Porque todo fim é triste, mesmo que o que aconteça no fim não seja triste?

 Eu acho que gritei, devo ter gritado.

A queda era de cerca de quatro ou cinco metros, então fechei meus olhos com força, esperando pelo impacto. Mas braços me envolveram no ar e nós caímos rolando na terra.

— Lou! Lou! — Harry disse desesperado — Por favor, como você está?

— Puto com esse azar maldito da porra — respondi revoltado e ele suspirou aliviado.

— O que aconteceu?

— Eu não sei, me inclinei para tentar te ver, eu não sei se fui empurrado ou só caí e... Hazz!

Meu marido se virou a tempo de se defender de um ataque. Ele usou seu braço para nos defender do golpe com o cassetete de madeira daquele guarda. Tinha sido violento, a madeira se quebrou, voando pedaços dela a nossa volta.

Harry grudou no pescoço dele e o bateu contra o muro de pedra, o impacto foi muito alto, tanto que o outro alfa ofegou de dor. Meu marido apertou seus dedos em volta da garganta dele, enquanto o guarda se debatia. Então meu alfa o lançou longe.

— PAREM! — Harry gritou e a luta foi parando, todos os alfas olhando para ele.

— Puta merda — Liam exclamou quando me viu, ele e Lestat chegaram perto, ajudando Harry a me proteger.

— Meu ômega caiu dentro da arena, o retirem daqui e podemos voltar a luta.

— Os portões já foram fechados, eles só podem ser abertos quando a luta acabar — responderam de cima — essa é a tradição.

— Foda-se a tradição — Lestat gritou de volta — é loucura deixar um ômega aqui dentro, ele pode morrer!

A multidão gritava, eles pediam que me libertassem. Cheguei mais perto de Harry, segurando em seu braço. Ele estava furioso, respirava fundo, seus olhos focados nos conselheiros que não estavam permitindo que eu saísse da arena.

— Dentro da arena não há divisões por status ou gênero, todos devem lutar — o conselheiro húngaro disse e gritos vieram de todos os lados. — O portão não será erguido.

Os guardas tinham se reunido na frente do portão, nós éramos quatro, eles eram quinze ou vinte. Por enquanto não tinham atacado juntos, só em grupos de três no máximo, mas agora eu não sabia como seria.

— Isso é loucura, parem a luta! — ouvi Anne gritar.

— Não podem continuar — era Niall.

Olhei para cima e o bando estava enlouquecido, alguns conselheiros pareciam horrorizados e o público em si protestava. Aparentemente eu era o primeiro ômega dentro da arena. Bem, eu podia ser o primeiro a entrar, mas também seria o primeiro a sair.

— Vou te proteger — Harry murmurou, ele ainda estava furioso e mantinha seus olhos nos guardas.

— Vamos fazer isso juntos — respondi pegando na sua mão e entrelaçando nossos dedos.

— Ok, cinco guardas para cada um de nós, não é número alto, nós conseguimos — Lestat ponderou.

Mas então mais da metade dos guardas pularam a frente, se transformando em lobos.

— Acho que as coisas acabaram de ficar um pouco mais complicadas — Liam suspirou.

Um lobo foi a frente, rosnando bem perto de Liam. Mas uma pedra foi jogada lá de cima, acertando o lobo bem na cara. Então, para a surpresa de todos, Zayn pulou para dentro da arena.

— Vai rosnar na casa do caralho, filho da puta — meu amigo resmungou chegando perto de nós, então ele apontou para lobo — hoje eu te mato, não vai ter conselheiro nenhum para te proteger.

— Zee, você não podia ter feito isso — Liam disse lívido.

— Já fiz, agora vamos matar esses imbecis e depois conversamos — o alfa deu de ombros.

Um lobo pulou sobre nós, mas Harry o acertou no ar, o derrubando. Não que fosse adiantar muito, porque logo mais quatro vieram também. Lestat derrubou um, Harry conseguiu desviar do outro, Liam se defendeu. O último lobo veio para cima de Zayn e eu, mas antes de ele chegar até nós, um lobo negro pulou sobre ele e mordeu seu pescoço.

— Lauren? — perguntei espantado e os olhos claros se voltaram para mim.

Ela olhou para trás de mim e eu vi o momento que Shawn, Luke, Mike, Ashton, Jesy e Bill pularam a mureta da arena caindo perto de nós.

— Adiantou eu te implorar para ficar com os outros ômegas? — Luke perguntou para Mike, que deu de ombros e tirou duas facas do bolso da jaqueta.

— Jake e Perrie já estão lá, não precisam de mim — o ômega respondeu.

— Tem mais dessas? Acho que vamos precisar — Jesy pediu para Mike, que tirou mais faca de um coldre no tornozelo.

— Quando falamos que faríamos isso juntos, você achou que seria uma metáfora? — Luke pergunto para Harry, que sorriu de canto.

— Peguem os lobos, deixem que damos conta dos outros — Shawn disse.

— Agora sim isso ficou divertido — Lestat falou maldoso.

— Fique seguro — Harry me pediu.

— Depois que eu matar alguns — respondi e ele me beijou rapidamente.

Harry, Lestat, Liam e Bill se transformaram em lobos, se juntando a Lauren. Harry e Lestat corriam na frente, atacando qualquer lobo que aparecesse. Os outros corriam logo atrás, não deixando que ninguém escapasse.

Os guardas eram bem treinados, eles viviam com os lúpus e muitos até tinham genes de nascimento. Não foi como qualquer luta que eu tenha participado desde que entrei para o bando, eu não podia atirar em alguém. A luta era corporal e eles não estavam se importando em eu ser um ômega.

Um dos socos que levei me jogou contra o muro de pedra, e eu senti o gosto de sangue na boca. Usei meu braço para me defender do próximo, mas não conseguia atacar. Meu lobo rosnava no meu peito, soquei o queixo do alfa debaixo para cima, não era o suficiente para que ele caísse, mas isso fez com que ele retardasse o próximo soco.

Consegui desviar o soco, o fazendo acertar o muro de pedra no meu lugar, travei seu braço com o meu e dei repetidas joelhadas no seu tórax, para que ele não conseguisse respirar. Então soquei a lateral da sua cabeça.

O alfa cambaleou para trás desnorteado, e foi o fato de me subestimar, que me fez conseguir acertá-lo. Fui para cima dele e ele me atacou, mas me joguei pra baixo, deslizando pela terra e arranquei o cassetete preso no seu cinto.

— Obrigado — falei um pouco ofegante — era isso mesmo que eu estava querendo.

Com toda força que pude juntar do meu lobo, acertei a barra de metal no rosto dele, esmagando seu nariz e o derrubando no chão.

A luta continuava e os barulhos eram assustadores, eu tinha a noção de que eu não era o melhor entre eles, já que nossos oponentes treinavam desde filhotes e eu só estava nessa há meses. Mas eu não precisava ser o melhor, eu só precisava ganhar tempo. Eu confiava em nosso bando e, principalmente, em meu marido, tudo o que precisávamos era de tempo e garantir que ninguém morresse no processo.

— Dizem que você é o pior dos ômegas — um dos guardas rosnou para mim, ele tinha arranhados pelo rosto e dois cortes no braço.

— É um erro comum, mas não sou eu. Porém sou eu que lidero ele, então... — dei de ombros e girei a barra de metal na minha mão, o acertando em cheio.

Ele perdeu o equilíbrio por um momento, por isso consegui passar por debaixo do seu braço e prendi a barra na sua garganta. Usei o peso do meu corpo para forçar a barra contra a traqueia, o sufocando. Ele tentava me bater, mas a vantagem de ser menor que ele, fora que pouco golpes me atingiam e a nossa posição não o deixavam me atingir por cima.

O alfa começou a recuar, ainda se debatendo para soltar. Eu aguentei a cada golpe, mas percebi que ele estava recuando até o muro de pedra, ia tentar me esmagar contra ele e o muro.

Quando chegou mais perto, soltei uma das mãos da barra e usei o muro para me impulsionar para frente. Nós dois caímos no chão, mas eu rolei e me levantei bem mais rápido, então acertei várias vezes o metal na cabeça do alfa. Ele sangrava muito, mas conseguiu segurar o cacetete, travando no seu braço. O soltei antes que pudesse cair, o que seria a minha morte, mas chutei seu rosto, acertando boca, nariz e o que mais eu pudesse.

Pulei para trás quando ele tentou se defender, mas ele sangrava muito e não conseguia se levantar direito, caindo logo depois. A barra estava caída no chão, então a peguei, pensei em matá-lo e acabar logo com aquilo, mas eu queria chegar até Harry.

Eu queria poder explicar como aconteceu, mas não sei como, porém o fato é que parte da arena pegou fogo. Não era um incêndio, mas ouvi alfas gritando porque seus corpos estavam queimando.

— Tem mais vindo — Ashton gritou e eu vi mais guardas pularem a mureta, chegando até nós.

— Acho que isso é contra as regras, mas quanto mais melhor — Jesy limpou o suor do rosto. Ela segurava uma faca que escorria sangue, sua blusa estava rasgada e tinha um corte em uma das bochechas.

— Luke — Mike gritou, tentando correr até o marido.

Fui o primeiro a chegar, eu nem pensei no que fazer, acertei o lobo com a barra de metal para que ele soltasse Luke. O ombro do alfa loiro tinha um ferimento, sangrava bastante, mas não achava que era tão profundo.

O lobo rosnou para mim, que era o que eu queria. Na hora que ele levantou a cabeça para me ameaçar, acertei seu queixo debaixo para cima, o que deu a chance de Luke sair debaixo dele. Tudo foi muito rápido, questão de segundos e o lobo estava pronto para nos atacar.

Fiquei do lado de Luke para protegê-lo como eu pudesse, mas quando o lobo foi atacar, Mike pulou por trás dele, acertando uma das facas na boca do animal e rasgando o que pode no caminho.

Muito sangue escorria da boca do lobo, primeiro ele grunhiu e uivou de dor, o corte tinha sido feio, mas ele voltou seus olhos para nós. Ainda estava cambaleante e Shawn surgiu o chutando com tanta força, que animal rolou metros à frente.

Sempre tinham dito que um lúpus em sua forma de lobo era o mais forte e poderia vencer qualquer um, mesmo o mais treinado dos alfas. Pelo visto, não era bem assim.

Por um segundo eu parei para o olhar e entender o cenário a minha volta. Havia muito barulho, a multidão gritava fora da arena, pelo jeito a revolta da maioria já tinha passado, porque eles pareciam aproveitar muito bem o espetáculo. Os integrantes do bando que não tinham pulado pareciam desesperados e eu os entendia.

Dentro estava um caos, havia lutas acontecendo em todos os lugares, lobos se enfrentavam até que um caísse, parte estava pegando fogo e os guardas tentavam nos matar a todo instante. Consegui achar Harry, ele lutava com dois lobos ao mesmo tempo, mas eu não cheguei a dar dois passos na sua direção, quando outro lobo mordeu a minha perna e puxou para o chão.

Consegui me virar rapidamente e minha sorte foi que eu não soltei a barra de ferro, porque quando o lobo mordeu minha cabeça, usei a barra para impedir que seus dentes se fechassem na minha carne.

Ele rosnava, sua boca cada vez mais parte do meu rosto, tanto que seus dentes arranharam a minha pele. Ele forçava a barra para baixo e eu tinha que usar muita força para segurar. Meus braços tremiam e eu tentava encontrar um jeito de escapar, mas estava preso a ele, suas presas cada vez mais perto.

Um lobo marrom claro com tons de cinza, grudou no pescoço do lobo que me atacava e o puxou com brutalidade para o lado. Pelos olhos, eu soube que era Bill, os lobos se enfrentaram e chegaram a se acertar, Bill me protegia. Mas um lobo pardo maior que os dois chegou por trás, ele rosnava furioso e não teve pena nenhuma do lobo que me atacou.

Harry rasgou o lobo guarda várias vezes, a ponto de parte do abdômen do lobo ficar aberta e exposta. Meu alfa parecia um pouco ferido e estava cansado, mas a sua fúria foi bem maior.

Não tinha tempo para hesitação, no momento que eu parei para olhar em volta, foi quando me tornei um alvo fácil. Eu nem tinha ideia de quanto tempo estávamos lá, se quantos tinham morrido ou estavam feridos. Eu mal conseguia achar todos do bando. Mas eu tentava ajudar todos os meus que eu pudesse, eu precisava garantir que todos estivéssemos vivos, que voltássemos para casa, que víssemos os filhotes crescerem. Eu queria ter filhos com Harry, queria ver Liv em desenvolvimento e descobrindo se ela teria ou não seu lobo.

Mas, no momento, eu tinha acabado de usar um pedaço de madeira para empalar um alfa que tentou atacar Ashton pelas costas. No meio de todo o barulho, algo chamou minha atenção. Meu lobo uivou de dor e medo, isso me fez correr pela arena, meu alfa precisava de mim.

Tive que desviar de ataques, eu não podia perder tempo, Jesy me salvou de um, Lestat de outro, e continuei correndo. Encontrei Harry em um canto acuado por três lobos, meu alfa mancava e tinha sangue por seus pelo. Eu não pensei de novo, foi apenas meu lobo tomando controle.

Corri em direção a eles, mas quando cheguei, eu já era um lobo, e fui direto na jugular de um deles. Minhas presas romperam a pele e a carne, talvez não fosse um ferimento fatal, mas grave. O lobo se debateu e eu caí para o lado, mas voltei rapidamente. Corri por entre eles e passei por baixo da cabeça do meu alfa, protegendo seu pescoço com meu corpo.

Eu não me importei de ter que ficar abaixado, mas quando qualquer um tentava atacar Harry, eles não conseguiam pegar as áreas vitais. E quando me atacavam, era feridos por Harry.

Nós trabalhamos muito bem juntos, quando um dos lobos tentou morder o dorso do meu marido, minhas presas se prenderam na parte de baixo do seu pescoço. Eu puxei com força, vindo sangue e pedaços de carne junto.

Meu alfa deu uma patada tão forte no rosto de um dos lobos, que suas garras cortaram a face inteira dele e, desconfio, ele estava perto de perder a visão em um dos olhos.

O terceiro lobo, o que eu já tinha ferido, começou a recuar com medo. Suas orelhas estavam baixas e ele abaixava os olhos. Quando fui em sua direção, ele se deitou e virou de barriga para cima, o que me fez parar confuso. Harry parou do meu lado, olhando para o lobo no chão. Eu não entendi direito o que aconteceu, mas como meu alfa deixou aquele lobo de lado, eu fiz o mesmo.

O caos ainda reinava, mas todo o cansaço e dor do meu corpo pareciam ter passado. Quando vi um guarda indo para cima de Shawn, eu não hesitei, eu pulei nele, o derrubando e rasgando seu pescoço.

Lestat se juntou a Harry e eu, o pelo branco estava quase todo vermelho de sangue, e eu desconfiava que não era sangue dele. Nós fomos limpando o lugar, atacando e destruindo todos aqueles que feriam o bando. Alguns guardas apenas desistiam e se rendiam, mais dois lobos fizeram isso, mas os outros ainda tentaram.

Liam estava em cima de um lobo que machucou Zayn, mas a ferocidade que ele usou para destruir o outro foi surreal. Ele parecia estar aguardando por aquela chance por muito tempo e descontando toda a espera.

Nosso bando se juntou, mesmo que muitos mancassem, tivéssemos ferimentos pelo corpo e Ashton e Shawn precisassem do apoio de Luke e Jesy para andar, ainda estávamos de pé. Mas só havia um guarda.

Lestat, Harry e eu estávamos a frente, atrás de nós vinham Bill, Liam e Lauren, depois todos os outros. Eu estava exatamente no meio, entre Lestat e meu alfa, nós chegamos até o guarda, que olhava o caos e a destruição a nossa volta. Harry rosnou e assustou o guarda, mas então meu marido deu um único uivo e o alfa a minha frente caiu de joelhos no chão, deixando o pescoço a mostra.

Houve segundos de silêncio onde só a nossa respiração alterada era ouvida. Então os gritos da multidão começaram, e não parecia que acabariam logo. Meu marido esfregou o focinho no meu pescoço e eu fiz o mesmo com ele. Fomos interrompidos quando o portão de ferro começou a se levantar.

Nós tínhamos vencido.

— Puta que o pariu, quase eu pari aqui — Niall disse em lágrimas assim que saímos da arena. Alguém tinha me estendido uma roupa, mas meu amigo arrancou da mão da pessoa e me ajudou a me vestir. — Louis eu vou colocar uma coleira em você, eu juro! Você não sai mais de perto de mim!

— Não foi minha culpa — tentei justificar fechando a minha calça.

— Nunca é, nunca — Niall respondeu irônico.

— Baby — Liam disse fraco, e meu amigo voltou a chorar, se jogando nos maridos.

— Amor! — Camila correu e abraçou Lauren, que a pegou no colo e ficaram abraçadas por um bom tempo.

Calum socou o braço de Mike, o xingando, depois se agarrou em Ashton. Louis não teve tempo de dizer nada, Lestat o pegou no colo e o levou com ele.

— Lou — Harry me abraçou com força, lágrimas escorriam dos seus olhos — nunca mais eu vou me separar de você, nunca mais eu vou te deixar em perigo, eu...

— Você vai respirar e se acalmar — falei fazendo carinho nele — nós vencemos, eu te disse que isso ia acontecer. Vamos voltar para casa e viver com a nossa família.

— Vamos — ele sorriu, mais lágrimas escorreram pelos cantos dos seus olhos, e só então eu percebi que escorriam dos meus também. — Eu te amo, eu te amo muito.

— Eu também te amo, e agora você vai poder cumprir seu juramento de me amar por toda essa vida.

— Nessa e em toda as outras que vierem — ele sussurrou antes de me beijar.

Por aqueles minutos estávamos no nosso mundinho, ignorando todo o resto, as pessoas que comemoravam, os que estavam desapontados por termos sobrevivo, que estavam com medo do que aconteceria. Era só Harry e eu.

Pelos menos no tempo que durou.

— Harry! — Anne correu para abraçar o filho, ela chorava muito — Lou!

Isso foi o bastante para mais pessoas virem nos cumprimentar, mas eu não queria falar com ninguém. Meu corpo estava cansado demais, eu precisava descansar e do meu marido, só isso.

— Quietos — Desmond falou alto e as pessoas se afastaram, deixando o caminho livre para que o lúpus viesse até nós. — Parabéns, vocês venceram. Harry, você provou seu valor e sua obstinação, seu status como herdeiro está de volta, você está livre de qualquer acusação ou punição.

— Não fiz isso para ser líder, mas para proteger minha família — ele respondeu, e eu notei que sua voz estava um pouco mais baixa que o costume. Meu lobo estava impaciente e aquilo me deixou preocupado.

— Hazz, vamos entrar, você precisa descansar — eu pedi, meu alfa parecia vacilante.

— O conselho precisa falar com ele — um conselheiro se intrometeu — venha Harry, precisamos fazer a cerimônia da recuperação do seu status.

— Não — eu o empurrei — Harry, você está bem? Vamos para dentro, Luke? Você consegue examiná-lo?

— Consigo, só vou ser um pouco mais lento — ele respondeu, Mike tinha enfaixado o ombro ferido do marido com a própria blusa, quando ainda estávamos na arena.

— Não, nós temos...

— Nunca mais se intrometa entre um ômega e seu alfa — Danila empurrou o conselheiro para longe de nós. — Venham, vamos levá-los ao hospital, todos vocês estão feridos.

— Eu dirijo — Camila disse feliz.

— Não morri na arena para morrer agora — Jesy resmungou nos braços de Perrie.

— Harry, como você está? — perguntei a ele, nós estávamos passando pela corte dos lúpus, Tiziano, Danila e Jeon nos conduziam para carros que já nos esperavam.

— Lou, eu não estou me sentindo bem — ele falou respirando fundo.

— Harry! — eu gritei quando meu alfa desmaiou.

Jake e Danila eram os mais próximos e foram os que seguraram meu alfa de cair no chão. Houve uma grande movimentação, Danila gritou para alguém trazer um carro, Tiziano teve que conter o bando e os convencer a entrar nos carros que os levariam para o hospital.

O ômega de Danila chegou com o carro, ele que dirigia e parecia ser o mais apavorado entre nós. Foi então que me lembrei que era a primeira vez que ele estava entre os lúpus do conselho.

— Aqui é pela esquerda — Danila disse para seu ômega quando entramos no carro. Harry ainda estava desacordado, por isso o deitaram no banco de trás com a cabeça no meu colo. Eu não quis esperar pela ambulância.

— Que droga de país, todo mundo dirige pela direita, só aqui quis ser diferente — o ômega resmungou e ele tinha um sotaque diferente do que estava acostumado — sem ofensa — ele falou olhando pelo espelho retrovisor.

— Love, por favor — sussurrei beijando a testa do meu marido.

— Lou, Lestat me contou tudo o que aconteceu, Harry não parece ferido gravemente, mas seu corpo deve estar exausto, ele passou por muita coisa em um curto espaço de tempo — Danila tentou me acalmar.

— Eu juro, quando eu voltar para casa vou me trancar por um mês com a minha família e depois viajar para alguma praia — respondi fazendo carinho no meu alfa.

Meu lobo estava impaciente e preocupado, era assustador não ter noção do que estava acontecendo. Mas ele não estava desesperado, então devia ser algo bom. Eu só queria que aquilo acabasse logo e voltássemos para casa.

Quando chegamos no hospital, uma equipe já esperava por nós do lado de fora. Para um vilarejo, aquele hospital era bem grande e muito bem equipado. Colocaram Harry numa maca e o seguimos até onde pude, mas levaram meu marido para uma sala e eu fiquei na sala de espera com Danila e o ômega.

— Você não devia ser examinado também? — o ômega me perguntou.

— Eu vou, depois que souber que Harry está bem — respondi suspirando, meu corpo doía, mas meu abdômen estava começando a incomodar mais.

— Sou o Cauê — ele estendeu a mão para mim. Tinha cabelos escuros lisos, olhos levemente puxados, provavelmente descendência indígena e usava óculos. Às vezes ele soltava palavras em português, mas eu não sabia o que significavam.

— Sou o Louis, mas pode me chamar de Lou. Sinto muito por essa ter sido a primeira vez que você vê o conselho, eu queria te dizer que nem sempre é assim, mas normalmente da confusão.

— Quando Dani me falou que era loucura, eu não achei que fosse tanta. Se bem que ele e Tiziano já não são muito normais.

Eu achei fofo Cauê chamando Danila de Dani, e o alfa parecia completamente apaixonado, ele mantinha o ômega em seus braços, mas o brasileiro parecia bem confortável com isso.

— Louis William Tomlinson-Styles, eu juro vocês vão me matar um dia — Niall disse dramático, entrando na sala de espera e se sentando comigo — como você está?

— Meu corpo dói um pouco e meu abdômen está incomodando muito, mas eu preciso ver o Harry.

— Vocês mudaram o rumo da sociedade lúpus hoje — Danila falou — não sei se você tem ideia, mas foi o primeiro ômega a entrar na arena e foi o primeiro a fazer a guarda do conselho se render e se submeter a você.

— Não entrei porque eu quis, foi um acidente, eu espero. E só queria proteger meu alfa, o resto que se foda — suspirei e o alfa riu.

Em poucos minutos a sala de espera estava lotada, e eu nem sei se todos do bando realmente tinham passado pelo médico. Mas eu não podia julgá-los. Meus dedos batiam nos meus joelhos ansiosos, tentaram me fazer comer, mas eu não consegui, então Luke me obrigou a beber água pelo menos.

— Preciso dos parentes de Harry Tomlinson-Styles — o médico disse chegando na sala e se surpreendendo com todos nós — só a família pode ficar aqui.

— Eu sou o marido, mas todos eles são família — respondi.

No fim apenas eu, Luke e, é claro, Niall, fomos liberados para ver Harry, eu por ser o marido, Luke o médico particular que iria revisar tudo e Niall por ser o Niall mesmo. Harry ainda estava dormindo, estava com um acesso no braço, medidores de batimento cardíaco e algumas partes do corpo enfaixadas, mas respirava.

— Love — sussurrei segurando sua mão.

— Lou, Harry está bem, seu corpo está exausto. Ele não estava totalmente recuperado da grande doação de sangue e passou por tudo hoje. Isso serve de lembrete que todos nós precisamos nos cuidar. — Luke suspirou — Vou pedir um quarto para você poder se limpar e que eu possa examinar você.

— Sabe — Niall disse depois que Luke saiu do quarto — isso aqui é pior que a "Caverna do Dragão", quando a gente acha que está tudo bem, piora.

— Se estivéssemos lá, alguém já teria matado o unicórnio — eu brinquei.

— Nunca fui com a fuça daquela Uni — ele bufou — mas se estivéssemos lá, Lestat já tinha matado o Vingador, tomado o controle do reino inteiro e já tínhamos feito fogueira com o Mestre dos Magos.

O bando se revezou para entrar no quarto e ver como Harry estava, o único que não saiu de perto dele fui eu. Liv fez chamada de vídeo querendo falar comigo e com Harry, mas Niall conseguiu distrai-la contando alguma história, assim ela evitaria ver minha cara machucada.

Depois eu fui obrigado a ir para outro quarto do hospital para tomar banho e ser examinado, tentei que fosse no mesmo quarto que Harry estava, mas Luke disse que assim que acabasse eu poderia voltar. Perrie ficou no quarto cuidando do meu alfa enquanto o bando foi para a casa da família de Zayn, eles precisavam descansar.

Niall me ajudou a entrar no chuveiro, eu realmente estava com muita dor no momento. A água quente ardeu um pouco quando se chocou com meus machucados e escorreu vermelha. Fiquei um tempo parado embaixo dela, focado que aquilo tudo estava acabando.

— Louis — Niall me chamou preocupado do lado de fora do box — você já se limpou?

— Acho que sim — respondi, foi necessário muito sabonete, mas limpei meu copo inteiro.

— Verifica se você tem um corte ou machucado entre as pernas — ele disse um pouco assustado, abrindo a porta do box. Na sua mão estava a calça que eu estava usando, a parte interna tinha manchas de sangue.

Eu entrei em pânico, porque eu sabia que não tinha nenhum ferimento nas minhas pernas que justificassem aquilo.

— Não — murmurei.

— Lou, sua perna — um filete se sangue escorria pela minha perna, meu abdômen ainda doía.

— Niall isso não pode ser verdade.

— Lou, calma, sai do banho, vamos encontrar o Luke e ver o que é, ficar nervoso só vai ser pior — Niall puxou o roupão do banho e me ajudou a sair do banheiro.

A dor era forte, mas eu conseguia andar, eu tinha que descobrir se era aquilo que eu estava pensando. Liam e Zayn nos esperavam do lado de fora e tomaram um susto com a cena. Zayn correu até a enfermaria e roubou uma cadeira de rodas, enquanto Liam arrastava Luke de volta.

— Só fui tomar café — o loiro falava.

— Niall, não pode ser isso, não pode — eu comecei a chorar — Harry não vai aguentar se isso acontecer de novo.

— São situação totalmente diferentes — ele segurava minha mão enquanto me levavam para a parte da maternidade — mesmo que seja verdade, ninguém tem culpa. Lou fica calmo.

— Por favor Zeus, não seja isso — eu implorei — de tudo que eu te pedi, só não deixe ser isso.

— Vai fica tudo bem, apenas respira — Niall me pediu, mas eu não sabia se conseguia.

— Oi — eu disse entrando no quarto, pegando Harry no flagra arrancando o acesso do braço — Hazz!

— Onde você estava? Acordei e você não estava aqui, ninguém me dizia onde você estava, a única informação que consegui foi que você estava sendo medicado — ele se levantou vindo para mim, mas o parei o empurrando de volta para a cama.

— Informação que você conseguiu? — perguntei cruzando os braços.

— Ninguém queria me dizer nada, o enfermeiro estava aqui... — ele deu de ombros — Você está bem?

— Provavelmente melhor que você — eu o fiz se sentar e me sentei na sua frente — precisamos conversar.

— Lou, o que está acontecendo? — ele estava alerta e preocupado.

— Eu não te dei um presente de Natal, então fui comprar um — entreguei uma caixinha para ele.

— O que é? — ele perguntou confuso — E por que você foi comprar algo? Você não estava na medicação?

— Na verdade Niall e Camila compraram para mim, então sinto muito se provavelmente metade do planeta já sabe antes de você. Eles prometeram segurar o segredo, mas não conte com isso — brinquei, mas meu alfa ainda estava preocupado comigo — Harry, abre a o presente, por favor.

— Está bem — ele se deu por vencido, mas ainda me olhava confuso.

A caixinha era quadrada, e como tínhamos pouco tempo, foi algo bem simples. Dentro tinha várias fitinhas vermelhas, o teste de gravidez, dois sapatinhos de bebê em forma de ursinho e um papel escrito "Hello Daddy".

Harry olhou os itens da caixa, eu vi a sua expressão passar de choque para felicidade e aquele sorriso que eu amo, que deixa suas covinhas a mostra. Ele pegou o papel e leu várias vezes, como se tivesse medo de que as palavras mudassem e não fosse aquilo.

Eu peguei os dois sapatinhos e os olhos do meu alfa foram da minha barriga para meu rosto. Seus olhos tinham lágrimas e era muito bom, porque dessa vez eram de felicidade.

— Lembra quando eu precisei ir para o hospital e você me deu aquele ursinho colorido que eu batizei com seu nome?

— Sim — ele respondeu sorrindo ainda — você ainda o deixa em cima da cama.

— E você se lembra que me deu o meu "Hazz" antes de irmos morar juntos e sermos uma família? — perguntei e ele concordou com a cabeça — Achei que já que é você que está no hospital e eu vim te buscar para te levar para a nossa casa e como a nossa família vai aumentar, nada melhor do que eu também te dar um ursinho.

— Mas eu não vou poder batizar com seu nome — ele brincou, algumas lágrimas escorreram.

— Não, vamos ter que pensar em nomes e tomar cuidado com a Liv, eu tenho certeza de que ela terá uma lista assim que chegarmos — bufei dramaticamente e ele riu entre as lágrimas.

— Você tem certeza?

— Sim, já fiz todo tipo de exame que você imaginar, mas eu estou completamente bem — completei rapidamente, assim que vi sua expressão de preocupação voltar — Luke me liberou para ter uma vida normal, mas devo evitar estresse e repousar o máximo que eu puder.

— Você nem vai mais sair da cama — Harry disse rapidamente — vou contratar enfermeiras para se revezarem cuidando de você, vou montar um quarto hospitalar em casa preparado para qualquer problema.

— Engraçado, você reagiu exatamente do jeito que o Louis disse que o Lestat reagiu — falei rindo.

— É sério Louis, olha tudo o que aconteceu nos últimos dias, o bebê pode estar com algum problema e você pode ter complicações. Vocês precisam de cuidados especiais e repouso, nós...

— Hazz! — eu o chamei segurando em seu rosto — Respira, vamos nos concentrar em ficar feliz, quando chegarmos em casa nós decidimos o que fazer, ok?

— Isso é um jeito sútil de dizer que nada disso vai acontecer? — ele perguntou sorrindo de canto.

— Não tão sútil, mas é isso mesmo — eu ri.

— Vamos ter um filho — ele sussurrou, seus braços me envolvendo e as lágrimas voltando.

— Vamos, vai demorar algumas semanas para conseguirmos vê-lo no ultrassom — falei antes de beijá-lo — então não sabemos quantos são.

— Pode ser mais de um? — ele perguntou com os olhos arregalados, como uma criança que acabou de ganhar um presente.

— Não se empolgue, nós não sabemos ainda — eu ri da sua empolgação.

— Tudo bem, se for um, nós fazemos outro no ano que vem, sabe, para fazer companhia — ele deu de ombros.

— Companhia? — perguntei rindo.

— Sim, Liv já tem seis anos, até o bebê nascer vai ser quase sete, é uma diferença de idade grande, fora que ela tem os próprios amigos. Não podemos deixar nosso bebê sozinho.

— Claro que é por isso.

— Sim, só estou pensando na felicidade do nosso bebê — ele respondeu coma quele sorriso cínico. — Eu te amo, Lou.

— Eu também te amo.

4/4

Prontos para se despedir? Porque só tem mais um capítulo desse...