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Piezas que se desmoronan | 20

Ohhh, o motivo pelo qual eu insisto
Ohhh, porque preciso que este buraco desapareça
É engraçado, você é quem está destruído
Mas eu sou a única que precisava ser salva
Porque quando você nunca vê a luz
É difícil saber qual de nós está desabando

─ Rihanna, Stay

C a p í t u l o v i n t e

"Piezas que se desmoronan"

Em Madrid, o verão era curto, quente, seco e com um céu quase sem nuvens, o inverno em contrapartida era muito frio e de céu parcialmente coberto.

Ao longo dos nuances do clima, Eleanor adorava quando os raios solares iluminavam seu espaço, eram ótimos dias para ajudar sua mãe no jardim, as vezes quando não estava ocupada com os preparativos do casamento, costumava sentar-se sobre um banco de madeira com seu caderno em suas mãos, Marcos era seu fiel companheiro, observava o pôr do sol e o entardecer da noite, tentavam adivinhar as formas das nuvens, apreciavam os diversos pássaros que passavam pelas árvores.

Comiam sorvete de chocolate, sentindo o gélido diminuir a inquietação das ondas de calor que se manifestavam entre temporadas.

Eleanor tinha uma paixão em admirar o céu, eram a sua companhia diária.

No início, era somente ela e as estrelas, e de uma forma genuína, isso havia se tornado um hábito entre os irmãos, Marcos passava seu tempo com ela, sempre com diálogos banais e entretidos, uma tradição observar as mudanças do tempo juntos.

O tempo se desmanchava-se como um sopro da névoa que surgia no começo da manhã e dispersando durante o dia, cobrindo com cinza as paletas do que havia restado.

Contudo, o primórdio da destruição dos Davis estava imaculada em cada um dos descendentes, a jovem queria cobrir seus olhos e dispersar a discórdia alimentada por Santiago.

A verdade era que seu progenitor fazia de tudo para colocá-los em lados opostos, aumentando a sede pelo poder.

Os hotéis Davis durante muito anos foram exemplos de empenho e sucesso, luxuosos e famosos pelo glamour das estruturas, significavam a herança da família. Todavia, a má coordenação e administração do local foram tomando rotas perigosas, acumulando dívidas com gastos excessivos e desorganização dos lucros, levaram aos poucos os trabalhos lucrativos ao declínio.

Eleanor estava acostumada com a competição para o sucessor perfeito, estudos e mais esforços, uma corrida alucinante para o melhor resultado, uma separação sendo forçada com desejos gananciosas, cansaço extremo entre a linha tênue do desespero e ambição.

Santiago Davis sempre fazia seus filhos se sentirem solitários.

E o pensamento de alguém tão frio e egoísta quanto ele poderia ser carinhoso, era inútil.

Mesmo tão bela e pura, a vida era cruel.

Talvez por não possuir a mesma inocência que carregava, brincando com suas bonecas com a imaginação preenchida por sonhos, ou por não conseguir falar sobre os problemas que a atingiam.

A única coisa que Santiago havia deixado foi uma garota quebrada e as lembranças nítidas dos castigos.

A cada sonho roubado por deveres, a escuridão foi preenchendo sua mente ao ápice da luz nunca mais poder ser alcançada.

• • •

"Se você tivesse resistido, seria uma pessoa diferente?"

A pergunta custou o preço de seu sono.

Das coisas tolas que infiltraram sua mente, desde que a aliança do matrimônio estava próxima, era um ato de estupidez voltar ao passado.

Entretanto, a garota não conseguia superar.

Era como se a cada segundo sua consciência produzir-se um relógio autodestrutivo, os traumas pareciam reais demais e letais em maior proporção.

Ela sempre esteve navegando um abismo vicioso, assim descrevia sua vida.

Só estava um pouco cansada.

O suficiente para pensar sobre um controle que nunca possuiu sobre sua vida.

Talvez eram os últimos acontecimentos antes de ser guiada como uma marionete.

Pela.

Última.

Vez.

Antes de viver eternamente no passado.

─ Você não dormiu ontem, Elle? ─ seu irmão mais novo perguntou calmamente.

Marcos sentou-se na borda da cama, abraçando um dos travesseiros macios. A jovem deu de ombros, já estava acostumada com a entrada invasiva dos seus irmãos em seu quarto, mesmo após sapatos jogados e ameaças de agressão, parecia que não havia solução.

Eleanor cruzou as pernas, encarando as peças de roupa colocadas no carpete felpudo.

Querendo ter as coisas de volta, antes de tudo, pensou distraída.

─ Está tão óbvio assim? Estou muito feia? ─ indagou fazendo uma careta, sabia que seu rosto não estava dos melhores, afinal havia passado a noite em claro, perdida na ansiedade dos pensamentos.

─ Sendo sincero, beleza não se encaixa muito em você, irmãzinha. ─ Alejandro apareceu de supresa, assustando os jovens.

O estilo despojado e de dez palavras, nove sendo debochadas, a morena revirou os olhos.

─ Quem chamou você aqui, Alejandro? ─ jogou uma almofada em sua direção, o moreno rapidamente desviou.
─ Não lembro de ter pedido sua presença.

O rapaz deu de ombros, apoiando-se sobre as almofadas suaves da cama da garota.

─ Sabe que não preciso disso, assim você parte o meu coração ─ colocou a mão no peito em um gesto dramático
─ Por que só ele pode ficar e eu não?

─ O Marcos tem senso de moda diferentemente de você, pirralho, que não sabe nem escolher a cor da sua cueca.─ brandou provocativa, tinha a noção que estava agindo como uma criança de cinco anos porém era divertido irritar o mais novo, principalmente envergonhá-lo.

Com as pontas das orelhas vermelhas, o jovem expressou envergonhado:
─ Ei! Pensei que isso era um segredo só nosso.

Eleanor riu cínica, lançando um beijinho vitorioso para o garoto.

─ Imaginou errado, irmãzinho ─ declarou cinicamente ─ Agora me digam qual é o melhor? Vestido florido ou o conjunto básico?

─ Sabe o que ficaria melhor ainda? Uma fantasia de palhaço, é a sua cara. ─ Alejandro retrucou irônico, com seu tom insolente palpável.

Eleanor abriu a boca para contestar a resposta do garoto, afinal, era um absurdo que sua paciência pudesse ser tirada facilmente pelo moreno.

Forçando um sorriso amável ela levantou o dedo do meio e lançou uma provocação:
─ Quem é alérgico a uva, mesmo?

Nem a face do moreno repleta de seriedade, fez ela conseguir abafar a risada.

─ Deixa de ser chata, Eleanor.

Resmungou insatisfeito com a declaração da garota.

─ Vai fazer o quê? Tentar me matar com os cachos de uva? ─ sorriu travessa, retrucando cínica.

─ Vou contar para a mamãe.

A mulher soltou um risada.

─ Tenho o Marcos como testemunha que foi você que começou.

─ Verdade.

O mais novo garantiu dando razão a irmã. Fazendo-a esboçar um sorriso vitorioso.

─ Hija de puta.

O moreno retrucou batendo levemente a língua sobre a bochecha.

─ Ei, seu idiota! Não fala palavrão na frente dele. ─ ralhou estressada.

Alejandro ergueu os cantos dos lábios em pura ironia.

─ Qual é, o garoto nem nem é tão inocente assim.

A jovem o encarou, estreitando os olhos enquanto emitiu:
─ Para mim ele é, nunca vai deixar de ser meu bebê.

Eleanor segurou o rosto do irmão mais novo e apertou suas bochechas, distribuindo beijos por seu rosto.

─ Alejandro me ajuda, por favor. ─ implorou o garoto com a voz abafada.

─ Se vira, pirralho.

Ignorou os chamados do irmão, mechendo nos pertences da morena.

─ Traidor.

Marcos grunhiu exasperado.

─ A vingança é um prato que se come frio, irmãzinho.

Acenou brevemente, dispensando os protestos do jovem.


• • •

─ Sobre o que o pai falou com você, Elle? ─ apoiando o rosto sobre as mãos, o herdeiro mais novo questionou.

─ Organizar uma festa aqui em casa, um anúncio oficial do casamento.

─ Você está bem com isso?

O garoto de cabelos cor de caramelo e olhos verdes, fez uma expressão curiosa.

─ Vou ficar. ─ garantiu fingindo certeza.

Eleanor sentou-se sobre os lençóis brancos, passando os dedos na textura sedosa do tecido, um sorriso espontâneo tomou conta de sua face. Marcos sempre falante, agitado, porque aquele era seu lugar, uma parte inocente que não deveria ser corrompida pela prepotência do próprio pai.

Alejandro como quase sempre indiferente, raras vezes era possível ver suas emoções através da máscara inexpressiva, um lado amoroso seu mostrado somente para a família.

A morena parecia presentir que seu papel era dar voz à irmãos, na tentativa de protegê-los contra as artimanhas danosas de Santiago.

Suas mãos descansaram calmamente sobre seu colo e enquanto o olhar de Alejandro a seguia em todo instante, a singela pergunta rondava sua mente.

"Você está bem com tudo isso?"

A mais velha apenas assentiu esboçando um discreto sorriso. Virou a cabeça, enquanto Marcos contava animado sobre seu dia no colégio, ele ria segurando a mão da mais velha, jogando a cabeça para tras no prazer genuíno de enfatizar que continuava possuir o brilho dos anos passados.

─ Como vai as coisas com a mamãe? Conseguiu alguma evolução? ─ Alejandro questionou visivelmente preocupado, como os olhos verdes profundos enquanto assitia a expressão melancólica da mulher.

─ Nenhuma mudança mas também nenhuma reação...

Eleanor não poderia completar a sentença e nem precisou.

O semblante temeroso dizia tudo que Alejandro precisava saber. Mais uma vez ele soltou um longo suspiro, porém permaneceu imóvel, com os braços caídos ao lado do corpo, a pouca distância dela. Ainda com a face impenetrável levantou-se caminhando em direção a janela.

Eleanor observou o topo das árvores no quintal, seu quarto tinha um ponto privilegiado que permetia ver o encontro do paraíso e a natureza, com a varanda conseguia enxergar as paisagens de um ângulo encantador, lembrava das noites em claro que com seus irmãos imitava diálogos emocionantes de filmes clássicos.

Mordiscou os lábios, tentando tranquilizar a angústia dolorosa em seu coração.

─ Fiquei a tarde toda com ela na estufa, sabe que tocar no assunto não adianta nada, ela está cega de amor ou apenas desistiu de resistir.

Uma parte sua doía ao confessar os acontecimentos, a realidade pulsuante ainda assemelhava-se ao intocável.

─ Ela o ama.─ Marcos argumentou.

Alejandro passou a mão entre os fios escuros de cabelo, seus olhos pestanejaram.

─ Não tem como amar um monstro, Marcos.

─ Nosso pai não é ruim assim, se quer saber ─ protestou o menor
─ Ele tem aquele jeito e com o casamento da Elle, mas existe ainda uma pessoa boa atrás dessas atitudes.

Alejandro revirou os olhos, sua seriedade iminente, sem necessitar palavras, endureceu o jovem.

─ Você não sabe nada sobre ele.

Os olhos do garoto pararam de vagar pelo espaço em sua volta, travando-se contra os da irmã, ressentidos e amargurados.

Foi quando Eleanor entendeu finalmente que o menino astuto e carinhoso que passou maior parte de sua vida, estava escapando por seus dedos como a neve, que nem mesmo consegui calcular o que sobrou.

O filho do meio havia aprendido a crescer rápido demais, percebendo ainda jovem a violência que acontecia por trás da fama de família perfeita.

Eleanor sempre o enxergou como uma nevasca, frio em contado com a pele, parecendo inofensivo aos olhos alheios, mas capaz de formar uma tempestade.

A garota tinha a certeza disso, porque era entre as poucas pessoas que ele permitia passar confiança, o moreno estava agindo exatamente do modo que foi ensinado.

Atacar e nunca perder.

Alejandro não conseguia segurar a raiva que o impulsionava, era como se a qualquer segundo ele fosse explodir. A rebeldia parecia a única solução para não desmascarar a farsa que vivia.

Cada dia era um estímulo para sua ira contra os Davis.

A mais velha massageou as têmporas na tentativa de evitar a exaustão.

─ Ele está certo, ainda tem como amá-lo.

A mulher disse surpreendo os rapazes com seu pronunciamento.

─ Esse amor com certeza deve ter outro significado para você agora, certo? ─ o moreno confrontou acusatório.

A mulher se calou, pronunciar sequer uma palabra era impossível, pois, sua mente era apenas um espaço em aberto que residia no lugar de suas fobias.

─ Sobre o que ele está falando? ─ o mais novo questionou curioso, virando as íris suaves em completa confusão.

─ Não é nada demais, o ignore.

Ficou em silêncio, por segundos repreendendo o moreno com olhares acusatórios.

─ Então qual vamos voltar ao assunto inicial? ─ mudou rapidamente de assunto, afim de fugir do clima desconfortável
─ Qual roupa eu uso para encontrar com o Lorenzo?

─ Você nunca teve essa preocupação quando ia sair com ele.

Visivelmente surpreendido, o moreno confrontou indiscreto.

─ Eu sei, somente sinto que algo vai acontecer.

A mulher disse simplória, torcendo os lábios não dando importância.

─ Leu seu horóscopo novamente, não é? ─ o filho do meio apoiou-se na parede em uma observação sucinta sobre a garota.

Eleanor tremeu a voz levemente, prendendo o entusiasmo ao falar.

─ Talvez.

Alejandro gargalhou com sua resposta, não perdendo a oportunidade de alfinetar a mais velha.

─ Sabe que aquilo não passa de uma farsa, não é?

─ Garoto se você não calar a sua boca, eu garanto que vou arrancar sua língua eu mesma.- a garota se indignou, quase afundado o corpo do homem nas almofadas da sua cama.

• • •

─ Você está encantadora, mi linda.

─ Sabe que eu digo a mesma coisa quando me olho no espelho todos os dias, né?

Lorenzo revirou os olhos com seu comentário.

─ Sempre tão convencida.

─ Você adora isso, meu senso de humor ilumina sua vida. ─ zombou brincalhona.

─ Não posso negar tal afirmação, senhorita.

Era ainda cedo, a ventania suave trazia um céu nublado. O ambiente era aconchegante e exótico, Eleanor sempre que passava pelas ruas, via a cafeteria cheia de pessoas, das mais diversas idades reunidas no espaço, a curiosidade aflorou em sua mente e como não poderia sair sem seguranças, aproveitar a companhia do noivo era a solução mais apropriada.

A morena fechou os olhos aliviada, Lorenzo havia ido buscá-la na mansão, convencendo de que não necessitava de ninguém a mais com eles.

Tipo um encontro entre amigos que também são noivos ─ a jovem pensou bem humorada.

─ Finalmente irei conhecer essa cafeteria, está sempre tão lotada. ─ declarou caminhando ao lado do homem.

─ Eu não entendo. ─ murmurou o loiro colocando as mãos sobre o casaco preto.

─ O quê?─ a morena brincou, erguendo a cabeça para encará-lo.

─ Como um lugar tão pequeno está sempre cheio de gente, a última vez que vi tantas pessoas juntas em uma cafeteria foi quando estava em promoção.

A garota riu encostando sua cabeça sobre o ombro do loiro.

─ Aquele dia foi inesquecível, Alejandro quase me matou quando viu que nós tínhamos comido todas as palmeritas*.

─ Ainda sinto que ele guarda rancor sobre isso. ─ confessou com semblante pensativo.

─ Com certeza, agora ele esconde todos os doces que compra só para não haver mais roubos.

Uma gargalhada adocou o clima, um sopro de leveza de seu dia.

Ao adentrar ao lugar a decoração rústica, as paredes com tijolos a mostra como atração, bancos amadeirados e o balcão extenso que abrigava os ingredientes para a preparação dos pedidos.

Eleanor encarou o relógio preso na parede, percebeu que faltava pouco para o ponteiro menor apontar para o doze.

Optou por uma mesa perto da janela transparente, onde tinha vista de tudo o que acontecia de dentro e fora.

Lorena puxou a cadeira para ela se sentar, a garota acenou em agradecimento.

─ O que desejam, senhores? ─ questionou uma garota com cabelos curtos ruivos, o rosto jovial aparentava possuir entre seus vinte anos.

A atendente tirou do avental marrom com listras brancas uma caderneta para anotar os pedidos.

─ Poderia trazer o cardápio? Queremos ver todas as opções.─ Lorenzo proferiu educadamente.

─ Claro, senhor.

A garota assentiu brevemente, encaminhando rapidamente o cardápio para os dois.

Eleanor folheou as categorias, analisando atenciosamente cada uma. Desviou seu foco por instantes ao sentir um olhar sobre ela.

─ Sei que minha beleza é hipnotizante, mas não imaginei que tanto assim.

A morena prendeu a risada com suas palavras sarcásticas ao notar o divertimento nos olhos azuis do garoto.

─ Digamos que sim ─ falou ─ Amanhã teremos que tirar as medidas para as roupas, está preparada?

─ É por isso que me trouxe aqui hoje? ─ soou sarcástica ─ Para me preparar para amanhã?

Lorenzo não conseguiu disfarçar seu nervosismo.

─ Me sentiria muito pior se não fosse sincero com você, independentemente de tudo, errei no passado.

─ Oh, já superei isso, tudo bem.

Lorenzo apertou seu nariz, fazendo-a bater no ombro do garoto.

─ Bastardo.

─ Caramba, essa doeu ─ o loiro colocou a mão sobre o peito em tom fingido
─ Que garota má você é Eleanor Davis.

─ Você é insuportável, sabia?

─ Ouvir dizer ─ trocaram olhares ─ Mas não se esqueça que quem assistiu De Repente 30 três vezes com você fui eu.

─ Você gostou, é um clássico.

A mulher protestou na defensiva.

─ Eu fingi que gostava, você praticamente me obrigou.

─ Não, não...Você gostava. ─ ela repetiu, firme, e o garoto sabia que era verdade.

Desde da época de escola a garota colocava seus filmes preferidos para Lorenzo assistir, de comédia românticas até filmes melancólicos, esses era os melhores na opinião da jovem. E por mais que no começo ele negasse e quisesse dormir sempre que as obras começavam, no fundo, curtia ter a presença de uma amiga ao seu lado.

─ Vê? Aposto que está lembrando! ─ exclamou empolgada.

─ Maldita.

─ Olha a boca, Lorenzo Mendes.

Era estranho, mas Eleanor gostava da forma como ele continuava a implicar com ela, e quase em simultâneo, mantinha a relação de ambos amigável, encontrava motivos bobos pata fazê-la sorrir e assistir sempre aos mesmos filmes para terem algo em comum. Ainda assim...uma parte dela sentia medo, a insegurança que após a união as coisas se tornasse desconfortáveis, com emoções instáveis temia nutrir ódio pela pessoa que considerava seu amigo.

A jovem inspirou o ar, sentido o odor de café fraco adentrar em suas narinas, balançou a cabeça para afastar os pensamentos negativos. Olhou de soslaio para Lorenzo.

─ Eu queria poder registrar tudo isso para colocar sobre a tela depois ─ murmurou, quebrando o conforto silencioso que existia entre eles
─ Retratar um dia comum, como se ele me pertencesse.

─ E por que ele não pode te pertencer? ─ Lorenzo endireita a postura e fitou-a, com o cenho franzido
─ Ao menos que diga que viva enclausurada dentro de casa, não posso concordar.

A morena riu, brincando com os dedos sobre mesa.

─ Minhas pinturas são especiais somente para mim, o que adianta desejar algo que nunca poderei ter?

O loiro apoiou o cotovelo na mesa e encaixou o queixo na palma da mão. Através dos cílios espessos, contemplou as feições de Eleanor, cujo a atenção estava voltada a observar as pessoas do lado de fora pelo vidro transparente. Alguns cachos soltos caíam com delicadeza sobre os ombros, uma faixa branca no meio da cabeça contornava a curva do sorriso que alcançava as bochechas ao entreter-se com a visão de fora.

─ Sua arte é esplêndida, Eleanor.

A garota voltou sua atenção a ele, as pálpebras piscando repetidas vezes.

─ Nunca duvide disso ─ Lorenzo pigarreou e virou o rosto, sentido a pele enruberescer
─ E as vezes eu me pergunto quando serei tão entregue quanto você nos seus sonhos.

Eleanor precionou os lábios para conter o sorriso e colocou lentamente sua mão sobre a do rapaz.

─ Quem sabe algum dia você ainda toque para mim.

─ Sabe que isso é impossível.

─ Impossível? ─ a garota bufou e um bico avantajado tomou forma em seus lábios
─ Você tocava piano como um anjo, Lorenzo, por que desistiu do seu sonho?

Lorenzo desviou o olhar, sentindo o pescoço arder e o estômago se contrair. Ele limpou a garganta e não conseguiu impedir a expressão atordoada possuí-lo com uma sensação gélida lhe prevalecer sobre o peito.

Seu corpo enrijeceu e os dentes trincados demonstravam a enganosa lembrança perturbar sua consciência.

─ Podemos fazer nossos pedidos? Estou com fome.

Lorenzo sentou-se ereto e agiu como se aquela conversa não tivesse acontecido, mesmo quando fizeram seu pedido e após isso, o assunto foi intocável.

• • •


Eleanor suspirou e fixou as íris castanhas esverdeadas no próprio reflexo na janela. Os fios emaranhados começavam a deixá-la irritada.
Confusa, bebeu mais um pouco do chá de hortelã e engoliu o líquido fervente em alguns goles.

Lorenzo negou-se a conversar ou voltar ao assunto. Na verdade pareciam mais que ele estava escapando do questionário que a garota faria a ele.

Os raios brilhando no céu anil eram a fonte da diversão naquele lugar, era como se a localização fosse exata para uma vista paradisíaca, algumas construções revertidas a mármore e o trânsito inquieto era o indicativo de uma cidade grande.

No exato momento que voltou o olhar para o rapaz, uma face conhecida percorreu por seus olhos, fios tão escuros quanto a noite, postura segura e andar confiante, os mesmos olhos que traziam o caos e a ruína em seus ideais estavam presentes no mesmo espaço que ela.

O uniforme que todos os funcionários usavam estava nele, era como se sua imaginação estivesse tendo um dèjà-vu com a mesma cena.

Eleanor não sabia se desejava que ele a notasse ali, a distância que os separava era pouca. Ela estava no fundo enquanto ele posicionado perto do balcão.

Sentia a inquietude tomar conta de suas emoções, os batimentos frenéticos mostravam uma vulnerabilidade na qual ela detestava.

Parecendo sentir um olhar sobre ele. Kim Taehyung seguiu com o olhar o trajeto que conectava Eleanor a ele.

Ela novamente o viu.

Não como na primeira vez, em que eram desconhecidos.

Eram mais íntimos do que deveriam.

E mesmo querendo negar a atração que a puxava para ele, as mesmas íris intensas e sombrias a deixavam a mercê.

A mercê dele.

A mercê contra sua consciência.

Era errado.

Proibido.

Mas, instigante.

Eleanor buscou entender, mas não conseguiu.

Não compreendia, simplesmente não entendia o porquê do homem de íris castanhas misteriosas e profundas, que deveria evitar, estava causando sensações, até então desconhecidas por ela.

Palmeritas*: as palmeritas de massa folhada, banhadas em chocolate ou coco, e muitas outras variedades. As palmeritas mais famosas estão no pueblo Morata de Tajuña, mas também podem ser encontradas em Madrid.

Gostaram do capítulo? O que acharam dele?

Estam gostando da história?

Por favor, comentem sobre sua opinião sobre LIYE, é muito importante para mim, uma simples palavra sobre a história me alegra tanto, de verdade.

O próximo capítulo está imperdível, teremos um aprofundamento maior entre Eleanor e Taehyung.

Deixem seu comentário sobre LIYE e não se esqueça de votar, como autora sei dizer que isso motiva tanto a continuar.

O que acham que vai acontecer daqui para frente?

Até a próxima!

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