Capítulo 79
"A todos que vão ler o próximo cap de LAY depois da prova do Enem procurando conforto e felicidade, tenho algo a dizer... Sinto muito."
(León Ollivier)
O fogo crepitava alto, mas havia muito barulho a volta. Boa parte do bando estava lá, eles estavam correndo de um lado para outro, havia alfas mortos pelo chão e mais alguns presos desacordados. Tinha um barulho muito alto de algo se aproximando, ao mesmo tempo que eles se preparavam para alguma coisa, eu apenas corria tentando encontrar minha filha.
— Liv! Liv! Niall! — gritei, mas não obtive resposta — Calum, onde estão Niall e Liv?
— Eu não sei, não os encontramos — meu amigo disse preocupado.
Meu coração batia muito alto, mais do que qualquer som a volta. Senti Harry do meu lado, ainda em sua forma de lobo. Olhei em volta, girando no lugar, tudo era um caos e minha mente estava pior. Mas meu lobo rosnou, ele sabia de algo. Meus instintos gritaram, então sai correndo.
Gritaram meu nome, mas entrei no galpão pegando fogo. As chamas estavam tomando conta do lugar, era difícil respirar e o calor escaldante. Andei por onde pude tentando encontrar minha filhote e meu amigo. Eu podia morrer, mas eu precisava salvá-los. Algo se desprendeu do teto e caiu na minha direção, mas meu alfa correu, me puxando e nos tirando do caminho da enorme madeira.
— Obrigado — murmurei para Harry, que ainda não podia me responder.
Caminhamos juntos por entre as chamas, além do barulho do fogo, eu ouvia vozes. Eram gritos e rosnados e quando chegamos ao local, Patrícia, a mãe de Ronan, Gallagher e Camille estavam com Liv e Niall. Os três estavam armados no andar superior, o mesmo local que eu tinha dito que não era seguro.
Gallagher e Patrícia apontavam armas para Niall e Liv, que estavam quase encostados na parede oposta, perto demais do vão. Meu amigo protegia minha filha com o corpo, estando na linha de tiro.
Camille apontava a arma para Zayn, que tinha subido as escadas precárias e estava perto da borda oposta a Niall, também quase caindo. Liam estava como lobo no chão, ele estava furioso, parecia ensandecido.
— Não tem para onde irem, então abaixem as armas — Zayn avisou.
— Hey — gritei, chamando a atenção de todos — é a mim que vocês querem.
Subi as escadas, os degraus estavam podres e alguns quebrados. Meu marido odiou aquilo, mas eu não tinha escolha. Os lobos não tinham como subir ali, pelo tamanho e pelo espaço da escada, tudo ali cederia se eles tentassem, por isso Liam e Harry nos esperaram na parte de baixo, rosnando furiosamente.
Naquela noite, no casamento das garotas, Liam tinha estado raivoso e não reconhecia seus amigos, porque estava cego pelo rut. Mas ali, naquele prédio pegando fogo e vendo seus dois soulmates nas miras de armas, ele estava em outro nível. Harry não demonstrava tanto, ele era mais observador, mesmo que rosnasse muito. Mas eu sentia a raiva no seu peito. Ele mataria sem hesitar
— Eu estou aqui, liberem eles — falei com calma.
— Você destruiu tudo! — Patrícia gritava comigo descontrolada, meu único medo era que ela atirasse sem querer — Minha família toda está morta por sua causa!
— Tudo o que acontecer hoje, é culpa sua — Camille vociferou para mim. Ela estava furiosa, mas não agia de jeito descontrolado como a outra ômega.
— Ótimo, então descontem tudo em mim — respondi me aproximando. Os lobos faziam barulho lá em embaixo, se alguma arma fosse disparada, eles dariam um jeito de subir ali e meu medo era que matassem todos, incluindo as ômegas.
— Gallagher, abaixe essa arma — Zayn ordenou de um modo frio.
— Acha que eu sou idiota? Eu sei o que vai acontecer aqui se eu abaixar — o inspetor gritou de volta. Eu me aproximava vagarosamente deles, pouco a pouco para não ser notado.
— Você é um idiota, meu alfa e eu te avisamos várias vezes para sair do nosso caminho, mas você nunca ouviu — Zayn chamava a atenção para si — Todos vocês sabem o que fizeram, não piorem as coisas.
Naquele um minuto de silêncio eu ouvi o choro baixinho da minha filha. Liv estava agarrada em Niall, tentava se manter forte, mas estava completamente assustada. Meu amigo enfrentava a todos, sem se mover, já que o chão estava precário e rangia a cada passo que era dado.
— Você roubou a minha vida — Camille cuspiu as palavras — Era a minha vida, meu alfa, meu dinheiro... tudo era meu e você tirou de mim.
— Nunca foi seu, Harry sempre foi meu — eu disse a olhando nos olhos — mas que seja, atire em mim, desconte em mim sua raiva.
— Lou — Niall negou assustado.
— É isso que vocês duas querem, eu não sou o responsável pela dos de vocês, então atira em mim! — gritei.
Meu plano estava dando certo, provavelmente eu levaria alguns tiros, mas Live Niall estariam bem, já que Zayn estava chegando perto deles. Mas um barulho muito alto lá fora, uma grande explosão, os assustou e mais pedaços do teto despencaram. Onde estávamos tremeu e Zayn teve que sair rapidamente da borda, antes que ele caísse. Isso fez com que Gallagher e Patrícia se assustassem mirando a arma em nós e houve disparos.
Zayn e eu pulamos no chão, escapando dos tiros, os lobos rosnaram ainda mais baixo na parte de baixo. Tentei olhar pela minha filha, mas senti cheiro de sangue. Liv gritava e segurava o ombro do Niall, que sangrava. Tudo estava muito confuso e aconteceu de modo rápido.
— NÃO! — Zayn gritou e correu para o marido, Gallagher apontou para a arma para o alfa, que sacou a própria, mas ninguém teve chance de atirar.
O chão tremeu de novo e pedaços de tabuas voaram, Liam tinha pulado de baixo para cima, quebrando parte do piso. Ele rosnava de um jeito tão assustador, que eu quase recuei, não era o meu amigo, era um lobo feroz e assassino. Ele nem subiu totalmente, apenas parte do corpo estava amostra, mas isso foi suficiente para que suas presas afiadas e garras alcançaram a perna de Gallagher.
Ele puxou o alfa para baixo, que gritava e tentava se segurar, o cheiro de sangue e o barulho de carne rasgadas sendo mais alto que do fogo. Liam caiu no andar debaixo, levando o inspetor com ele. Os sons eram nojentos, tanto que eu conseguia ouvir Liam rasgando e abrindo o corpo de Gallagher com as próprias garras. Ele parecia disposto a arrancar toda a carne do corpo do inspetor.
— Niall — Zayn colocou a mão no ferimento e suspirei aliviado por ser no ombro. Devia estar doendo, mas com tudo o que poderia acontecer, era o menos grave.
— Liv — corri para a minha filha, que me agarrou chorando.
— Maman, por favor — as lágrimas escorriam pelo seu rosto.
— Está tudo bem, meu amor, vai ficar tudo bem.
— Eu ainda vou te matar — Camille rosnou para mim, então entrei na frente da minha filha — Você destruiu tudo! Eu vou destruir você!
— Se ficarmos aqui, vamos todos morrer — eu a adverti.
Outro barulho na parte de baixo, uma parede veio a abaixo e eu ouvi o bando. Harry e Lauren, ele pela parte de dentro e ela parte de fora, derrubaram umas das paredes, já que a porta não tinha mais como ser utilizada.
— Zayn, não! — gritei e Niall conseguiu segurar o marido, ele quase avançou em Patrícia, que por algum motivo tentou nos ferir — O código!
Patrícia tentou atirar, mas eu me joguei contra ela e quase caímos buraco que Liam tinha aberto. A arma estava longe, mas eu chutei a outra ômega antes que ela a pegasse. Ela tentou me bater, mas desviei e torci seu braço.
— Eu te disse que nunca mais ia deixar alguém encostar em mim — falei calmamente e a empurrei do vão.
Ela não chegou a cair, porque Liam, ainda louco de raiva, a pegou no ar, a salvando de morrer. Só que isso não queria dizer algo bom, afinal agora ela pagaria pelo que tinha feito.
Calum e Mike estavam subindo as escadas, eles estavam armados, Emma estava na beira da escada nos esperando e Ashley estava torcendo o braço de Patrícia, a machucando de proposito e a algemando. Tudo estava quase acabando quando Camille me olhou fúria. Seu olhar era louco, mas suas atitudes eram premeditadas.
— Eu estava errada, eu não preciso matar você — ela disse.
— Não faça nada — eu a avisei.
— Maman — Liv correu para mim e meu desespero aumentou.
— Sempre foi ela — foi a última coisa que Camille antes de atirar várias vezes contra mim.
Eu vi meus amigos correrem e pularem sobre ela, mas ninguém conseguiu impedir. Camille disparou contra mim, eu senti o impacto e com a instabilidade do piso, Liv e eu caímos para trás direto no vão.
Não foi como câmera lenta, mas era como se meu cérebro reagisse quadro a quadro do que acontecia. Eu nos vi caindo, me agarrei a minha filha, ouvi o rosnado mais furioso e dolorido de Harry, eu o vi correndo e usando os tambores de impulso para pular, fechei os olhos.
Senti algo batendo contra nós, fiquei preso à seja o que fosse e aquilo me arranhou. Teve um impacto doloroso em outra coisa, mas não como achei que seria. Abri os olhos e ainda estava no galpão que pegava fogo, Harry tinha conseguido nos pegar no ar, suavizando a queda e nos salvando.
— Zeus — eu murmurei quando a realidade daquilo me bateu, quase morremos. Mas então olhei minha camiseta e ela estava cheia de sangue, muito mais do que deveria, só que não era meu — LIV!
Minha filha estava desfalecida nos meus braços, sua pele estava pálida demais e mais sangue escorria dos dois ferimentos, um no abdômen e outro no coração.
— NÃO! LIV! OLIVIA! — eu gritava desesperado, mas minha filhote não respondia.
— Luke! — alguém berrou.
Eu sei que tinha barulho me volta, me puxavam, tocavam em mim. Mas eu não conseguia soltá-la, não conseguia parar de olhar para ela. Parecia apenas dormir, mas sangue escorria do seu corpinho, chegando nos meus braços. Minha doce e perfeita Liv.
— Não, por favor, não — implorei.
— Lou! — Harry me puxou, ele estava em sua forma humana — Me dê ela, temos que salvá-la.
— Sim — me senti acordando de um transe, meu marido pegou minha filha no colo e correu para o lado de fora. Minha visão parecia fora de foco e meu cérebro não assimilava nada a minha volta.
Fui atrás dele, meu marido a colocou sobre uma espécie de casaco que tinha no chão. Luke, Emma e Ashton tomaram a frente imediatamente. Eles tinham duas maletas médicas, usavam luvas e tentava estancar o sangramento.
— Liv — sussurrei, a realidade me atingindo com um soco — LIV! — tentei chegar até minha filha, eu precisava tocá-la, eu precisava descobrir que aquilo era um pesadelo, ela não podia estar morrendo, não podia! — OLIVIA!
Toquei em seu braço gelado, o desespero me tomou. Alguém me segurou e comecei a me debater, estava me tirando de perto dela. Não! Se eu saísse de perto dela seria real e aquilo não podia ser real, não podia. Ela tinha que estar bem.
— Me solta! — tentei me soltar, mas alguém me puxava. Não era só uma pessoa, mas eu não me importava — Eu preciso ficar com ela! Liv!
— Louis, deixa o Luke trabalhar, confie, por favor — vi os olhos claro de Perrie, as mãos que me seguravam eram de Jesy, mas as empurrei.
— Não... eu... minha filhote... — Me sentia fraco, prestes desmoronar.
— Louis — Harry tinha colocado uma calça e um casaco, ainda estava descalço, mesmo que estivesse muito frio. Mas aí eu percebi que eu também não estava sentindo o frio. Eu não sentia frio, não sentia calor, não sentia nada.
Meus olhos se encheram de lágrimas e a dor veio rasgando. Meu marido me abraçou ao mesmo tempo que eu desabava. Nós dois caímos de joelhos e me agarrei em seus braços enquanto eu chorava.
Não era só choro, eu gritava de dor e medo. Eu não podia perdê-la! Não podia! Era a minha filhote! Minha menina! Minha princesa! Ela foi a minha razão de viver, por muito tempo a minha única razão para viver!
Gritei até não ter voz, até sentir minha garganta arder. Eu não via nada, as lágrimas tomavam meus olhos, embaçavam minha visão de um jeito que tudo estava fora de foco. Meu marido chorava comigo, seu rosto afundado nos meus cabelos e suas lágrimas sobre minha pele.
Meu marido me prendia a ele, como se tivesse medo de que também me perdesse. Eu o agarrava como se ele fosse minha tábua se salvação. Nós dois com corações partidos, tentando achar conforto no outro.
Ninguém interrompeu o momento, ninguém falou. O fogo estava se apagando, mas além dos meus gritos e do choro engasgado do meu marido, a única coisa que eu escutava eram os batimentos cardíacos da minha pequena, que estavam cada vez mais lentos.
— Estamos perdendo — Luke gritou bravo, fazendo com que Harry e eu os olhássemos com desespero.
— Não — eu implorei.
Luke estava por cima de Liv, ele fazia compressões sobre seu coração, Emma fazia respiração boca a boca. O resto de nós só assistíamos.
Niall chorava muito e estava abraçado pelos seus dois alfas. Apesar de tentarem consolarem o ômega, os dois tinham olhos vermelhos cheios de lágrimas. Mike e Calum se abraçaram, sendo envolvidos por Ashton, que ainda estava sujo de sangue da minha pequena. Ashley estava lá e chorava muito, sendo confortava por Lauren. Jesy abraçava Perrie, que chorava no ombro da esposa, sem conseguir olhar.
— Ela perdeu muito sangue... Eu não estou conseguindo... Não Liv, reage... — Luke falava consigo mesmo.
— Irmão — Ashton colocou a mão sobre o ombro do melhor amigo. Emma caiu sentada, chorando muito e Ashley a abraçou — Não tem mais...
— Não! — Luke empurrou as mãos do outro alfa e continuou a massagem, tentando trazer minha filha de volta.
— Tem que ter alguma coisa — eu implorei gritando — por favor, temos que fazer alguma coisa!
— Luke, use o meu sangue — Harry disse numa voz tão séria, que nem parecia meu marido — Agora!
— Hazz — Liam se aproximou de nós com cautela — você não pode fazer.
— Eu posso o que quiser e vou fazer qualquer coisa para salvar a minha família.
— Harry, Shawn está chegando em Londres, o tipo sanguíneo dele é o mesmo da Liv, se conseguirmos esperar, ele pode doar — Lauren tentou.
— Não vou arriscar a vida da minha filhote. Ela não está aguentando, Luke me obedeça.
— Mas, Harry você...
— AGORA! — meu marido rosnou e todos se inclinaram, se submetendo ao alfa — Essa é uma ordem do líder de vocês e proibido qualquer um de interferir. Se afastem enquanto Luke me obedece!
Luke negou com a cabeça, seus lábios apertados, mas ele obedeceu. Ninguém do bando falou nada, a maioria estava de cabeça baixa. O alfa loiro pegou várias coisas da maleta, como agulhas e aquele cateter que usamos quando tomamos soro. São mãos tremiam e Mike se ajoelhou ao seu lado para o ajudar
— O que está acontecendo? — perguntei confuso, ainda segurando o bracinho gelado da minha filha.
— Harry acabou de nos absolver de qualquer culpa pelo que está fazendo — Liam respondeu passando a mão pelo cabelo nervosamente.
— E o que você está fazendo? — perguntei a Harry. Enquanto isso Luke colocava uma agulha no braço do meu marido, o sangue fluiu pelo cateter intravenoso diretamente até o bracinho da minha filha.
— Estou quebrando o código — ele me respondeu sem me olhar.
Talvez fosse a dor, mas meu cérebro estava demorando para registrar as informações. Olhei em volta e todos estavam calados, de olhos arregalados ou chorando silenciosamente. Harry estava salvando a vida de Liv, pelo menos tentando, então por que eles estavam com medo?
— Harry, ainda dá tempo de desistir — Liam implorou.
— Luke, quais as chances de Liv sobreviver sem meu sangue? — Harry perguntou sério, praticamente sem emoção.
— Nenhuma — o loiro murmurou — mas também não termos certeza que ela aguentará a mudança, o corpo está muito fraco e não sabemos como reagirá com...
— A menor chance que seja ainda é melhor do que nenhuma — meu marido o interrompeu.
— Hazz — o chamei e seus olhos verdes brilhantes se voltaram para mim. Eu vi a dor e o medo neles.
— Se afastem, preciso conversar com meu ômega — Harry falou para os outros.
A maioria deles apenas se afastaram, Lauren colocou seu casaco por cima de Liv, que ainda não tinha dado nenhum sinal de melhora, mas seu coração ainda batia, o que era bom.
— Apenas fique com o braço elevado — Luke disse ao meu alfa, depois de verificar o acesso, então se afastou com os outros.
— Quebrar o código não é considerado traição? — perguntei confuso.
— É a maior de todas — ele suspirou — você sabe como traição é punida?
— Com a morte — sussurrei e ele concordou com a cabeça. Harry me abraçou com o braço livre, me prendendo a ele, abafando o choro — Não! Isso não é justo, tem que ter um jeito de resolvermos isso!
— Lou, lembra o que te falei sobre sangue lúpus na noite que você doou sangue para Zack?
— Que nosso sangue pode modificar os comuns?
— Sim — ele suspirou de novo — há muito tempo, quando existiam as grandes guerras, nações tentaram usar sangue lúpus como armas, para deixar as próprias forças mais poderosas. Mas, como eu já te disse, um pouco de sangue ajuda, porém um pouco a mais pode matar. Eles acharam que se pegassem alfas com genes lúpus seria melhor, mas também falhava, muitas pessoas morreram durantes essas pesquisas.
— Se as pessoas morreram, por que é a única chance da Liv?
— Os lúpus descobriram que se pegarmos uma criança alfa com genes lúpus que ainda não passou pela puberdade e fizermos uma grande transfusão de sangue com sangue de um lúpus nascido, existe uma chance de isso despertar seu lobo. São chances pequenas, existe um complicado cálculo de quantidade de sangue e da linhagem dessa criança. Mas se existe chance de a Liv sobreviver, vale o risco.
— Quantas sobreviveram?
— A margem é muito baixa, uma ou duas a cada dez ou vinte testes — ele falou olhando para baixo.
— Esse é um daqueles segredos que ninguém pode saber, porque se não poderiam tentar recriar — não foi uma pergunta, mas ele concordou com a cabeça — você ter feito isso coloca sua vida em risco?
— Quando o conselho souber, eu perderei meu status como herdeiro do líder. E como traí o código, não preciso ter um julgamento, apenas a punição.
— Você está mesmo me fazendo escolher entre você e nossa filha? — Perguntei com as lágrimas escorrendo.
— Não estou de dando essa escolha, essa foi a minha decisão.
— Isso é injusto, eu não posso seguir sem você. Não tem como, Harry, eu preciso de você.
— Você se lembra? — ele disse colocando uma mecha do meu cabelo atrás da minha orelha — Você não precisa de mim, apenas está comigo porque quer, porque me ama.
— Hazz, eu te amo muito, não podemos deixar isso acontecer — implorei.
— Há muitas coisas pelas quais vale a pena viver, outras pelas quais vale a pena morrer. Eu vivi esperando por ter a minha família, agora eu morrerei para que vocês fiquem bem.
— Não! — falei decidido com os olhos ardendo das lágrimas — De algum jeito, e eu ainda não sei qual, vamos resolver isso. Eu não vou perder o meu marido e nem a minha filha! Já perdemos muito nas nossas vidas, já passamos por muita coisa para chegar agora e eu te perder.
— Eu já perdi Noah, não perderei Liv.
— Você não perderá nenhum de nós, assim como que eu não vou te perder!
— Lou...
— Não me importa se você desistiu ou acha que não tem mais jeito — novas lágrimas escorriam pelo meu rosto — Eu vou ser forte por nós três e não vou parar de lutar. Você disse que me ama nessa e em qualquer outra vida que tivermos, isso não aqui!
Só percebi que eu estava gritando quando o silêncio se instalou, Harry me olhava nos olhos, lágrimas não derrubavam faziam o verde brilhar mais. O fogo ainda não tinha acabado e, fora ele, o resto da iluminação que tínhamos eram as lanternas que o bando segurava e as luzes das estrelas.
Não, depois de tudo o que passei até o encontrar e tudo que passamos juntos para chegar naquele momento, eu não aceitava perder ninguém. Cansei da minha vida ser eu ter que perder algo para ganhar outra coisa, eu finalmente tinha meu mundo perfeito e ninguém iria tirá-lo de mim!
— Eu te amo — Harry murmurou aceitando minhas palavras. Ele não tinha outra opção, porque eu nunca tinha falado tão sério.
— Eu também te amo.
Encostamos nossas testas e fechamos nossos olhos, sentindo as nossas respirações alteradas. No meio do completo caos um tinha o outro e isso não ia mudar.
— Niall, agora precisamos cuidar de você — Luke disse cansado.
— Não, Mike limpou o ferimento, não é nada — meu amigo respondeu se arrastando para perto de mim.
— Baby, você levou um tiro que atravesso seu ombro — Liam falou preocupado — No mínimo vai precisar de pontos.
— Não, eu estou bem — Niall insistiu.
— Eu consigo ver que você está com dor, por que não quer deixar que cuidem disso? — Zayn perguntou confuso.
— Eu não quero tomar anestesia — o ômega respondeu.
— Por quê? Você deve estar com dor e não vamos deixar você tomar pontos sem medicação.
— Eu não quero nada — Niall respondeu.
— Já fomos sedados uma vez nas últimas horas, eu o entendo — o defendi e ele apertou minha mão, agradecendo — talvez só um curativo seja o suficiente.
— Sim, um curativo, eu faço — Mike disse pegando a bandagens.
— O que está acontecendo? — Liam exigiu, vendo o desconforto.
— Agora não é momento, cuidamos disso depois — meu amigo disse e concordei. Ele desviava o olhar dos seus alfas, que estavam impacientes.
— Niall! — Zayn falou em tom aviso.
— Eu te ajudo — Calum puxou a gola a camiseta rasgada e começou a ajudar Mike a fazer um curativo improvisado, ignorando os alfas.
— Parem com isso — Liam pediu cansado, passando a mão pelo rosto — Eu disse para pararem!
— Solte-o agora! — Ashton empurrou a mão de Liam, que tinha segurado o pulso de Calum, o assustando.
— Não comece — Zayn encarou o amigo, todos estavam cansados e estressados demais, o que era uma péssima combinação.
— Vocês não vão brigar agora! — Harry rosnou, fazendo que todos parassem no mesmo instante — Eu juro pela minha família, se vocês não se resolverem agora, eu resolverei. E eu não estou com paciência nenhuma.
— Então falem o que está acontecendo! — Liam se virou para os ômegas — Estou cansado desses joguinhos!
— Liam, agora não — Niall pediu baixinho.
— Niall!
— Não gritem com ele — falei mais alto.
— Então o que é? — Zayn ordenou.
— Eu estou grávido — Niall gritou e depois tampou a boca com as mãos, assustado.
Liam e Zayn ficaram parados por alguns segundo, como se não tivessem entendido o que o marido tinha dito. Ninguém falou mais nada, afinal aquele era o momento deles.
— O que? — Liam perguntou baixinho, como se ele precisasse da confirmação de aquilo era real.
— Eu estou grávido — Niall repetiu devagar, olhando os dois.
Zayn foi o primeiro a ter a reação, ele se ajoelhou no mesmo instante, abraçando o ômega com força. Assim que os braços do marido o envolveram, Niall começou a chorar. Liam caiu de joelhos na frente dos dois, ele ainda não tinha falado nada. Ele afagou o rosto do ômega com umas das mãos, então desceu até a barriga. Levantou a camiseta, acariciando a pele do marido.
— Nosso bebê — o lúpus disse com os olhos cheios de lágrimas.
— Sim — o ômega respondeu e os três se abraçaram com força.
Eu queria dizer que aquele momento durou um tempo, que logo depois eles puderam conversar e todos nós ficamos felizes e realizados. Mas mal o bando pode sorrir e parabenizar os três, quando fomos interrompidos por engasgos, olhamos assustados e Liv parecia convulsionar. Minha filhote ainda estava desacordada, mas seu pequeno corpo tremia como se ele estivesse entrando em choque e isso me desesperou.
— Liv! — tentei segurá-la no lugar para que não se machucasse, mas as convulsões eram violentas demais, de um jeito que eu nunca vi.
— Luke, o que está acontecendo? — Harry gritou, todo o bando tinha corrido até nós.
— Eu não sei... acho que o corpo está rejeitando o sangue... eu te disse que era arriscado... — o loiro tentava examinar minha filha, que ainda se debatia, mesmo que tentassem segurá-la.
— Liv — Niall sussurrou com sua voz chorosa. Ele estava perto da cabeça dela, a apoiando para que não se chocasse violentamente contra o solo.
— O que fazemos? — implorei pela resposta.
— Eu não sei — Luke respondia nervoso — não tem estudos sobre isso, só teorias... eu nunca... me perdoem eu não sei...
— Amor, calma — Mike tentava ajudar seu marido o tranquilizando, mas ele estava tão desesperado como eu. O coração de Liv estava tão disparado, que parecia que pararia de bater a qualquer momento.
— Não... eu não sei... estudei sobre isso, mas não existem... eu...
— Luke! — falei sério, segurando em seu braço e chamando a atenção para mim — Esqueça o resto, o que VOCÊ acha que está acontecendo?
— Eu... — ele suspirou — Liv perdeu uma quantidade muito grande de sangue. Quando começamos a transfusão com o sangue lúpus, ainda mais por ser puro, ele está modificando seu corpo muito rápido. A quantidade que Harry está doando é muito grande, nós estancamos o sangramento dela, mas talvez a quantidade seja muito para seu corpo — ele respondia perdido em pensamentos, como se nem estivesse nos enxergando.
— Ok, e o que fazemos? — perguntei e seus olhos voltaram para mim, ganhando foco rapidamente.
— Talvez o seu sangue, por carregar parte do mesmo DNA e, também, ser lúpus, consiga diluir o do Harry e o corpo dela aceite melhor.
— Tudo bem, faça — estendi meu braço para ele, que rapidamente pegou uma grande seringa da maleta médica.
— Eu nem sei se isso vai dar certo — ele resmungou furando meu braço com a agulha e puxando o líquido vermelho.
— Apenas faça — ordenei. Harry ainda segurava Liv e vi seu sorriso de canto.
Além de Harry segurar minha filhote e Niall sua cabeça, precisou que Zayn e eu ajudássemos Luke para que ele conseguisse injetar o sangue no bracinho da minha filha. Quando fizemos isso com Zack, o sangue foi diluído no soro que estava sendo aplicado intravenoso. Mas com Liv não tínhamos tempo, precisávamos que ela estabilizasse para a levarmos para o galpão, onde tinha um ambiente preparado para cuidar dela.
— Está dando certo? — Niall sussurrou a pergunta. Aqueles foram momentos de pânico, onde parecia que se qualquer um de nós nos mexêssemos, seria o fim.
— Acho que sim — respondi no mesmo tom de voz.
O corpo da minha filha foi se acalmando, até não convulsionar mais. Seu coração batia ritmado, um pouco lento do que deveria se estivéssemos em condições normais, mas ele ainda batia.
Luke retirou o acesso do braço de Harry e de Liv, colocando um pequeno curativo na minha filha. Meu marido suspirou, se sentando de novo do meu lado e deixando o peso do seu corpo encostado no meu. Só então percebi como ele estava cansado, eu nem tinha parado para pensar como a quantidade de sangue que ele tinha doado tinha sido perigoso.
— Vou aguardar mais uns minutos, mas parece que ela está estabilizando — Luke disse depois de examinar Liv mais uma vez.
Eu caí nos braços do meu alfa, eu não queria chorar de novo e achava que não tinha mais lágrimas, mas eu estava errado. Harry me consolou, mas ele também chorava.
— Eu te prometi, nossa filhote vai ficar bem — ele murmurou para mim — eu vou sempre proteger vocês.
— E eu vou te proteger também — jurei — eu não vou te perder!
Jully
Eu sempre vou te amar. Meu coração sempre pertencerá a você e é bom que você continue lendo minhas histórias de onde quer que você esteja (sabemos que não é Céu, porque sempre soubemos que se no "Paraíso" não aceita LGBT, como que íamos passar a eternidade ouvindo One Direction e Queen?)
Te amo até o infinito e muito obrigada por ter ouvido aquele áudio barulhento que gravei enquanto estava no ônibus indo para a faculdade e ter acreditado que Look After You era uma história realmente boa, além de me obrigar a postar e ter divulgado no começo, já que eu estava com vergonha demais para fazer isso. Esse era o capítulo que você queria mais ler, mas é o primeiro que posto desde que você foi embora, o que foi uma tremenda sacanagem sua.
Então encontre o Kurt Cobain e descubra se nossa teoria da morte dele estava certa, fica de olho em tudo e aproveita para espiar todos os artistas que tínhamos combinado (Aproveita e descobre de Larry é real e me manda algum sinal, por favor). Eu vou ficar aqui por mais um tempo e vou cumprir toda aquela lista de planos que fizemos. Você sempre estará no meu coração e em breve na minha pele.
Eu te amo demais e sinto sua falta todos os dias.
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