La magnifica intensidad | 15.1
Não sei como ser eu mesmo
Sem você ao meu lado
Os meses ficam mais longos
Sem você perto de mim
E com esse sorriso, que transforma a vida
Você olhou para mim
E não consigo mais encarar
O fato de que não seja você quem me ama
─ Sebastián Yatra, Cómo Mirarte
C a p í t u l o q u i n z e ─ p a r t e u m
"La magnifica intensidad"
Irracionalidade mortífera era exatamente o que definia os pensamentos de Eleanor.
Estava desperta na mesma proporção que parecia ficar presa em um encanto fatal.
Procurava incansavelmente uma solução, uma resposta que lhe dissesse se cometer o erro seria sua condenação ao abismo infinito. Eleanor pensava demais, nas consequências, nas dúvidas crescentes e principalmente nos possíveis medos que invalidavam sua vida e isso machucava sua mente, a fazia presa em seu próprio subconsciente. Continuava a recriar as mesmas experiências na tentativa de mudar algo, mantinha unicamente a convicção limitadora, os ideais grudados em uma infinita linha de raciocínio.
Não tinha tempo para criar afeição as pessoas que apenas compartilhavam a extravagância repleta de uma falsa superfície de vida perfeita, não possuía conhecimento dos mais propícios vícios recheados por uma camada de felicidade momentânea se partindo assim que os raios solares invalidavam o anoitecer de uma mente sombria, foi desde criança criada unicamente para obedecer o legado da família e por mais que fosse seu pesadelo, no final era seu único lugar mais próximo de um lar.
Aprendeu em como duas linhas se encontram formam um ponto e quando vários pontos se alinham criam uma linha, e naquele momentos a figura de Kim Taehyung era o principal objetivo na criação de uma obra.
Uma obscura pintura sobre um enigma letárgico.
Eleanor não tinha o hábito de consumir qualquer bebida alcoólica, contudo, tomou mais que o habitual numa suposição de uma liberdade limitada.
A sobreposição das cores mesclando com o marrom escuro adornado nas íris cintilavam sobre sua pele, marcavam seu interior e adentravam pela vaga descoberta, sentia o calor de seus corpos compartilhados, suas pernas em volta da cintura do rapaz, asseguravam-se um refúgio desastroso.
Taehyung podia ser muito mais que uma mistura de nicotina entre os lábios e a perdição dos olhares obscenos, tomava o fôlego, de novas ações em uma antecipação sorrateira.
Extrapolou os limites, as circunstâncias em viver pacificamente. No canto afastado do bar, imersos em luzes roxas vibrando junto a escuridão, a garota gostou de desbravar o ambiente noturno que os aprisionavam em um período sem fim, aproveitou por uma insanidade desconhecida viver seus vinte anos entusiasmada embora tivesse consciência do impacto de qualquer atitude.
Entretanto, nunca havia pensado nas mudanças daquela noite fossem resumidas em uma aventura nova, em resistir aos encantos não era mais essencial, somente em provocá-lo possuía o domínio da diversão, estratégica de acabar sua sanidade mental até o último resquício.
Nunca havia saído da bolha de proteção, impedindo de enxergar a banalidade ocasionada pela corroída e suja atmosfera, notando os mínimos detalhes presentes no rosto do homem, as sobrancelhas grossas, uma singela pintinha perto da ponta do nariz, lábios chamativos, cílios longos que batiam vagarosamente enquanto os fios castanhos caíam como cascatas em sua testa. Era absurdo em como tudo nele era complexo, um mistério sem solução, um caso sem condenação.
Achou que ele era apenas mais um clichê, um rapaz que carregava belas sentenças através da música enquanto arrastava todos em um mar de tempestades.
Teria tido sua experiência pacífica, registrado em sua memória como uma coletânea de possíveis inspirações, todavia, tudo mudou com a chegada dele.
Apertou suas pernas ao redor da cintura dele, sentido as mãos ásperas apertarem suas coxas com força, deixando possíveis marcas. A mulher encarou o semblante silencioso, as pálpebras fechando e abrindo-se rapidamente, junto ao boca entreaberta mordiscando a pele sensível de seu pescoço, passou suas unhas pelo cabelo, desalinhando o penteado enquanto a fricção impaciente de seus corpos aumentavam conforme os estímulos continuavam a cada canto do rosto tomado pelo prazer, as têmporas, o queixo e os arfares baixos.
Tinha a convicção que ele não daria um próximo passo, não tomaria seus lábios ou tiraria suas roupas em algum lugar onde apenas seus desejos fossem realizados. A garota percebia que aquilo era um jogo, um tabuleiro nocivo de manipulações a favor de quem exercia o poder, não pôde ou evitou desfrutar da oportunidade de tê-lo como adversário.
Delineou com os dedos pela extensão das costas do homem, traçando levemente suas unhas pela peça de roupa, sentiu a rigidez dos músculos com sua carícia, a apertando como se qualquer mínimo espaço pudesse escapar, tornando-se um aperto agressivo cheio de um desejo martirizado em agressividade e impetuosidade.
─ O que me diz? — ele começou, um sussurro baixinho e detentor de algum tom dócil e fatal ─ Gostaria de sair desse lugar sim ou não?
Inicialmente apesar de relutante, sentiu-se eufórica, Kim Taehyung era como uma melodia acústica, consumido por letras entrelaçadas a problemas e mergulhado em avalanches de graves potentes demais. Não possuía um analgésico que o impedia de entrar em seu pequeno mundo, estava exposta com a presença dele e completamente vulnerável na ruína que carregava, o sangue que fluía por suas veias e o ar que entrava por seus pulmões eram uma escassez da desordem, tentou tatear uma chance de não ser incendiada por seu olhar, no entanto, falhou. Mesmo negando sabia que não valeria perder seus sentidos, pois as queimaduras que ele deixaria em sua carne ao levá-la ao proibido seriam mais que as cicatrizes espalhadas por seu corpo.
─ Sim. — estava extasiada no mundo multicolorido que os dedos cálidos rapaz traziam ao tocar sua pele, perdida no calor que a boca dele traçava carícias em seu pescoço.
Sentiu suas pernas libertas da posição comprometedora, arrumou o cabelo desviando seus olhos para qualquer outro lugar que não fosse as esferas impiedosas e brilhantes.
Eram dois sádicos em busca de uma compulsória autodestruição.
Kim era como uma droga, não dava o direito de desviar de seus encantos, todas as vezes em que se aproximava podia ouvir o soar de seus sentidos pedindo para ficar longe, o pontual meio de compreender o motivo pelo qual o perigo eminente de ficar perto dele trazia o entorpecimento da comparação de sua vida a realidade impura que ele mostrava. Existiam mais mistérios, mais marés nebulosas, mas a jovem queria somente ele e toda liberdade atraente.
A tentação a levou ao fim.
Inalou o ar com certa dificuldade com o odor mórbido de drogas, sexo e álcool.
A perspectiva que Taehyung parecia estar já acostumado com coisas ilícitas, a fez questionar se sua saída com ele parecia certa. Toda a frieza disfarçada de devassidão não a convencia da realidade árdua, das mentes humanas desapegadas e seus próprios problemas sendo resolvidos a base de um vício desinibido que as levaria a um vazio, almas partidas que procuravam uma redenção e de alguma maneira ─ meio distorcida, a morena se via longe daquele mar de amargura.
Sentiu um toque em sua mão, a princípio estranhou, não era acostumada a ter contato com outras pessoas fora do seu círculo familiar. No entanto, a maneira delicada com que o polegar dele traçou sem invadir seu espaço, trouxe uma frequência de batimentos acelerados acompanhados de uma frieza em suas entranhas, ergueu seu rosto para poder olhá-lo sem constrangimento, era irracional e terrivelmente complicado.
─ Onde vamos? — perguntou, insistindo em desviar seu nervosismo.
Kim permaneceu com o campo de visão fixado na saída, desviando-se dos jovens, enquanto observava em volta, a garota resmungou frustrada, não fazia nenhuma ideia para que local ele estava conduzindo-a.
─ Primeiro iremos sair daqui — esclareceu caminhando até a porta dos fundos ─ Segundo, apenas espere.
Eleanor podia fugir, a racionalidade em seu cérebro regenerava todas as possíveis consequências, mas as forças de uma curiosidade a fazem ficar presa a ele, permitindo um caminho em busca de preencher o vácuo, a procura sem arrependimentos ou remorsos.
Acreditou que seria apenas uma fuga sem algo emocional.
Deixou-se ser guiada até a uma rua vazia, a ventania gélida balançou seus cachos, sorriu entretida com os fios acompanhado o trajeto. Não tinha noção de quantos passos já havia dado em uma direção desconhecida, o rapaz não lhe dizia nada e a ansiedade de saber mais a sufocava.
Seus pés acompanhavam o garoto, contudo assim que sentiu sua caminhada ser interrompida, percebeu que finalmente havia chegado ao destino.
Os olhos atentos fixaram no automóvel estilo antigo, um modelo clássico na mesma proporção que parecia nostálgico, esboçou um sorriso impressionada com a beleza do carro, virou-se para o homem, olhando-a como se estivesse observando seu comportamento.
─ Terceiro, vamos andar por essa cidade. — murmurou não dando continuação ou chance de contestar sua afirmação.
Eleanor se aproximou do carro, sentiu a superfície gelada, o metal e a pintura preta impecável, olhou cada pequeno detalhe até ficar em frente ao jovem.
─ Antes de entrar, preciso saber de algo. — ditou cruzando os braços em torno de si, um gesto de proteção.
O homem franziu as sobrancelhas, apenas acenando para que ela desse continuidade.
─ Você estava me seguindo, não é? — começou afiada ─ Por isso sabia que eu estava naquele canto. — esclareceu esperando uma confirmação, uma única confissão dele.
Kim Taehyung permaneceu por segundos a encarando, estremeceu com o fulminante modo que seus olhos avaliavam sua postura, ele se aproximou lento e sem bons modos, fazendo-a inclinar para trás, numa tentativa falha de não perder a silenciosa batalha de farpas.
─ Minha resposta mudará alguma coisa? — questionou próximo, não dando a importância para os risco.
─ De fato, acho que talvez sim. — ofegou, sentindo seu peito subir e descer freneticamente.
Seu subconsciente foi gradativamente sendo invadido por ele, pego pela trilha de névoa obscura que nublou suas defesas quando simplesmente sentiu a colisão quase chocando-se com o homem.
─ Se eu disser que sim, qual será sua reação? — indagou umedecendo os lábios, passando os anéis entre os dedos em uma mania característica sua.
Eleanor sabia exatamente a resposta, mesmo que não aceitasse a sensibilidade, simplesmente engava-se ao não admitir o propício impacto que ele proporcionaria.
─ Certamente irei pensar que você é um stalker.
Não quis enxergá-lo como um estranho ou inimigo, queria poder também fazê-lo sentir todas as sensações abundantes que queimavam seus pensamentos.
─ Isso me magoa profundamente — brincou sarcástico, expressando um sorriso bem humorado ─ Mas posso deixar que pense que sou assim.
─ Quer eu te veja como um perseguidor? — indagou surpresa, aquele garoto era louco? Ou sequer tinha juízo?
─ Obviamente não — balbuciou sincero ─ Apenas estou curioso.
A mulher bateu o pé direto contra o chão, contornou mentalmente a face do rapaz, procurando algum vestígio de mentira ou um fingimento bem feito. No entanto, quanto mais o olhava ficava perdida na imensidão da claridade e escuridão dos sentidos, uma atenção sobre o mistério que emanava e a destruição como parte dele.
─ E qual a razão para isso?
A morena falhou ao tentar achar alguma fala sua ou ação suspeita que havia cometido.
─ Sobre quais são suas intenções. — disse simplório, tocando sutilmente a cintura da garota, movendo seu dedo lentamente em círculos imaginários sobre o tecido macio.
Eleanor tinha apatia por qualquer contato alheio que não fossem quem ela confiava, sentia-se incapaz e fraca todas as vezes que alguém adentrava em seu refúgio seguro, uma parte de segurança somente pertencia a ela, detestava os traumas que carregava e o modo em como lidava com eles ─ os apagando de suas memórias como um mecanismo de defesa. Era partida e recriada todos os dias em milhares de pedaços, tentando encontrar algo que a completava e não desmontava todas as vezes que tentava seguir em frente.
Justamente a despreocupação e a camada introvertida dele fizeram ela não importar com qualquer intenção bem disfarçada. Kim não fazia questão de fingir, ele agia e o impulsivo pensado eram como faíscas.
─ Vamos aproveitar essa noite — sussurrou baixinho ─ Podemos ser desconhecidos, amantes ou qualquer merda que você quiser.
Fatal. Injusto. Deprimente.
Almejando mais alto que podia, ultrapassando a barreira imposta por ela mesma, questionou-se até onde isso iria.
Até onde Kim arrancaria sem senso de controle?
Até onde ele iria levá-la?
E como a precaução de evitá-lo parecia ter evaporado, deixando restos de um encanto destrutivo.
─ Com todo prazer, maldito chico. — pronunciou apreciando o som saindo como um segredo impuro, como um perigo constante.
Eleanor não era angelical e naquele instante colidiu-se com o diabólico.
• • •
Todos os piores dilemas transformados em temores viraram destroços assim que o âmbar quase límpido cruzou com o castanho escurecido. Eleanor estava mais focada em construir um muro e esquecer quem era e o que problematizou todo seu destino do que enxergar o quão maléfico a presença dele significava em sua vida, fugia de tudo menos dele, era como se sempre precisavam estar submersos num território rival, como de toda vez que o afastava, perdia-se em suposições sobre sua voz ou as músicas que ele cantaria.
Ele era como o maldito pecado arrastando-a para um desfecho mal sucedido.
O carro movia-se em um ritmo calmo, Eleanor encarava pela janela as paisagens encantadoras. Evitava olhar a figura masculina dirigindo, por mais que as coisas estivessem inexplicavelmente rápidas e estranhas, a morena não se sentia desconfortável, de algum jeito algo nele trazia uma sensação estranhamente segura.
─ Pode me dizer uma coisa? — esfregou as mãos juntas, estava nervosa, a presença dele trazia o inebriante aroma de hortelã misturado com tabaco, uma sutil fragrância.
─ Mais outra? — brincou, exibindo os dentes alinhados.
A garota bufou, enchendo as bochechas de ar, numa tentativa de não soar grossa.
─ Você é sempre tão direto assim?
Alfinetou, movendo seu rosto para enfrentar o homem.
─ E você é sempre tão questionadora? — retrucou beirando ao divertimento — Posso ser um assassino, um golpista e você não desconfia de nada.
Eleanor estreitou os olhos na direção de Kim, balançando a cabeça negativamente com a imagem das veias ressaltadas em suas mãos, afastou sua imaginação fértil e enviou um olhar furioso sobre o rapaz.
─ Você não é nada dessas coisas. — afirmou, passando seus olhos propositadamente por todos os traços dele.
Taehyung segurou a risada entre os lábios, desviando por alguns segundos a atenção da rua para a instigante garota sentada em seu carro com semblante raivoso.
─ Como pode ter tanta certeza?
Era engraçado deixá-la brava, obviamente apreciava em como o rubor tomava conta de suas bochechas todas as vezes que ela dizia alguma resposta afiada. Podia compreender – uma pequena parte, a razão pela qual Verônica insistia deixá-lo mal humorado, outra parte da mesma versão era um entretenimento ótimo.
─ Um assassino ou qualquer outra coisa não seria tão estúpido para dizer isso. — esclareceu orgulhosa abrindo os braços, gesticulando como estivesse descoberto um grande acontecimento.
Taehyung riu com sua fala, era cômico todas as vezes a garota o desafiava.
─ Certo. — esboçou um sorriso contente ─ O que mais deseja saber?
─ Suas motivações, as cantadas descaradas ou o convite, qual o motivo disso tudo. — a garota resolveu ser honesta para ambos, mostrando claramente sua questão sobre as reações do mais velho com seu comportamento invasivo.
─ Eleanor, Eleanor — cantarolou frisando a entoação, deixando-a sem compreender suas palavras ─ Você é uma coisinha impressionante.
─ Coisinha? — a surpresa era evidente, principalmente a contagem que fazia para não socar o lindo rosto ─ Está me chamando de coisinha?!
Quando a palavra tomou forma em sua boca, o sorriso que ele parecia manter pateticamente aumentou com a irritação da mulher.
─ Ainda está rindo, vá a merda Kim Taehyung. — esbravejou respirando fundo para não agredi-lo, afinal seria um tremendo erro se deixasse manchas naquela obra prima, contou mentalmente 1...2...3..., o autocontrole era essencial.
─ Não diga palavras tão duras — zombou empolgado ─ Apenas fui sincero.
“ Idiota! Idiota! Idiota! ” — repetiu tudo que Taehyung era para ela, um completo idiota.
Seu olhar encontrou o dele e um meio sorriso se formou no canto de sua boca, fazendo-a suspirar mais relaxada, ele era cruel, especificamente como os vilões de filmes românticos que assistia ou o tipo certo de garoto charmoso das músicas sobre corações partidos.
Eleanor arrumou sua postura, focando sua atenção nas árvores presas no solo, nos apartamentos com algumas pessoas na varanda – provavelmente conversando, nos casais abraçados e com suas mãos entrelaçadas.
Tudo era normal.
E a garota detestava o seu significado de normal.
Não teria um grupo de amigos com quem sairia a bares ou boates apenas para esquecer o acúmulo de trabalho, não teria uma colega de quarto que compartilharia seus sentimentos, nunca conheceria a alegria de voltar no final de semana para casa e contar sobre suas aventuras universitárias, possíveis romances ou descobertas sobre si mesma, de qualquer forma, a mulher nunca teria aquilo, porque em seu mundo o normal era viver em função daquilo que lhe foi dado, uma vida monótona sem direito de escolha.
• • •
As vezes algumas coisas acontecem com propósitos distintos, alguns levam ao conhecimento do paraíso, já outros, trazem o inferno dramático.
Com a companhia de Taehyung, o questionamento sobre qual desses caminhos ele exemplificava era difícil promover alguma avanço válido.
─ Você está bem? Ficou calada de repente — a pergunta chamou seu foco voltado a ele ─ Isso não parece combinar com seu estilo.
─ Está me chamando de tagarela? — retrucou ofendida.
─ Essa não foi bem minha escolha de palavras, mas já que interpretou assim, não posso discutir. — ele deslizou seus dedos no próprio cabelo, bagunçando levemente os fios castanhos.
─ Esse convite foi para ficar me tirando do sério? Porque parabéns, você está quase lá. — disse observando em como tudo estava acontecendo, batê-lo se tornava a decisão mais sábia.
Taehyung segurou com uma mão o volante enquanto a outra inesperadamente tocou a coxa esquerda da jovem. Ela suspirou, prendendo o fôlego contra os pulmões, sentido os pelos do corpo eriçados somente com um toque inofensivo.
A onda de constrangimento a fez desviar o olhar, parecia exposta de alguma forma em uma transparência desnuda, cujo o único propósito era implantar as fagulhas crescente de um anseio ardiloso. Estampado, dito como a transparência de suas emoções, as pupilas profundas pareciam querer tudo dela, dominado cada parte, preenchendo as lacunas. Sua nudez, seus segredos e os mais intrigantes desejos.
Afinal, qual era o motivo daquilo?
Cada ação parecia precisamente premeditada, um ato ensaiado da sua vergonha e angústia. O pouco e quase inexistente roçar dele em sua pele trazia um milhares de confissões que não necessitavam ser verbalizadas para perder o restante controle do subconsciente.
Os dedos subiam em movimentos precisos e desciam vagarosamente, acariciando em uma massagem quase imperceptível.
─ Não sei que tipo de brincadeira é essa, mas não é engraçado. — acusou, uma ousadia entre todo o aproveitamento, não podia impedir a queda, contudo, preferia evitá-la.
─ O que está insinuando?
─ Por que quer tanto se aproximar? Nos conhecemos a poucos dias mas parece que você já se acha íntimo o suficiente para isso, eu não sou assim, tão...
─ Tão...o quê?
“ Imprudente, louca ou qualquer outra definição de um estado duvidoso.” — quis responder, ela não era assim, sempre fora prudente, controlada e positiva, contudo, ao simplesmente deixar ser dominava pelo prazer, estava perdendo tudo que pensava. Taehyung era um homem bonito, sabia disso, as coisas mudaram no instante que o seguiu naquela festa e viu aquele maldito mistério.
Eleanor não estava apaixonada, isso era praticamente impossível dado que tiveram pouquíssimas encontros. Entretanto, tudo se resumia a uma atração.
Uma mera atração.
Que arrancava suas explicações, uma variável de raízes dos motivos. O desastre externo que implicava em aparecer, a colocava em uma linha tênue entre seguir seus instintos ou fugir da área para não dissociar o anseio e o medo.
─ Irresponsável.
Sua declaração o fez abrir a boca surpreso, a garota encolheu-se sobre o assento, não sobrava noção em suas células, não quando ele estava perto.
─ Não estou brincando com você, Eleanor.
Entornou transmitindo seriedade, as falas se repetiram por seu cérebro até ela conseguir digeri-las.
─ Então como explica isso? — gesticulou apontando para os dois.
─ Porque agora você está mais relaxada, estava tensa demais — a voz saiu como uma lufada de ar fresco ─ E também é divertido seu rosto irritado.
Enquanto a atenção do mais velho era na curva que realizava, cada vez que olhava Kim era como se não fosse capaz de decorá-lo inteiramente, uma precisão extraordinária para desenhar os traços marcantes da mandíbula harmoniosamente equilibrada. A jovem possuía uma boa memória, registrava os lugares, os objetos, mas as raras vezes em que o encontrava parecia sempre perdê-lo, precisava outra e mais outra vez, certificar cada milímetro, o oceano noturno e a acrimonia de sua malevolência.
─ Você é um pouco diferente do que pensei que fosse. — ela confessou, o jovem não parecia ser do tipo bom, dócil ou qualquer outra dimensão benéfica.
Ele era o garoto em que melhor alternativa era ficar longe, o romantismo de uma ênfase problemática, amaldiçoada por carregar meia dúzias de empecilhos, danos era isso que Taehyung parecia deixar em qualquer pessoa: uma marca inesquecível.
─ Isso é bom ou ruim?
— Depende, é incomum. — exemplificou, abaixando o rosto, focando a visão em suas unhas.
Era confortável a conversa, não sentiu intimidada ou reduzida, era imprevisível o rumo de seus diálogos.
─ Sua dramatização é tocante. — debochou cínico.
─ Estou apenas tentado apenas racionar isso.
─ Isso o quê?
─ O que você significa.
─ Conseguiu chegar a alguma conclusão? — ele sorriu novamente, observando a movimentação ao redor, brincando com a ponta do dedo sobre sua pele.
─ Talvez... — enunciou mordiscando os lábios disfarçando o riso ─ Até o final dessa noite eu tenha minha resposta.
Os olhos deles oscilavam em tons de cristais âmbar sob luz do anoitecer parcialmente coberto por uma neblina, puramente como uma pintura de galerias de arte.
A provocação despretensiosa com o intuito de garantir os suspiros almejando pela obstinação impura, evidenciava suas vontades.
─ Estarei ansiosamente aguardando por isso, mi ángel.
Seus sentidos contorciam em um só com uma imensa onda de prazer. A mulher soltou uma risada espontânea, encostando sua cabeça no assento quando a calmaria atingia todo seu corpo.
Permitiu-se ficar aliviada.
Escondendo com o doso da mão a risada que beirava sua boca. Kim a olhou por segundos, achando engraçado em como o clima havia mudado, suas brincadeiras bobas — por mais engraçado que sejam, dissiparam a tensão, finalmente dando espaço a uma longa noite, onde os limites aguardavam serem ultrapassados.
Eleanor sempre teve tendência em se interessar por coisas destrutivas e naquele momento Kim Taehyung havia se tornado uma delas.
✒
Continua?
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Deixe seu comentário, sua opinião é muito importante.
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Gostaram da dinâmica entre esses dois?
Que casal ainda não casal complicado.
O capítulo foi dividido em suas partes pois ficou grande demais, só nesse foram quase 4k de palavras.
Deixem seu voto pois isso me motiva demais e ajuda tanto a história a crescer, compartilhe com um amigo ou alguém próximo que goste de ler.
Deixe seu comentário, saber se você está gostando da história ajuda muito mais muito mesmo.
Até a próxima!!!
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