57. Noites De Malibu
DOIS ANOS DEPOIS
18h36
07 de março
Malibu, Califórnia
JENNI REED
— Um brinde ao aniversariante, que é o melhor marido do mundo, o melhor pai e, agora, o vencedor do prêmio Nobel da Física.
Adria pede um brinde ao meu irmão, fazendo com que todos levantem suas taças de vinho, copos de drinques e garrafas de cerveja para saudá-lo.
Meu irmão recebeu o prêmio na semana passada por diversos avanços da física quântica. O multiverso ainda não é de conhecimento público, mas acreditamos que muito em breve será, apesar de estar inacessível, teoricamente.
É loucura lembrar que há dois anos eu quase morri no dia de seu aniversário. E agora, estamos todos aqui, comemorando a data na casa de praia que nossos pais possuíam em Malibu – para passar as férias que nunca tinham – e deixaram para nós.
Bruno havia convidado seus amigos mais próximos e sua equipe da NASA, além de alguns amigos nossos, como Pixie e Timothy – sim, Bruno e Timmy acabaram se tornando amigos, e hoje, trabalham juntos.
— Obrigado — meu irmão diz, após as palmas cessarem. — Agradeço imensamente por todos estarem aqui hoje, significa muito para mim.
Estamos na varanda do segundo andar da casa. O sol está se pondo, e o céu rosado californiano, que tanto amo, está se espalhando acima de nós.
Bruno está ao fundo com Adria e Luna, sua filha, que herdou os cabelos castanhos do pai, os olhos esmeralda da mãe e o meu nome do meio. Eles disseram que era uma homenagem, pelo fato de eu ter ido até outro universo arriscar a própria vida para salvar outras. E que esperavam que Luna crescesse inspirada em mim. Coitada da minha sobrinha.
Acho um certo exagero quando me olham por essa perspectiva. Apenas fiz o que tinha que ser feito e, tenho certeza, de que ele também teria feito o mesmo.
— Quero deixar um agradecimento especial às mulheres da minha vida — ele volta a dizer, abraçando Adria, que segura Luna em seu colo. — Sem elas, eu não seria nada. Então, obrigado, meus amores.
Ele deixa um beijo no topo da cabeça de Adria e Luna, respectivamente.
— E um obrigado mais que especial à minha irmã — ele ergue um copo na minha direção, que estou a metros de distância, recostada no parapeito. — A você, eu devo a minha vida. E, por isso, as minhas conquistas sempre serão suas. Você merece não somente esse universo inteiro, mas todos os outros também.
Todos soltam sons comovidos e aplaudem.
Abro um sorriso e ergo a garrafa de cerveja em minhas mãos.
— A nós. — Digo, e todos fazem seus brindes.
Repouso a garrafa em um móvel próximo e puxo uma das cadeiras de madeira para me sentar. Me recosto e estico os pés até o parapeito, observando o mar azul à minha frente.
A Califórnia sempre foi o meu estado favorito e me pergunto se realmente não nasci aqui ao invés da cinza e neutra Washington.
Estar na praia e sentir a brisa do mar sempre me trouxe paz. Além da faculdade de música, acho que esse foi um dos principais motivos que escolhi para morar em Los Angeles quando decidi me mudar.
Esta casa de praia, em especial, me traz boas lembranças. Bruno e eu viemos aqui várias vezes anos atrás, junto com nossos amigos, para passar algum feriado. Com nossos pais, estivemos aqui apenas uma única vez, mas lembro que foi um fim de semana perfeito. Foi tudo incrivelmente normal; parecíamos uma família comum, com um relacionamento saudável. Fizemos vários jogos, cozinhamos todas as refeições, passamos horas nadando no mar...
Esses dias são uma das raras lembranças que tenho de nós como uma família unida. Então, quando eles morreram e deixaram essa casa para nós em testamento, deixei claro para Bruno que jamais poderíamos vendê-la, que poderíamos criar novas memórias com nossas futuras famílias. Bom, isso foi antes da minha vida mudar completamente. Mas, no fundo, ainda quero acreditar que um dia conseguirei me imaginar dessa forma.
Escutar o som constante das ondas sempre me fez pensar sobre como a vida é feita de ciclos, de idas e vindas, assim como essas mesmas ondas que vejo chegar à beira da praia, mas logo se vão.
Os últimos dois anos foram como navegar em águas desconhecidas, sem rumo, sem mapa, apenas seguindo o que parecia ser o certo a cada momento. A verdade é que continuo me redescobrindo desde que voltei de Gotham. E tem sido idas e vindas comigo mesma bem intensas.
Me senti vagando através da minha própria existência, tentando atribuir um novo valor a cada coisa.
Os primeiros meses foram os mais difíceis, porque me sentia sufocada com a realidade de que nunca mais poderia ver a pessoa que mais amei em toda a minha vida. Parecia que uma parte de mim foi arrancada, e ainda parece. A diferença é que agora há curativos nessa ferida.
Não tem um dia sequer em que eu não pense nele, em como deve estar a sua vida agora, se está bem, quais problemas está enfrentando, quais lugares visitou, qual será sua música favorita do momento, quais séries está assistindo, se há alguém novo em sua vida, se ama essa pessoa tanto como me amou, se está feliz... São infinitos os questionamentos que nunca serão respondidos.
Aprendi a viver sentindo a falta de Dick, mesmo querendo compartilhar cada momento com ele, cada descoberta nova que fiz, cada cidade que conheci, cada mudança em minha vida.
Por um certo tempo, guardei apenas na minha cabeça, mas no último ano, acabei transformando tudo em música. Talvez eu tenha mais músicas sobre ele do que a Taylor Swift tem na discografia inteira. Acho que finalmente estou pronta para competir com a maior musa musical de Dick Grayson.
Só que, bem, publiquei pouquíssimas delas apenas nas minhas redes sociais apenas para me sentir menos sufocada com minhas próprias palavras. O restante, talvez nunca veja a luz do dia.
A música voltou para a minha vida de forma integral, mas não voltei a ser produtora musical.
Há quase um ano, tenho viajado para diversas cidades em um projeto de musicoterapia com a instituição de um antigo colega da faculdade, Will – que após retomar meu contato com Pixie, descobri que eles estavam namorando há alguns meses. Então, uni o útil ao agradável.
Me reaproximei da minha amiga, que agora possui uma escola de música em Los Angeles e me ofereci a dar aulas tanto na escola, quanto nas atividades comunitárias da instituição.
Tem me ajudado muito e sinto que é como se eu estivesse um pedacinho mais próxima daquela Jenni que existiu em Gotham. Meu irmão costuma dizer que estou tentando, disfarçadamente, virar uma super-heroína, mas não é isso. Sinto que também me aproxima de muitas coisas boas que Dick deixou em mim.
Tatuei no meu antebraço direito as coordenadas da estrela que ele registrou em meu nome. Agora, além do colar que ele me deu, que a prata já está ficando desgastada, porque raramente o tiro, a não ser para limpá-lo, tenho também o seu presente marcado em minha pele para sempre.
Contei tudo sobre ele a Bruno e meus amigos poucos dias após o meu retorno. Peter disse que já desconfiava desde quando eu fiquei tentando desviar de perguntas sobre ele.
No começo, me ajudava a me sentir mais próxima, mas depois, a dor da realidade de que ele nunca estaria aqui e de que eu também nunca mais voltaria, pesou forte em mim. Foi difícil aceitar, demorou muito para que parasse de doer.
Agora, dois anos depois, acho que finalmente a minha vida parece estar seguindo em frente. Mas, assim como as ondas do mar que vão e voltam, há momentos em que sinto que estou apenas sendo levada pela maré, sem direção. A vida continua, mas a sensação de pertencimento ainda não me preencheu por completo.
Tenho feito um certo esforço para seguir em frente. Alguns meses atrás, até fui em dois encontros, mas que não levaram a nada. A conversa não saiu da mesa do bar. Percebi que ainda preciso de mais tempo antes de tentar me relacionar novamente, porque enquanto eu tiver que me forçar a prestar atenção no que dizem e continuar comparando-os com o único homem que não posso ter, não estarei pronta para me abrir emocionalmente para outra pessoa.
— A senhorita já está fugindo da festa? — Pergunta Pixie, se aproximando de onde estou.
Ela puxa uma cadeira e se senta ao meu lado.
Seus cachos loiros esvoaçam com o vento que nos atravessa, e o rosado em suas bochechas entregam que ela parou há um tempo de contar quantos drinques já tomou.
— Achei que as festas de aniversário acabavam depois de cantar os parabéns.
— Nem vem com essa — ela gesticula com o dedo indicador na minha direção. — Nós vamos sair hoje à noite.
Respiro fundo e recosto minha cabeça na cadeira.
— Não posso, ficarei de babá — respondo, com um certo alívio por ter uma desculpa plausível. — Bruno e Adria vão sair com os amigos mais tarde e eu ficarei com a Luna. Foi meu presente de aniversário.
Minha amiga semicerra os olhos.
— Tenho certeza de que foi você quem se ofereceu para isso — ela dispara.
— Talvez. — Dou de ombros.
Pixie respira fundo e leva o copo de seu drinque até a boca, dando um gole na bebida.
— Sabe, acho que já estou alta o suficiente para te falar uma coisa.
Apenas viro a cabeça em sua direção, esperando que ela inicie uma conversa de bêbada. Conheço bem minha amiga e até sei o que vem por aí.
— Sinto muita falta da minha antiga amiga — há um certo pesar em sua voz, mas acredito que não seja pelo álcool. — Da antiga Jenni brincalhona e muitas vezes impulsiva, meio doidinha, mas sempre amei isso em você, e por isso, ainda acho que você é uma falsa capricorniana.
— Culpe meu ascendente em áries — a interrompo.
— O que quero dizer — ela ignora meu comentário e volta a falar, gesticulando as mãos — é que, às vezes, sinto que você não está aqui, sabe? E realmente não faço ideia de como deve ter sido passar por tudo o que você passou e ainda ter que abrir mão de alguém que você ama. Sei que leva tempo e que você terá que conviver para sempre com todo esse fardo, mas esse peso não precisa ser só seu. Você pode e deve permitir que outras pessoas entrem na sua vida, se é realmente isso que você quer; seguir com a sua vida. E mais do que a saudade de como você era, eu só quero que você seja feliz, acima de tudo.
Já tivemos esse tipo de conversa diversas vezes. Algumas eu consegui escapar, outras não. Essa, parece que não conseguirei fugir tão fácil.
— Mas eu estou feliz. — Respondo, me questionando imediatamente se acredito no que acabei de dizer, mas ela não precisa saber e, ao menos, desistiria dessa conversa.
— Tem certeza? — Pixie me encara nos olhos.
Abro a boca para responder, mas ela fala mais rápido.
— Você chegou a repensar sobre aquela possibilidade que Bruno te contou no mês passado? — Ela questiona, com a expressão fechada.
Para alguém que está meio bêbada, ela está muito séria.
— Sim, vocês já sabem a minha resposta. E é não. — Respondo, com a mesma seriedade.
Ela suspira e encara as primeiras ondas noturnas à nossa frente.
— Essa pode ser, literalmente, a sua última chance — Pixie bebe mais um gole de sua bebida. — Você vai mesmo deixar passar?
Comprimo os lábios com o incômodo que sua pergunta causa em mim. Volto a minha atenção para as ondas, que agora estavam inquietas pelo vento do início da noite.
Alguns meses atrás, Bruno e sua equipe descobriram que a fenda interdimensional, a que liga o nosso universo com o que eu estava em Gotham, estava parcialmente aberta. O multiverso em si ainda estava inacessível, mas não sabemos por quanto tempo permanecerá assim, pois, não só o nosso universo, mas como todos os outros, estão em constante mudança, em constante expansão. São mistérios que a inteligência humana jamais conseguirá acompanhar.
E no caso dessa passagem em específico, ela se mostrava acessível de tempos em tempos e, depois, fechava novamente. Bruno e a equipe tem monitorado nos últimos meses. Realizaram alguns testes pelo portal da NASA com sondas espaciais, mas nos relatórios finais, os objetos nunca chegavam ao destino, ficavam presos no espaço-tempo.
Até não ficarem mais.
No mês passado, realizaram mais um teste e a sonda chegou àquele universo. E foi só então que ele me contou sobre tudo isso.
Bruno disse que não havia me dito nada porque não tinham certeza e isso poderia gerar alguma falsa esperança dentro de mim. Porque, sim, ele sabe como os primeiros meses, após o meu retorno, foram difíceis e eu faria absolutamente de tudo para voltar.
Neste último teste, eles também perceberam que a força gravitacional dessa ponte interdimensional estava ficando cada vez mais fraca, então, muito provavelmente, em breve se fechará de vez.
Mas agora, depois de todo esse tempo, tendo superado esse gatilho em parte e na medida do possível, não tenho mais tanta convicção em voltar. E não é porque meus sentimentos por Dick tenham mudado, porque eles não mudaram. Eu ainda o amo muito e sempre vou amar. Mas a incerteza em voltar agora vem de um medo profundo.
— Dois anos se passaram, Pixie — finalmente a respondo. — É muito tempo. Muita coisa aconteceu. Por exemplo, meu irmão virou pai, você é dona de uma escola de música, o Timothy está noivo...
Aponto para o meu amigo que está do outro lado da varanda conversando com sua noiva e Peter.
— E você? — Pergunta Pixie, voltando a me encarar.
— Ainda tentando me encontrar. — Dou de ombros. — Levei muito tempo para me sentir melhor e, talvez, eu precise de um pouco mais.
— Eu estou longe de ser uma cientista, mas sei que o tempo é relativo, e esse é um conhecimento básico da física. — Ela repousa o copo, agora vazio, sobre o braço da cadeira. — Olhando da perspectiva do hoje, sim, é muito tempo. Mas daqui a 10 anos você vai lembrar dessa nossa conversa e pensar: não era tanto tempo assim, eu poderia ter tentado.
Balanço a cabeça em negativa.
— Eu não... Eu não sei se conseguiria — baixo o olhar até as minhas mãos repousadas em meu colo. — Ele pode ter seguido a vida com outra pessoa e, sinceramente, foi o que pedi a ele. Não tínhamos essa chance e...
— Mas agora vocês têm. — Pixie me interrompe. — Bruno disse que você teria um certo prazo para voltar, se quisesse, então não vejo por que não tentar.
Respiro fundo mais uma vez.
— Não é tão simples. Não é uma viagem para cruzar até o outro lado do mundo, tipo na Rússia ou algo assim. Estamos falando de outro universo. E, também, tenho vocês aqui, tenho o meu irmão, minha sobrinha... E, por mais confusa que seja, também tenho a minha nova vida. Não posso simplesmente jogar tudo para o alto por um homem que nem sei se ainda me ama.
Minha amiga me encara por longos segundos. Estava prestes a encerrar esse assunto, mas ela faz isso por nós.
— Você nunca vai saber se não tentar. — Ela se levanta da cadeira e pega o copo, ainda com a expressão fechada. — A minha amiga que foi para Gotham 2 anos atrás tentaria a sorte sem nem pensar, porque ela sempre soube o que quis.
Antes que eu pudesse responder, ela já estava a passos de distância, indo em direção ao balcão para fazer mais um drinque.
Volto a encarar as ondas à minha frente.
Sei que ela tem razão, mas construí uma armadura para mim mesma ao longo de todo esse tempo, e que me protege de desmoronar. Se eu tentasse, teria que abaixar as muralhas que ergui, e não sei se teria forças para seguir em frente sem elas. Eu seria como uma concha no meio do mar, à mercê de uma forte onda repentina, sendo arrastada e afogada nas profundezas das águas, incapaz de retornar à superfície.
★
Duas horas depois, todos já haviam ido embora, deixando apenas Bruno, Adria, Luna e eu em uma bagunça gigantesca pela casa. E em poucos minutos, será apenas minha sobrinha e eu em uma bagunça gigantesca pela casa.
E, para mim, está mais do que ótimo. Luna é uma criança doce e extremamente esperta. Ela já começou a falar suas primeiras palavras, embora isso não fosse um problema antes, pois, desde os primeiros meses de vida, ela já não parava de falar a indecifrável língua dos bebês. Hoje, ela já consegue me chamar de "Yenni", e é a coisa mais fofa. Me faz até pensar em querer ter um filho algum dia, mas em um futuro bem, mas bem distante.
Me jogo no sofá da sala e pego o controle para ligar a TV e procurar algum desenho animado que seja capaz de fazer uma criança de um ano e meio dormir. Amo cuidar da minha sobrinha, mas estou cansada. A semana foi exaustiva e as conversas dessa noite foram mais ainda.
— Tem certeza de que tudo bem ficar com ela essa noite? — Meu irmão se aproxima, se sentando ao meu lado e apontando para o corredor ao lado, na direção do quarto onde Adria e Luna estavam.
— Não se preocupe e curta a noite de vocês.
Bruno assente e se recosta no sofá, olhando para a tela da TV, que agora mostrava incontáveis opções de desenhos animados que, com certeza me farão dormir, já a minha sobrinha, nem tanto assim.
— Já que hoje é o meu aniversário, quero te perguntar uma coisa que sei que você não vai gostar. Mas, como disse, é o meu aniversário e me sinto no direito.
Viro o rosto para encará-lo e, ao julgar pela sua expressão, eu não vou gostar mesmo. E lá vamos nós.
— Por acaso, você repensou sobre aquela possibilidade que te falei no mês passado?
Respiro fundo, pois já sabia que era exatamente essa conversa que eu não queria ter.
— Bruno, a minha resposta permanece a mesma. Não vou a lugar algum. Vou continuar aqui.
Meu irmão passa a mão pela testa, insatisfeito com a minha resposta.
— E qual é a sua real justificativa para isso? — Ele questiona, buscando algum motivo maior em meus olhos. — De verdade, Jenni. Por que você não quer ao menos tentar? Do que você tem medo?
Merda.
Sempre odiei o fato do meu irmão saber me ler tão bem nos piores momentos possíveis.
— De tudo — respondo, por fim. — Tenho medo de absolutamente tudo. De chegar lá e me sentir uma intrusa ou de chegar lá e querer ficar, e nunca mais ver vocês. Tenho medo de todas as possibilidades.
— Provavelmente, em alguma linha da psicologia, deve haver algo para explicar esse medo. — Seus olhos estão fixos nos meus. — Estou longe de ser um entendedor do assunto, mas me parece que esse seu medo é como um escudo para te proteger do que você realmente quer.
Mordo o lábio inferior porque sei que é isso. Eu só não quero aceitar.
— Estimamos que essa passagem fique aberta por mais duas semanas, não mais que isso. — Ele passa a mão pelo rosto e volta a encarar a TV. — Se você quiser ir amanhã, você teria de 10 a 15 dias para voltar. Não precisa ficar se não quiser.
— Eu não quero ir.
Bruno respira fundo.
— Você me disse que a despedida de vocês não foi como gostariam que fosse — ele continua, ignorando o que acabei de dizer e volta a me olhar. — Então, mesmo que o seu medo seja encontrá-lo com outra pessoa quando chegar lá, acho que isso não mudaria muita coisa. Talvez vocês precisem mesmo de um ponto final certeiro e menos traumático. Só assim você poderá voltar e recomeçar sua vida de verdade, porque, Jenni, você sabe que não é isso que você tem feito. Você está apenas fugindo, tentando abafar algo que está te consumindo desde que voltou. Se você deixou uma parte de si mesma com ele, vá buscá-la e volte inteira. Talvez você também tenha trago uma parte dele e precise devolver. E se vocês estiverem nessa mesma fossa, que fique por lá e seja muito, mas muito feliz, porque eu estarei feliz aqui, se você estiver, não importa onde você escolha ficar.
Não consigo conter as lágrimas que surgem em meus olhos. Há tempos não choro pensando nesse assunto, mas desde que soube dessa possibilidade, algumas noites de sono foram consumidas por incontáveis "e se?".
E se eu voltasse e, de fato, Dick e eu finalmente pudéssemos ter uma chance? Como seria a nossa vida?
Mas e se eu voltasse e tudo o que vivemos juntos ficou para trás em uma lembrança engolida pelo espaço-tempo?
São duas hipóteses, mas com infinitos questionamentos. São duas possibilidades, mas com apenas uma escolha. Só que eu já tenho a minha.
Meu irmão me encara por alguns segundos, sem dizer nada, apenas tentando ler o meu rosto, tentando encontrar alguma brecha. Mas estou decidida em fechar esse vazio.
— Estamos prontas — Adria surge na sala com Luna em seu colo. — Eu, para sair, e a senhorita aqui para dormir.
Luna bate as palminhas no colo da mãe, até que me vê no sofá e estica os braços em minha direção. Duvido muito que ela vá dormir tão cedo.
Minha sobrinha exclama um "Yenni!" quando Adria a coloca em meu colo. Ela está com um conjuntinho estampado de vários sóis. Sol vermelho, amarelo, azul, verde.
Meu irmão se levanta do sofá e dá alguns passos em direção a Adria.
— Se ela não conseguir dormir, pode nos ligar. — Ela recomenda.
— Fique tranquila — faço carinho no cabelo de Luna. — Vamos ter a noite das garotas. E vocês, se divirtam.
Adria sorri para mim, mas Bruno não.
Eles começam ir em direção a porta de saída, até que ouço a voz do meu irmão.
— Pense bem no que te falei, Jenni.
Viro a cabeça para encará-lo.
— Eu já tomei a minha decisão, e você sabe qual é.
Adria abre a porta, mas antes que eles saiam, ele fala mais uma vez.
— Somos humanos e podemos refazer nossas escolhas. Espero que você refaça a sua.
Não respondo, apenas comprimo os lábios e volto a atenção para a minha sobrinha em meu colo.
Ela passava os dedinhos sobre a minha tatuagem do pequeno pássaro azul no antebraço esquerdo. Um símbolo que, por um tempo, serviu como um lembrete constante de que eu voltaria para o meu mundo, para casa. E hoje, estou em casa, mas não parece ser a minha.
MEU DEUS, SÓ FALTA MAIS UM??? 😭
Sim, minha gente. Falta apenas um capítulo (e um epílogo) para essa fanfic acabar. Eu ainda nem sei muito bem o que dizer, vou guardar as palavras emocionadas para os agradecimentos finais.
E como disse em alguns capítulos atrás, tenho uma série planejada de 3 livros ambientadas no universo da animação de Justiça Jovem!
A primeira será do querido, amado, sequelado, desnorteado, incontrolado, porém perfeito JASON TODD!!!
Sim, ele aparece mais rápido que um comercial da Jequiti no SBT, mas foi o suficiente pra fanfiqueira aqui trabalhar kkkkkkkk.
Devo postar na sexta-feira (a confirmar, avisarei no meu mural).
Darei mais detalhes na introdução, mas serão essas 3 histórias - e que funcionarão de maneira independente:
INTO THE VOID — Jason Todd
WINGS OF HOPE — Dick Grayson
STUCK IN TIME — Wally West
Sim, mais uma fanfic do Dick (se vocês soubessem o tanto de plot que tenho dele... se eu tivesse tempo, já teria umas 50 fanfics só dele aqui). E SIM, uma fanfic do Wally, porque muito se fala desse querido porém não vejo uma fanfic sequer desse anjo. Então, muito breve, vem aí uma minha.
É isso!
Vejo vocês no último capítulo... e nem eu estou pronta pra isso, socorro!!!
Bjs, boa semana e se cuidem <3
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro