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45. Galáxia

10h01
26 de janeiro
Gotham City

DICK GRAYSON

Eu sabia que não era uma boa ideia, mas que outra opção eu tinha? Nenhuma. A coisa certa a se fazer seria ficar longe de Jenni o máximo possível, mas não é o que vai acontecer daqui para frente, porque ela é a conexão de tudo o que precisamos para resolver o caos que está nos cercando. Então, eu já estava convencido de que não terei um segundo de paz comigo mesmo enquanto estiver perto dela. Vai ser uma batalha interna difícil, mas preciso vencê-la.

Esse pensamento não dura por muito tempo, porque tenho toda a certeza do mundo de que não é mesmo uma boa ideia – e de que talvez eu perca essa batalha – assim que ela abre a porta de seu apartamento para mim.

— Odeio a sua pontualidade. — Jenni dá um passo para o lado para que eu entre.

Ela claramente acordou agora, por mais que tenha lutado para parecer que não. A calça jeans, o moletom preto e o cabelo preso, não escondem o olhar sonolento que eu já estava ficando acostumado a ver ao acordar. O olhar mais lindo que já vi.

Nota mental: esquecer essas lembranças e focar na porcaria da realidade que é o agora.

— Bom dia para você também.

Estendo para Jenni a embalagem que está em minhas mãos com um copo do café falso que ela gosta de tomar e um bagel. Ela hesita por alguns segundos antes de pegar o pacote da minha mão e fecha a porta.

— Você nem sabe se eu já tomei café da manhã. — Jenni diz já vasculhando a embalagem em suas mãos.

— Você sabe que eu sei que você acordou minutos atrás.

Ela revira os olhos e pega o copo.

— Além de me comprar café você pretende fazer uma noite do pijama? — Jenni aponta para a mochila que coloquei sobre o encosto do sofá. — Esse é o seu plano infalível para nos manter separados?

— Sem noite do pijama — abro a mochila e pego o meu notebook com a mesma velocidade em ignorar suas últimas palavras. — Temos muito o que fazer e trouxe praticamente tudo que juntei nesses últimos meses do caso dos Harpias com Martin Goldman e, agora, com Charles.

— Que sem graça. — Jenni bebe um gole de seu café de açúcar e passa por mim, indo em direção àquela sua sala toda equipada.

Outra nota mental: evitar de engajar em qualquer piadinha que ela faça.

Quando entramos na sala, percebo algo que não tinha visto na primeira vez que estive aqui, duas noites atrás. O espaço parece ser bem maior do que eu me lembrava, além de ter uma porta grande aberta que dava acesso a outros cômodos. Era como se houvesse um outro apartamento inteiro escondido ali, logo após o que antes parecia ser a parede do fundo.

— Isso explica por que nunca vi o seu vizinho.

— É porque eu não tenho um vizinho. — Jenni se senta em uma cadeira próxima aos inúmeros monitores que havia em uma das paredes.

"Bom dia, Jenni e Dick Grayson. Em que posso ajudá-los?"

Faço uma careta para a voz que ecoa no ambiente. Por que diabos ela tem uma inteligência artificial falante?

— Como ela sabe que eu estou aqui?

— Tem câmeras 360 graus espalhadas pelo espaço. — Ela explica entre uma mordida de seu bagel.

— Pelo seu apartamento inteiro?

Acho que fiz uma cara de espanto maior do que gostaria, porque Jenni quase se engasga tentando segurar uma risada.

— Não — ela leva uma mão até a boca. — Só aqui dentro.

— Ah. — É tudo o que digo para não transparecer aliviado demais.

— A única coisa que ela consegue ver para fora dessa porta é a câmera que tem na entrada do apartamento.

— Entendi.

Jenni estava se esforçando para não rir. Desvio o olhar e puxo uma cadeira próxima a mesa de apoio dos computadores para encerrar esse assunto, antes que ela verbalize o porquê da minha preocupação. Ela sabe muito bem o que já aconteceu na sua sala de estar, na cozinha, no corredor. E ela sabe que essa é a preocupação.

— Seus pais se empenharam com esse lugar. — Digo a primeira amenidade que me vem à cabeça para mudar de assunto.

Ela percebe, ainda tentando esconder a diversão em seu rosto e bebe mais um gole do café.

— Pois é, eles criaram a própria Batcaverna. Gostou?

Contenho a curva que meus lábios querem dar e analiso o espaço rapidamente, mas ainda não consegui ver tudo, pois parecia ter outros cômodos ao fundo. Jenni se levanta e acena com a mão para que eu a acompanhe.

— Essa é a parte a mais legal.

Atravessamos a porta que vi ao chegar e entendo o porquê assim que Jenni desliga as luzes principais. Era um cômodo todo preto com um teto iluminado como se fosse várias constelações.

— Eles deixaram o primeiro código aqui. — Ela aponta para as luzes que formavam a constelação de Capricórnio. — Depois te mostro como fazemos para rastreá-los.

Meus olhos ainda estavam fixos no teto perfeitamente decorado. Era difícil dizer que eram luzes artificiais de tão bem colocados, parecia que as estrelas foram puxadas para ficarem apenas metros de distância de nós.

Vejo Jenni abrir outra porta e o ambiente é invadido pela claridade do dia. Era uma outra sala com janela de vidraças grandes e diversos equipamentos de treino físico.

— Acho que nunca usei nada disso. — Ela aponta para alguns aparelhos que estavam cobertos por um pano. — Mas talvez eu deva. Certamente estou enferrujada.

— Agora faz sentido você saber várias técnicas de luta.

— Eu tive treinos intensivos todos os dias por mais de um ano. — Ela se vira e olha para mim. — Não menti quando disse que tinha me preparado para me mudar para Gotham. Pareceu uma piada, mas era verdade.

Mais uma nota mental: cortar o contato visual assim que ela colocar o par de olhos castanhos hipnotizantes sobre o meu, imediatamente.

Talvez eu tenha demorado alguns longos segundos para fazer isso, mas o fiz. Já é um primeiro passo. Jenni percebe por que, no mesmo intente, ela volta a andar pelo espaço até nos guiar para outro cômodo.

— Um cinema? — Pergunto assim que ela liga as luzes.

Era pequeno comparado à um cinema de verdade, mas grande o suficiente para se ter dentro de casa.

— Não sei exatamente para quê fizeram isso, se eu não podia trazer ninguém aqui. — Jenni se recosta em uma das poltronas e, mais uma vez, me lança o seu olhar profundo.

Sei que ela estava falando aquilo para mim. Mas estou me concentrando em obedecer as minhas anotações mentais. Então, apenas comprimo os lábios em resposta, prestes a fugir de qualquer assunto que envolva nós.

— Você compra café da manhã para mim, mas está evitando ter qualquer diálogo comigo, é isso? — Ela pergunta, cruzando os braços.

— Não estou te evitando. — Merda, estou sim. — E é só um café.

— Como uma mentirosa profissional, como você mesmo disse, posso dizer que você mente muito mal.

Coloco as mãos nos bolsos da calça, como se pudesse me retrair fisicamente de suas palavras. Sim, gostaria de evitar falar qualquer coisa que não fosse relacionado ao que realmente precisamos fazer, que é planejar combater um psicopata multiversal.

— Certo. Ok, então. — Ela volta a dizer ao perceber que eu permaneci calado. — Vamos falar sobre aquele seu acordo antes de qualquer coisa.

Volto a encará-la e a expressão suave que antes estava em seu rosto, foi substituída por um cenho franzido.

— Eu falei aquilo brincando. Não precisamos fazer acordo nenhum. É só que... Sei lá.

— É, realmente. Sei lá, Dick. — Ela me interrompe. — Eu entendo se você ainda estiver bravo ou chateado comigo, mas precisamos nos ajudar para salvar os nossos mundos. Então, será que podemos ser... amigos? Não que não fossemos, não sei exatamente como rotular o que tínhamos. Mas quero dizer que podemos ser amigos, sem todo o resto. Enfim, você entendeu. Esse pode ser o acordo.

Não quero esse acordo. Não quero ser só seu amigo, Jenni. Mas guardo esse pensamento para mim mesmo.

— Eu já te expliquei que não estou bravo e nem chateado com você.

— Mas parece que está.

— Já disse que é pelas circunstâncias. — Complemento.

Ela respira fundo, baixa o olhar e descruza os braços.

— Dá no mesmo. Se eu tivesse sido clara desde o começo, essas circunstâncias não existiriam.

— Talvez. Mas aí não teríamos vivido o que vivemos no último mês.

Meu corpo desobedece a minha mente e dou um passo em sua direção. Ela não parece se importar, pois continua onde está.

— Mas também não estaríamos nessa tortura. — Jenni ergue o olhar até o meu novamente. Dessa vez, eu falho com minha nota mental, porque não desvio.

— Acho que teria dado no mesmo, porque quis te beijar desde a primeira vez em que te vi.

Ela desvia o olhar e balança a cabeça, mordendo o lábio inferior. Não deveria ter falado isso, mas não é de hoje que tudo relacionado a Jenni, eu não tenho o mínimo do controle dos efeitos que causam em mim.

— Você não está ajudando.

— Estou apenas dizendo a verdade. — Dou de ombros.

— É sério — ela se desencosta da poltrona e dá um passo em minha direção. — Vamos fechar logo esse acordo antes que a gente mude de ideia e piore as coisas.

Jenni me estende a mão direita.

— Amigos? — Ela pergunta, me encarando nos olhos. — E apenas isso?

Dou mais um passo em sua direção e acho que me aproximei demais, porque seu perfume invade todo o meu olfato.

— Amigos. — E, a contragosto, aperto sua mão. — E apenas isso.

O perigo dos nossos olhares fixos um no outro se instaura e demoramos para perceber que ainda estamos no aperto de mão prolongado. Jenni se afasta primeiro e limpa a garganta.

— Ok, vamos às regras. — Ela diz dando mais um passo para trás.

— Precisamos de regras?

— Sim — ela parecia convicta do que estava dizendo. Sua expressão se fecha. — A primeira cláusula desse contrato é: nada de comprar café para mim.

— O que tem de errado nisso? Amigos compram café um para o outro.

— Não importa. — Ela levanta o dedo indicador entre nós. — Segunda regra: não pertencemos ao mesmo universo, então, mantenha a distância. Não preciso me prolongar no porquê, você sabe bem.

Jenni se afasta mais, um pouco mais e mais um pouco. Diria que ela está quase chegando na parede do outro lado do cômodo.

— Acho que essa distância mínima está boa.

Não consigo conter um riso por tamanha bobeira. Quanto mais longe ela vai, mais perto eu quero estar. Não sei se isso vai dar certo. Mas, por mais que ela esteja fazendo isso em uma brincadeira boba, Jenni tem razão. Eu mesmo que mencionei essa idiotice de acordo naquela noite, então era só aceitar. Seria o melhor para nós dois.

— Tudo bem, vamos manter os 3 metros de distância um do outro. — Digo, concordando com a palhaçada que ela está fazendo.

— Ótimo. Então temos um acordo.

— São só essas duas regras?

— Por enquanto, sim. — Jenni dá de ombros. — Você não tem nenhuma regra?

— Acho que não. Por enquanto.

Ela assente e volta a andar de volta a entrada do cômodo anterior.

— Vamos, temos muito trabalho pela frente. Quer começar por onde?

A vejo parar e olhar para mim com as sobrancelhas franzidas.

— Vai ficar parado aí?

— Estou aguardando a distância mínima de 3 metros para poder avançar.

Jenni revira os olhos e eu seguro a risada que quer sair.

— Terceira regra: proibido fazer piadas.

— E por que não? — Finalmente começo a andar em sua direção.

— Tenho uma queda por engraçadinhos.

— Você me acha engraçadinho?

— Chega. Vamos falar do que importa — ela continua andando aos bons metros de distância à minha frente. — Vamos começar por onde?

Isso vai ser difícil e sabemos disso. Sei que não vou me contentar em sermos só amigos e apenas isso, mas temos coisas muito mais importantes em risco do que apenas as nossas vontades.

— Pode ser pelos códigos — respondo. — E como você consegue rastreá-los.

— Hum. Essa história é boa. — Ela diz assim que voltamos à sala dos computadores.

Jenni abre uma gaveta do móvel perto de um dos monitores e pega um objeto metálico quase do tamanho de um celular, mas mais fino e menor.

— Tenho um mapa digital previamente mapeado mostrando a localização aproximada de cada código — ela começa a explicar. — Mas esse dispositivo que me ajuda a encontrar a exata localização deles e, também, é responsável por escaneá-los e enviá-los ao nosso servidor. Toda vez que encontramos um código, recebemos uma equação que estava codificada sob ele. O resultado dessa equação vai formar o código-fonte final, aquele que chamamos de Código Houdini.

— Entendi. E por que essa história é boa?

Pego o objeto da mão dela para analisar de perto. A vejo comprimir os lábios, mas não sei se por desconforto do que quer falar ou porque está contendo um sorriso escondido.

— Lembra daquela noite em que nos encontramos no galpão da Troffle? Que tinha aqueles caras da Harpia, e eu estava disfarçada e tudo mais?

Assinto, lembro bem. Foi quando descobri que ela era a mesma mulher de preto que me ajudou a socorrer pessoas no incêndio de uma empresa de tecnologia.

— Então, na verdade, eu estava em busca de uma das partes desse dispositivo. — Ela aponta para a minha mão.

O objeto parece ser bem flexível e desmontável. Percebo que ele é formado por três partes.

— Meus pais esconderam até isso e tive que sair por aí para procur... — Ela para a frase no meio e franze a testa. — Ai, meu Deus. Me lembrei de uma coisa e, pela primeira vez, acho que estou aliviada de poder falar sobre isso com você.

Minha expressão é confusa, então Jenni logo emenda a explicação.

— Lembra daquele incêndio naquela empresa de nanotecnologia? Que eu também estava disfarçada e ajudamos as pessoas a saírem do prédio?

— Sim, estava pensando nisso agora. Você também estava lá procurando esse dispositivo?

Ela assente.

— Eu consegui rastreá-lo, só que minutos após eu chegar perto do edifício e, pensar em como entraria lá para pegá-lo, aconteceu aquela explosão.

Em ambos os casos de sua busca, ocorreram situações planejadas, e o que passa pela minha mente imediatamente é de que, talvez, já estivessem tentando impedir que ela encontrasse o dispositivo. Só que, bem, ela conseguiu encontrá-lo porque estou segurando-o.

Jenni parece estar tendo a mesma linha de raciocínio que eu, até que sua expressão se fecha rapidamente e a vejo engolir em seco.

— Tem outra coisa. — Ela diz em um tom de voz mais baixo dessa vez. — Eu achava que a primeira parte do dispositivo estava destruído naquela explosão, mas consegui encontrá-lo depois... em outro lugar.

Ela passa uma mão em seu cabelo preso e olha para mim, parecia estar hesitando sobre o que falar. Apenas aguardo para que ela continue.

— Eu o encontrei na sua fundação.

— Como assim? — Agora sou eu quem franze as sobrancelhas.

— Naquela noite em que apareci pedindo para ser voluntária... — Jenni passa uma das mãos em sua testa. — Bem, eu... Na verdade, eu estava procurando uma das partes e, não faço ideia porque estava lá, mas o encontrei na sala da música, depois que terminamos o ensaio.

Pisco algumas vezes. Isso eu não imaginava.

— Mas quero que saiba que não pedi para ser voluntária só por isso — ela continua a falar depressa, como se precisasse emendar a sua explicação antes que qualquer pensamento se desenvolvesse na minha cabeça. — Eu realmente amo aquele lugar, Dick. Desde aquela noite. E, pensando bem, acho que agradeço por quem quer que o tenha colocado lá, porque se não fosse isso, não teríamos nos conhecido, pelo menos não da forma em que tudo aconteceu. E, sinceramente, eu não mudaria nada. Acho que até faria tudo de novo, exatamente igual.

Uma coisa pela qual sou grato de tudo ter vindo à tona é: as camadas que Jenni tinha e a protegiam de dizer o que realmente queria, se foram todas. Agora, consigo ver tudo em seus olhos quando fala; a sinceridade, a bondade, o medo, a leveza quando diz alguma bobagem, até mesmo uma certa angústia. Finalmente, consigo ver a verdadeira Jenni.

A boa notícia: eu gosto muito. A má notícia: eu gosto muito, muito mesmo.

— Eu também não mudaria nada. — É tudo o que digo, porque se eu falar qualquer outra coisa, esse nosso acordo terá uma duração de apenas poucos minutos.

— Você não vai brigar comigo? Reclamar? Me odiar? Me chamar de mentirosa de novo?

Um pequeno riso me escapa pelo nariz. Ela não faz ideia de que jamais conseguirei odiá-la. Então, apenas nego com a cabeça.

— Você é bonzinho demais.

— Bom, já que estamos falando as verdades, também preciso confessar uma coisa.

Ela ergue as sobrancelhas e me olha atentamente, como se eu fosse contar o maior segredo do universo.

— Naquela noite, no incêndio daquela empresa, quando terminamos de ajudar as pessoas e te encontrei no topo daquele prédio próximo, eu tentei colocar um rastreador em você. Mas você ignorou o meu cumprimento, então não deu certo.

Jenni estreita o olhar e ela parece estar contendo um riso.

— Nossa, mas por quê? Ainda bem que não te cumprimentei, então.

— Porque você era uma suspeita — dou de ombros. — Você apareceu toda mascarada em uma explosão do nada. E acredite, eu sei quem são todos os mascarados dessa cidade.

— E só por isso você coloca um rastreador em alguém? — Ela quer muito rir.

— Às vezes, coloco por muito menos.

Jenni solta uma risada leve, pega o dispositivo da minha mão e volta a se sentar na cadeira que estava antes. Queria ouvi-la rir mais, sinto falta da sua risada. Talvez eu precise de outra nota mental ou entrar na brincadeira das regras.

— Você disse que colocaram esse dispositivo em Heaven — volto a falar para afastar meu pensamento anterior e inicio um raciocínio que surge na minha mente. — Mas que antes ele apareceu para você naquela empresa de nanotecnologia. Você lembra o nome?

Ela massageia a nuca e franze o cenho. Parece que isso aconteceu há mais tempo do que realmente foi. Jenni desbloqueia ao que parece ser o computador principal, o mesmo que usei para decodificar o plano que Charles entregou a Lex Luthor. Ela faz a busca em algumas pastas até que a encontra.

— NanoFuture.

Assinto e volto a me sentar, abrindo o meu notebook para buscar as informações do caso desse dia. Lembro que havia um número de pessoas específico trabalhando no prédio naquela noite. Mas alguém não estava no momento da explosão, pois não foi encontrada pelo local. Dessa informação eu me lembro.

Explico isso a Jenni enquanto reviso os arquivos que estão nos registros da polícia, até que encontro a lista de nomes dos funcionários que estavam de plantão naquela data e horário.

— Essas são as pessoas que ajudamos a resgatar naquela noite — aponto para a tela à nossa frente. — Essa é a mulher que, teoricamente, não estava na explosão. Pelos registros, ela saiu do edifício da empresa antes de que tudo acontecesse.

— Que estranho. O rosto dela me parece familiar, mas não sei exatamente por quê.

Seu nome é Margaret Logan. Pesquiso em um banco de dados restrito que a polícia tem acesso e vemos que ela não trabalha mais na NanoFuture há 2 meses.

— Será que foi ela quem colocou o dispositivo em Heaven? — Questiona Jenni. — Quem diabos é essa mulher? Será que já a vi aqui em Gotham e por isso ela me parece familiar?

Nos minutos seguintes, consigo acesso às câmeras de segurança da rua que é possível ver a entrada da empresa. A explosão foi registrada perto da meia-noite. Margaret deixou o prédio meia hora antes.

Não demorou muito para que eu entrasse no banco de imagens das câmeras de segurança de Heaven e encontrar a data para checar se ela o levou para lá no mesmo dia. Descobrimos que ela visitou a fundação no dia seguinte e ficou cerca de 1 hora no local.

— Vou ter que perguntar para a Nina se ela lembra do que conversou com essa mulher.

— Vocês não têm câmeras de segurança em todos os cômodos?

Nego com a cabeça.

— Nem todos se sentem confortáveis. Tem muita gente que vai para lá pedir ajuda com medo de ser julgado por algo que fez. Então se deixássemos tudo muito vigiado, meio que vai contra todo o propósito de acolhermos quem precisa.

— Faz sentido. Você consegue achar onde essa mulher já trabalhou?

Volto às buscas civis de Margaret e localizamos alguns históricos profissionais. Ela é uma astrofísica especializada em nanotecnologia espacial. Já teve passagens pelos Laboratórios S.T.A.R. também.

— Aqui diz que ela é uma das responsáveis por encabeçar a criação da sonda espacial que foi enviada para a galáxia de Andrômeda para buscar poeiras densas. — Jenni aponta para a tela com as sobrancelhas franzidas. — Meu avô fez o mesmo projeto, só que no meu mundo. E foi a partir dessa sonda que ele descobriu a rota de colisão em que meu universo está.

Rapidamente, busco os artigos científicos de Margaret que foram publicados sobre o assunto. Ela chegou a receber prêmios por diversas agências espaciais pelo projeto. Até que clico em um deles e, a foto de abertura, é de Margaret com os pais de Jenni e diversos outros cientistas.

Quando me viro para encará-la ela está pálida, os olhos vidrados na tela.

— Você conhece essas outras pessoas que estão com eles?

Ela engole em seco.

— Algumas. — Sua voz soa baixo. — Aqueles na esquerda, ao fundo, são os pais de Timothy. Essa foto... — Parecia que ela estava se esforçando demais para terminar a frase. — Essa foto foi tirada no dia da convenção que meus pais morreram. Minutos antes, para ser mais específica.

— O que?

Jenni respira fundo e passa a mão pelos olhos.

— Eles não morreram em um acidente de carro. É o que tem registrado aqui neste mundo. Foi um registro falso. Eles foram assassinados em um massacre nessa convenção. Todos morreram. Todos.

— Caramba, Jenni. Eu sinto muito.

Ela balança a cabeça sem conseguir entender. Eu também ainda estava tentando formar algum raciocínio na minha cabeça. O baque da informação é grande. Isso não estava nos arquivos que Charles me enviou sobre Jenni e sua família. Sei também o quanto ela ainda sofre pela relação que teve com eles, e parece que ao lembrar desse dia específico lhe causa até uma dor física. Eu queria abraçá-la.

— Por isso o rosto dela me parecia familiar. Eu já encarei tanto essa foto que praticamente decorei cada detalhe do rosto dos meus pais. Não faz sentido essa mulher estar aí e depois aparecer aqui.

Jenni falava rápido e a palidez que antes estava em seu rosto, agora deu lugar a um rubor. Ela parecia com raiva. Jenni fecha os olhos, apoia a cabeça entre as mãos e a baixa.

— Porra, que desgraça de merda. Nada disso faz sentido. Toda hora um absurdo novo aparece. Eu não aguento mais.

Quebro uma de nossas regras e me aproximo pegando em suas mãos na tentativa de acalmá-la.

— Jenni, olhe pra mim.

Ela nega com a cabeça e continua da mesma forma.

— Essa mulher conhece... conhecia meus pais. Com certeza conhece Charles. — Ela finalmente me deixa tirar suas mãos de seu rosto e abre os olhos, que estavam começando a ficar avermelhados. — Ele está envolvido na morte deles, Dick. Esse filho da puta matou os meus pais.

Que se dane as regras. A puxo para abraçá-la e ela não recua.

— Nós vamos resolver tudo isso — digo enquanto sinto suas mãos chegarem nas minhas costas. — Vamos encontrá-lo e ele vai pagar pelo que fez, e pelo que está querendo fazer. Vamos encontrar essa mulher também e tentar entender tudo isso.

Jenni assente com a cabeça encostada em meu ombro.

— Nós vamos dar um jeito nisso tudo, você vai ver.

Ficamos assim por alguns instantes até que ela se afasta passando as costas das mãos pelos olhos que ameaçaram chorar. E eu só queria abraçá-la mais ainda e dizer que faria o possível e o impossível para ajudá-la no que fosse preciso.

— Eu odeio essa foto porque me faz pensar que foram os últimos minutos deles com vida. — Jenni se afasta um pouco mais, mas pego em sua mão para que continue onde está. Seu olhar intercala entre as nossas mãos e meus olhos. — Você está quebrando a regra Número 2.

— Sim, estou. — Volto aproximar a minha cadeira da dela. — Porque enquanto você estiver aqui nesta cidade, neste país, neste planeta Terra ou até mesmo nesta galáxia, eu vou fazer questão de te ajudar.

— Você realmente complica muito as coisas.

— Você também.

— Mas foi você quem disse que um acordo nos ajudaria a deixar as coisas mais fáceis e, sinceramente, acho que é melhor assim.

— Eu sei — sinto o polegar de Jenni se mover sobre o meu — mas vamos incluir algumas exceções? Por exemplo, você pode me pedir um abraço sempre que achar que precisa de um.

Seus lábios se curvam de leve e seu olhar baixa para nossas mãos mais uma vez.

— Tá bom. Combinado.

— Você precisa de outro abraço agora?

Ela volta a me encarar e o pequeno sorriso aumenta um pouco mais.

— Não — ela tira a mão da minha e volta a afastar a cadeira para ficar próxima ao computador principal. — Boa tentativa, mas não. E temos muito o que fazer, não sei nem por onde começar.

— Tem razão.

Jenni me encara mais uma vez antes de voltar a atenção à tela e me pergunto se realmente vamos cumprir esse acordo fajuto. 

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