9 - A FARSA
Algum tempo depois.
─ Traga as crianças do vilarejo. ─ Klaus ordena a um soldado, que imediatamente vai busca-las. Ele e os outros estão ajeitando a pintura da pele, para ficarem com o aspecto bem branco como os vampiros.
─ Senhor, deu muito trabalho organizar isso tudo, ainda mais devido ao fato do Zalon ter aparecido aqui. Nós tivemos que retirar todos os corpos dos soldados mortos por ele! ─ diz um soldado aparentemente muito cansado.
─ O importante é que conseguimos fazer tudo conforme o combinado, Darv ficará feliz e Asfar também e isso é muito bom para nós. ─ Klaus coloca uma replica de presas de vampiro falsas e alguns soldados fazem o mesmo.
─ Tem razão, melhor vê-los felizes do que mau humorados. ─ diz um outro soldado tentando falar direito com as presas.
─ Elas estão chegando senhor. ─ um soldado avisa.
─ Todo mundo conforme o combinado. ─ Klaus fala e os soldados correm e fingem que estão sugando o sangue dos corpos dos moradores do vilarejo.
As crianças ao chegarem no local ficam desesperadas de medo, algumas choram muito por ver seus pais mortos servindo de alimento para os vampiros.
─ Olhem bem crianças, desejem nunca enfrentar os vampiros um dia na vida de vocês. Por sorte, nós temos um pacto de honra que não permite que matemos crianças indefesas, se não vocês seriam mortos também! ─ o soldado fala com um tom ameaçador para por mais medo ainda nas crianças e isso funciona muito bem.
─ Ahhh estou satisfeito! ─ Klaus levanta-se com as presas cheias de sangue escorrendo pelo seu queixo, e os outros soldados fazem o mesmo. ─ Crianças, digam que os vampiros vão tomar todos os cinco reinos de Derôn. Nós seremos os donos do mundo!
─ Por favor não nos mate! ─ um menino de aproximadamente uns três anos, bem loirinho, com o nariz escorrendo catarro e os pés descalços. Seus olhos estão cheios de lagrimas.
─ Nós não matamos crianças, somos vampiros. Agora eu vou deixar vocês irem, corram sem olhar para trás até o próximo vilarejo, e avisem aos humanos que os vampiros estão chegando,vamos matar todos, só pouparemos as crianças! CORRAAAAAM ANTES QUE EU MUDE DE IDEIA! ─ Klaus, representa muito bem e as crianças correm com suas faces tomadas de medo e de tristeza pela perda de seus pais. Elas correm literalmente sem olhar para trás, enquanto os soldados morrem de rir.
─ Zalon, eles planejam causar uma guerra entre os humanos e os vampiros! ─ Ayla, escondida na mata, ele acaba de chegar e se posiciona ao seu lado. ─ Isto é um vestido! ─ ela não se contem e ri dele, tampando a boca com as suas mãos.
─ Foi a única coisa que eu arrumei que coube no meu corpo!
─ Depois eu consigo uma roupa para você.
─ O próximo vilarejo fica muito longe daqui? ─ pergunta ele.
─ Não, o vilarejo de Abrax fica à umas duas horas andando.
─ Acho que as crianças conseguem chegar a salvo. Eu preciso seguir para o meu reino, descobrir o que está acontecendo. ─ seu semblante muda, ele está preocupado.
─ Veja, eles estão se preparando para partir. Me ajude ao menos a resgatar minhas irmãs, você me deve isso. ─ Ayla fala com firmeza olhando bem nos olhos dele.
─ Senhor, porque está com essa cara?! ─ um soldado pergunta enquanto passa um pano úmido no rosto, retirando o resto da tinta branca.
─ Eu nunca pensei em fazer algo desse tipo em toda a minha vida! Isso me lembrou o ataque dos vampiros sobre a nossa alcateia, eu era só uma criança catarrenta como aquele pequeno descalço, e vi aqueles sanguessugas chupando todo o sangue dos lobos que encontravam pela frente... Eu me tornei em algo pior do que eles, por que naquela época estávamos em guerra! E agora soldado? O que nos motivou a fazer isso?!
─ Se não cumpríssemos a ordem senhor, seriamos mortos, Darv foi claro e muito claro sobre isso. A culpa cairá sobre os vampiros, haverá uma grande guerra que provavelmente decidirá quem vai ser o senhor deste mundo. ─ o jovem soldado responde.
─ É exatamente isso que eu estou dizendo, fizemos isso para causar uma guerra, enquanto o massacre deles naquela época terminou com uma! ─ Klaus termina de se limpar, e fica aguardando o resto de sua tropa terminar para partir.
─ É verdade senhor, mas eles destruíram todo o nosso reino, violentaram nossas mulheres, subjugaram o nosso povo e após o massacre nos humilharam! Mijaram e cagaram nos nosso templos, desenharam nas paredes, ainda nos ameaçaram e colheram durante muitos anos impostos, que eles diziam serem o preço por nós termos buscado aquela guerra! ─ um outro soldado, se exalta ao lembrar das coisas que escutou sobre a grande guerra contra os vampiros.
─ Sim, mas realmente como agora, nós buscamos aquela guerra. Devemos ao pai de Zalon o fato de não pagarmos mais impostos a eles, pois ele foi o único lobisomem que os venceu em uma batalha, em toda a nossa historia! Claro, graças a maldição do lobo mau que ele tinha.
─ Todos acabaram? ─ pergunta um soldado mais velho, colhendo os panos e jogando em uma bolsa de couro em seu cavalo. ─ Para a montaria, agora.
As tropas de lobos partem, deixando para trás uma cena deplorável de muitos corpos espalhados pelo chão. Pouquíssimas pessoas salvaram-se do massacre, mas nenhuma delas ficou na cidade para testemunhar os fatos, elas fugiram sorrateiramente na hora da invasão, e com elas ficou a certeza de que foram os vampiros os invasores.
─ Eva e Agatha, vocês estão bem? ─ Ayla chama as duas no poço.
─ Estamos irmã, eles já foram embora? ─ Agatha com a sua irmãzinha no colo.
─ Tira a gente daqui Ayla. ─ Eva.
─ Este é um esconderijo perfeito! ─ diz Zalon, ao tentar farejar as duas lá embaixo.
─ E as roupas, ficaram boas? ─ ela pergunta enquanto desce o balde.
─ Um pouquinho só apertadas... ─ ele faz uma cara de bunda ao gesticular com as mãos, nesse momento dá para ver que os botões da camisa ficam quase saltando no chão quando ele faz alguns movimentos.
─ Deixa que eu puxo. ─ ele pega a corda e puxa devagar.
─ Vem maninha, eu te seco. ─ pegando a Eva e a levando para dentro de casa, com a toalha enrolada no seu corpo.
─ CUIDADO! ─ Zalon esbarrou no balde e o derrubou lá embaixo.
─ SPLASH! ─ barulho do balde batendo no fundo do poço.
─ SEU MALUCO, VOCÊ QUASE ME MATOU! Se esse balde de ferro pega na minha cabeça eu já era!
─ Desculpa! ─ Zalon coloca a sua mão direita atrás da nuca e faz a sua tradicional cara de bunda.
─ Vê se me puxa direito pelo amor dos deuses! Se eu cair eu te mato moleque! ─ Agatha segurando bem firme na corda, ela está com muito medo de cair.
─ Nossa, como ela é chata! Até que dá vontade de deixar ela cair mesmo nesse poço! ─ pensa ele, enquanto a puxa para cima.
─ Ufa! ─ ela sai batendo os dentes de frio.
─ Pega. ─ ele entrega a toalha para ela.
─ Obrigado, você é muito gentil. ─ ela pega a toalha e os dois entram na casa.
Algum tempo depois, eles conversam enquanto as duas menores dormem um pouco.
─ Ayla, onde está o pai e a mãe de vocês?
─ Minha mãe morreu já fez dois anos e meu pai, é caçador, praticamente viaja o ano inteiro. Tem ano que ele passa meses em casa, mas tem anos em que ele vem somente uma ou duas vezes. ─ ela fala com muita tristeza.
─ Ele é caçador? Caça lobos também?! ─ ele fica preocupado.
─ Não, meu pai é caçador de dragões.
─ Ual! Eu aposto que ele é um guerreiro incrível! ─ ele abriu um largo sorriso ao saber que ele na verdade caça dragões.
─ Sim, ele é! ─ diz com orgulho. ─ Ele é grande e forte, ninguém se atreve a mexer conosco por aqui devido a isso. Mas é uma profissão ingrata, paga-se mal e se arrisca muito, fora que ele sempre está viajando percorrendo o mundo inteiro.
─ Meu sonho! Meu maior sonho! ─ ele começa a olhar para o vazio.
─ Eu não sei o que faremos, não temos para onde ir e o vilarejo estando deserto fica muito perigoso para três meninas ficarem sozinhas. ─ Ayla tenta pensar em uma solução.
─ Se não tiverem para onde ir, venham comigo. Eu tenho certeza que meu tio acolherá vocês, ainda mais quando ele souber que vocês salvaram a minha vida.
─ Tem certeza que não será incomodo?
─ Incomodo não será, mas a alcateia é muito fechada e também eu não sei o que está acontecendo lá neste momento, vocês terão de ficar escondidas por um tempo até que eu descubra o que se passa.
─ Muito obrigada mesmo! De coração! ─ Ayla pega na mão dele.
─ Que isso... ─ ele ri todo sem graça e sua bochecha logo fica rosada. ─ ... Isso não é nada!
─ É melhor descansarmos um pouco também, o que acha? ─ ela joga cobertas para ele forrar a esteira que ela já havia colocado no chão.
─ Eu acho uma ótima ideia, estou muito cansado, de verdade. Hoje é dia de feira, se você arrumar uns mantos para nós, ficará mais fácil de entrarmos sem sermos notados. Nós entramos pela rua da feira e nos misturamos a multidão.
─ Havia uma irmandade de bruxos aqui no vilarejo, se eles não morreram, devem ter fugido antes do ataque... de qualquer forma, eles só usavam mantos negros e deve haver muitos por lá. ─ Ayla forra a sua esteira e deita, dormindo quase que instantaneamente.
─ Que coincidência o pai delas ser caçador de dragões! Essa é a minha chance de realizar o meu sonho. ─ Zalon coloca suas duas mãos atrás da cabeça e imagina-se navegando no oceano, rumando para terras desconhecidas em busca de aventuras.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro