Sangre comigo desta vez
    Eu tenho me machucado em encontrar
Alguém para fazer isso certo
Eu aprendi muito mas perdi tudo
E quando estou preso com você eu caio
Sangre comigo desta vez
Até sangrarmos

— Isak Danielson, Bleed Out

C a p í t u l o  q u a t r o

"Nuevas sensaciones"

Para Elaenor Davis o amor era como um distinto labirinto, onde subitamente, encontrar a saída era como uma loucura invadindo cada pedaço vulnerável da mente.

O sentimento mais peculiar que ela sequer sonhava em possuir.

Seu destino era tão nítido que as vezes isso a assustava, o medo corria rapidamente por sua corrente sanguínea e deixava suas mãos trêmulas, a emoção de enxergar claramente seu futuro pelas telas que a jovem pintava, doía imensamente.

Eleanor estava em um caminho reto, sem rotas opostas, sem saídas e sem um único vestígio de desvios. Casamento, viver somente para as vontades de outras pessoas e sempre com um sorriso em seu rosto, seu coração já havia se acostumado com o ritmo doloroso de uma vida fatídica.

"Quero me livrar disso tudo."– disse para si mesma, o carro parou em frente a mansão dos Davis, a garota saiu apressada sem querer escutar as advertências de seu pai.

Tirou os saltos dos pés e deixou com que seus fios castanhos escuros rebeldes fossem finalmente soltos, os cachos se encontraram com as costas macias, ela deitou sobre sua cama abrindo os braços.

Sorrindo alegre

Fechou seus olhos e com um sorriso chegou a perceber que diferente de toda sua rotina cansativa algo novo havia acontecido.

Ele

Kim Taehyung

Ele havia sido como uma pétala vermelha em meio a rosas brancas, como um atalho muito mais atrativo e deslumbrante.

Foi sua aventura secreta

Um sorriso envergonhado saiu de seus lábios, Eleanor virou de um lado para o outro contente demais com a aproximação do jovem.

"Ele era tão lindo, quase pensei que iria desmaiar."– pensou tocando suas bochechas, sentindo o calor e percebendo que provavelmente estava corada.

"Meu pobre coração, como você está?"– tentou acalmar seus batimentos, contudo era praticamente impossível desprender o olhar magnífico que havia infiltrado em sua consciência.

Eleanor refletia em suas pinturas o que sentia e o que via sobre o mundo.

Havia um desenho, um único trabalho sem ser terninado.

Um casal, a garota queria com que os olhos de ambos demonstrassem afeto, desejava que quando alguém olhasse para sua obra, o amor estivesse sublime a medida com que o vislumbro de emoções adentrassem em seus ideais.

Todavia, nunca em sua vida pode presenciar a paixão, o desejo ardente como uma chama crescente.

Nunca em sua tediosa vida existiu oportunidades para reconhecer tal sensação.

Com o toque delicado e fervoroso do rapaz, logo a memória era evidente para que seus braços ficassem frágeis demais para agarrar novamente o desconhecido.

Embora algumas pessoas acreditem em primeiro amor, nem em histórias imaginárias a união entre eles se concretizaria.

Tudo poderia ser transmitido através olhares

Sensações indescritíveis

Mas a compreensão em meio a um escuro turbulento era temerosa o suficiente para existir uma conexão.

Fugir de responsabilidades fez com que o destino unisse Eleanor junto ao rapaz.

• • •

Subitamente, mas com cautela, após muito divagar sobre as contestações brilhantes presentes nos olhos amendoados de Kim Taehyung, a garota resolveu tentar esquecer o enigma das palavras dóceis que a encantaram.

Os lábios terrivelmente tentadores

O sorriso completamente fascinante

"Não pense demais em algo que não poderá ter."– recordou da frase de sua mãe em seu subconsciente.

Em um suspiro ancioso, a respiração tranquila de Eleanor trouxe um ruído ao silêncio quase eterno de seu quarto.

─ O que pensa que estava fazendo? Enlouqueceu totalmente sua cadela!?- a voz furiosa de seu pai repercutiu, a porta foi brutalmente aberta e o barulho dos passos pesados do mais velho soaram no ambiente.

Eleanor levantou apressada, logo a aflição tomou conta de seu corpo quando o cheiro podre de uísque chegou em suas narinas.

Sua mãe veio logo atrás, o rosto coberto de lágrimas.

─ Pai me desculpa, eu–, antes mesmo que ela pudesse responder, a mão pesada do homem foi em direção ao seu rosto.

Tamanha força colocada que sua face virou, sua pele marcada pela dor e tomada pelo pavor.

─ Eu disse apenas uma vez, foi apenas uma maldita vez e você me desobedeceu, sabe a vergonha que passei quando percebi que você não estava ao lado de Lorenzo? Quando o senhor García me perguntou sobre você, sabe como foi ter que fingir que você ainda quer o casamento?- as palavras duras e críticas atingiram a garota, ela se manteu calada.

Sua mãe chorava angustiada, tentando tranquilizar o companheiro.

Eleanor estava fraca, lutava consigo mesma para segurar as lágrimas desprezíveis que ameaçavam sair.

Seu pai a encarava com repulsa, ela estava acostumada com seus ataques, era algo tão rotineiro que as vezes ela desejava ser como seus irmãos.

Livres de preocupações

A ganância consumiu o homem que a criou, a sede por dinheiro deixou com que ele vendesse a própria filha para pagar a dívida acumulada em milhões.

Quando soube da notícia, a garota apenas abraçou fortemente o pai e sorriu, garantindo que faria de tudo para sua felicidade, mesmo que isso significasse sua morte.

As mãos grossas seguraram com firmeza o cabelo da jovem, puxando agressivamente fazendo com o rosto da garota estivesse erguido.

─ Por favor, pare querido.- a mulher disse desesperada, o vazio preenchia a figura de sua filha, ela não demonstrava medo, tristeza ou qualquer outro sentimento.

Apenas estava inexpressiva

─ Só vou parar quando essa vadia saber o lugar dela, vou perguntar e espero que me diga a verdade!, o que pensa que estava fazendo?- segurou violentamente o cabelo da jovem, a ira consumia cada fiasco de alegria que restava.

─ Vá se ferrar, senhor Davis.- o impulso entrou e fez o estrago, a voz rouca e segura da garota despertou um lado seu desconhecido, a parte obscura de uma mulher cansada de ser uma marionete.

Eleanor sentiu o aperto aos poucos se afastando, respirou aliviada quando ele largou seu cabelo.

Teimosamente um soluço angustiado estava sendo contido, seus batimentos estavam desorganizados, nervosos ao ponto de causar uma combustão tenebrosa ao se chocar com o atrito destrutivo.

Amores roubados são como ondas agressivas se consolidando em mares caóticos.

Entretanto, tristezas lamentosas transformam a inocência corrompida pela maldade em um pesadelo temeroso.

Logo quando o toque asqueroso do mais velho a deixou, novamente ele apertou o rosto da garota até deixar a marca de seus dedos.

Eleanor estava inepta, deslocada em uma realidade paralela onde não existia nada que pudesse atrapalhar seu caminho, suas bochechas estavam machucadas, sua pele marcada pela corrupção do declínio.

Incapaz de respirar

─ Você sempre escolhe o caminho mais difícil.- retrucou sorrindo assombrando a mais nova.

─ Chega!, foi apenas um atraso, deixe-a.- a mulher tirou seu marido de perto da filha, em uma distância segura.

O ar estava escasso dos pulmões de Eleanor

Suas pernas tremiam a medida que aguentavam o peso de sua consciência

Ela estava frágil demais

Um único suspiro a levaria ao fim

─ Ficará aqui trancada sem água e comida até refletir sobre suas ações, aprenderá a parar de agir como uma pirralha mimada.- falou se dirigindo a saída, puxando a esposa consigo e trancando a porta.

Deixando a garota solitária

Não importava se ela quisesse fugir, a segurança da casa era reforçada, seus irmãos não podiam ajudá-la, ela sempre teve que fingir que seu progenitor era um herói, um homem exemplar, porque se mais pessoas soubessem a verdade por trás de cada ferida nunca acreditariam nela.

Apenas uma simples marionete

Uma alma destinada ao abismo

Ela arrancou seu vestido, colocando somente uma camisa cinza longa que chegava aos seus joelhos, prendeu seu cabelo em um coque desajeitado. O gosto metálico do sangue amargurou sua boca, com os pés desnudos andou até seu estúdio.

Ela enxergou sua salvação

As tintas estavam espalhadas pelo carpete e havia uma tela branca.

─ Esse é meu reflexo.- disse a si mesma, em passos calculados, os dedos trêmulos de Eleanor fizeram o que a tornava peculiar entre as pessoas, ela criou seu próprio destino em meio ao tornado.

Em entrelinhas complexas a tela em instantes estava sendo preenchida por cores e lágrimas quebradas que só almejavam sonhar livremente.

Antes que o pincel criasse um novo projeto o choro intenso dominou cada espaço.

Essa era a arte de criar gradativamente o amparo antes da inundação.

✒

Continua?

Que capítulo foi esse ? EU TÔ IMPACTADA !!!

Tadinha da nossa Eleanor 🤧🤧

Me digam o que estam achando da história.

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Por favor me digam se estam gostando da história, estou sempre querendo saber a opinião de vocês.

A próxima atualização será quando atingirmos 500 leituras, então vamos divulgar para os amiguinhos viu? Que quando bater essa meta teremos atualização dupla, ou seja, dois capítulos de Lost in your eyes para vocês ❤❤❤