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53. Até O Dia Em Que Eu Morrer

21h45
07 de março
Gotham City

JENNI REED

Passei o dia pensando em Bruno.
Hoje é aniversário do meu irmão, e ele sempre foi uma pessoa que gosta de comemorar a data, ao contrário de mim, que nunca dei muita importância para o meu aniversário.

E passei o dia inteiro pensando nele, não apenas por ser seu aniversário, mas também na preocupação que pulsa na minha mente todos os dias desde que Charles me contou suas ameaças, de estar observando-o, além do fato de que meu irmão será pai.

Queria muito que a comunicação entre universos fosse algo fácil, como enviar uma simples mensagem de texto pelo celular. Mas terei que aguardar até o dia em que voltarei para casa para saber se ele está bem e tirar essas pessoas que estão seguindo-o por todos os lados e levá-los a polícia.

Sinto muita a falta dele e acredito que se tivéssemos vindo juntos para essa missão, tudo teria sido muito mais fácil.

Apesar dos perigos e das vezes em que quase morri, também posso dizer que muitas coisas ocorreram bem e que quase tudo está pronto para que seja colocado em prática.

Tive a sorte de ter as melhores pessoas ao meu lado me ajudando todo esse tempo e, a cada dia que passa, é como se a bomba relógio dentro de mim encurtasse o tempo que, inicialmente, quando cheguei aqui, queria que passasse rápido.

Agora, estou aprendendo a contemplar cada segundo, pois a qualquer momento, pode se tornar a última vez em que vejo ou vivencio algo por aqui.

Dick tem a maior parcela no peso do remorso da minha partida, mas todo o resto que vivi aqui em Gotham também tem uma contribuição. Mudei muito nos últimos meses e, certamente, jamais serei a mesma pessoa que deixou o meu universo. Aquela Jenni, se perdeu no espaço-tempo desde o momento em que meu corpo atravessou todas as dimensões para estar aqui.

Já são quase 22h00 quando saio da Troffle, sendo que cheguei antes das 7h00 hoje. Estava exausta. Os testes do envio do código para os outros universos estavam fluindo bem, mas ainda havia algumas etapas para serem concluídas.

Os típicos ventos secos e frios do inverno estavam, aos poucos, cedendo o lugar para uma brisa mais amena com a chegada da primavera. Mesmo assim, a temperatura ainda estava abaixo dos 10 graus durante a noite.

Desbloqueio a tela do celular e vejo que o Uber que pedi está apenas a 2 minutos de distância, então vou até a calçada da entrada do prédio para aguardar o motorista.

Guardo o celular em um bolso interno da minha jaqueta e cruzo os braços ao perceber que, apesar do frio cortante do inverno não estar mais presente, eu deveria ter me agasalhado mais.

Quando o Uber chega, confiro a placa e o motorista e entro no carro. Não leva nem 10 minutos até o meu apartamento quando não há trânsito, mas hoje, aparentemente, Gotham resolveu mostrar o seu jeitinho especial de ter acúmulo de carros a essa hora da noite.

— Ouvi dizer no noticiário da rádio Central de Gotham que houve um acidente na Avenida Evanston. — Informa o motorista, sintonizando outra rádio em busca de mais informações. — A senhorita está com pressa?

— Não, está tudo bem. Podemos aguardar.

Ele assente e escutamos na Capital Radio um jornalista comunicando mais detalhes do ocorrido. O acidente foi há 30 minutos, envolvendo 3 carros e 2 caminhões, fazendo com que uma das principais avenidas da cidade se fechasse por completo. Houve uma vítima fatal e outras duas se encontravam em estado grave.

— Essa cidade está fadada à desgraçada — comenta o motorista à minha frente. — Moro aqui há 20 anos e parece que a cada ano que passa, as coisas só pioram.

— Gotham é complicada mesmo.

— Nem o morcego ou qualquer outro herói fantasiado conseguiria mudar esse lugar. Se eu pudesse, já teria ido embora — ele continua, ao mesmo tempo em que o trânsito desafoga brevemente à nossa frente. — Mas tenho uma família para cuidar.

— O pouco que conheci dessa cidade, pude perceber que o problema é bem mais embaixo.

Geralmente, não engajo muito nas conversas de taxistas ou motoristas de aplicativo, mas, aparentemente, ficaríamos muito mais que 10 minutos dentro deste carro. Então, teria que fazer o tempo passar.

— A senhorita não é daqui? — Ele questiona, me encarando brevemente sobre o ombro.

— Não. — É o que me limito a dizer.

— Bom, se quiser um conselho, volte para a sua cidade antes que essa te consuma sem que você perceba.

Talvez eu já esteja consumida por Gotham, pois há dias venho refletindo sobre o tempo que passei aqui. O que me parece fútil de se pensar por que cheguei aqui com um conforto completo, além de uma herança bilionária. Agora, ter que lidar com a verdadeira realidade deste lugar é outra conversa.

Me senti mal algumas vezes porque gostaria de ter feito mais, mas tive que me lembrar diversas vezes que sou apenas uma e que estava em uma missão para salvar, literalmente, um planeta inteiro.

Encaro a rua passar lentamente pela janela do carro, conforme o trânsito avança pouco a pouco à nossa frente.

— A senhorita se incomodaria se pegássemos um atalho? — Pergunta o motorista, se virando ligeiramente para mim. — Virando na próxima a direita, acho que conseguimos fugir de uns 10 minutos de engarrafamento.

Seu cabelo era escuro, mas era notável alguns fios grisalhos nas laterais. A barba estava por fazer, lhe dando uma aparência de mais velho e mais pálido do que ele realmente deveria ser.

— Claro, sem problemas. — Dou de ombros.

A região empresarial de Gotham é bem movimentada, há um policiamento maior devido à área comercial ao redor, por isso a taxa de criminalidade deste bairro era mais baixa. Eu também já conhecia quase todas as ruas em torno da Troffle, então não me preocupei com a sugestão do motorista porque já sabia por onde iríamos.

O fluxo de carros realmente estava menor na rua lateral e conseguimos escapar das buzinas e motoristas irritados, só teríamos que lidar com uma quantidade maior de faróis vermelhos nas ruas seguintes.

Assim que paramos em um, ele se vira novamente para me encarar e, antes mesmo de falar alguma coisa, a sua mão já estava erguida em minha direção, me apontando um revólver.

Meus olhos quase saltam do rosto e meus punhos se cerram imediatamente.

— Me desculpe, senhorita. Mas fui obrigado a fazer isso.

Abro a boca, mas não consigo dizer nada, assustada.

No mesmo segundo, a porta do carro ao meu lado se abre e sinto uma mão grande e forte envolver o meu pescoço, enquanto a outra me puxa para fora do automóvel.

A pessoa que está me arrastando pela rua está com vestimentas pretas e encapuzada, cobrindo todo o seu rosto. Sinto uma certa dificuldade em respirar devido ao medo que estou sentindo.

O motorista sai do carro, ainda com o revolver em mãos e se apressa em nos acompanhar pela calçada. Meus olhos percorrem toda a rua e vejo que, as poucas pessoas que estavam presentes, vestiam o mesmo tipo de roupa do indivíduo que estava quase me sufocando.

Todas as pessoas encapuzadas começam a andar em nossa direção.

— O que... — Tento dizer, mas a mão em meu pescoço se aperta.

— Shhh. — Ouço a voz abafada da pessoa que está me segurando. — Se ficar calada, isso vai acabar logo.

Uma segunda pessoa encapuzada levanta a manga da minha jaqueta e, no mesmo instante, sinto uma pontada aguda em meu braço esquerdo, parecia uma agulha, mas não consigo ver, pois a primeira pessoa está segurando o meu rosto para o lado oposto.

Merda. Injetaram algo em mim.

Tento entender o que está acontecendo, mas meus comandos falham. Minhas pernas cedem, assim como todo o meu corpo. Meus olhos lutam para ficarem abertos, mas sou tomada pela escuridão.

A primeira coisa que sinto é dor.
Todo o meu corpo dói, como se eu estivesse com uma febre alta. Também sinto calafrios. Meus olhos pesam, mas não consigo levar minhas mãos até eles, pois tem algo me prendendo com força.

Estou em uma cadeira.
Parece ser uma cadeira. As palmas da minha mão estão sobre os braços metálicos de onde estou sentada.

Comprimo os olhos com força para abri-los, mas quando o faço, minha visão está um borrão. Não consigo identificar onde estou, mas não parece ser um ambiente muito iluminado.

Ouço passos ecoarem pelo ambiente. Então, suponho que seja um lugar vazio ou com poucas coisas.

Os passos ficam cada vez mais próximos, até chegarem onde estou. Enxergo apenas o vislumbre turvo da pessoa que se aproxima de mim com algo luminoso em suas mãos. Ela se inclina na minha direção e aponta a luz em meu rosto, fazendo meus olhos fecharem instantaneamente.

— Vamos lá, Jennifer. Abra os olhos para mim.

Puta merda.
É a voz de Charles Rutherford.

Posso não conseguir enxergar direito, mas a voz sórdida desse psicopata é inconfundível.

— Vai se foder! — Exclamo, tentando me desvencilhar da cadeira em que estou amarrada, mesmo sabendo que minhas chances são mínimas.

Não acredito que esse filho da puta me sequestrou.
Ele estava desparecido há semanas. Estávamos agindo com alerta em todos os lugares que ele já passou para termos algum indício de sua presença e não conseguimos nada. Até agora.

Ele segura meu rosto com força e seus dedos forçam o meu olho direito a abrir, apontando a luz para mim, em seguida, faz o mesmo com o esquerdo.

— Ainda está no Estágio 1. Dê outra dose a ela. — Ordena com sua voz ríspida ao se levantar e uma outra pessoa se aproxima de mim.

Mais uma vez, sinto uma pontada aguda no meu braço, desta vez no direito. Quando percebo, noto que estou sem meu casaco, vestindo apenas a camiseta por baixo. As fitas que prendem meus braços foram reforçadas, assim como as que estão nas minhas pernas, sobre a calça jeans.

Tento revidar, mas é inútil, já que estou praticamente imóvel.

Em poucos segundos, meu corpo cede mais uma vez e eu apago.

Pisco algumas vezes com a cabeça baixa. Me sinto sonolenta e dolorida, como se tivesse corrido dezenas de quilômetros sem parar.

Minha testa franze quando meus olhos percorrem o ambiente em que estou. O que está acontecendo?

Estou amarrada em uma cadeira. Minha visão está levemente turva, mas consigo notar que estou em uma espécie de galpão vazio. Poucas luzes iluminam o local.

As pontas dos meus dedos estão geladas.
Uma náusea repentina me sobe pela garganta, me causando uma tontura.

Fecho os olhos com força e, então, em um lampejo de memória, lembro que fui sequestrada por subordinados de Charles Rutherford.

Injetaram alguma substância em mim.
Minha mente está confusa, mas os reflexos palpitam na minha mente.

Mais uma vez, ouço passos pesados ecoarem pelo ambiente. Minha cabeça se vira em direção ao homem que se aproxima. É Charles.

Ele tem uma pequena lanterna em uma de suas mãos, e na outra carrega um dispositivo, talvez seja um tablet, não consigo reconhecer de imediato.

— Acho que agora, sim, podemos começar. — Ele se abaixa para ficar na minha altura e lança a lanterna em meus olhos.

Sinto uma vontade enorme de fechá-los, mas não é isso que acontece. Eles permanecem abertos. Forço mais uma vez e sem sucesso.

Abro a boca para dizer algo, mas nada sai. Porque a minha boca nem sequer abriu. Também não tenho o controle da minha respiração, pois tento expirar, mas nada acontece.

— O seu tempo acabou, Jennifer. — Charles me encara nos olhos com uma expressão sombria.

A luz da lanterna abaixo de seu rosto lhe dava uma aparência maligna.

Tento responder, mas não consigo. O que está acontecendo?

— Me fale agora onde está a coordenada final e todos os 37 códigos.

— E-Eu, hum... — Minha voz soa falha e parece que a informação vai escapar da minha boca a qualquer momento.

Que porra está acontecendo comigo?

— Veja bem, o meu plano está prestes a ser concluído e apenas preciso desta informação. Lembra que temos um trato?

Charles se aproxima um pouco mais e desbloqueia o tablet em suas mãos. Após deslizar por alguns aplicativos na tela, ele a vira em minha direção e um vídeo do meu irmão surge à minha frente.

Ele está acompanhado da mulher que é, supostamente, a sua namorada. A mulher que está esperando um filho do meu irmão. Eles estavam saindo do Hospital Principal de Washington. Havia um sorriso enorme no rosto de ambos.

Uma tristeza enorme toma conta de mim. Quero chorar, mas não sinto as lágrimas se aproximarem, apenas um sentimento de impotência e fracasso.

— Me entregue o que eu preciso e eu deixarei você voltar para casa para aproveitar os últimos dias restantes do seu planeta com a sua família.

— Mas eu... — Não estou conseguindo falar direito.

Parece que há um conflito intenso na minha mente neste momento.

— Agora, Jennifer! — Charles grita. — Ou o seu amado irmãozinho estará morto ainda essa semana. Assim como você.

Ele acena para alguém, e não sei de onde surgiu essa pessoa, mas estava com as mesmas vestimentas pretas e encapuzadas de quem me sequestrou.

— Me dê o Composto Final. — Ordena Charles.

A pessoa encapuzada lhe entrega uma seringa e, no mesmo instante, ele se volta para mim e segura a minha cabeça para aplicá-la em meu pescoço.

A pontada aguda me atinge com mais intensidade dessa vez, mas não consigo distinguir se arfei de dor. Há um turbilhão de pensamentos rodando na minha cabeça e não estou conseguindo acompanhá-los.

Meus olhos se fecham quando ele retira a seringa, com seja lá o que tenha aplicado em mim.

— Isso pode te matar, mas não antes de você me entregar a informação que eu preciso. Então, vou perguntar uma última vez.

Ouço o tintilar da seringa caindo no chão ao mesmo tempo em que as mãos de Charles apertam os meus braços presos na cadeira.

— Onde estão o código-fonte e a coordenada final?

Um gosto metálico surge em minha boca. Talvez seja sangue e, talvez eu realmente esteja morrendo.

— O código... — Minha voz sai quase em um sussurro. O que estou fazendo? Não posso simplesmente soltar essas informações. — O código está...

— Isso, Jennifer. Diga-me onde está o código!

— Está...

Puta. Merda.
Tente manter o controle. Não posso falar, mas não consigo controlar a minha mente. Parece que a minha cabeça vai explodir.

Um zumbido forte toma conta dos meus ouvidos. Vejo Charles a centímetros de distância do meu rosto, gritando comigo, insistindo para que eu fale. Minha boca se mexe, mas não sei se digo algo, porque não consigo escutar.

Estremeço na cadeira quando a minha visão começa a girar. Pisco uma, duas, três vezes e a imagem de Charles à minha frente fica cada vez mais distorcida. Sua mão volta para o meu pescoço, mas meu sentido do tato está falho, pois não sinto nada.

Novamente, uma luz forte toma conta dos meus olhos, até que cessam, repentinamente.

Não sei o que está acontecendo, nem se ainda estou acordada.
Tudo gira ao meu redor.

Charles não está mais na minha frente, mas também não sei se conseguiria reconhecê-lo, porque tudo o que vejo são borrões.

Parece que meus olhos pesam uma tonelada. Não tenho mais controle do que quer que esteja acontecendo comigo.

Talvez isso seja a morte, mas também não saberia dizer, nada faz sentido, além da escuridão. Então, eu me entrego ao vazio que me puxa.

✩✧✦

04h21
08 de março
Gotham City

Minha mente desperta antes do meu corpo.
Eu poderia jurar que estava morta, e talvez eu esteja, porque sinto um certo conforto em todo o meu corpo, apesar das dores.

Estou deitada, mas meus olhos ainda não abrem.
Faço um esforço mental para me lembrar de onde estou e do que aconteceu nas últimas horas. Mas tudo o que me vem à mente é apenas dor.

Lembro de estar sofrendo e de sentir a pior angústia de toda a minha vida. Lembro de sentir um aperto no peito, dores por todo o corpo, náuseas, pontadas no braço.

Pontadas no braço e no pescoço.
Eu estava em um carro, voltando para casa quando fui sequestrada por pessoas encapuzadas.

Fui dopada com alguma substância química. Vi Charles Rutherford. Ele me exigiu entregar as informações das coordenadas e do código-fonte.

E eu... eu falei?
Não, não, não.
Não pode ser.

Em um ímpeto, me sento e abro os meus olhos. Estou no meu quarto. Sozinha. No meu apartamento.

O que aconteceu? Será que estou alucinando?

As marcas em meus braços e os curativos espalhados por eles, mostram que tudo é real, não é nenhuma ilusão da minha cabeça.

Levo uma mão até o pescoço e percebo que também há um pequeno curativo do lado esquerdo. Esse parece estar mais sensível que os outros, pois sinto uma pontada de dor ao tocá-lo.

Todo o meu corpo ainda dói.

Também noto que não estou com as roupas que estava antes. A camiseta preta foi substituída por uma de cor branca e maior. E minha calça jeans deu lugar a um moletom preto e macio.

Saio da cama em busca do meu celular, mas não o encontro em nenhum lugar. Ainda sinto uma leve tontura ao andar, então saio do quarto apoiando a mão nas paredes para evitar de tropeçar nos meus próprios pés.

Percebo que a porta da Sala Operacional está aberta e com a luz ligada. Ouço a voz de Dick conforme me aproximo da entrada.

Talvez essa seja a resposta para a pergunta de como cheguei em casa.

Ele estava com roupas casuais – uma blusa de manga longa azul e uma calça preta – mas noto que sua máscara de Asa Noturna estava sobre a lateral do sofá que fica próximo ao computador principal.

— Não, eu já disse. Essa imagem é das 3h15, foi o último rastro que encontrei — ele estava de costas para mim, andando de um lado para o outro, uma de suas mãos passava pela testa franzida enquanto falava ao celular. — O carro que estava estacionado em frente ao depósito saiu pela Ponte Brown e...

Ele para de falar e de andar no instante em que me vê encostada no batente da porta.

— Já te ligo de volta, a Jenni acordou. — Dick vem em minha direção em apenas dois ou três passos. — Certo. Valeu, Tim.

Ele encerra a ligação e coloca o celular no bolso de sua calça.

— Ei — gentilmente, suas mãos seguram o meu rosto. — Como você está se sentindo?

Respiro fundo, mas até esse pequeno esforço ainda me causa dor.

— Parece que fui atropelada por uns 5 caminhões. Ou mais.

— Você se lembra do que aconteceu?

— Depois que fui sedada, pouca coisa. Mas lembro de Charles me pedindo o código-fonte e as coordenadas, e não sei se... Se eu falei, eu não sei. Eu...

— Você não falou — ele me interrompe, no mesmo segundo. — Quando cheguei naquele depósito, ele estava gritando para que você entregasse as informações, mas você já parecia estar inconsciente.

Parece que o ar que estava preso em meu peito, finalmente conseguiu sair. Deveria me sentir mais aliviada, mas não há nada nessas circunstâncias para se sentir tranquila.

Dick se afasta um pouco, passando uma mão pelo cabelo. O cenho franzido ainda presente desde que cheguei na sala. Ele parecia com raiva. Muita raiva.

— Juro pela minha vida, se ele tivesse feito alguma coisa com você, eu teria acabado com ele no mesmo segundo.

O vejo respirar fundo e passar a mão pelo cabelo mais uma vez. Noto um pequeno corte no seu rosto, uma linha fina que desce da têmpora até um pouco acima da bochecha direita.

Dou um passo em sua direção e meus dedos tocam a lateral de seu rosto com o arranhão.

— Como você me encontrou?

— O seu celular. Cheguei aqui e você não estava, e as ligações iam parar na caixa postal. Olívia me ajudou, na verdade. Não consegui acesso ao rastreio, mas acho que você poderia liberar para mim, depois de hoje.

— Eu nem sei onde ele está.

— Eu também não o encontrei pelo local. Talvez Charles tenha dado um fim com receio de que alguém te rastreasse, mas ele não foi rápido o suficiente e nem tão esperto assim, pois te encontrei.

— Merda.

Massageio a têmpora ao perceber que a dor de cabeça estava voltando.

— Você tinha um backup, certo? — Dick volta a se aproximar.

Assinto, confirmando.

— O problema não é esse, e sim, que aquele psicopata finalmente apareceu e, pelo que estou vendo, já perdemos ele de vista mais uma vez.

Dick segura ambas as minhas mãos que ainda percorriam a minha testa preocupada, tirando-as do meu rosto.

— Vamos resolver uma coisa de cada vez. — Seu olhar vai em busca do meu. — A minha prioridade era te tirar daquele lugar e garantir a sua segurança. Você parecia estar muito mal. Nem quando te encontrei com a toxina do medo você estava... — Ele fecha os olhos e balança a cabeça. — Jenni, você me deu um baita susto. De novo.

Levo uma mão até o seu rosto e ele volta a me encarar.

— Azar o seu que eu sou difícil de matar. Vai ter que me aguentar mais um pouco.

Os lábios dele se movem brevemente em uma micro curva no canto da boca. Vou chamá-la de mini sorriso.

— Não tem graça — ele diz, voltando a fechar a expressão por completo.

— Mas você quase deu um sorrisinho.

Dick respira fundo mais uma vez, desviando ligeiramente o olhar antes de encontrar os meus novamente. A tensão em seu maxilar é perceptível.

— O que aconteceu, exatamente? — Questiono, cruzando os braços e, mais uma vez, sou atingida pela tontura.

As piscadas em meus olhos parecem mais longas do que o normal.

— Vem, vamos voltar para o quarto.

No mesmo instante, sinto o braço de Dick envolver a minha cintura e começar a me guiar para fora da sala.

Assim que me sento na cama, Dick empilha todos os travesseiros possíveis para que eu me recoste sobre eles. Em seguida, ele se senta ao meu lado direito, na beirada da cama.

— Quer alguma coisa? Água? Você também precisa comer.

Nego com cabeça.

— Por enquanto, só gostaria de entender o que houve. Ainda está tudo confuso na minha cabeça.

Dick se aproxima mais e uma de suas mãos afasta uma mecha de cabelo que recaia sobre o meu pescoço. Ele checa o curativo e a expressão em seu rosto não parece gostar do que vê.

Ele abre a primeira gaveta da pequena cômoda ao lado da cama e retira o kit de primeiros-socorros.

— Bom, uma coisa estranha aconteceu.

Ele se aproxima um pouco mais e sinto seus dedos passarem pelo meu pescoço. Inclino levemente a cabeça para a direita para que ele possa trocar o curativo.

— Estranha em que sentido? — Questiono.

— Em todos, eu diria. — Dick retira a pequena bandagem do meu pescoço, e eu mal percebo. — Havia 8 membros da Liga das Sombras acompanhando Charles. Quando eu estava prestes a atacá-los, eles guardaram as espadas e pareceram perdidos por alguns segundos. Então, um deles usou a técnica da invisibilidade para fugir, e os outros o seguiram, exceto um. Charles ficou furioso e usou esse único membro da Liga para me enfrentar. Mas, como disse, minha prioridade era tirar você dali. Então, no fim, acabei usando a mesma técnica também.

Franzo as sobrancelhas, confusa.

Dick passa um algodão ao redor da pequena área machucada em meu pescoço.

Em seguida, coloca o novo curativo.

— A minha teoria é de que ele está usando algum composto químico para controle mental — ele volta a dizer. — Talvez até o mesmo que ele usou em você.

— É, faz sentido. Não sei se o que lembro é real, mas eu sentia que precisava obedecê-lo. Por isso, fiquei com medo de ter contado sobre o código.

Dick guarda o kit de primeiros-socorros na gaveta e, depois, volta a me encarar com o olhar preocupado.

— Quando chegamos aqui, você estava desacordada e com mais de 39 graus de febre. Te dei um antídoto que possui componentes contra esse tipo de manipulação química, como o da toxina do medo. Aparentemente, deu certo.

Um fraco e pequeno sorriso ameaça passar por seus lábios.

Pego a sua mão que está ao lado do meu quadril e entrelaço os nossos dedos.

— Obrigada por me salvar. — Fixo os meus olhos nos dele. — De novo.

— Eu tenho certeza de que você salva a si mesma, todas as vezes. Você não precisa de ninguém te salvando, Jenni. — Sinto seu polegar acariciar o meu. — Talvez eu só tenha ajudado um pouco.

Nossos sorrisos se alargam igualmente, mesmo com o peso da preocupação em nosso olhar.

— Preciso te contar uma coisa.

Ele apenas mapeia o meu rosto com os olhos, aguardando o que tenho a dizer.

Involuntariamente, um sorriso grande toma conta de mim. Talvez seja pelo medo de ter quase morrido, mais uma vez, ou a reação química ainda está afetando o meu sangue. Mas sei que, na verdade, não é nada disso.

A verdade é a certeza que do que sinto há um tempo. E disso, eu não tenho medo, jamais terei.

Mordo o lábio inferior, como se estivesse segurando as palavras uma última vez apenas para mim. No momento em que as dissesse, elas se tornariam nossas.

Dick franze as sobrancelhas, provavelmente sem entender a expressão repentina de felicidade que tomou conta do meu rosto.

— O que você tem para me contar?

— Que eu te amo. E muito.

Meu sorriso cresce, mesmo com a expressão no rosto de Dick ser a oposta da minha.

Ele pisca rápido algumas – várias – vezes. A boca se abre, como se fosse dizer algo, mas nada sai. Em vez disso, engole as palavras não ditas e desvencilha sua mão da minha.

Passa ambas as mãos por seus cabelos escuros, desvia ligeiramente o olhar e balança a cabeça em negativa.

Ele parece nervoso. Apavorado, talvez?
E, sinceramente, eu não estava nem aí.

— Dick, você não precisa dizer nada — volto a pegar em sua mão. Eu estava sendo sincera, o sorriso ainda estava em meu rosto. — Não espero que você diga nada. Eu só queria que você soubesse. Eventualmente, eu iria acabar te falando. Não ia voltar para casa sem te dizer o quanto você significa para mim e sempre vai significar. Nunca esquecerei o que vivemos aqui e...

Minhas palavras são interrompidas porque ele me beija. Seus lábios macios e quentes sobre os meus me fazem entender toda a confusão que estava em seu rosto um segundo atrás. Sempre sentirei tudo de uma vez só, todas as vezes que a sua boca encontrar a minha. É como se eu ganhasse vida e todo o meu corpo dependesse de seus beijos para sobreviver.

— Eu também tenho uma coisa para te contar — ele se afasta minimamente e suas mãos descem até as minhas, segurando ambas. — Quando você foi atacada na posse da Troffle, meses atrás, e a Dra. Thompkins informou que seu coração havia parado por breves segundos, eu me senti desesperado, mas não entendi o porquê. Claro que estava preocupado, mas a ponto de sentir que uma parte de mim estava sendo arrancada? Não fazia sentido. Eu já me sentia atraído por você e isso não era nenhuma novidade, mas ainda nem sequer tínhamos ficado juntos, isso foi acontecer só um mês depois. E foi então que eu comecei a entender. Parece que fomos feitos um para o outro antes mesmo de nos conhecermos. E eu me senti sortudo. Você não faz ideia do quanto. Até descobrir que você não era daqui e que precisava voltar para o seu mundo.

Meu sorriso foi substituído aos poucos por lágrimas presas em meus olhos, que ameaçavam a sair a qualquer momento.

— Por favor, me diz que era isso que você tinha para contar e que não tem continuação. — Digo, com minha voz que estava começando a oscilar, e fitando nossas mãos. — Porque talvez eu chore e era para ser um momento feliz.

O canto de seus lábios se curva brevemente.

— Não acabou e, provavelmente, nunca vai acabar. — Dick responde, fixando seus olhos nos meus. — Porque, Jenni, eu já te amava antes. Eu te amo agora. Eu te amarei amanhã, depois de amanhã e, também, todos os outros dias seguintes. Eu vou te amar até o dia em que eu morrer.

Sinto uma, depois duas e depois três lágrimas escorrerem pelas minhas bochechas.

Dick junta minhas mãos e as leva até seus lábios, deixando um longo e demorado beijo em meus dedos. Seus olhos estavam fechados e a testa levemente franzida.

Quando os abre, vejo que estão ligeiramente avermelhados, contrastando o azul oceânico que me encara carregado de sentimentos.

— Mas ainda me sinto sortudo — sua voz soava em um tom um pouco mais baixo dessa vez. — Vou sempre me sentir sortudo porque tive a chance de ter você na minha vida. Sempre soube que você era única, e agora, temos até a certeza científica disso. — Um pequeno riso escapa por seu nariz. — Então, porra, eu sou muito sortudo, porque de todas as possibilidades, de todos os universos possíveis, você veio parar aqui. Comigo. Minha Jenni. A minha única Jenni.

O puxo para mim, lhe devolvendo o beijo de instantes atrás com a mesma intensidade, talvez até mais. Porque é assim que ele me faz sentir. E mesmo se existisse outras versões de mim mesma em outras realidades, mesmo se outra Jenni ou outro Dick se conhecessem em outro universo, nenhuma dessas possibilidades seria melhor do que esta, a que temos aqui. Essa sempre será a maior certeza de toda a minha vida.





🥹🥹🥹🥹
AVISOS DO FIM!

1. É oficial: estamos na contagem regressiva! 🤧
Tenho apenas mais 5 capítulos + o epílogo para postar.
Estou pronta? Claro que não. Mas é isso, primeiro aviso dado.

2. Postarei, entre essa semana e a outra, a galeria com as capas que fiz pra essa fic (e outras coisinhas).
A quem interessa? Provavelmente ninguém, mas eu fiz tantas que decidi postar só pra deixar aí mesmo kkkkk. Esse cap vai ficar lá no começo, logo após a introdução.

3. MAS TAMBÉM TENHO BOAS NOTÍCIAS (pra quem quiser ler outras fics da DC escritas por mim).

Tenho uma série de 3 livros planejadas no universo de Justiça Jovem. Já tenho a capa, sinopse e prólogo da primeira história.
Cada livro, será de um personagem diferente. O primeiro é meio improvável porque ele mal aparece na animação 👁️👁️, massss foi o suficiente pra colocar minha mente de fanfiqueira para trabalhar. Também vou mesclar bastante coisa de algumas HQs específicas desse querido. 🤭

Darei mais detalhes nos avisos do penúltimo capítulo (57).

4. E, por fim, um cronograma estimado com as postagens finais de Long Night. Caso algo mude, deixarei avisado no meu mural.

Até 04/08 - Galeria + Capítulos 54 e 55
Até 11/08 - Capítulos 56 e 57
Até 18/08 - Capítulo 58 + Epílogo

Não sei se todos sairão juntos durante o período das datas acima, pode ser que sejam separados. Tudo vai depender do tempo da querida aqui que vos fala.

Ufa! Era "SÓ" isso que eu tinha pra dizer kkkkskakak.

Até o próximo! <3

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