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Capítulo 78

What if I say I'm not like the others?
What if I say I'm not just another one of your plays?
You're the pretender
What if I say I will never surrender?

(The Pretender - Foo Figther)

E se eu disser que não sou como os outros?
E se eu disser que não sou apenas outros de seus brinquedos?
Você é o dissimulado
E se eu disser que nunca me renderei?



Meu corpo gelou e meu coração disparou. Eu olhei da foto para o sorriso debochado de Camille, eu a mataria, naquele momento eu jurei para mim mesmo que a mataria. Não importa quando ou como, eu a mataria.

— Olá Niall — ela debochou do meu amigo que estava quieto do meu lado — nenhum comentário?

— Eu vou amar ver você morrer — ele respondeu — vocês são mais burros do que pensei, como acham que isso vai dar certo? Os alfas do bando estão aqui.

— Eu sei, por isso seremos rápidos — ela respondeu — seus alfas estão em uma loja dois níveis acima de nós e sendo distraídos, eles demorarão alguns minutos para notar a ausência de vocês. Enquanto isso vocês vão nos acompanhar e sem chamar seus alfas.

— Isso nunca vai dar certo — falei para ela, tentando manter a calma — e eu vou te matar.

— Veremos, venham agora — ela riu e saiu do banheiro nos fazendo segui-la. Dois alfas nos esperavam e eles fizeram questão de nos mostrar as armas escondidas sobre as jaquetas — Não os deixem tocar os pescoços e caso Harry apareça, quem vai pagar será sua filha.

Eu odiei ouvir o nome do meu marido saindo daqueles lábios. Pela primeira vez eu senti meu lobo no meu peito e ele estava furioso. Assim como Hazz disse, meu lobo me arranhava de um jeito quase doloroso, como se suas garras quisessem rasgar seu caminho para chegar até Camille e matá-la.

Assim que eu visse minha filhote e garantisse que ela estava bem, eu o deixaria livre.

Tudo foi muito rápido, porque assim que saímos do banheiro e fomos agarrados, um barulho de explosão vindo de acima assustou todos a nossa volta, menos Camille e os alfas, porque eles estavam esperando por aquilo. Então o alarme de incêndio soou pelo shopping e um cheiro muito forte de fumaça chegou até nós. Tudo virou uma confusão, gritaria e pessoas correndo.

— Vamos — Camille avisou e os alfas seguraram Niall e eu pelo braço, nos arrastando dali.

As pessoas corriam a nossa volta e esbarravam em nós, mas ninguém reparava no que estava acontecendo. Eles não perderam tempo e nos fizeram atravessar uma loja de departamentos. Estávamos no meio de muita gente, havia muita gritaria, fora o cheiro de fumaça. Isso deixaria os lobos desorientados por alguns minutos, então eles se atrasariam para nos encontrar.

Eu sentia Harry me procurando, ele estava muito preocupado e quando eu estivesse com a minha filhote, eu daria um jeito de chama-lo. Não poderia colocar Liv em perigo. A confusão continuava, o som do alarme de incêndio soando muito alto, pessoas correndo e gritando, esbarravam em nós, as luzes começaram a piscar, causando mais caos.

Atravessamos a loja em questão de segundos, entramos na área de funcionários e nos conduziram por corredores direto para a garagem. A confusão era tão grande que as poucas pessoas que encontramos não se importaram com a nossa presença, elas apenas corriam para se salvar. Entramos na garagem e uma van preta de vidros escuros estava nos esperando.

— Rápido — Collins apareceu da van, trazendo minha filhote com ele, a segurando pelo pescoço com uma mão e uma arma na outra.

Maman — ela chorou.

— Não tão rápido — Camille me segurou e os alfas prenderam meus pulsos para trás do meu corpo com fitas de plástico, assim como fizeram com Niall — Conheço seu truque.

— Você não tem ideia do que está provocando — meu amigo respondeu sério

— Isso não vai me impedir — eu rosnei para ela — ainda vou te matar.

— Vamos — Collins avisou e fomos jogados dentro da van, que saiu disparado no momento seguinte.

Maman — Liv me abraçou, seus olhos estavam cheios de lágrimas — Não foi minha culpa.

— Eu sei meu amor, está tudo bem, papa vai nos achar.

— Mandei não chorar — Collins gritou para ela, ele olhava pela janela, verificando o tempo todo.

— Não grite com a minha filha — rosnei para ele, então me virei para minha filhote — eu te juro, meu amor, vai ficar tudo bem.

— Hora de dormir — Camille riu e os alfas nos seguraram.

— Eu juro, vocês vão pagar muito caro por terem encostados suas patas imundas em mim — Niall rosnou.

— Liv! — gritei quando a puxaram. Eu me debati, mas senti uma agulha no meu braço e um segundo depois tudo ficou escuro.



Quando acordei demorei um tempo para conseguir abrir meus olhos. Meu corpo doía muito e levei ainda mais tempo para entender onde estava. Ante de abrir os olhos, tentei fazer o que Harry havia me ensinado, então eu só ouvi ao meu redor. Duas respirações leves perto de mim, elas ressonavam baixinho, então podiam ser Liv e Niall.

Tentei focar ainda mais, tentando ouvir ao longe, e sentindo o lugar a minha volta. Era frio, bem frio e sentia o vento gelado. Onde eu estava o vendo era como uma brisa, mas lá fora ele estava mais forte. Ok, era um lugar fechado, mas que não impedia totalmente a passagem de ar, quer dizer que meu marido poderia sentir meu cheiro.

Não ouvi ninguém por perto, mas havia passos circulando pelo lado de fora, eram ritmados como de um soldado, então deveriam ser guardas. Eles estavam fazendo uma ronda externa. Tentei focar minha audição para dentro do lugar onde eu estava, mas só consegui ouvir vozes em algum lugar distante, foi nesse momento que resolvi abrir os olhos.

Eu estava deitado no chão do que parecia um grande e velho galpão, ali devia ter sido uma fábrica que foi abandonada há muito tempo. A claridade do fim do dia entrava pelas frestas das paredes de madeira, tive que piscar várias vezes para enxergar melhor. Meus pulsos ainda estavam presos nas minhas costas e meus ombros doíam muito. Tentei mover minhas pernas, mas não tinha total controle sobre meu corpo, que pareciam pesado demais, resistindo aos meus comandos.

Já que eu não consegui me mover muito bem, usei esse tempo para tentar identificar onde eu estava e o que eu poderia usar para me ajudar. Tinha muito lixo, várias grandes máquinas bem velhas e que pareciam têxteis, caixas de madeira, tambores abertos, fechados e outros tombados. Também tinha duas escadas, uma que dava para os outros níveis e uma, que não parecia nada segura, que dava uma área não acabada, onde só tinhas as vigas e enormes vãos que davam em uma queda de vários metros.

O cheiro de umidade e mofo também era forte. Aquilo deveria estar abandonado há muito tempo. Tentei olhar por alguma fresta, mas tudo o que consegui ver era uma vegetação muito alta. Talvez estivéssemos na zona rural, no meio de alguma das enormes plantações.

Olhei em volta, Liv e Niall estavam comigo, mas ainda desacordados. Os dois pareciam bem fisicamente e respiravam normalmente, quando eu me concentrei o suficiente consegui ouvir o batimento cardíaco deles.

Certo, não havia nenhum perigo iminente e eu já tinha verificado que Niall e Liv estavam bem, agora o que eu precisava fazer era chamar pelo meu marido. Camille tinha sido inteligente o suficiente para não deixar que Niall encostasse na própria marca assim não chamaria pelos maridos. Mas, pelo jeito, ela não sabia que eu não precisava disso. Depois de tanto tempo, finalmente entendi a vantagem do puro.

Respirei fundo e fechei meus olhos, fiz como Louis me ensinou e pensei no lobo de Harry. Eu quase podia vê-lo, seus pelos castanhos, seus olhos verdes, as garras afiadas escuras. Precisava me conectar com ele, antes minha mente ainda estava nublada pela droga que usaram para nos desmaiar, mas agora eu estava bem.

— Por favor — murei baixinho — eu preciso de você aqui, por favor.

O silêncio só era quebrado pelo murmúrio da conversa no andar superior e as respirações de Liv e Niall. Eu tentava controlar meu coração, eu sentia meu lobo me arranhando para sair e eu o deixaria livre, mas apenas no momento em que não houvesse riscos para a minha filhote. Eu ainda não tinha visto os alfas que auxiliaram no nosso rapto e sabia que eles estavam armados.

— Se concentre — briguei comigo mesmo, eu não tinha ideia de quanto tempo passei desacordado e qual a distância que estávamos de Londres — Harry, me escuta, eu preciso de você, meu amor. Por favor, me ache.

Louis... — ouvi o sussurro muito baixo, como se estivesse muito longe de mim, mas era a voz do meu marido.

— Hazz — quase chorei de alívio, as lágrimas até encheram meus olhos, mas eu não as derramei.

Estou indo... eu vou encontrar vocês...

Fiquei calmo, me permitindo relaxar por alguns segundos. Meu marido estava vindo e tudo ficaria bem, tinha que ficar!

— Eu quero esse avião aqui em cinco minutos — ouvi Collins gritando em algum lugar do nível superior.

— Calma — Camille zombou — estamos longe demais para que nos achem tão rápido e eles ainda estão desacordados, não tem como aqueles idiotas nos encontrarem agora.

— Não seja burra — ele devolveu — Não se pode subestimar Styles e os outros. Assim que eles não encontrarem Tomlinson e a filhote, viram atrás de mim.

— E nós já estaremos na Irlanda pegando os diamantes — ela bufou.

— Por que trouxe o outro ômega? — uma voz de alfa perguntou. Eu já tinha ouvido alguma vez, mas não me lembrava onde — Os alfas dele são problemas!

— Gallagher, não precisa ser tão medroso — Camille riu.

— Collins tem razão, você está cega pela sua vingança que não está pensando direito. Mexer com esse bando é pedir pela morte — eu me lembrei dele. Era o inspetor da polícia que encontramos uma vez em um restaurante.

— Que seja — ela bufou — eu não ia conseguir Tomlinson sem o Horan, eles vivem juntos. Por mim eu teria matado Niall naquele banheiro, mas se tivesse feito isso, os alfas dele teriam sentido e nos encontrado ali mesmo. Mas se quiserem matar agora....

— Você é burra? — Collins gritou, ele parecia a beira de ter um ataque de nervos — Se derramarmos uma gota de sangue de qualquer um deles, seria a mesma coisa de colocar um farol sobre nós. Eles nos encontrariam na mesma hora. Nossa sorte é aquele Lionscurt não está aqui, se não seria pior.

— Não se vanglorie tão cedo — Gallagher resmungou — eu vejo o que esse bando faz há anos. Aqueles três, Harry Styles, Liam Payne e Zayn Malik vão destruir tudo e matar todos até encontrarem seus ômegas. Quando chegarmos na Irlanda, temos que ser os mais ágeis possíveis, se eles souberem que fomos nós que fizemos isso, nunca deixarão de nos caçar.

— Simples, depois de pegar os diamantes, os matamos — Camille comentou, mas ninguém respondeu nada, porque chegou uma mensagem de celular — Pronto Collins, o avião estará aqui em vinte minutos. Mais calmo?

— Só ficarei calmo quando estiver com os diamantes voando para longe da Irlanda — ele resmungou.

— Por que tivemos que trazer o ômega, não era mais simples só pegar a fedelha? — ela perguntou.

— Quantas vezes eu vou ter que explicar? — Collins bufou irritado, ele parecia muito nervoso — Ela é menor de idade, então eu preciso do responsável legal dela. Se vocês tivessem conseguido pegá-la antes que Styles mudasse os documentos deles, teria sido muito mais fácil, mas nem isso conseguiram.

— Calma aí — Gallagher se defendeu — eu deveria monitorar eles e foi o que eu fiz, foi assim que vocês conseguiram chegar até eles daquelas vezes. Se das outras vocês não chegaram nem perto, a culpa não foi minha.

— Mas perdeu o rastro deles depois, então não serviu para nada — Camille zombou.

— Culpa do Styles, eu te disse que era para agir naquele momento porque ele já estava desconfiado. Agora ele já deve ter tomado alguma medida de proteção e vai nos achar muito mais rápido do você planejou.

— Eu sei! — Collins gritou — Queria que eu fizesse o que? Aquele bando da Suécia aqui atrapalhou meus planos e eu não tinha ideia que o Lionscurt viria para cá.

Isso me fez pensar, Harry tinha chamado Lestat para ficar por perto de propósito. Tanto Lestat como Louis podiam ter chegado só no dia anterior do casamento, como todos os outros. Harry deveria saber que quem estava atrás de Liv estava muito próximo, por isso tomou mais medidas de segurança.

O problema é que eles usaram do único momento que abaixamos a guarda para nos levar. Eu nem queria imaginar como meu marido estava se sentindo, eu estava com medo e faria qualquer coisa para proteger minha filhote, mas ele não sabia o que estava acontecendo. Na sua cabeça, ele pode ter perdido nós dois.

Naquele instante eu percebi que não estava preocupado com a minha segurança, eu só estava pensando em Niall e Liv, mas eu não podia continuar assim. Eu tinha que pensar na minha vida pelo meu alfa, se algo acontecesse comigo Harry nunca se perdoaria e meu alfa já tinha passado por coisas demais. Eu tinha que sobreviver por ele.

Comecei a definir meu plano, manter Niall e Liv seguros em algum lugar, eu manteria a atenção deles em mim. Eu só tinha que ganhar tempo até que o bando chegasse e se demorassem mais que os vinte minutos que levaria para avião chegar, eu daria um jeito.

— Que seja — Camille bufou — o que importa é que vencemos.

— Não cante vitória antes do tempo, eu também já achei isso e agora tenho cicatrizes para me lembrar deles — Gallagher respondeu com raiva.

Olhei em volta buscando uma saída ou algo que eu pudesse usar para nos defender. O galpão tinha três níveis, estávamos no chão do primeiro, encostados em um canto. Camille, Collins e Gallhagher estavam no segundo.

Havia aquelas pessoas do lado de fora andando em volta do galpão. Eu deveria estar acordado a cerca de meia hora e tinha os ouvido duas vezes, o intervalo devia ser de uns vinte minutos. Eu precisava contar o tempo para tudo dar certo, no fundo do galpão havia uma porta que dava para área externa, direto na plantação. Eu teria que esperá-los passar para conseguir escapar, assim teria boas chances de ir mais longe.

Senti alguém encostar na minha perna de leve e tomei um susto, só não gritei porque consegui segurar no último segundo. Olhei e era Niall, ele estava acordado e não quis fazer barulho.

— Collins, Camille e Gallagher — sussurrei o mais baixo que consegui e indiquei a parte superior — Harry está a caminho.

— Ok — ele respondeu se sentando, mesmo com dificuldade.

Niall também estava com os pulsos presos para trás, ele respirou fundo e começou a se concentrar. Seu cenho estava franzido e ele olhava o chão. Também me sentei, evitando ao máximo fazer barulho, quando fui perguntar o que estava acontecendo, ele fez uma cara de dor, então suspirou, mostrando seus braços soltos da algema de plástico.

— Merda — ele reclamou baixinho, movendo os ombros — espero que não deixe cicatriz.

— Como? — sussurrei.

— Eu sou um lobo, você também — ele respondeu como se eu fosse louco e me mostrou seus pulsos machucados, mas o plástico rompido.

Fiquei um segundo parado pensando na minha burrice. Eu tinha que parar de medir as situações como se eu fosse um comum, eu era um lúpus, eu tinha um lobo e podia me transformar nele. Certo que eu achei que teria tempo para aprender melhor e só depois o colocaria em prova. Bem, nada na minha vida foi normal e com calma, por que isso seria?

Foquei no meu lobo, pedindo que ele me ajudasse, só que eu precisava da ajuda dele e não que ele tomasse o controle como ele queria. Meu lobo e eu estávamos brigando, eu sabia que se ele assumisse o controle podia dar algum problema, mas ele não se importava. Eu estava começando a achar que meu lobo era como o de Liam.

— Eu ajudo — Niall murmurou se arrastando até mim e segurando as algemas de plástica — vai doer.

Ele as puxou com força e meus pulsos já estavam machucados, então foi questão de pouco tempo até sentir o plástico cortando a minha pele e sentir o sangue escorrendo pela minha mão. O Lobo de Harry rosnou tão alto, que me assustei. Sorte que Niall tampou minha boca com a mão.

— Pronto — peguei as duas algemas e enfiei no bolso do meu jeans, eles não podiam saber que estávamos soltos — O que faremos?

— Eles são comuns e não ouvi cães, então não tem como rastrearem pelo cheiro — sussurrei — Você e Liv vão se esconder e eu vou chamar atenção para mim, vamos fingir que escapamos e eles irão me perseguir.

— Lou, você ainda não está no controle do seu corpo, eles vão te encontrar.

— Eu sei, tudo bem, o importante é que eles vão perder tempo comigo. Assim nossos alfas podem nos encontrar.

— Não, isso é muito perigoso, você deveria ficar com a Liv, deixa que eu vou — ele respondeu nervoso.

— Eu estou mais desperto que você.

— Mas eu tenho mais tempo de treinamento — seus olhos estavam com lágrimas, afinal ele sabia que o que eu estava fazendo era quase suicídio.

— Eu sei e estou contando com isso, se eu falhar, você deverá proteger Liv.

— Lou, não...

— Niall — falei segurando as suas mãos — você tem um bebê na sua barriga que precisa de proteção, você não pode se jogar no perigo, porque tem que mantê-lo seguro. Cuide da minha filhote e se algo acontecer comigo, eu preciso saber que você irá protege-la.

— Não fale assim, nada vai acontecer — ele choramingou. Nós falávamos tão baixos, que não passavam de sussurros quase inaudíveis.

— Liv é a coisa mais importante da minha vida e você é o meu melhor amigo. Eu não vou dar uma chance ao azar, vou fazer de tudo para proteger vocês e caso o pior aconteça, eu confio em você para cuidar dela.

— Liam tem razão, você e seu alfa só arrumam trabalho para a meus alfas e eu. Já cuidei do Harry, agora vou ter que cuidar da Liv enquanto você banca o herói. Mas Louis, eu juro, se você morrer, eu vou atrás de um bruxo só para te trazer de volta e te matar! — Niall bufou irritado e eu sorri — Você vai ser o padrinho do meu filhote e se eu tiver mais que um, vai ser o padrinho de todos, então tem que estar bem vivo para me ajudar. Vou deixar você de babá o tempo todo só para me pagar pelo estresse que me fez passar!

— Ok, justo — eu sorria para ele, que cerrou os olhos para mim — eles vão acabar a ronda externa em minutos, precisamos encontrar algum lugar para que se escondam.

— Ali tem feno, vai ser ótima para a minha rinite — ele disse irônico.

— Você tem rinite?

— Não, mas é certeza que vou desenvolver uma.

— Collins e os outros estão na parte de cima, vou verificar o lugar e você fica de olho neles — Niall acenou com a cabeça e eu me esgueirei pelo lugar.

Nenhuma arma ou nada que eu pudesse usar para me defender, mas em algumas máquinas que ficavam no canto, tinha enormes mesas que acredito tenham sido de costura. A parte de baixo delas funcionava como grandes baús e aquele teria que servir.

— Vamos — falei a Niall e pegando Liv no colo, ela ainda estava desacordada.

Niall entrou primeiro e entreguei Liv a ele, ele teve que os ajeitar já que o espaço era mínimo. Passei a mão pelo rosto da minha filhote, sentindo o desespero e o medo fazendo meu coração disparar. Mas sorri de um jeito confiante e confortador, o mesmo sorriso que eu não usava há muito tempo, aquele que escondia tudo o que eu realmente estava sentindo. Eu não podia assustar meu amigo.

Arranquei um detalhe que tinha na blusa de Liv, me despedi de Niall e fechei a tampa. Coloquei uns caixotes de madeira na frente, mesmo que a porta do baú ficasse virado para a porta, eu não queria arriscar. Com minhas mãos tremendo e meu coração batendo tão rápido, fui até a porta que dava para o lado de fora e esperei. Os passos lá fora vieram ritmados, passando pela porta, parando um pouco e sumindo. Contei até três, abri a porta com força, fazendo um som alto e corri disparado para fora.

Eu ouvi barulhos, gritos como "eles escaparam" ou "os encontrem", então passos muito rápidos vieram atrás de mim. Corri até o meio da plantação que nos cercava, era muita alta e eu podia me esconder entre ela. Eu sabia que me encontrariam em algum momento, meu corpo ainda sentia os efeitos da droga que tinham usado e eu também não me afastaria tanto, afinal Liv e Niall ainda estavam lá.

Corri por entre as folhas, as sentindo bater no meu rosto, me arranhando e me cortando. Estava muito frio, do tipo que entra pela pele e chega nos ossos, mas eu não parei. Joguei uma das algemas pelo chão, então mudei bruscamente de direção. Eu ouvia os alfas atrás de mim, via o brilho das lanternas, mas tentava circulá-los.

— Aqui — um deles gritou quando achou a algema com sangue — nessa direção.

Revirei os olhos, enquanto eles corriam na direção errada. Precisava me concentrar muito para meus dentes não baterem de tanto frio que eu sentia. Havia mais alfas nos procurando, eu precisava distanciá-los o máximo possível do galpão. Fui na direção oposta, tentando fazer o menor barulho possível. Eu não podia levantar minha cabeça acima do nível das plantas, então não poderia ver a direção correta, mas estava tentando me basear no que pouco que via.

Quando eu corri para o lado direito, assim que sai do galpão, pude ver uma pequena pista de voo margeando a propriedade. Já do lado esquerdo a plantação se estendia por muito mais do que eu conseguia ver. Contando que estava anoitecendo agora e estávamos no inverno, então deveria ser no máximo cinco horas da tarde. Isso quer dizer que eu não tinha ficado desacordado muito tempo e que ainda estávamos nos arredores de Londres.

Deixei a segunda algema de plástico cair pelo chão e mais a frente o enfeite da camiseta da Liv. Voltei pelo mesmo caminho que vi, me distanciando no maior silêncio. Aqueles alfas eram treinados, o menor barulho de uma folha quebrada e eu seria pego.

Me abaixei e peguei uma pedra do chão, ainda abaixado lancei a pedra na direção de onde eu tinha largado as pistas falsas. Assim que a pedra bateu contra o solo, fazendo um pequeno barulho, os alfas que estavam por perto correram para lá.

— Eles se separam — um gritou.

— Acham que vão escapar, idiotas — outro respondeu.

— Dois ômegas e uma filhote correndo sem direção no meio da noite e sem casacos no alto do inverno — eles zombaram e foram atrás de onde achavam que estaríamos.

— Vivos! Eu preciso deles vivos! — Collins gritava.

— Eu vou por aqui e você por ali — Gallagher também estava junto.

Aguentei o máximo que pude, quase deitado no chão, esfregando meus braços para evitar congelar. Sentia meus dedos ficarem cada vez mais rígidos e eu sabia que logo poderia ter uma crise de hipotermia. Meu lobo uivava no meu peito e ele estava muito agitado, o que foi bom, já que era a única coisa que me mantinha aquecido.

Precisei me mover algumas vezes ou meus membros ficariam congelados, meus lábios estavam roxos e minha respiração cada vez mais difícil. Eu não sabia ao certo quanto tempo tinha se passado, talvez dez minutos. Devia estar menos de cinco graus naquela noite, eu não ia aguentar por muito tempo.

Rastejei no chão, tendo dificuldade de me locomover. O frio era muito forte e eu estava perdendo o controle total do meu corpo. Todas as vezes que minha pele encostava no chão, eu a sentia queimando com o gelo fino que o cobria.

Quando as folhas de mexeram a minha volta, meu corpo recebeu uma injeção de adrenalina, porque consegui rolar antes que um dos alfas me pegasse. Eu não estava completamente bem, mas desviei do ataque. Porém não consegui fugir a tempo e ele sacou uma arma, a apontando para a minha cara.

— Aqui — ele gritou para todos — encontrei um!

Meu coração martelou no meu peito ouvindo o barulho dos outros se aproximando. Não tive tempo para pensar, assim que ele olhou um pouco para o lado, avancei nele. Usando o golpe que Zayn me ensinou, torci seu pulso para que soltasse a arma ao mesmo tempo que o chutava entre as pernas.

A arma caiu no chão e ele me empurrou, caímos no chão, rolando sobre o gelo enquanto nos batíamos. Consegui me soltar e me arrastar até a arma, quando a ponta dos meus dedos encostarem no punho da armar, ele conseguiu me puxar pelo pé, me fazendo perder o equilíbrio e bater o rosto no chão, o gosto do meu sangue inundou minha boca.

— Rápido! Aqui! — ele gritava, chamando pelos outros.

Comecei a chutar seu rosto desesperadamente enquanto tentava chegar até a arma, ele tentou me imobilizar, mas chutei mais forte, com a força do meu lobo. Senti os ossos do seu rosto cedendo sob os meus tênis, fazendo um barulho horrível, enquanto ele soltava gritos de dor, mesmo assim ainda tentava me puxar. Eu esticava meu braço ao máximo, me arranhando na terra e nas pedras. Finalmente meus dedos se fecharam sobre a arma e a puxei, disparando duas vezes sobre o rosto dele.

Não foi como nos filmes, não foram só dois ferimentos circulares que escorriam sangue. Parte do seu rosto estourou com os tiros, o deixando desfigurado. Sangue escorria molhando o chão e havia respingos dele em mim, seu nariz praticamente não existia, apenas fendas sangrentas e dilaceradas.

Me levantei e sai correndo, me afundando ainda mais na plantação. Ouvi os gritos e passos, estavam perto demais. Um barulho estourou perto do meu ouvido e me abaixei instintivamente, um filete de sangue escorria do meu ombro e percebi que levei um tiro de raspão.

— Eu te vi, não tem como escapar — o alfa que atirou em mim chegava mais perto, sua arma em punho.

Segurei a respiração e fui recuando, ainda abaixado. Pelos barulhos a minha volta, a quantidade de alfas que estavam protegendo o lugar era bem maior do que eu tinha pensado. Senti algo gelado na minha nuca e parei no lugar, respirando fundo.

— Te peguei — outro alfa disse malicioso.

— Ou não — respondi.

Me virei rapidamente, batendo a mão dele que segurava a arma com a minha mão e com a outra atirei no seu rosto. A bala atravessou sua face, entrando por uma lateral e saindo pela outra, agora parecia que sua boca quase ia de uma orelha a outra. Ele soltava algum tipo de grito estrangulado, o chutei e soquei. Mesmo sangrando muito ele tentou revidar, mas atirei no seu pescoço, formando um pequeno chafariz de sangue.

Outro tiro quase me pegou, mas corri desesperadamente, não era só uma pessoa que atirava e eles estavam indo para cima de mim. Corri o máximo que minhas pernas aguentavam, meu lobo queria sair, mas eu ainda não tinha controle nenhum. Sei que Harry falou que meu lobo seria superior, mas eram muitos alfas contra mim, todos armados, e a segurança de Liv em jogo, eu não poderia arriscar.

Quase me acertaram de novo e atirei as cegas enquanto corria. O ar frio rasgava meus pulmões e eu sentia que não ia aguentar mais. Uma pessoa entrou no meu caminho e eu não tive chance de desviar para fugir, eu estava cercado.

— Você já me deu problemas demais — Collins gritava enfurecido, seu rosto vermelho da corrida e de raiva — Minha mãe tinha razão, eu devia ter te matado. Mas agora você não tem como escapar...

Um único, longo e aterrorizante uivo o interrompeu.

Eu sorri aliviado, os alfas se entreolharam assustados. Assim que o uivo acabou se fez um silêncio esmagador, só cortado pelo barulho do vento. Ninguém se mexeu ou se atreveu a falar nada, como se eles estivessem paralisados de medo.

— O que você estava falando mesmo? — perguntei para Collins, que tinha os olhos arregalados.

Ele abriu a boca para falar alguma coisa, mas antes que pudesse emitir algum som, um gigantesco lobo pardo surgiu por trás dele, cravando suas presas no seu ombro e o arrastando para trás, só sobrando seus gritos de dor e pânico.

Os alfas a minha volta ficaram desesperados e eles apontava as armas para vegetação a nossa volta, se assustando a cada mínimo barulho. Collins gritava muito, mas também ouvíamos rosnados furiosos e barulho de carne rasgada. O cheiro de sague era tão forte, que até os comuns sentiram.

— Atrás de você — um deles gritou apontando para o colega, que nem teve tempo de se virar e um lobo preto o derrubou no chão.

Antes que atirassem em Lauren me joguei contra o alfa e atirei em outro. Eles não sabiam em quem atiravam, em mim ou no lobo negro. Mas outro lobo marrom pulou no meio, derrubando dois e arrastou um pela perna, que gritava e se debatia tentando se soltar. O lobo negro rasgou a face de um e agarrou outro pelo braço, o usando como um brinquedo de morder e o lançando metro a frente.

— Liam, no galpão — eu gritei para o lobo marrom, sua mandíbula pingava sangue fresco.

Ele apenas me encarou por menos de um segundo e saiu correndo, voltando para o galpão. Os outros alfas que tinham me cercado tinham fugido, mas eu escutava gritos de dor e aquele som de tecido molhado sendo rasgado.

Voltei a andar para o galpão, os barulhos do massacre ainda aconteciam ao meu redor, perdidos no meio da plantação. Afastei as plantas do meu caminho com a minha mão, abrindo espaço. A única iluminação eram as luzes das estrelas. Meu corpo estava ferido e cansado, logo a adrenalina iria baixar e eu precisava chegar até a minha filha.

Então senti uma mão agarrar meu ombro e me virar com brutalidade. Collins estava completamente ferido, cheio de sangue e tinha um olhar louco.

— Tudo isso é culpa sua — ele avançou para mim, mas eu recuei — Você destruiu a minha vida!

— Sabe a ironia de tudo isso? Se você tivesse só me pedido para abrir o cofre, eu teria aberto para você e não pediria nenhum dos diamantes — falei calmamente — Eu não quero nada a ver com Ronan, você ou sua família.

— Você não faz ideia de quanto dinheiro tem naquele cofre — ele riu com escarnio, já devia ter perdido a sua mente — São milhões de euros, mais do que poderíamos contar.

— Não me importo, se me prometesse que eu nunca mais precisaria ver nenhum de vocês, eu teria te entregado todos os diamantes. Você escolheu ir pelo caminho mais difícil e agora vai morrer por causa disso.

— E quem vai me matar? Você? — ele riu com escarnio — Eu não escapei de Styles para morrer nas mãos de um ômega qualquer.

— A questão é essa, você não escapou — sorri e indiquei atrás dele, onde Harry, em forma de lobo, nos observava o tempo todo.

— Mas eu... não...

— Ele não te deixou escapar, apenas te deu de presente para mim, para que eu te matasse. O que ele fez com você só foi um jeito de se acalmar, afinal você tirou o soulmate e a filhote dele — expliquei com calma.

Collins tentou correr, mas eu chutei suas costas ele caiu no chão. Meu corpo estava fraco, mas meu lobo estava sedento por sangue e eu devia isso a ele.

— Não, espera — Collins implorou, se arrastando para trás, sentado no chão e me olhando com pavor.

Atirei na sua perna, na altura da coxa direita. Ele gritou, segurando o ferimento, apenas mais um de vários que ele já tinha.

— Você sempre soube de tudo que Ronan fazia comigo, você estava no dia do casamento no cartório, poderia ter me ajudado naquele momento, mas só estava entediado e queria ir embora logo. Não se preocupou com aquele ômega adolescente chorando sem parar — atirei de novo, acertando perto do quadril — Você sabia como ele me tratava, sabia da dificuldade que eu passava criando a minha filha. Você sabia do terror que ele nos fazia e mesmo assim não fez nada — dessa vez acertei sua costela — Nada do que você está passando hoje se compara aos anos de violência que eu passei. Mas já que não posso ferir Ronan, é satisfatório fazer isso com você.

Em vez de acertar seu peito, mirei um pouco acima e acertei sua clavícula. Em todo momento ele gritava de dor, implorava por perdão, mas eu não me senti muito misericordioso.

— Sabe, eu tenho uma lembrança muito vivida de você na casa em que eu vivia com seu irmão. Vocês estavam assistindo algum jogo estúpido e em algum momento Ronan se irritou comigo. Me lembro muito bem de você sentado no sofá, bebendo sua cerveja, assistindo ao jogo, enquanto Ronan me jogava no chão e me batia. Eu tive que apanhar quieto para que Liv não acordasse e agora você pede por "perdão"? — levantei minha arma na direção do seu rosto, ele chorava e percebi que suas calças estavam molhadas, ele tinha se urinado — Patético.

Atirei até descarregar o pente de munição, seu corpo sem vida e destruído pelos tiros caído entre as plantas, formando uma grande poça de sangue. Seu rosto nem existia mais.

Olhei para meu alfa, que tinha ficado parado, apenas observando. Suspirei e levantei a mão, ele chegou mais perto e me deixou tocar seu pelo castanho. O abracei por aquele minuto, eu precisava disso.

— Vamos pegar nossa filhote e voltar para casa — eu murmurei e ele pareceu concordar.

Porém, assim que chegamos perto do galpão o lugar estava uma confusão, havia correria e gritos. O prédio do galpão pegava fogo, quase sendo consumido pelas chamas. Mas quando olhei em volta, não vi Niall ou Liv.

Um capítulo por semana, até que não haja mais capítulos para serem postados...

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