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44. Gravidade

17h49
25 de janeiro
Gotham City

JENNI REED

As poucas horas de sono que tive, depois que Dick deixou meu apartamento, foram suficientes para que alguns neurônios voltassem a funcionar com o mínimo de senso.

Não iria adiantar de nada ficar parada tentando entender os últimos dias e as informações que vi. E, muito menos, ficar tentando achar uma solução para uma vida que não é minha. É algo que precisarei relembrar a cada segundo, porque o meu coração está tentado dizer o contrário, mas preciso voltar a ter foco no que realmente vim fazer aqui.

Tenho que dar um jeito de salvar a minha missão. Meus pais eram os maiores mentirosos do mundo, mas eles não falhavam quando o assunto era trabalho. Eles não me enviariam até aqui para salvar o nosso universo às custas de outro. Eles não esconderam todo o plano dessa forma para que o resultado fosse esse. Tinha que haver uma saída, uma brecha, algo oculto que planejaram para que tudo funcionasse sem que pessoas mal-intencionadas o corrompesse.

Não estou me forçando a acreditar nisso, eu realmente acredito. Posso estar errada em não duvidar deles, mas até que algo me prove 100% o contrário, continuarei com esse pensamento.

E, também, sei que não conseguirei fazer isso sozinha. Então, por esse motivo, e muitos outros, estou encarando a porta do apartamento de Olívia. Ela pode até ignorar as minhas ligações, mas não vai conseguir se livrar de mim tão fácil. Estou determinada a passar o resto da noite apertando em sua campainha, se for necessário.

Mas não foi.
A porta se abre em menos de 2 minutos após o meu primeiro toque.

— Oi. — Digo, sem forçar nenhum sorriso desnecessário.

Olívia apenas me encara por alguns segundos e dá dois passos para o lado puxando a porta consigo, para que eu entre em seu apartamento.

— O que você quer, Jenni? — Ela questiona assim que fecha a porta atrás de si.

Me permito bisbilhotar a sua sala cheia de papéis e livros científicos por toda parte. Estão por cima do sofá, das poltronas, do móvel da televisão e sobre o tapete ao meio.

— Pedir desculpas — me viro para encará-la. — E ter uma conversa verdadeira, sem nenhuma mentira.

Olívia fecha mais o roupão marrom de veludo que está vestindo. O tipo de vestimenta perfeita para um sábado de frio. Gostaria de estar assim também, mas na minha casa, em meu mundo, sem nenhum problema mortal para me preocupar enquanto maratono alguma série de qualidade duvidosa. Uma coisa simples. Sinto falta da simplicidade.

— Estou ouvindo.

Respiro fundo. Pretendo, ao menos hoje, não falar nenhuma besteira para ninguém.

— Negligenciei a sua confiança e, por isso, eu sinto muito. — Minhas palavras soam firmes, espero que continuem assim. — E a verdade é que preciso da sua ajuda. Não sei onde estava com a cabeça quando pensei que conseguiria enfrentar um psicopata sozinha. Peço desculpas também por todas as coisas que disse naquele dia. Você tinha razão, critiquei tanto os meus pais por mentirem para mim, e acabei fazendo o mesmo com as pessoas que confio. Talvez, no fundo, eu realmente seja igual a eles.

Ela cruza os braços e desvia o olhar para a pilha de papéis atrás de mim no sofá. Sua expressão é a mesma desde que abriu a porta; séria.

— Não, você não é.

Olívia dá alguns passos e passa por mim para seguir até o sofá e sentar-se. Ela folheia um dos livros que está sobre o encosto lateral do sofá e me estende algumas fotos.

— As encontrei nas coisas da minha mãe — ela explica. — São fotos de uma viagem que eles fizeram para a ilha de Oolong. Você já viu algo sobre isso?

Nego com cabeça.
Nas fotos, estão meus pais, Caroline Lynn – a mãe de Olívia – e, ao que parece, outros cientistas em um laboratório. Todos eles estão sorrindo, como se tivessem feito um experimento de sucesso. A foto está datada de quase 3 anos atrás. Pouco antes, mas bem pouco, dos meus pais falecerem. 

— É uma ilha remota que fica no oeste da Ásia, localizada no Mar Amarelo. — Olívia continua. — Essa ilha foi desativada décadas atrás pelas forças governamentais dos Estados Unidos, junto com a Sociedade da Justiça da América, a primeira Liga da Justiça, digamos assim. Alguns cientistas malucos usavam o local para fazer experimentos com cobaias meta-humanos e outras coisas muito piores.

— Então, se foi fechada, o que eles estavam fazendo lá?

A vejo suspirar e passar as mãos em seus cabelos.

— Pelas anotações da minha mãe e, pelo fato de ser um lugar remoto para não colocar outras pessoas em risco, usaram a ilha como teste do código Houdini.

— Como assim? — Franzo o cenho e me sento ao seu lado no sofá.

— Isso quer dizer que, o que Charles te disse sobre o código usar a energia deste universo para blindar o seu, é verdade. O código precisa estar implementado em uma determinada origem e, infelizmente, é aqui.

Balanço a cabeça diversas vezes.

— Isso não faz sentido. — Olho para as fotos novamente. — Por que a sua mãe concordaria com algo assim?

— Eu não sei, Jenni — Olívia encara alguns livros que estão próximos aos seus pés antes de voltar seu olhar para mim. — Algumas coisas não batem. Acho que mal interpretamos algumas informações das instruções. E a primeira evidência disso é de que pensávamos que o código fonte estava apenas escondido aqui, e que você teria que levá-lo de volta para o seu mundo. Mas não, ele está conectado com este universo. Tudo o que Charles te disse é verdade.

Não era o que gostaria de ouvir, mas fazia todo o sentido. O que também não quer dizer que meus pais pensaram em simplesmente destruir tudo para salvar a nós mesmos.

— Você acha que o ponto de conexão esteja nessa ilha?

Ela nega.

— Não faria muito sentido todo o resto estar aqui em Gotham. Vamos ter que olhar para tudo o que trabalhamos até agora com uma perspectiva diferente.

Vamos? No plural? — Ergo uma das sobrancelhas. — Então, quer dizer que estou perdoada? 

Olívia revira os olhos e sua habitual expressão de impaciência toma conta de seu rosto. Acho que estou perdoada, sim.

— Isso não tira o fato de você ser uma mentirosa.

— De tanto que dizem, talvez esse devesse ser meu sobrenome. — Tento um pequeno sorriso fechado no canto da boca.

— Você mentiu até para Charles Rutherford, Jenni. E ele acreditou.

— Ou, talvez, esse seja meu superpoder.

Ela comprime os lábios e balança a cabeça, e com certeza, segurando algum palavrão para me xingar. Voltamos à normalidade. Estou mesmo perdoada.

— Você foi o último pedido da minha mãe. — Olívia desvia o olhar mais uma vez para a pilha de livros à sua frente. — O último pedido que ela me fez antes de morrer em uma cama de hospital foi para te ajudar.

Suas palavras são fortes e carregam um peso que me fazem permanecer calada.

— Na época, não entendi muito bem por que ela queria tanto que eu ajudasse a filha de dois cientistas que nem pertenciam a este lugar. — Ela volta a me encarar. — Mas lembro bem de suas palavras, dizendo que nós seríamos capazes de concluir o que eles começaram.

— Acredito nisso. — Digo, por fim. — Precisamos acreditar nisso.

— E é por esse motivo que sei que você não é igual aos seus pais, Jenni. Me desculpe também pelo que te disse naquela noite. Estava com a cabeça quente.

— Eu mereci. Tudo que está acontecendo agora são consequências das minhas escolhas inconvenientes.

Como o aperto em meu peito que não parou desde 3 noites atrás. Meu irmão sob a mira de uma ameaça, uma missão que pode não dar certo, uma mentira egoísta por querer manter por perto alguém que gosto muito e que não posso ter.

— E essas escolhas envolvem alguém chamado Dick Grayson? — Ela ergue uma das sobrancelhas, como se tivesse lido a minha mente.

Deixo um longo suspiro sair enquanto comprimo os lábios. Queria começar a evitar falar sobre ele, mas acho que será impossível, já que daqui a pouco terei uma reunião com ele e os super-heróis mais famosos deste universo, e também do meu.

Conto à Olívia o desastre dos últimos dias, incluindo a minha vergonha bêbada. Acrescento a bomba adicional sobre o encontro com Lex Luthor e a reunião que terei daqui 1 hora.

— Eu te enviei uma cópia antes de vir para cá — explico sobre os documentos que decodificamos. — É sobre isso que falaremos daqui a pouco. Você poderia vir comigo.

— Ainda não vi e recuso o convite. — Ela responde, defensivamente. — Você sabe exatamente quem da Liga estará lá?

Estreito o olhar com sua pergunta e meu cérebro desbloqueia uma memória. Involuntariamente, um sorriso mais largo surge em meus lábios. 

— Não sei — meus lábios se curvam mais e a vejo me olhar confusa. — Mas já que prometi não esconder mais nada de você, preciso admitir que descobri que você namorava com Kate Kane.

A expressão que surge em seu rosto é uma mescla de surpresa, ódio e alguma outra coisa que não consegui identificar. O que só me fez querer dar risada, mas me contive.

— Quem te disse isso? Aquele fofoqueiro do Dick Grayson?

— Não, ele não sabia.

Olívia revira os olhos.

— E você ficou me julgando por eu estar saindo com um super-herói quando você fazia o mesmo. — A provoco, mesmo sabendo que não deveria.

— Sim, porque sei bem como é — ela aponta o dedo indicador em minha direção, me repreendendo. — Nem tente, porque não falarei sobre isso.

— Mas...

— Nada de "mas", Jenni. — Olívia cruza os braços. — Não vejo a hora de você ir embora.

E a risada que eu estava segurando não se conteve. A primeira e genuína, em dias, porque sei que ela vai sentir tanta falta quanto eu.

19h11
Gotham City – Mansão Wayne

Toco a campainha do palácio, porque esse lugar está longe de ser uma mansão, e já aguardando a reclamação de qualquer pessoa porque estou atrasada.

Me lembro pouco de quando estive aqui pela primeira vez, depois de quando fui atacada após o meu discurso de reabertura da Troffle. Estava dopada de remédios para conter a dor dos vários pontos na minha cintura. Então, a minha lembrança sobre esse castelo de Bruce Wayne estava um pouco turva na minha memória.

— Ufa, ganhei a aposta — diz um Wally sorridente e vibrante ao abrir a porta para mim. — Oi, Jenni.

Sua camisa de mangas longas combinava com o tom de seus cabelos ruivos, e o fazia parecer uma tocha em meio a todo o resto do ambiente fúnebre da casa do Drácula. 

— Que aposta? — Pergunto ao passar por ele, que fecha a grande porta atrás de nós.

— Apostei com Dick de que você viria. Ele jurava que você não ia aparecer. — Wally passa por mim e eu o sigo pela entrada.

— Mas eu só atrasei 10 minutos.

— Ele é um homem ansioso, às vezes.

A mansão é absurdamente enorme. Deve ter uns 3 andares e as escadas duplas da entrada principal, que levam ao primeiro andar, são as clássicas que estamos acostumados a ver em filmes de princesas. Impecáveis.

Sinto um desapontamento repentino porque queria ter conhecido o Alfred. Bem que eu poderia ter vindo para cá alguns anos antes.

Outro desapontamento me atinge quando entramos em um elevador e Wally aperta para 2 andares inferiores.

— Ei, Wally. Me desculpe por ter mentido pra você também. — Digo assim que as portas se fecham. — Sobre quem realmente sou.

— Ah, qual é, Jenni. — Ele apoia o ombro em uma das paredes do elevador e coloca as mãos nos bolsos da calça. — Não tem que me pedir desculpas por nada. Tenho certeza de que você é exatamente a pessoa que conhecemos.

— E como você tem toda essa certeza? Eu poderia estar fingindo.

Wally dá de ombros.

— Porque você veio.

— Mesmo assim. Eu poderia estar tramando um plano maligno agora mesmo entre vocês.

Ele faz uma careta.

— Cruzes. Você realmente passou tempo demais com o Dick.

Tento conter o riso enquanto as portas se abrem, e Wally sai primeiro indicando com a cabeça para que eu o siga. É um ambiente grande e escuro, iluminado por poucas luzes. Poderia ser um sótão, porque há caixas empilhadas e cobertas por alguns cantos.

Ai, meu Deus. Acho que sei para onde estamos indo.

— Espere aí — aperto o passo para ficar ao lado de Wally. Ele é alto, então mesmo andando como um ser humano normal, sem que se saiba que é um velocista, ele anda naturalmente rápido. — Estamos indo para a... Batcaverna?

Andamos por mais alguns metros até que Wally para em frente a uma porta aparentemente comum e, apenas com o seu toque, a maçaneta se abre, revelando a porta de outro elevador. Esse era mais rústico e todo preto.

Ele assente com um sorriso no rosto, se divertindo com a surpresa em meu rosto. Meu queixo deve estar no chão.

— Primeiro as damas. — Wally estende o braço, indicando para que eu entre no elevador.

— Confesso que esperava outra coisa — digo, quando as portas se fecham e começamos a descer novamente.

— Tipo o quê?

— Ah, sei lá. — Dou de ombros. — Alguma passagem secreta atrás de uma estante de livros que, ao mexer em algum deles, a porta se abre e você vai parar na Batcaverna. Ou uma combinação de teclas em um piano antigo na sala do Bruce, revelando uma porta oculta ao tocá-las. Algo assim, tipo nos filmes.

— Filmes? — Ele ergue as sobrancelhas e dá risada.

— Sim — respondo, também sorrindo. — Tem um monte deles no meu mundo. Indicados ao Oscar e tudo.

A risada dele aumenta e a porta do elevador se abre no mesmo instante.

— Não conte isso a ele. — Wally sai e segura a porta para que eu faça o mesmo.

Se meu queixo já estava no chão, agora deve ter ido parar diretamente no núcleo da Terra.

— Caramba... — Deixo escapar o que era para ser apenas um pensamento.

— É incrível mesmo — ele diz enquanto avançamos pelo espaço. — Ao mesmo tempo que isso é coisa de gente doida nível Bruce Wayne.

Parecia que eu estava entrando em uma atração dos parques da Disney, só que muito melhor e muito mais real. É enorme, ridiculamente enorme. É literalmente uma caverna, escura, gélida, o teto rochoso e irregular. O que fazia um contraste gigantesco com toda a tecnologia espalhada pelo ambiente. Desde as grandes telas, computadores e dispositivos aos hologramas de quadros investigativos, simulações de suspeitos, e um ambiente amplo para treinos de luta, completamente equipados.

Mais ao fundo, próximo aos computadores, havia uma mesa grande, onde todos estavam. A superfície era totalmente digital, era possível ver hologramas e imagens saltarem em frente a todos.

Imaginei encontrá-los uniformizados, mas, assim como Wally, estavam todos com roupas casuais. Até mesmo o Sr. Wayne.

Até o meu coração dar um salto perigoso quando os olhos oceânicos de Dick encontram os meus e permanecem fixos, sem piscar um segundo sequer. Ah, merda. Isso vai ser muito difícil.

— Então você é a famosa Jenni — ouço uma voz feminina ao meu lado e tive que fazer um certo esforço para quebrar o contato visual anterior para poder encará-la, e...

— Meu Deus!

Ela aperta a minha mão.

— Não, sou apenas Diana Prince. — A deusa sorri. Para mim.

A Mulher-Maravilha sorriu para mim.

— Eu sei. — É tudo isso que você consegue dizer, Jennifer? Patética.

— É. Sabemos disso também. — Diana pisca.

Em seguida, todos se apresentam, como se estivéssemos em uma reunião de trabalho casual, alguns mais simpáticos que outros, mas no geral, o clima não parecia tenso. Ainda, eu acho.

Alguém disse em um certo momento que todos os convocados não conseguiram comparecer devido a outras missões, mas, eu estava prestes a me sentar em uma mesa para discutir o futuro do universo com, simplesmente, dois Lanternas Verdes, uma Amazona, um Kryptoniano, uma mágica, um arqueiro, um marciano, dois velocistas, uma meta-humana com poderes de ondas sonoras através de seus gritos, e um bilionário que se veste de morcego.

E mesmo assim, entre 11 pessoas, o lugar que ficou livre para que eu me acomodasse foi ao lado da décima segunda, um acrobata detetive e vigilante que, pelas ironias das forças gravitacionais deste universo, acabou atraindo o meu coração todinho para ele.

— Quer dizer que você andou apostando com o Wally sobre mim? — Questiono, assim que me sento ao seu lado.

A expressão de Dick se suaviza brevemente enquanto ele vaga o olhar entre mim e ao redor da mesa, até onde Wally está. As conversas paralelas ainda estavam rondando o ambiente e não sei exatamente quem iria comandar essa reunião.

— Eu não apostei nada. Ele ficou falando sozinho sobre isso. — Seus olhos encontram os meus novamente em uma linha reta.

A linha reta que nós dois sabemos o quanto ela é perigosa, por mais segura que possa parecer. Sempre que isso acontece, parece que nos perdemos em alguma dobra do tempo-espaço e ficamos ali, presos em nossos olhares fixos e atraídos um ao outro.

Não sei exatamente quantos segundos se passaram até ouvirmos a voz de Bruce anunciar o início da reunião, nos trazendo de volta à realidade.

— Vocês todos receberam, mas esse é o plano que, teoricamente, o cientista Charles Rutherford, que pertence ao mesmo universo da Jenni, está construindo junto a outras pessoas para implementá-lo no nosso universo.

Vemos no centro da mesa imagens holográficas dos arquivos que entreguei a Dick.

— Até agora, sabemos sobre o envolvimento de Ra's al Ghul e Lex Luthor — continua Bruce.

— Qual a sua ligação com esse cara mesmo, Jenni? O cientista. — Questiona Hal Jordan, um dos Lanternas Verdes, do meu lado oposto da mesa.

— Ele trabalhou com a minha família, tanto no meu mundo, quanto aqui. — Explico, me endireitando na cadeira e colocando os braços sobre a mesa. — Charles participou do plano original do código que meus pais criaram e que, teoricamente, salvaria o meu mundo. Mas alteraram quando souberam do que ele estava tramando.

Ele assente e Bruce volta a mostrar mais detalhes do plano que Charles entregou para Lex Luthor.

Nos arquivos, haviam descrições sobre a criação de um novo universo, que seria moldado a partir deste em que estamos. E esse feito seria possível graças as energias cósmicas altamente potentes que seriam liberadas do decorrer da destruição do meu universo.

— Então, basicamente, Charles precisa que o seu universo seja destruído para que o plano dele dê certo — intervém Barry, o outro Flash, e tio de Wally. — Assim ele teria potência suficiente para transferir a quantidade de energia, como a de um Big Bang, para o nosso universo e remodelá-lo. E tudo isso porque...

— Os nossos universos estão conectados. — Concluo o raciocínio para ele. — A minha família foi a responsável por construir essa ponte interdimensional. Ela seria ativada quando eu voltasse para casa e implementasse o código-fonte da minha missão.

— Que destruiria o nosso universo para blindar o seu. — Diz Dinah Lance, a Canário Negro.

Assinto.

— Charles necessita desse código que estou buscando para fazer o inverso. — Explico enquanto vejo Bruce avançar com mais imagens até chegar nessa parte do plano. — Ele usaria o código-fonte para sugar a energia do meu universo destruído para este e, assim, o blindaria de todos os outros. E, então, ele destruiria planetas e galáxias com a ajuda de possíveis aliados para criar um novo império singular sob seu comando.

— E tudo isso começaria aqui em Gotham. — Ouço a voz de Dick ao meu lado. — Os códigos que são as chaves para que tudo isso seja possível, estão aqui.

— E em Blüdhaven — o interrompo e vejo suas sobrancelhas franzirem confusas. — Tem 7 códigos escondidos em Blüdhaven.

Charles não sabe da informação que meus pais esconderam 7 códigos na cidade vizinha e, por isso, não registrou esse dado no plano. Esse foi um dos vários desvios de manobra que eles fizeram para enganá-lo.

— Onde esse código seria aplicado? — Pergunta John Stewart, o outro Lanterna Verde. — Acredito que haja um local físico para isso.

— Sim — o respondo levando minhas mãos para debaixo da mesa mais uma vez. — Mas é algo que ainda não sei.

Essa é uma informação que continha tanto nas instruções que meus pais me deixaram, quanto no plano de Charles. São as tais das coordenadas finais que ele está tanto me pedindo. Só que, essa localização só será precisamente encontrada quando todos os códigos estiverem reunidos, pois a sua posição final está codificada nas entrelinhas dos 37 códigos.

Explico tudo isso a eles e todos os parelelos que existem entre o plano da minha família e o plano de Charles. Não imaginava que eu fosse falar tanto nessa reunião, mas todos pareciam estar absorvendo as informações atentamente. Acreditava que seria mais uma ouvinte, mas, na verdade, eles precisavam mesmo que eu estivesse aqui.

— Acredito que as medidas que precisamos tomar, de agora em diante, para evitar que isso se torne algo fora de controle, estão claras. — Diz Clark, por baixo de seus óculos. E me pergunto mentalmente se ele realmente precisa usá-los ou é só para manter a sua versão casual de repórter do Planeta Diário. — Mas o que, exatamente, faremos em relação ao universo de Jenni? Além de impedir que essa catástrofe aconteça, precisamos achar uma maneira de que isso não dê o poder que Charles e seus aliados necessitam para prosseguirem com o plano.

— Eu tenho uma ideia — ouço a voz de Dick novamente. — Wally e eu temos uma ideia.

Sinto uma mão de Dick encontrar a minha por baixo da mesa e a envolvê-la na sua. Os meus dedos, que estavam gelados um segundo atrás, parece que encontraram um verão tropical para se aquecerem com apenas um toque.

Ele me olha brevemente, mas consigo entender tudo, porque nossos olhares já aprenderam a falar a mesma língua há muito tempo. Havia um "te explico melhor depois" atrás de um "confie em mim".

— Acredito que podemos apostar na gravidade. — Ele começa a explicar e solta as nossas mãos lentamente. — A nossa sugestão, é usar o código-fonte para alterar a força gravitacional da fenda interdimensional dos universos, criando assim, uma Dobra Temporal. O código faria essa blindagem, não apenas no universo de Jenni, mas no outro que está sendo gravitacionalmente puxado a ele para serem colididos. Mas, quando concluírem o percurso final, não encontrarão nenhuma massa para se chocarem.

— Só que, para que isso seja possível, — complementa Wally — o código criado pelos pais de Jenni, precisa ser implementado em todos os universos que possuem fendas interdimensionais. Todos. Assim, teríamos energia o suficiente para que o código funcione sem que seja necessário dizimar nenhum mundo. O multiverso ficaria inacessível para sempre.

A mesa fica em silêncio por um minuto inteiro. Depois dois.
Os olhares vagam de Dick para Bruce, de Bruce para mim, de Barry para Hal, de Diana para Zatanna e por aí vai. 

Mas meu coração salta novamente. Ele estava quebrando a cabeça para achar uma solução que salvasse o meu mundo.
Ah, Dick Grayson. Você realmente é bom demais para mim.

— É um assunto complicado. — Barry fala diretamente para Wally. — Precisamos avaliar com calma. Mas é uma possibilidade.

Bruce volta para as páginas iniciais do plano de Charles nas imagens holográficas.

— Vamos começar pelo básico. — Ele diz encarando as imagens, seriamente. — Agiremos com cautela, sem transparecer que sabemos do plano.

Ele passa para a parte dos convocados e, vemos apenas a imagem de Lex Luthor, pelo fato do documento ser originário a ele.

— Dick e eu ficaremos responsáveis por encontrar Charles, Ra's al Ghul e outros possíveis aliados por Gotham e Blüdhaven. — Bruce cruza as mãos à sua frente. — Para todos: encontrem possíveis associados a este plano, seja em outra cidade, país ou até outra galáxia. — Ele olha diretamente para os Lanternas. — Precisamos reunir todas as evidências para saber quão longe esse plano já foi.

Todos assentem ao mesmo tempo.

— Jenni, preciso que você destrua todos os rastros dos códigos já encontrados e dos que ainda vai encontrar. — Bruce diz olhando fixamente para mim. — Além de toda e qualquer informação relevante sobre a sua família e a Troffle, passe-as para mim e para Dick, por favor.

Bruce continua dando instruções para que todos estudem minunciosamente o plano e ajam da maneira mais discreta possível para encontrarem mais evidências.

Após alguns minutos, as conversas paralelas voltam e Bruce anuncia o fim daquele assunto, por enquanto, mas continuariam a reunião sobre outras missões da Liga da Justiça. Ele agradece a minha presença e eu me levanto para sair, até que sinto a mão de Dick em meu braço, antes mesmo que eu pudesse dar mais um passo.

— Espera. Eu te acompanho. — Ele pega o seu celular que estava sobre a mesa, o coloca no bolso e se levanta para sairmos.

Quando passamos próximo de onde Diana estava sentada, ela pega em meu braço e me lança um sorriso fechado, mas que parecia genuíno.

— Vamos salvar o seu mundo também, Jenni. — Ela diz em um tom de voz reconfortante.

— Obrigada por isso — devolvo o sorriso. — Vocês nem me conhecem e estão dispostos a ajudar. A fama altruísta de vocês é realmente válida.

Seu sorriso se alarga e ela desvia o olhar para Dick ao meu lado.

— Esse rapaz confia em você. Então, para nós, isso é o suficiente. — Diana pisca para mim e Dick e volta a atenção para a conversa de seus colegas.

Olho para Dick, em busca de uma explicação maior pela fala de Diana, mas ele apenas dá de ombros e inclina a cabeça para o lado oposto para que eu o siga.

— Gravidade, então... — digo, assim que entramos no primeiro elevador.

— Foi uma ideia maluca que tive e, depois de passar o dia fazendo cálculos com Wally, vimos que é possível. — Ele explica, encarando a porta se fechar à nossa frente. — Por isso, não deu tempo de te falar nada antes, ainda precisamos estudar essa possibilidade com calma.

Assinto lentamente, ainda absorvendo tudo o que falamos na reunião minutos atrás.

— Então, posso adicionar à sua lista de funcionalidades de que você também é um físico? — Pergunto quando saímos do elevador e caminhamos até o próximo.

— Funcionalidades? — Ele ergue uma das sobrancelhas. — Eu realmente sou um brinquedo pra você, né, Jenni?

Seus lábios se curvam levemente.
Canalha, bonito, lindo, idiota.

— Se fosse mesmo, eu poderia comprar você pra mim. — Hein? — Ainda sou uma bilionária, sabe? Poderia te contratar. Para trabalhar pra mim. Isso que eu quis dizer.

Minha Nossa Senhora da Santa Vergonha. Cale a boca, mulher. Imediatamente.

Acho que ele está se divertindo com a minha súbita falta de habilidade nas palavras porque ele está sorrindo. Sorrindo.

Entramos no outro elevador e me concentro fortemente no fio de linha que ameaça sair pela manga do meu casaco. Quando foi exatamente que comecei a ficar absurdamente patética perto deste homem?

— Meu preço é alto. Muito alto. — Ah, vai a merda. Por que ele tem que ser assim? — Não gosto de trabalhar para bilionários. Por isso, saí daqui.

Ele baixa o olhar até o meu, com um sorrisinho de canto. Nem me esforço em disfarçar em como respirei fundo.

— Precisamos falar sobre aquele acordo — digo assim que a porta do elevador se abre. — Aquele que você queria planejar às 3 horas da manhã.

— Precisamos. — É tudo o que ele diz enquanto segura a porta para que eu saia.

O silêncio nos acompanha até a saída e, ainda bem que ele veio comigo, porque eu teria me perdido de onde estacionei o carro. O caminho da mansão até o portão era longo e haviam muitos espaços espaçosos demais.

— O que você vai fazer amanhã? — Dick pergunta, se encostando na porta do meu carro, e colocando as mãos nos bolsos da calça.

— Você ouviu o Bruce, preciso destruir os rastros dos códigos que já encontrei. Esses são os meus planos para um domingo.

— Podemos fazer isso depois. — Podemos? Por que raios ele está usando a palavra no plural? — Queria dar uma olhada no que seus pais deixaram para você e, também, em tudo que já encontraram até agora. Se você não se importar em fazer isso amanhã, claro.

— Pode ser.

Não vou me opor em passar mais tempo com ele, mas a pergunta é: será que deveríamos? Provavelmente não.

— Chego no seu apartamento por volta das 10h, tudo bem? Podemos falar sobre o acordo também.

— Que tipo de acordo é esse mesmo? — Estreito o olhar e cruzo os braços.

Dick desvia o olhar e coça a nuca. Claramente, ele não quer falar sobre isso, mas sinto que se tornará uma obrigação nossa.

— Bom, precisamos trabalhar juntos para impedir essa maluquice mortal dos nossos universos. — Ele volta a me olhar. — Então, acho que alguns limites nos ajudariam, você sabe, com isso aqui.

Ele aponta entre nós.

Suspiro e assinto. Ele tem razão. Somos adultos, conseguimos lidar com uma paixão que, certamente, não tem futuro algum, certo?

— Certo. — Concordo, e aproveito para verbalizar a resposta do meu próprio pensamento.

— Não é o que eu queria — Dick desencosta da porta do meu carro e dá um passo em minha direção. — Mas é o que precisamos fazer.

— Eu também não queria. — Se ele está se aproximando, quem sou eu para me opor? Dou um passo à frente também.

— Precisamos achar um jeito de sair da órbita um do outro, Jenni.

Centímetros nos separam, mas nosso olhar já está grudado um no outro mais uma vez.

— Você já está falando como um físico mesmo.

— Talvez, em algum universo, eu seja um. — Ele dá de ombros.

— E espero que seja trabalhando para mim.

— Mas você é uma musicista de outro universo.

— Talvez, em algum universo, eu não seja.

Dick abre a boca para dizer mais alguma coisa, mas a fecha. Seu olhar desce dos meus olhos até os lábios e, como se ele tivesse levado um choque, vira a cabeça para a porta do meu carro e a abre para que eu entre.

— Boa noite, Jenni.

Olho para o céu, que está coberto por nuvens, mas xingo mentalmente este universo, e o meu também, por não serem um só.

— Boa noite, Dick.

Passo por ele e fecho a porta, que continua me olhando de onde está.
E mesmo depois de dar a ré, fazer a manobra, e seguir pelo caminho até o portão de saída, vejo pelo retrovisor que ele ainda está lá.

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