Emociones que destruyen | 12
Aviso: O capítulo contém menção a violência física e psicológico, poderá desencadear alguns gatinhos emocionais.
Se você for sensível não leia, preserve sua saúde mental e cuide-se, por favor,
após os três pontinhos (•••) a leitura é mais tranquila.
Você está quebrada ao chão
E você está chorando, chorando
Ele fez isso tudo antes
Mas você está mentindo, mentindo
Para si mesma de que ele encontrará ajuda
Que ele vai mudar por outra pessoa
Mas você está quebrada ao chão
Ainda assim, pedindo a ele por mais
— Isak Danielson, Broken
C a p í t u l o d o z e
"Emociones que destruyen"
Uma voz que se perdeu
O medo permaneceu
Um desejo que se quebrou
A tristeza prevaleceu
Eleanor aprendeu desde de criança que emoções intercalam umas a outras, que os mesmos sentimentos que fornecem tudo podem deixá-la no final, com nada.
A jovem sempre fora apaixonada pela pintura, seus irmãos sempre lhe questionavam a razão pela qual ela era tão obcecada por criar telas tão sentimentais, sua resposta era direta e objetiva: "simplesmente porque amo, e amar te faz ser livre de tudo".
Contudo, havia mais um motivo no qual seu coração batia freneticamente e sua pulsação acelerava, uma sensação intensa que abrangia seus sentidos, coberta por uma escuridão sem desfecho, algo forte que ardia em sua pele, cruel e crua que expandia fracos sons de cantigas dos pássaros libertos, os deixando escassos de ar e presos em amarras de controle.
Lembrou-se do dia em que descobriu seu noivado, uma criança de dez anos animada com seu típico vestido rodado desenhado com bolinhas, seus cachos soltos ao vento e um sorriso contente no rosto. Disfarçando os males que faziam seu peito se apertar, conversado com seu pai com tranquilidade sobre um casório por contrato, uma garantia de uma dívida, um objeto de troca, sem valor ou definição.
Era um dia ensolarado na mansão Davis, Eleanor estava pensativa naquela época, resolveu ir brincar com as outras crianças no parquinho próximo de sua residência, quando chegou desarrumada e com pequenas manchas sobre o tecido, as brincadeiras haviam a empolgado, fazendo-a esquecido que tinha que voltar para casa.
Santiago Davis estava na sala, a encarando seriamente, a garota apenas o cumprimentou e subiu as escadas.
O aperto crescia cada vez mais.
O presentemente ruim deixava um gosto de amargurado na boca.
Era uma tarde monótona, sua mãe estava na casa de alguma amiga e seus irmãos na aula de piano.
Eleanor tinha dez anos.
Foi a primeira vez que ele a bateu.
A vermelhidão cobriu o pequeno rosto, pavor na face da mais nova era nítido, os lábios finos trêmulos enquanto as mãos sobre o rosto estavam inertes, era como se alguma droga paralisante estivesse em suas correntes sanguíneas, os olhos âmbar estavam opacos, sem um sinal sequer de vida.
Eleanor estava errada;
Errada por se misturar com pessoas de classes sociais diferentes.
Ele repetia segurando o cabelo da filha, puxando os fios para que a dor ficasse presente, o sofrimento em seu semblante foi inexplicavelmente doloroso todas as vezes que recordava do passado.
Aquela foi a primeira vez que seu pai a quebrou.
Em seu aniversário de onze anos ganhou uma paleta de pintura de sua mãe, a abraçou emocionada, dizendo que era a menina mais sortuda do mundo por ter uma família tão boa ao seu lado.
Durante a madrugada sentiu-se inquieta, foi quando uma presença invadiu seu quarto e sem motivo algum, era seu pai e pelo cheiro de álcool em seu hálito, estava completamente embriagado.
Eleanor pensou que estava errada novamente.
Ele a bateu e a prendeu em um pequeno armário.
Ela implorou por perdão.
Suplicou por misericórdia e sem motivação alguma ele a castigou.
Eleanor tinha onze anos.
A pequena garota tinha medo de lugares apertados, os dedos calejados arrastavam-se pela madeira, o odor do sangue de suas mãos adentrava por suas narinas, ela era repulsiva e por isso seu progenitor teve que puni-la.
Isso a convenceu.
Os gritos quase roucos e o desespero pelo ambiente minúsculo a fizeram desejar que alguém a tirasse dali.
Eleanor chorou tanto que rezou por ajuda.
Implorou para ser salva da pessoa que mais apreciava.
Os pulsos finos tinham marcas roxas e seu rosto doía pela intensidade do tapa.
O homem que ela mais admirava a partiu em milhares de pedacinhos.
Primeiro ano do ensino médio. A jovem estava animada para começar uma nova fase, os ferimentos sobre seus dedos feridos eram sempre cobertos com curativos, ninguém sabia e devia saber, em sua mente a única culpada era ela.
Eleanor estava errada em ser fraca.
Estava errada ao ser desobediente.
Era impura por possuir insolência.
E, simplesmente não podia dizer nada, as razões que a fizeram afastar a todos de sua existência inútil.
Quando Vincent van Gogh a motivou a continuar, inspirou para seu desenvolvimento, desenhar sobre sua folha de papel se tornou algo maior.
Eleanor aprendeu nas tintas repletas de sentimentos que a tristeza infernal podia ser sua salvação.
A arte foi a sua vida, o seu ar, o seu ritmo e o que a vez enxergar que ela podia ser alguém no mundo.
Foi na primeira exposição da escola que ela mostrou sua obra, todos a parabenizam, orgulhosos do trabalho da estudante.
Foi pacífico.
Até chegar em casa e ser presa em um quarto escuro.
Eleanor estava apavorada pelo escuro e amedrontada com o tamanho do espaço, não havia janelas ou rastros de luz, e na mesma madrugada implorou tanto até ficar inconsciente.
Quando sua mãe descobriu as agressões e punições dos ferimentos no corpo da filha, tudo desmoronou, o moletom que cobria as manchas escondeu por anos um pedido silencioso de socorro.
A imagem da mulher ajoelhada pedindo por perdão nunca foi esquecida pela mais nova, todas as noites estreladas em que Helena acariciava as mechas definidas e chorava baixo, se culpando pelos acontecimentos.
Eleanor deixou com que toda a dor guardada por anos despertasse, as lágrimas foram porque não aguentava mais, porque alguém finalmente tinha vindo salvá-la.
Encontrou a paz nos abraços quentinhos da mãe.
Quando Alejandro de apenas treze anos de idade teve sua primeira crise de raiva ao notar o medo da irmã com o toque alheio, ela soube que havia levado mais pessoas para sua ruína.
O mais novo garantiu que a protegeria e estaria ao seu lado, para sempre, afinal os irmãos Davis eram inseparáveis.
Ela tinha o conforto nas sentenças dóceis de Alejandro.
Permaneceu tanto tempo aprisionada em uma bolha com lembranças ruins, que mesmo quando recebeu seu recomeço, não soube sair.
Foi o fim dos castigos.
E o início da árdua realidade.
• • •
Noite, jantar na mansão Davis.
Eleanor estava entorpecida e anciosa com o que podia acontecer durante a refeição.
Mexia repetidas vezes sua perna direita, mordiscando os lábios, na tentativa se suprir sua ansiedade.
Devaneios pessimistas dominavam sua mente.
─ Você está bem?
Marcos questionou, segurando a mão da irmã, tentando passar confiança. A garota apenas assentiu, colocando sua cabeça sobre o ombro do mais novo, apesar de ter somente quinze anos, o jovem já era maior que ela, isso rendia provocações por parte dos dois.
─ Sabe sobre o que é esse jantar?— sussurrou curiosa, enxergando os funcionários com feições sérias quase correndo pelo piso.
─ Não sou vidente, Eleanor. — murmurou, focando sua atenção na porta de entrada.
A morena suspirou enchendo suas bochechos de ar, o tédio prevalecia enquanto se preparavam para a recepção dos convidados.
Marcos mudou seu olhar até a mulher, torcendo a boca para abafar uma risada.
─ Também não é educado.— separou-se do corpo do garoto, cruzando os braços irritada, Eleanor detestava quando as pessoas eram rudes, mesmo não querendo admitir, ela era uma pessoa sensível que tentava de todo modo esconder suas fraquezas.
─ Desculpa, Elle.
A encarou com os olhos brilhantes, ele sabia que o apelido manhoso derretia a chateação da morena.
─ Tudo bem, seu pirralho.
Abraçou de lado o corpo de Marcos, sorrindo empolgada com a demonstração de afeto, Eleanor gostava dos abraços cálidos que lhe asseguravam proteção, apreciava o simplório ato de mãos entrelaçadas, em sua opinião, assemelhavam a um laço de confiança inquebrável, um significado de companheirismo.
Antes que ambos pudessem dizer algo, o ruído da porta abrindo os tirou da zona de conforto. Eleanor e Marcos foram os escolhidos para recpicionar os García.
Logo seu campo de visão foi coberto por Mendes García e seu filho Lorenzo, andar seguro e áurea de poder repercutiam por cada ar inalado com força.
─ Seja bem vindos, senhores.
Marcos disse com uma expressão neutra, Eleanor tremeu quando os olhos ambiciosos de Mendes encontraram-se com os seus.
─ Querida Eleanor, é bom vê-la novamente.— o semblante felizardo a assustou, os fios loiros de seu noivo chamavam seu foco para tranquiliza-la.
─ Digo mesmo, Senhor Mendes García.
Colocou os braços para trás, apenas soando uma gentileza superficial.
─ Por favor, não me chame mais assim — ergueu as mãos para o alto, em um gesto dramático ─ Você é minha nora e logo seremos família, não necessita ser tão formal.
O castanho quase preto das íris do homem cintilavam a felicidade, uma ardência predominou sua pele, as unhas apertavam duramente contra a palma da mão, sentia a adrenalina em suas veias e a aflição de sua carga torácica ao tentar conter sua fala.
"Homem ridículo"— pensou mal humorada.
─ Está deixando minha noiva desconfortável, pai.
Lorenzo interviu constrangido com as palavras do progenitor.
─ Vamos, temos uma refeição que nos aguarda.— Após longos segundos de silêncio, Eleanor disse algo, quebrando o clima tenso.
Assim que entraram na sala de jantar, Santiago apressou-se para cumprimentar seu sócio, Helena apenas acenou com a cabeça, Alejandro continha o rosto inexpressivo falando com os convidados.
─ Fico feliz que tenham comparecido.
O chefe da família Davis expressou uma figura falsa de bondade e Eleanor sabia que aquela máscara de gentileza era rasa demais e vazia como um mar de lágrimas.
─ Não diga isso, sabe que os negócios finalmente estam tendo um avanço.
Mendes retrucou bem humorado. Com o olhar, a garota encarou Lorenzo com o cenho franzido, estranhando tamanha alegria no homem.
Seu noivo desviou das invertidas de desconfiança.
A comida foi servida e o único barulho era o som dos talheres tocando a superfície do prato de vidro. A grandiosa janela aberta, a espera da ventania adocicada e a frieza noturna fizeram companhia a consciência desconfiada da moça.
A indelicadeza dos semblantes frívolos e presunçosos era torturante.
Seu desejo era apenas ir para sua cama e sonhar com anseios impossíveis.
Durante sua mastigação da comida se perguntava até onde seu otimismo duraria, seria resistente o suficiente até o fim?, a jovem herdeira era se considerava determinada e sonhadora, sempre sendo guiada por seus impulsos.
─ Eleanor, venha aqui.— a voz grave e imponente a assustou, disfarçando sua supresa, forçou sua saliva a descer pela garganta.
Santiago a chamou, erguendo seu braço, em um gesto rígido.
A mulher andou em passos lentos até o pai, recebendo expressões preocupadas dos irmãos.
─ É com muito orgulho e prazer que venho anunciar esse compromisso.
Sua aproximação do corpo da mais nova, fez com que o desprezo da presença dele a atingisse. Embora quisesse fugir daquele lugar, não conseguia, seus pés pareciam estarem grudados ao chão e suas pernas paralisadas, o que estava acontecendo?— questionou-se.
─ Há alguns anos atrás, um contrato foi firmado e após tanta demora, a espera finalmente acabou — segurou uma taça de vinho em sua mão, abrindo um sorriso realizado ─ O casamento entre minha amada filha e Lorenzo García, um jovem cortês e responsável, acontecerá no próximo mês.
As palmas de Mendes soavam explícitas pelo ambiente, sua mãe cobriu o rosto com as mãos desolada, disfarçado as lágrimas, Marcos apenas abaixou a cabeça e Alejandro cerrou os punhos.
Eleanor piscou repetidas vezes asfastando a dor fulminante em seu coração, olhou esperançosa para Lorenzo, na expectativa que ele lhe dissesse algo.
Ele moveu os lábios pausadamente.
"Desculpe, mi linda."
A verdade a atingiu e não importava o quanto ela chorasse e quanto suplicasse implorando para que ele a respondesse, no final, era acolhida pelo silêncio.
O torturante silêncio.
─ Pelo menos finja estar feliz, sua mimada ignorante.
As mãos ásperas apertaram seu braço, a força exercida a fez suspirar aterrorizada, em um sorriso que não alcançava seus olhos, Eleanor se quebrou novamente.
A falsa tranquilidade era agonizante, mas mesmo assim uma expressão feliz cobria sua face, numa máscara indecifrável.
"Por favor, me ajude"— com a boca trêmula pediu, tentando dispersar a ardência em seus olhos.
Por favor
Por favor
Torceu para que saísse dali o mais rápido possível.
Travando uma batalha contra si mesma, Eleanor não pôde evitar se sentir mínima, reduzida somente a um papel, presa em correntes demasiadas firmes para sua resistência.
Era cruel ser completamente colocada em uma dança mortal não permitida, onde o ritmo nocivo feria seus pés como cacos de vidro, a cada passo uma adaga atingia seus sentimentos, deixando o líquido vermelho escarlate ser diretamente retirado das artérias, permitindo que suas moléculas desfazem-se junto ao abismo infinito de melancólia.
Eleanor via na vida um quadro de memórias, tintas com valores diferentes e pincéis com traços incompatíveis, uma tela de cores que lutavam para possuir o domínio, uma guerra de junções.
O artista decidia a mensagem do quadro assim como as pessoas criam seus destinos. Contudo, para a linhas já predestinadas, o modo de pintura já havia uma finalização, as cores já haviam sido escolhidas em misérias de terror.
Antes mesmo de tentar, o autorretrato de Eleanor Davis estava pronto, num rabisco sem expressão, uma mistura de nada com o monocromático.
─ Com licença, peço a companhia da minha noiva.
O rapaz de belas corvinhas suspirou.
Em um convite ambos sabiam que as consequências haviam finalmente chegado.
• • •
O jardim estava vazio, apenas sendo iluminado pelo brilho das estrelas, o local era enorme e encantador, Eleanor andava acompanhado os passos do rapaz, nervosa com os últimos acontecimentos.
─ Você sabia desde o início, não é?— virou-se para ficarem frente a frente ─ E mesmo assim preferiu não dizer nada.
O loiro não ousou encará-la.
─ Por que escondeu isso?
Um sussurro quase rouco mostrou sua vulnerabilidade, ela não aguentava mais suprir suas emoções, guardá-las em uma caixa e jogá-las no esquecimento.
─ Acha que sou fraca demais para isso? Que sou uma garotinha que precisa ser protegida?
Seus ombros estavam caídos, seu corpo intoxicado pela raiva, pelo medo e pela maldita tristeza.
─ Me responda, Lorenzo!
Gritou enfurecida distribuindo tapas sobre o garoto, ele tentou acalmá-la, todavia o intenso turbilhão de emoções instáveis já havia se infiltrado.
─ Meu pai disse que eu só ganharia o direito de comandar a empresa se aceitasse de uma vez por todas a ideia do casamento.
Explicou-se, mexendo ancioso sobre seu couro cabeludo.
─ Por isso preferiu me esconder a verdade? — enfrentou, ficando vermelha ─ Esse casamento também é meu, esse dilema também é meu, mas você preferiu o dinheiro acima de tudo!— despejou molhando os lábios.
Eleanor sabia a motivação pela qual seu noivo batalhava tanto para ser um empresário capaz, a senhora García faleceu no parto do garoto por complicações, assim tornou-se filho único e a pressão em ser o herdeiro perfeito fez suas motivação pelo êxito tornassem fatais a sua saúde.
Embora soubesse sobre o passado dele, era imprevisível não ficar raivosa com o segredo.
─ Desculpe, eu não queria.
O loiro emitiu em tom baixo.
─ Eu sei.— abraçou seu corpo como proteção.
─ Mas leve em consideração os meus sentimentos, não é qualquer data ou um dia qualquer, é o nosso casamento Lorenzo, é um contrato sendo firmado, entende como isso é importante para mim?
O homem assentiu brevemente.
─ Também é meu futuro, fui treinado desde de pequeno para ser o herdeiro exemplar.
A mandíbula do garoto se apertou em nervosismo conforme confessava.
─ A quanto tempo você sabe?— inspirou calmamente o ar, esforçando-se para não elonquecer.
─ Há alguns meses — ditou acariciando as têmporas ─ Ouvi em uma reunião.
Eleanor riu em puro desdém.
─ Impossível — negou com a cabeça. ─ Desde da porra de alguns meses!, enquanto eu discutia com você sobre como terminar a porcaria desse noivado, você nem estava se importando, era apenas sobre o dinheiro, sempre é sobre ele.
─ Eleanor, é o meu destino, fui criado para ser assim, tente entender o meu lado, podemos nos divorciar após alguns meses do casório.
Lorenzo estendeu os braços, pedindo por compreensão.
A mulher sorriu com tamanha ingenuidade do loiro.
─ Você não compreende, né?— empinou o nariz, erguendo seu rosto a poucos centímetro do rapaz ─ Isso é muito mais que uma união, vai além do nosso entendimento, sabe qual é o propósito disso? Unir os poderes e gerar herdeiros, sem divórcio.
O vinco entre as sobrancelhas do homem era uma nítida confusão.
─ Enquanto você viverá como o poderoso senhor, só serei sua sombra, uma esposa sem personalidade que apenas serve para agradar os caprichos do marido — suspirou, mirando bem nas íris azuis.
─ Não quero essa vida, eu não quero ter que depender das pessoas para viver e muito menos desejo ter mesma vida que minha mãe.
Lorenzo ouviu cada palavra dela, ele acreditou nas motivações, entretanto, não podia impedir a realidade, foi designado a agir de um modo durante toda sua infância, sem comandar as empresas, quem seria ele além de alguém superficial?
─ Não serei como seu pai.
Garantiu, percebia o comportamento de todos com Santiago, principalmente em como sua esposa sequer ousava tocá-lo ou dialogar com ele.
─ Como posso saber se isso é verdade?— sussurrou desacreditada ─ As pessoas são mais do que aparentam ser.
As recordações dos momentos em família vinheram lamentosas, as facetas da personalidade em público separadas das ações em casa a assustou, tentou dispersar suas lembranças.
Lorenzo piscou atordoado, sua boca abriu diversas vezes mas nenhum som saiu, seu peito doía com o olhar julgador da morena sobre ele, era como se ela não o conhecesse, não fizesse noção da confiança que ambos adquiriram com passar dos tempos.
Ele queria ser algo, mas não a representação autoritária de seu pai.
─ Pensei que fôssemos amigos.
Pronunciou-se chateado.
Eleanor quase o consolou, mas a revolta crescente em suas entranhas a fez permanecer impenetrável.
─ Amigos não escondem segredos dos outros.— retrucou intolerante.
─ Também não machucam uns aos outros.— enunciou ele com o timbre grosso.
Enxergaram em si a destruição gradativamente tomando forma e os consumando em um só.
─ Foi para seu bem.— frustrado, desorganizou seu cabelo afoito.
Eleanor deu um passo para trás, deixando as veias de seu pescoço pularem.
─ Não é você quem decide isso — aumentou o tom de voz. ─ Sou responsável o bastante para fazer minhas próprias decisões, não sou uma princesa que precisa ser salva, então não haja como um idiota fingindo ser príncipe.— proferiu ríspida, não se importando com o que ele sentia, o impulso dominava cada célula corporal sua.
Uma fúria avassaladora assegurava-se em Eleanor e ela não tratou de impedi-la de partir.
Lorenzo ficou incrédulo.
─ Saia.— ordenou impiedosa.
O olhar perdido, a expressão magoada e o gesto sofrível se dissipou quando o rapaz virou-se na direção contrária da dela.
Deixando-a solitária, desamparada em uma maré tempestuosa.
E se enxergou no vácuo da solidão.
Eleanor Davis se viu como a própria confusão letal.
✒
Continua?
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Concordam com as atitudes da Eleanor?
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Próximo capítulo teremos nossa Elle revoltada e um reencontro com nosso menino misterioso.
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