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Capítulo II

A luz do sol penetrava as cortinas como lâminas, diretamente nos meus olhos.
Olhei o relógio na mesa de cabeceira: duas da tarde.

Não era possível.

Conferi o celular e, sim, era possível. Sábado, duas da tarde.

Eu mal conseguia olhar a tela do celular de tanta dor de cabeça. Manter os olhos abertos era doloroso. Meu corpo todo doía, meu estômago fervia e se revirava.

Mentalmente, reconstituí a noite anterior, mas era um quebra-cabeça confuso.

A bebida, claro. Estava batizada com algo.

Eu precisava saber com o quê.

Também precisava saber quanto havia ganhado. Afinal, eu me lembrava de ter recolhido boas quantidades de dinheiro.

Levantei-me, e parecia que o mundo inteiro estava girando. Minha visão ficou turva, senti minha cabeça esquentar e as mãos adormeceram. Sentei de novo até recuperar as forças, até que alguém abriu a porta do quarto:

— Não vai sair do quarto? Já são mais de duas da tarde. Logo vai acabar toda a comida do almoço, e você vai ficar sem — Sophia entrou de uma vez, usando um top tão rosa que poderia ser usado como uniforme de guardas de trânsito. O silicone parecia ainda maior à luz do dia. Mas, sem maquiagem, ela era bem diferente, muito mais bonita.

— Já vou, só preciso reunir forças para sair da cama — respondi. — Aliás, o que tinha naquela bebida que você me deu? Eu não tenho costume de beber, mas tenho certeza de que isso não é normal — questionei, levantando o tom de voz, na defensiva.

— Ah, aquilo? Era Baileys, Campari e groselha. Ah, e uma balinha, pra dar energia — respondeu imediatamente, sem qualquer resquício de culpa no olhar.

— Balinha? Balinha tipo…?

— Ecstasy, garota. Bala significa Ecstasy — me interrompeu Sophia, sem paciência.

— Como você pode fazer isso e admitir com tanta calma? Eu poderia ter ficado muito mal!

— Mas não ficou, né? Estava bem até demais. Ganhou bastante dinheiro, eu vi — retrucou, gesticulando. — E você deveria me agradecer por isso. Além de ter ganhado bebida e bala de graça, você ainda ficou tão obcecada pela Billie que não viu a briga e foi dormir segura.

Verdade, a briga.

Eu estava tão ocupada cobrando explicações que não tinha reparado no punho enfaixado de Sophia. Ela também estava com hematomas nos dois antebraços, como marcas de dedos mesmo.

— Mas poderia ter acontecido! Não vou mais aceitar bebidas suas — insisti, para não perder a razão. — E que briga foi aquela? O que aconteceu com você? Está tudo bem?

— Você ainda vai me procurar e pedir mais. Guarda o que estou dizendo — pontuou Sophia, cruzando os braços e arqueando as sobrancelhas. — E a briga? Foram gangues. Bom, gangue, máfia, como preferir chamar. São todos igualmente perigosos e insuportáveis. Mas fica fora disso — concluiu.

— Não posso ficar fora disso morando aqui. Alguém te agrediu? As brigas são frequentes? — perguntei, mesmo que fosse inconveniente.

— Eu fui atingida tentando separar. Tá tudo bem — ela parecia extremamente habituada com a situação. — As brigas nesse nível não são frequentes, mas sempre tem algum desentendimento não violento. Mas me escuta: fica longe da Billie. Essa mulher é perigosa. Você não tem ideia de com quem está se metendo.

— Mas eu não fiz nada — ainda não tinha feito, mas pretendia, pensei. — O que tem de perigoso na Billie? Ela me livrou de um cara inconveniente, foi muito gentil comigo. Só isso — eu respondi, sorrindo, só de lembrar dela.

— Gentil? Laura, coloca na sua cabeça que nada aqui é de graça ou por gentileza. Tudo tem preço. Não aceite gentilezas nem se coloque em risco a ponto de precisar da gentileza de alguém. Isso não é uma colônia de férias — ela respondeu firme. Tinha perdido o tom descontraído. Então era bem sério.

— Tudo bem, vou tomar mais cuidado. Obrigada — respondi, enquanto terminava de colocar um short e uma camiseta para ir comer.

— De nada. E vai lavar essa cara, parece um panda — ela voltou a usar o tom normal e já estava rindo.

Fui ao banheiro do quarto e vi que meu rosto estava irreconhecível. Inchado e com maquiagem espalhada por todo lado, grandes bolsas pretas embaixo dos olhos, feitas de delineador e rímel borrado.

Susan disse que eu parecia com a Kaya Scodelario. Que piada. Talvez eu fosse uma versão da deep web dela, e com olhos cor de mel, em vez de azuis.

De modo geral, minha aparência não me incomodava muito, mas eu tinha certas inseguranças.

Tomei um banho e vesti meu short jeans velho com meu top preto de sempre e calcei minhas clássicas Havaianas brancas com a bandeira do Brasil. Elas me traziam boas lembranças de casa. Não que minha vida no Brasil fosse perfeita, mas todas as dificuldades são piores quando se está em outro país e falando outro idioma.

Desci até a cozinha, ainda sentindo o cabelo molhado pingando nas minhas costas, mas não havia tempo de secá-lo e conseguir almoçar.

A cozinha cheirava maravilhosamente bem e, apesar de ter aparato industrial, era relativamente pequena. Mas, como basicamente todo mundo já havia comido, estava vazia.

Enchi meu prato de ensopado de frango com batatas e brócolis e me sentei à mesa. A comida já estava numa temperatura entre morno e frio, mas estava saborosa.

Ao final da refeição, minha cabeça já não doía tanto, e eu conseguia raciocinar melhor. Mas só pensava numa coisa: Billie.

Eu precisava saber mais sobre ela. De onde vinha, quem era e, principalmente, por que raios ela era tão perigosa assim.

Eu nunca fui boa em aceitar “não” como resposta. A tentativa de Sophia de me parar só me atiçou mais. Eu precisava planejar melhor meus próximos passos para uma investigação.

Mas primeiro: o dinheiro. Eu precisava saber qual seria meu pagamento pela noite anterior.

Lavei meu prato e fui procurar Susan na sala da administração.
Toda a boate era como um labirinto. Por fora, parecia um casarão antigo, com tantos cômodos que eu não conseguia contar. Cobria toda a esquina da rua, com uma fachada que parecia da era vitoriana, restaurada e pintada de preto (que original). Por dentro, os corredores eram longos, sinuosos e estreitos, mas os cômodos eram bastante espaçosos, com decorações de gesso nas extremidades. Pena que tudo estava muito velho, com várias rachaduras e desgaste na tinta — apenas na área dos funcionários, claro.

O clube em si era um salão gigantesco, que eu imaginava ter sido, um dia, um salão de baile vitoriano, com elegantes pilares decorados, portas e janelas amplas. Tudo isso contrastava com a decoração moderna — e cafona, diga-se de passagem — cheia de luzes de LED e móveis prateados.

Chegando à sala, bati na porta:

— Susan, posso falar com você? É a Laura — perguntei.

— Entra — ela respondeu secamente, e eu entrei. — Aprendeu rápido o caminho, não? As novatas costumam se perder aqui dentro.

— Ah, eu decorei o caminho das coisas essenciais — disse, em tom descontraído, enquanto me apoiava no encosto da cadeira.

— Ótimo. E o que você quer? — questionou a mulher, sem rodeios.

Susan era uma mulher bastante intimidadora. Provavelmente perto dos cinquenta anos, tinha cabelos loiro-escuros, com várias mechas brancas, e olhos verdes. Sua estatura era baixa, mas sua estrutura corporal era grande. Usava óculos retangulares. Pelo sotaque, deveria ser do Texas ou de algum lugar do interior do sul.

— Eu queria saber como funciona o pagamento e quanto recebi ontem, já que me lembro de ter pegado várias notas, mas não me lembro de contar — respondi.

— Olha, garota, vocês aqui recebem 16 dólares por hora durante o período em que a boate fica aberta e têm direito às gorjetas. Mas você está morando aqui e consumindo água, eletricidade, gás e comida. Isso não é de graça.
Portanto, debitamos trinta por cento dos seus ganhos para custear sua estadia.
Como ontem, por causa da briga, fechamos a boate mais cedo, você trabalhou um total de três horas.
Este é o seu pagamento de ontem — ela retirou um envelope da gaveta — você pode escolher pegar agora ou somente na segunda-feira, com a somatória de todo o fim de semana.

Peguei o envelope e olhei o conteúdo: trezentos e oitenta dólares. Ainda não sabia dizer se estava certo. Mas não me parecia muito justo. De qualquer maneira, eu não tinha opção. Sequer tinha onde morar.

— Eu vou pegar agora, preciso comprar umas coisas — respondi, com um sorriso nervoso na voz. — Obrigada.

— De nada. Volte antes das cinco e meia, se você conseguir se arrumar em meia hora, porque abriremos às seis — Susan respondeu, me olhando por cima dos óculos, de cabeça baixa. Ela analisava documentos sobre a mesa e no computador.

Acenei com a cabeça e saí da sala.

Já no meu quarto, guardei o dinheiro no bolso do short e planejei o que precisava comprar para me manter a curto prazo. Precisava de alguns itens de higiene e guardaria o restante.

Finalizei meu cabelo — que havia secado naturalmente — com a chapinha. Ajeitei minha franja e consegui deixá-lo aceitável. Parecia um longo cobertor negro sobre minha pele, pálida demais para uma brasileira — ou pelo menos era o que os gringos costumavam dizer.

Vesti um suéter preto, meus tênis All Star surrados e coloquei meus fones de ouvido para ir ao mercado.

...

As ruas da Califórnia não eram tão diferentes de São Paulo. Eram mais limpas, mas igualmente cheias de malucos, artistas, moradores de rua e turistas perdidos. Um caos ao qual eu, que cresci em São Paulo, já estava habituada.

Entrei no mercado e, enquanto estava completamente focada em buscar os produtos certos, que não fossem caros demais, senti um cheiro muito bom. Um perfume que eu sabia que já tinha sentido antes. Algo entre o floral e o amadeirado. Algo viciante. Tentador.

Coloquei os produtos na cesta e segui na direção daquele cheiro. Não olhava exatamente para lugar nenhum, apenas era guiada pelo meu olfato.

Quando, de repente, esbarrei em alguém e derrubei tudo no chão.

— Então nós nos encontramos novamente. Como você está, Kaya? — era ela. Billie. A origem daquele perfume maravilhoso.

Fiquei tão descompensada que abri a boca para falar, mas não saiu som algum. Meu coração acelerou. Eu sentia borboletas no estômago. Me sentia uma adolescente idiota, mas ela me provocava tudo isso.

— Estou bem e você? — finalmente respondi, depois de passar mais tempo do que seria considerado normal olhando para o rosto dela.

Ela estava de bandana preta, roupas largas e escuras, que contrastavam com seus olhos azuis cristalinos. Usava muitos colares e carregava uma mochila em um dos ombros.

— Agora estou ótima — disse ela, com um sorriso malicioso. — Deixa que eu pego para você.

Ela se abaixou e recolheu os produtos que caíram. Eu sequer me lembrava deles.

— Obrigada — disse. Eu tinha certeza de que estava olhando para ela com a maior cara de palhaça, mas não podia evitar. Ela era a criatura mais linda que eu já tinha visto na vida.

— De nada. Só vai levar isso? Pode pegar mais coisas, eu pago — disse Billie.

— Não precisa, eu me viro. Não quero te atrapalhar — respondi.

— Não precisa, mas eu quero. Escolha tudo que quiser.

Ela era mesmo irredutível. E eu não estava em condições de negar, já que precisava economizar dinheiro.

— Tudo bem, mas eu já peguei tudo que precisava. É o que está aqui na cesta mesmo.

— Certo. Peter, pague isso e leve para o carro, por favor — Billie pediu a um homem de terno, com um comunicador na orelha.

Eu não tinha percebido que ela estava acompanhada. Muito menos de um segurança.

Ele era muito alto, branco e careca. Tinha uma cicatriz que atravessava todo o lado direito do rosto. Era medonho.

Ele assentiu e foi fazer o que ela disse.

— Vamos? — completou Billie, estendendo o braço para que andássemos juntas.

— Vamos.

Eu não sabia onde estávamos indo, mas queria muito caminhar de braços dados com ela. Então fui.

— E aonde estamos indo? — perguntei, ao chegar à porta do carro.

— Não se assuste, só quero te levar para dar uma volta. Você não confia em mim? — perguntou ela, me olhando fixamente nos olhos.

Claro que a resposta óbvia era "não". Não se deve confiar em estranhos, certo?

— Claro.

Errado. Eu não poderia negar nada a ela.

Entrei no banco de trás do carro assim que ela abriu a porta para mim. Ela se sentou ao meu lado.

Peter, logo em seguida, colocou as compras no porta-malas e entrou no carro para dirigir.

— O de sempre? — ele perguntou, com a voz seca e robótica.

— Sim — respondeu Billie. — Você vai gostar

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