dia seguinte não acordasse com sua mãe morta sobre o piso da sala.

─ Do-yun quer o dinheiro dele.

─ Eu vou pagar, o restaurante está indo bem.─ sua fala não falhou, não havia mentira, ela estava ganhando e isso o apavorava.

─ Me diga a verdade, por favor- implorou ─ Esse empréstimo foi por conta do restaurante, novamente?

Já tinha assistido aquela cena milhares de vezes, os negócios indo bem, cortando para eles sem sustento e Taehyung tendo que furtar, ninguém queria uma criança de treze anos trabalhando ou como funcionário.

─ Queriam fechar o meu sustento, filho, tive que ir até o Do-yun.─ enunciou como se estivesse com razão.

─ Eles queriam fechar porque você gasta todo dinheiro com as apostas! ─ disse em um tom sombrio estridente, a euforia da mulher diminuiu diante sua frente, dando espaço para certa aflição.

─ Olha como fala com a sua mãe, Taehyung.- advertiu.

─ Agora isso é importante? ─ suspirou, com cada centelha de seu ser sendo destruída, sem esperanças
─ Me colocar para roubar os pertences dos seus clientes enquanto eles estão bêbados demais para perceber o que acontece, é ser uma boa mãe?─ indagou ele
─ Isso é apenas para ter um sustento, já que todo dinheiro é usado nas suas apostas.

─ Você não sabe o que está falando.

─ Não sei? Então por que o restaurante está quase falindo?

Confrontou temeroso, a voz embargada denunciava seu desânimo ao tratar do assunto.

─ Não se meta na minha vida, tudo isso é culpa sua!

Em inquietude, a morena alegou vacilante.

─ Como minha? ─ questionou abalado, gesticulando com as mãos num estado desolado.

─ Seu nascimento foi a pior coisa que já me aconteceu, se eu não tivesse tido você, as coisas seriam diferentes.─ o grito enfurecido da mulher que devia protegê-lo, fizeram as sentenças destruíram um pedaço do coração do jovem.

─ Não é verdade ─ murmurou controlando suas lágrimas ─ Nada disso muda o fato que você é uma viciada.

─ Taehyung! ─ Kim Min-ji gritou, ecoando pelo ambiente, fazendo seu filho tremer.

A mulher respirou fundo e seu olhar mudou, Kim encolheu-se ao notar que ela estava indo em sua direção. Em sua face havia fúria e ódio, as mãos finas dela tremiam e nos cantos de seus olhos resquícios de lágrimas pareciam desejar sair, a estrutura frágil de sua mãe lhe segurou pelos ombros, apertando as unhas em sua pele.

─ Vá para seu quarto.─ a voz da mais velha quase não saiu.

Taehyung queria chorar e correr dali, contudo, a insatisfação ainda o feria.

─ Pare de jogar.─ cambaleou exausto, sentia a sensação agonizante em suas veias, um deplorável pedido sem valor.

Min-ju permaneceu por alguns segundos quieta, Taehyung pensou que talvez o peso de sua lástima havia tocado sua consciência, na possibilidade de considerar a mudança, na alternativa de ainda serem uma família.

Sua mãe agarrou com desespero as bordas de sua blusa, sustentando entre os dedos com força, ela era alguns centímetros maior que ele. Suas esferas amendoadas eram completamente vazias, na sombra de uma vida medíocre.

Taehyung, eu amo você, filho.─ a declaração estremecida enviou tremores sobre o garoto, as mãos suando e a respiração entrecortada, atingiram um sentimento que morava dentro dele, era um de seus espinhos.

O amor que sua mãe dizia sentir era amargurado e repleto de lacunas.

E isso era a única coisa que o garoto podia ter.

Um sentimento fadado ao fracasso.

O mais novo balançou a cabeça, negando-se a olhá-la.

─ Pare de jogar, mãe, por favor.─ pediu quase sem firmeza.

As lágrimas já desciam pelo rosto do jovem, ele não tinha mais controle de suas emoções ou da situação, no entanto, ao ver seu choro, ela recuou hesitante seu aperto.

─ Sinto muito, querido.─ murmurou infirme, evitando sequer uma desculpa.

Os braços do garoto cederam, murcharam-se, as razões das palavras caíram sobre a mulher que deveria admirar, mas não conseguia.
Suas pernas fraquejaram, descendo lentamente pelo piso, os joelhos fracos doíam, todo seu corpo estava dolorido e ele não se atreveu a levantar, pois sabia qual semblante encontraria se olhasse para cima.

Pena.
Pena dele.

Infelizmente ele tinha razão, não merecia ser feliz.

Sentiu quando a presença triste de sua progenitora o abraçou, descansando sua cabeça sobre o pescoço da mais velha, tapinhas eram distribuídos em suas costas, um toque de carinho e amor, um toque de tristeza e dor.

O choro intensificou-se na medida que realidade afundava em sua mente.

Sobre uma noite melancólica, a destruição do jovem garotinho que sonhava em ter o mundo decaiu degrau por degrau, quando sua percepção sobre vícios desandou.

Vícios foram seu fim.

Vícios arruinaram o que Kim Taehyung pensou ser o amor.

🎼 ; 🎼

Madrid, 2018


As horas se passavam, e cada uma delas, Verônica tentava tirar as garrafas de bebidas da mãe, sendo elas vinho ou cerveja.

Taehyung tentava compreender a animação em ações em atitudes elétricas e sorrisos constantes da figura alucinada da mulher, os cabelos loiros longos embaraçados, olheiras profundas nos olhos azuis e a embriaguez refletida em seu rosto felizardo demais.

─ Mamãe, chega de beber, está tarde. ─ a garota exclamou preocupada.

Verônica encarou o amigo que estava encostado sobre o batente da porta. Copos de vidros caídos no chão, pratos partidos e estantes completamente desorganizadas, seu apartamento pequeno era uma vergonha para a garota.

No fundo havia se acostumado a encará-lo em situações extremas desde a formação da amizade, em que as consequências desastrosas de seus destinos, aos poucos, os unia num laço de confiança.

Taehyung e seu estoque de vinhos foram sempre um abrigo confortável, inesperadamente agradável e sempre motivo para sorrir, com recordação de uma juventude que a tempos foi arrancada deles. As íris âmbar encarando atentando sua situação em deslumbre dos traumas imaculados, suas mentes pensavam as mesmas razões pelas quais seriam uma vez pessoas normais, sem temer absolutamente nada.

─ Eu não... estou mal ─ Lucia, a mãe da garota, balbuciou, soltando um soluço contido
─ Estou ótima.─ e soltou um riso sem graça.

Kim encarou a expressão magoada de Verônica, a loira parecia constrangida demais com a situação, ligar para ele de madrugada para buscar sua mãe solta em algum bar da cidade foi uma situação humilhante.

Trivialidades foram postas, coisas da vida um do outro que pareciam se perder nos trajetos tortuosos, atenuaram-se no colapso da instabilidade.

─ É seu namorado?─ a mais velha questionou risonha apontado para o rapaz ─ Finalmente arrumou alguém, talvez assim me deixe finalmente em paz.

Cada segundo o olhar de Verônica se tornou mais distante, mais triste. A garota não estava pensando em coisas boas, pelo menos suas expressões não demonstravam tal.

─ Essa garota ─ apontou para a filha, soluçando novamente ─ Vive no meu pé, não me deixa fazer nada, porque acha que eu sou uma inútil.

Lucia apontou o dedo para a filha, tropeçando quando tentava dar um passo. Suas bochechas vermelhas, e a boca machucada demonstravam o humor variado, sem estabilidade, suscetível a cair.

─ Mãe, agora não.─ bufou cansada, tentando alcançar sua progenitora.

Os apontamentos desagradáveis continuavam, porque os vestígios de crueldade e pavor persistiam na companhia da mulher.

─ Rapaz, você devia ver como ela é irritante, igualzinha ao pai dela.─ proferiu, rapidamente uma expressão triste tomou sua face ─ Ele era um bom homem, eu o amava...tanto...mais tanto.

Lucia cobriu a boca com as mãos, indicando o vômito, fazendo Verônica conseguir pegar a garrafa. Taehyung caminhou até a mulher e a segurou.

─ Onde fica o banheiro?─ perguntou apoiando o corpo mole da mulher em seus braços.

─ Na primeira porta do corredor.─ a garota respondeu vacilante, limpando com a palma da mão as lágrimas.

O moreno acariciou as costas da mulher, segurando seus cabelos enquanto ela aliviava seu estômago, tossindo um pouco ao terminar.

─ Toma, coloca ela para beber isso.─ a garota pairou ao seu lado, agachando-se próximo a privada. Entregando uma garrafa de água.

Lucia bebeu devagar, limpando a boca com o doso da mão.

A personalidade ruim e incipiente que dela havia se apossado finalmente os deu descanso. E refletir sobre o acontecimento daquela noite era arriscado, principal sobre as mágoas aprofundadas nos dois jovens, sentados sobre o piso do banheiro, apoiando uma mulher em seus braços.

─ Desculpe.─ Verônica murmurou lamentosa, piscando repetidas vezes afastando o choro compulsivo que tomava conta dela. Seus fios claros estavam desgrenhados, de todo o estresse que a situação havia causado, os lábios feridos pelo hábito de comprimir repetidas vezes utilizando os dentes.

─ Pelo o quê? ─ o moreno indagou, sorrindo melancólico pelas memórias traiçoeiras que aquele momento lhe trouxe.

─ Por ficar aqui e me ajudar a cuidar dela ─ esclareceu ─ É sempre assim, ela bebe e some, as vezes fica lembrando do passado, primeiro do meu pai e depois da morte dele, o estado dela sempre fica deplorável.

─ Sei como é isso ─ Taehyung murmurou esboçando apatia pela nostalgia que sentiu ─ É difícil continuar amando quando isso nos machuca.

A loira sustentou seu olhar atento sobre ele, tinham a sensação de dois adolescente, novamente aos quinze, conhecendo parte do mundo, expandindo seus conhecimentos, carregando no peito desejos da aventura e fantasias sobre um luar sem arrependimentos.

Passageiro. Nostálgico e traumático.

Foram suas experiências colecionadas.

Escolhas. A vida foi construída a base delas.

Onde a permanência ou a partida guiam para o futuro.

No passado Taehyung escolheu partir com os dias ensolarados.

Naquela noite, ele escolheu permanecer ao lado de Verônica.

A garota existia uma solidão inerente e ele cantava em tom apaixonado as canções mais melancólicas.


• • •

A claridade no céu entre a noite e o nascer do sol, vislumbravam o crepúsculo.

Era uma imagem encantadora.

Após ajudar Verônica a arrumar a casa. O moreno iria para seu apartamento, todavia, os lembretes voltaram, preenchendo seu cérebro com a falsa bondade.

Kim Min-ji o fazia sempre se sentir solitário.
Na mesma proporção que garantia um conforto no caos.

Ela era seu abrigo, em contrapartida, seu pesadelo.

Taehyung apertou as pálpebras, reativando os flashes em suas memórias, os gritos, as súplicas, os eu te amo vazios, tudo que não podia mudar. E dentre daquele turbilhão não conseguiu ignorar o passado, as palavras de sua mãe ainda eram como espinhos.

As rachaduras dentro dele aumentaram.
O que o manteve sóbrio se tratava de um nuance fino e delicado que a qualquer momento poderia se quebrar com movimentos bruscos.

─ Eu não sou nada...

Essa era a verdade. Kim não conseguia superar ou esquecer, a dor havia se tornado seu entorpecimento.

─ Porra. Porra.─ esbravejou socando seu punho contra o volante, sem ar.

O rapaz sentiu, em completa agitação, o latejar da palpitação sob a carne, o desequilíbrio de suas emoções ardia, queimava sua garganta seca.

Aos poucos o carro foi sendo conduzido para longe da movimentação do centro, os edifícios altos e brilhantes foram substituídos por árvores e uma longa estrada.

A adrenalina em potência circulava por suas veias, na veracidade de suas motivações o carro aumentava sua velocidade em ritmos frenéticos, ele não esperava pela avalanche do passado ainda mais pelas feridas que ele trouxe.

Corria quilômetros em desespero de viver.

Corria na aflição da morte.

O tempo correu. Acelerou o automóvel, quase sentido o som do motor expandir seu subconsciente, como se estivesse em queda livre e não conseguisse segurá-lo em nenhum fragmento.

A velocidade aumentava, fazendo o vento bater violentamente sobre seu rosto conforme o carro deslizava pela estrela. Havia percorrido quilômetros infindáveis somente com a força contida em sua motivação.

Taehyung queria sentir algo.

Ele queria sentir alguma coisa que comprovasse que ainda estivesse respirando.

Ainda que corresse risco de vida, na medida que se entregava a adrenalina o resto era memória boba e inofensiva.

Kim Taehyung era caótico, mas dependente da própria dor.

As raízes da autodestruição criaram em seu corpo.

Viciado. Viciado.

Kim era um complexo de ruínas inundas, deixadas em um visão deturpada sobre sobrevivência.

Kim vivia com vícios e sentia que morreria por eles.

Lutava contra sua consciência, apertando o volante com firmeza, as pontas de seus dedos estavam brancas, o suor escorria por sua testa grudando sob a pele e deixando escassos fracos lampejos de dor.

De repente o sorriso de sua avó, o ruído do rádio do automóvel na canção de To build a home* invadiram sua visão.

O trecho em especial,
And now it's time to leave
And turn to dust*, o fez frear bruscamente.

Encostou a cabeça entre os braços, inalando o ar, esforçando-se na avalanche de reações contidas.

Vícios não coisas boas.

Porque tomam tanto que a fraqueza se sobrepõe ao prazer.

Cada centímetro do corpo dele estava ferido, machucado por causa de lembranças impiedosas, maléficas.

Uma risada de escárnio preencheu o ambiente, ele era deplorável.

A curva de sua boca gargalhou de sua desgraça, o infortúnio implantando sob a adrenalina da morte, sobre percorrer um quase desfecho.

Encarar as pessoas era como deixá-las livres para desvendar suas vontades secretas, de certo, trazer a ruína em alguns de seus traumas irreversíveis.

Cicatrizes invisíveis eram sua pior forma de punição, eram lembretes diários que as ataduras não curaram sua destruição.

Kim Taehyung vivia em um universo onde apenas existia dor.

Ele cresceu com ela.

E partiria carregando os estilhaços perfurados em suas sentenças.

To build a home*: o trecho traduzido é 'E agora é hora de partir e virar poeira.
Canção de The Cinematic Orchestra.

Continua?

O que acharam do capítulo?

Gostaram de descobrir mais sobre o passado e a mente do Taehyung?

Nossa nossa, finalmente essa atualização saiu, foi exatamente uma semana para construir todo esse capítulo­ e gostei muito do resultado.

Esse capítulo foi mais introdutório para o passado do Taehyung e também um pouco sobre a amizade dele com a Verônica.

Aliás, vocês gostam das interações e da amizade da Verônica e do Taehyung?

Meus personagens normalmente possuem mentes bem complexas então espero de coração que tenham gostado.

O que estam achando da história?
Qual é sua opinião sobre ela?

Estam gostando de acompanhar LIYE?

Por favor comentem e deixem seu voto, não seja um leitor fantasma, vocês são muito importante para mim.

Sobre os pais do Tae ainda teremos mais aprofundamento, ok? Então preparem mais lencinhos.

Deixem a opinião de vocês sobre a história, os personagens, sobre tudo.

Muito obrigada pela sua leitura e até a próxima!

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