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09. Dinamite Caseira

17h48
25 de outubro
Blüdhaven

JENNI REED

Comprei um carro ontem. Preto, simples e que me ajudasse com o básico, que seria transitar pela cidade e as redondezas.

Olívia me disse que em dias bons, o trajeto de Gotham à Blüdhaven leva em torno de 30 minutos. Mas se acontecesse qualquer coisa na estrada que liga as duas cidades, esse tempo poderia aumentar para pouco mais de 1 hora.

Sortuda que sou, tinha um acidente entre 4 carros na ponte de entrada. Apenas uma via estava circulando, tanto sentido de chegada, quanto de saída.

Tecnicamente, eu já estava em Blüdhaven há 20 minutos, mas talvez demorasse o dobro para conseguir entrar na cidade, de fato.

No dia seguinte da explosão da NanoFuture, chamei Olívia para conversar e contei a ela o meu plano maluco de comprar a Troffle. Obviamente, ela reagiu como se eu tivesse perdido a noção do que eu deveria fazer aqui.

"Você está se escutando Jenni? Isso é loucura." "Por que alguém compraria uma empresa falida?" "É muito arriscado, o seu irmão não aprovaria."

Mas no fundo, ela sabia que fazia sentido.

Encontramos aqueles documentos ocultos sobre a empresa no dispositivo dos vídeos que meus pais deixaram para mim. Além do arquivo completamente codificado que ainda não temos certeza do que se trata. Olívia finalmente conseguiu avançar com isso e descobriu ser um mapa do subsolo da Troffle. E por que meus pais codificaram essa informação? O que tem no subsolo daquela empresa?

A melhor maneira de descobrir é estando nela. Ou melhor, ser a dona dela.

Depois de muita insistência da minha parte, Olívia concordou em chamar um advogado para nos ajudar com a aquisição.

Eu pedi a ela para que trabalhasse comigo e deixasse os Laboratórios S.T.A.R. e, que se quisesse, poderia ficar com toda a minha fortuna bilionária. Desde que me ajudasse na busca dos códigos Houdini para que eu pudesse voltar para o meu mundo e salvá-lo.

Sei que ela não se importa com o dinheiro e aceitou para honrar o último pedido que sua mãe a fez antes de morrer. Descobri que Caroline Lynn considerava os meus pais como irmãos e dedicou boa parte de sua vida os ajudando em suas pesquisas para proteger o nosso mundo.

Quando eles morreram, Caroline ficou muito abalada. Mas ainda assim, ajudou a criar um registro falso da morte deles nessa realidade, para que o desaparecimento repentino não levantasse suspeitas com quem eles possam ter tido contato por aqui.

Maia e Jonathan Reed haviam morrido em um acidente de carro em uma pequena cidade na Irlanda. Eu estava documentada como a única filha deles. Bruno não possuía registro nesse universo.

E eu ainda tinha as minhas dúvidas se Olívia realmente me ajudaria, assim como sua mãe ajudou os meus pais. Ela não tinha nenhuma obrigação de entrar nessa missão maluca. Mas ela ainda é a única pessoa que eu conheço aqui, então não me resta muita opção se devo ou não confiar em sua palavra.

— Sai do meio, caralho! — Ouvi alguém gritar na estrada em meio a dezenas de buzinas.

O homem que esbravejava todos os palavrões que ele conhecia, já havia saído de seu carro e ido tirar satisfação com outros dois motoristas que aguardavam passagem na ponte.

Depois do que pareceu uma eternidade, mas foram apenas 15 minutos, finalmente chegou a minha vez de cruzar aquela via e seguir para o centro de Blüdhaven.

Eu estava acompanhando uma rota no GPS que indicava a localização do primeiro dispositivo de rastreio dos códigos Houdini, aquele que eu achava ter sido destruído na explosão.

De alguma maneira misteriosa – para variar – ele veio parar aqui. Ou melhor alguém o trouxe para cá. Quem e por que, essas seriam perguntas para a Jenni do futuro responder, porque até agora, é só isso que eu tenho conseguido: perguntas e mais perguntas.

Os pulsos da localização apareciam fracos no mapa digital, então ao contrário do processo que fiz com a NanoFuture, decidi vir até aqui e tentar rastreá-lo de forma manual, como se fosse um termômetro.

Aparentemente está funcionando, pois à medida que mais me aproximo do centro da cidade, a emissão do pulso vai se intensificando.

Blüdhaven aparentava ser uma cidade menor que Gotham, mas parecia ser tão desenvolvida quanto. A região principal era moderna e composta por algumas universidades. E assim como todo centro urbano, também possuía suas desigualdades evidentes.

Eu estava passando por um bairro mais modesto quando a intensidade do pulso aumentou de forma significativa. Reduzi a velocidade na tentativa de conseguir uma localização mais precisa.

Viro à direita em uma rua mais ampla e um lugar me chama a atenção, poucos metros a minha frente. Era a Haven – Fundação Alfred Pennyworth. O espaço que Dick Grayson abriu para acolher os jovens que mais precisavam nessa cidade.

O local era espaçoso e possuía um imóvel extenso ao fundo. A entrada era como a de um parque arborizado. Tudo era bonito e aparentava ser muito bem cuidado.

Volto a atenção para a tela do meu celular e o pulso de localização do dispositivo aparece com a mesma intensidade de quando encontrei a NanoFuture.

Por que raios isso estaria aqui? Será que ele o encontrou naquele dia que resgatamos aquelas pessoas? Mas como ele saberia sobre o dispositivo?

Estaciono o carro em uma vaga próxima e sigo para a entrada de Haven. Pretendo achar, pelo menos, uma resposta para as dezenas de perguntas que estavam na minha mente.

Dentro do imóvel, havia uma recepção, mas não tinha ninguém.

Ótimo. Vim até aqui sem saber o que fazer e sem um plano. O que eu iria falar se alguém aparecesse?

Bom, o que posso fazer é pedir para conhecer o espaço, usar como uma justificativa para investigar o local e voltar depois mais preparada para pegar o dispositivo. É isso, tudo certo.

Na parede ao meu lado esquerdo, possuía um cartaz que dizia "VENHA FAZER PARTE DA NOSSA EQUIPE. VAGAS ABERTAS PARA VOLUNTÁRIOS"

— Olá. Em que posso ajudá-la? — Levei um susto com a voz feminina que surgiu atrás de mim.

A garota que me questionou, se dirigiu para a parte de trás do balcão abrindo algumas gavetas. Ela tinha cabelos castanhos cacheados com mechas vermelhas que estavam presos em um coque. Sua pele negra brilhava sob os feixes da luz de mesa do balcão. No bolso frontal de seu macacão jeans, possuía uma estampa com a frase "BLÜD IS HAVEN".

— Eu... quero saber mais sobre como posso ser voluntária aqui. — O que? Meu Deus, Jenni. Essa foi a melhor desculpa que conseguiu pensar?

— Claro! Você pode escanear esse QR Code com a câmera do seu celular e preencher as suas informações. Temos diversas áreas disponíveis. — Ela responde me entregando um folheto.

A garota sorri para mim e vejo duas covinhas se formarem em seu rosto, uma em cada bochecha. Ela era muito bonita.

— Posso te mostrar o lugar também, você poderia aguardar um pouquinho? — Perguntou a garota apontando para o sofá da recepção para que eu me sentasse. — Estou procurando um material para a nossa próxima atividade. Já te atendo.

Ela volta a vasculhar as gavetas, tirando tudo o que tinha dentro delas e colocando sobre o balcão.

Abro o link da inscrição de voluntários e começo a preencher os meus dados. O que eu estava fazendo? Infelizmente, eu não teria tempo para me dedicar a esse lugar, por mais que eu quisesse. E com certeza, eu adoraria.

Li rapidamente o folheto e tinham atividades que iam desde dança até robótica.

Até que meus olhos pararam na parte de música. Me ganharam ali. Acho que eu poderia dar um jeito. Espero que isso não aumente a vontade da Olívia em me matar.

— Desculpe o atraso, Nina. O Kyle já chegou? — Ouço uma voz masculina e volto o olhar para o balcão onde Nina estava. Deduzi que o rapaz entrou no cômodo pelo corredor ao lado.

Ele estava de costas para mim. Usava um conjunto de moletom azul escuro e tinha cabelos pretos.

— Ele te ligou e deixou uma mensagem, você não viu? — A garota não o olhava, ainda na busca do material perdido. — É claro que você não viu. Ele não vai conseguir vir hoje, teve que acompanhar a mãe no hospital.

Ele leva as mãos para seus bolsos laterais procurando o celular, até que o encontra. O vejo me olhar de relance, até que se vira completamente para mim. E então, eu facilmente o reconheço pelas fotos que vi na matéria no dia em que cheguei em Gotham.

Óbvio. É o Dick Grayson.

Achei que não fosse possível, mas ele consegue ser mais bonito ainda pessoalmente.

Algumas mechas de seu cabelo caíam perfeitamente nas laterais do rosto, na altura de seus olhos azuis que me encaravam com simpatia.

Ele cruza os braços à sua frente, ressaltando os músculos por debaixo do moletom. E por que raios eu reparei nisso?

— E você, quem é? — Pergunta ele, como se tivesse lido meus pensamentos.

— É a nossa nova voluntária — A garota Nina o responde por mim — Ai, meu Deus! Me desculpa. Nem perguntei o seu nome e nem me apresentei.

— Não se preocupe. — Respondo me levantando do sofá e indo em direção a eles. — Meu nome é Jennifer Reed, mas podem me chamar só de Jenni.

— Nina Zhoe. — Diz em seguida e me estendendo a mão para um cumprimento.

Depois de breves segundos de silêncio, a garota da um cutucão no amigo que, agora, me olhava com uma expressão indecifrável.

— Dick Grayson. — Ele se apresenta, por fim, e também me estendendo a mão.

— Então você é o fundador... — Revelo, como se eu já não soubesse dessa informação.

— Em carne e osso. — Responde ainda inexpressivo. — Você vai se voluntariar para qual atividade?

— Ainda estou preenchendo as minhas informações — Levanto a tela do celular mostrando o formulário — mas vi que vocês têm uma área musical. Eu sou formada em música.

— Olha só! Acho que temos a solução para o nosso problema de hoje. — Nina diz me encarando com uma certa empolgação.

Dick olha para a garota confuso sem entender do que ela estava falando e eu faço o mesmo.

— Se você atendesse as ligações do Kyle ou simplesmente ouvisse a mensagem que ele te deixou, você não estaria com esse ponto de interrogação na testa.

— Foi mal, hoje tive um dia corrido em Gotham. — Comenta Dick voltando a atenção para seu celular. Ele o desbloqueia e começa a digitar algo. — Vou ligar para ele mais tarde. E ele não deixou nenhuma instrução para o ensaio de hoje?

— Só disse que tinha deixado um pen drive com as músicas gravadas dos ensaios anteriores — Nina finalmente começa a guardar os itens que estavam no balcão em suas respectivas gavetas — mas eu não estou achando em lugar algum. Já procurei na sala de música e também não está aqui na recepção.

— Certo. — Dick guarda o celular no bolso de sua calça e levanta o olhar para mim. Ele parecia ser uns 10 centímetros mais alto que eu. — Você mora aqui em Blüdhaven?

— Não. — Respondo já tentando fazer meu cérebro trabalhar em alguma história convincente do que o real motivo de eu estar ali. — Acabei de me mudar para Gotham. Estava conhecendo as redondezas até parar aqui.

Não era totalmente uma mentira. Acho que consigo fazer isso.

Os dois me olharam com um certo julgamento. Será que sou uma mentirosa tão ruim assim?

— Quem em sã consciência se muda para Gotham? — Questiona Nina.

— É uma longa história. Então, vocês precisam de ajuda... — Digo tentando fugir do assunto.

Dick e Nina se entreolham e ele solta um suspiro comprimindo os lábios.

— Olha, geralmente a gente marca uma entrevista com os possíveis voluntários para saber mais sobre vocês antes de começarem. — Ele começa a explicar. — Sabe... por questões de segurança das pessoas que vivem aqui. Preciso me assegurar de que não teremos nenhum serial killer entre nós, esse tipo de coisa.

— Dick! — Nina o repreende com outro cutucão em seu braço e olha para mim. — Normalmente, sou eu quem faço as entrevistas, pode ficar tranquila.

— Prometo que não sou uma louca. Podem me revistar se quiserem. — Digo levantando os braços.

Dick me analisa com o olhar de cima a abaixo e vejo Nina revirar os olhos.

— Não é pra tanto. — Ela sai de trás do balcão e começa a andar em direção ao corredor que está do nosso lado oposto — Mas acho que hoje o Dick pode conduzir isso, eu preciso ir embora daqui a pouco. Temos mais de 30 adolescentes esperando no ginásio, seja rápido.

Quando a garota finalmente desaparece do nosso campo de vista, Dick volta a olhar para mim. Ele coloca as mãos nos bolsos de sua calça e estreita o olhar.

— Quando você se mudou para Gotham?

— Hum... há umas 2 semanas e meia. — Me questiono mentalmente se seria um problema eu morar em Gotham e querer ajudar aqui. — Por quê?

— Só curiosidade. Mas o que exatamente chamou a sua atenção para se mudar para lá?

Faço um esforço mental para espremer mais uma mentira. E por que raios a minha mudança para Gotham tem a ver com isso?

— Como eu disse, é uma longa história. Mas de forma reduzida, eu tenho alguns assuntos de família para resolver aqui. E a minha vida em Los Angeles, onde eu morava, não estava indo muito bem. Então uni o útil ao agradável. Quero começar uma nova vida, do zero.

Eu jamais acreditaria nisso. E, com certeza, ele também não deve ter acreditado.

— E o que você faz da vida? — Dick ainda me olhava com desconfiança e eu o entendia. Ele é o guardião desse lugar e, também, dessa cidade. Qualquer um pode ser suspeito.

— Sou produtora musical. Era. Agora, eu sou apenas uma desempregada mesmo.

Ele assente e passa uma das mãos nas mechas de seu cabelo que caíam sobre os olhos, as tirando dali.

Eu devo estar carente, porque mais uma vez, penso em como ele é bonito. Em outras circunstâncias, e em meu mundo, eu facilmente flertaria com ele. O que é uma coisa estranha de se pensar, porque, com certeza, ele não deve ser solteiro. Não que eu me importasse, eu nem o conheço. Meu Deus! Eu realmente estou carente.

— Bom, você tem planos hoje a noite? — Essa pergunta não ajudou muito a dissipar meu pensamento anterior.

— Não. Se quiser, eu posso mesmo ajudar. Não sei exatamente do que precisam, mas aprendo fácil também. — Digo lhe dando um sorriso para quebrar aquele clima tenso de interrogação.

— Posso mesmo confiar em você, pelo menos por hoje? — Ele devolve o sorriso, mesmo que contido no canto da boca.

— Te garanto que sim.

Dick começa a andar em direção ao corredor que Nina saiu poucos minutos atrás e faz um gesto com a cabeça para que eu o acompanhe.

— Daqui 2 meses, vamos completar um ano da abertura desse espaço. — Ele começa a explicar enquanto caminhamos. — Vamos fazer uma grande festa e, também, será a oportunidade para os jovens que vivem aqui ou que usam esse lugar como um centro educativo, mostrarem os projetos que trabalharam durante o ano.

— Que demais. Eu estava lendo algo sobre isso no folheto que a Nina me entregou.

— Eu estou ajudando algumas equipes. — Continua Dick abrindo a porta de uma sala, a qual deduzi ser a de música, pois haviam instrumentos, caixas de som e alguns microfones. — Mas o meu forte mesmo é a acrobacia.

Franzo a testa sem entender muito bem o que isso tinha a ver com a sala de música. Dick logo percebe e continua a explicar.

— Kyle, o responsável pela equipe musical, está montando junto comigo uma apresentação de orquestra com acrobacia. As músicas serão tocadas ao vivo pelos alunos, enquanto outros, estarão apresentando várias performances ginastas.

Dick me entrega um caderno de partitura e uma batuta. Folheio rapidamente o conteúdo e reconheço as músicas.

— Você sabe ler isso, certo? — Ele aponta para o caderno — E usar essa varinha do Harry Potter também, né?

Solto um riso pelo nariz. Então conhecem Harry Potter nesse mundo também. Bom saber.

— Sim, eu sei. — Respondo ainda folheando o caderno — Ótimas escolhas de músicas, aliás.

— Não temos um número grande de pessoas para uma orquestra de verdade — Dick explica apagando a luz da sala e nos conduzindo em direção ao ginásio — mas a maioria dos jovens que vão participar dessa apresentação, são da turma do Kyle. Acho que eles se saíram bem mesmo assim.

— Então, você quer que eu os conduza no ensaio de hoje.

— Isso. Eu estarei ocupado voando de lá para cá. — Ele aponta para os trapézios montados no teto do ginásio. — Eu sou um acrobata profissional, se essa é a preocupação do seu rosto.

Não tinha como esconder a minha apreensão. Além da altura dos trapézios, aros e sedas aéreas, a distância entre eles também era grande. Mesmo tendo uma cama elástica gigantesca no chão.

Na parte ao fundo do ginásio, vi alguns jovens com instrumentos aos seus redores. Havia pelo menos 20 cadeiras enfileiradas com apoios para a leitura das partituras na sua frente.

— Aquela turma é a sua. — Dick indica o grupo de adolescentes que eu estava observando. — E aquela ali, é a minha.

Tinham uns 15 jovens na equipe ginasta do Dick. Alguns estavam se alongando e outros se aquecendo.

— E aí, pessoal! — Dick aumenta o tom de voz para que todos o escutem assim que entramos totalmente no ginásio. — Desculpe o atraso. Tivemos alguns probleminhas técnicos e o Kyle não poderá vir hoje. Mas temos uma substituta. Essa é a Jenni.

Todos voltam a atenção para mim e me sinto um pouco desconcertada. Aqueles jovens estavam ensaiando algo no qual eles devem ser muito orgulhosos e anseiam em mostrar o resultado para toda a comunidade. Eu tinha ido à Haven com outro objetivo, não esse.

Me sinto mal, porque eu realmente gostaria de contribuir com toda a minha alma nesse lugar. O pouco que conheci foi o suficiente para entender o significado dos heróis nesse mundo. E eles conseguem ser ainda melhores sem suas máscaras.

— Sejam bonzinhos com ela. — Dick diz ao me apresentar para o grupo musical. — Essa é a Lexy, acho que ela consegue te dar um contexto melhor sobre as músicas. Mas basicamente, a apresentação será dividida em 3 atos. Está indicado no caderno também.

Assinto e o vejo ir em direção ao grupo dos jovens ginastas.

Lexy, a garota que Dick indicou para me ajudar, me encarava com um olhar questionador, como se estivesse se perguntando a si mesma se deveria ou não confiar em mim. Eu também questionaria.

Ela tem cabelos curtos, em um corte chanel, e tingidos em um tom rosa pink.

Sua pele pálida destacava ainda mais a cor de suas mechas.

— Você conseguiu dar uma olhada nas músicas? — A garota questiona apontando para o caderno de partituras em minhas mãos.

— Folheei rapidamente, mas conheço todas. São ótimas.

— Então vai ser mais fácil do que imaginei. Precisamos só que você seja nossa regente. — Lexy fez um sinal de aspas quando disse a palavra "só". — Já estamos bem afiados nos 3 atos.

Confirmo com a cabeça e vejo todos se posicionarem em seus devidos lugares. A pequena orquestra era formada pelas 5 classes essenciais, mas de forma reduzida. Nas cordas, tinham violino e violoncelo. Nas madeiras, flautas e clarinetes. Os metais, trompetes e um trombone. A percussão era formada por caixas, bombos e pratos. E por último, em instrumento de teclas, havia uma pessoa no piano.

Na minha adolescência, eu já havia me apresentado em uma orquestra sinfônica profissional com centenas de integrantes e também já tinha feito parte de um grupo menor. O meu instrumento favorito sempre foi o violino, mas também o mais desafiador. Para mim, acertar as notas de forma precisa, era o mais difícil. Parece pouco intimidador pelo tamanho, mas o nível de concentração necessita ser o maior de todos.

O instrumento de Lexy era um violino. E pela forma em que ela o segurava, consigo perceber a sua segurança em tocá-lo.

— Tudo certo aí? — Dick aparece atrás de mim, e agora com uma camiseta que tinha a mesma estampa do macacão de Nina "BLÜD IS HAVEN". Ele também estava descalço, assim como os outros ginastas.

— Acredito que sim... — Respondo olhando para o grupo de jovens músicos a minha frente em busca de uma aprovação.

Lexy levanta o polegar da mão direita, indicando que estavam prontos.

— Ótimo. Vamos no seu comando, então. — Dick faz um gesto com a mão chamando um de seus ginastas que estava com um monitor em uma mesa de rodinhas vindo em nossa direção. — A gente segue o ritmo da música, então não precisa se preocupar com a nossa sincronia. Mas geralmente deixamos esse monitor aqui caso queira ver os movimentos, já que estará de costas para nós. E essas aulas são gravadas também, espero que não se importe.

— Nem um pouco. — Respondo lhe dando um sorriso fechado para que ele não se preocupe com isso.

Os jovens musicistas conseguiam ver a estrutura dos ginastas, mas eu precisaria estar de frente para eles para conduzi-los. Não que tivéssemos tempo para admirar as manobras de acrobacia, mas entendi o que Dick quis dizer.

— Então vamos começar. — Digo me posicionando e colocando o caderno de partituras no apoio.

Olho para os jovens a minha frente e todos me encaram atentamente aguardando o meu comando.

Quando o faço, ouço os instrumentos de percussão ecoarem pelo espaço, introduzindo a primeira parte da música.

As notas do violino de Lexy vem em seguida dando o tom dramático perfeito da composição. Abro um pequeno sorriso fechado enquanto faço os movimentos com a batuta em minha mão. Ela tinha atingido as notas sem nenhum erro. A garota era talentosa.

Os demais instrumentos vão ganhando força até atingirem o clímax da música, que é finalizado pelo toque suave da flauta de um garoto.

Fim do primeiro ato.

Nas duas partes seguintes, o grupo também executou as músicas perfeitamente. Kyle, o líder dessa turma, com certeza tinha feito um ótimo trabalho. Eles eram muito sincronizados e, mesmo que de forma reduzida, conseguiam transmitir o sentimento das músicas.

— É isso aí, ficou ótimo! — Dick afirma empolgado para todos. — Vamos mais uma vez?

E recomeçamos todo o ensaio.

Cada ato possuía cerca de 5 minutos, então o tempo total dava um pouco mais de 15 minutos.

Dessa vez, consegui olhar de relance algumas manobras dos ginastas e fiquei impressionada com os poucos movimentos que vi. Mas o que mais me chamou atenção e, vi que de alguns jovens do grupo de música também, foi quando Dick voou de um lado para outro nos trapézios, dando giros no ar.

Está explicado por que ele era conhecido como menino prodígio.

— Nada mal. — Ouço a voz de Dick, que está encostado na porta, enquanto guardo o último instrumento na sala de música

— Fui aprovada? Ou você ainda acha que sou uma serial killer? — O provoco dando um sorriso.

— Uma serial killer, com certeza. — Ele sorri de volta, porém bem mais descontraído que anteriormente. — Sobre o interrogatório de antes, eu ainda não terminei.

— Tudo bem. O que você quer saber? Pode me perguntar o que quiser, sou praticamente um livro aberto. — Que mentira. Eu definitivamente não era. Nunca fui boa em ser transparente o bastante com as pessoas.

Fui salva de mais questionamentos pelo celular de Dick que tocava.

— Só um minuto. Não fuja. — Ele diz ao pegar o celular e começa a andar pelo corredor. — Fala, Wally...

Não o escuto mais e também não tento. Aproveito a saída dele para ver no aplicativo de rastreio onde poderia estar o dispositivo. Afinal, eu vim aqui para isso, em primeiro lugar.

Assim que a localização aparece na tela, vejo a opção de busca por luz. Esse recurso só é ativado caso o dispositivo esteja em um raio menor que 100 metros. Então, deveria estar nessa sala. Mas por quê?

Desligo as luzes e clico no rastreio por emissão de luz. Após breves segundos, vejo uma luz verde piscar atrás do armário de livros que tinha na sala. Ele estava em uma brecha que havia entre duas prateleiras.

Acendo as luzes da sala novamente, pego o dispositivo e vejo que há um botão para desligá-lo. Assim que o faço, aparece uma mensagem na pequena tela do objeto que dizia "DIGITE A SENHA".

Reviro os olhos imediatamente. Sério mesmo?

Clico na mensagem e aparecem 3 objetos e uma frase abaixo indicando que eu tinha apenas 2 tentativas.

A primeira imagem era um círculo, a segunda era um desenho de uma dinamite e o terceiro era uma estrela.

Lembro do conselho que Olivia me deu no dia em que nos conhecemos, para questionar o senso de objetividade dos meus pais. Nunca era o que parecia ser.

Clico no símbolo da dinamite, pois não fazia o menor sentido com os outros dois, e o objeto apaga instantaneamente. Ele era pequeno e cabia na palma da minha mão. Vejo no meu celular que o dispositivo não aparece mais no mapa de rastreios.

— Parece que hoje é seu dia de sorte, Jenni. — Ouço Dick de volta a sala assim que guardo o dispositivo no bolso da minha jaqueta. — Você se livrou das minhas perguntas, por enquanto. Preciso sair para resolver algumas urgências.

— Que pena. — Respondo em um leve tom sarcástico mais para aliviar o susto que levei com a primeira frase dele. — Semana que vem, então? Mesmo horário?

Ele assente e caminhamos juntos em direção a saída.

— E seja bem-vinda. — Dick diz enquanto sobe em sua moto, que estava estacionada bem na entrada. — Toda ajuda aqui é valiosa, saiba disso.

Concordo com a cabeça e lhe dou um sorriso fechado. Ele fecha o visor do capacete e saí pela rua ampla à frente.

Fico parada ainda olhando a rua e me questionando se ele sabe sobre o dispositivo e por isso me deixou ajudá-lo com facilidade, pois sabia que eu viria buscá-lo.

Mas não faz muito sentido. O que ele saberia sobre o código Houdini? E o que isso afeta as pessoas desse mundo?

Dick me perguntou quando cheguei aqui se ele poderia confiar em mim. Mas será que eu poderia confiar nele?

Se ele não foi o responsável em trazer o dispositivo para cá, alguém em Haven foi e isso me preocupa. Certamente, foi bom vir aqui hoje e ainda mais me envolver com esse lugar. Só que para variar, ganhei mais um enigma para resolver.


BLOQUINHO DE NOTAS DA AUTORA

Genteee, finalmente o encontro oficial aconteceu hahahahah. Agora as coisas vão começar a ganhar forma e as histórias deles vão se cruzar.

Esse foi o último capítulo do ano. É o mais longo até agora, mas foi por uma boa causa hehe <3

Então já desejo aqui um lindo fim de ano pra vocês e que 2024 seja gentil com todos nós.
Fiquem bem e, mais uma vez, obrigada por acompanharem. 💙

O próximo capítulo sai dia 04/01.
Até ano que vem!

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