Capítulo 1: 🐺A Aventureira🐺
"Não existe nenhum tipo
de formação profissional
que supere o cuidado, amor
e o respeito pela natureza."
Book gif capítulo feito pela talentosa CarolDutra6 ...
Isabella Camponelle estava nas alturas, usufruindo do presente de aniversário que ganhara, no mês anterior, de sua prima mais velha, a escritora San Camponelle. Fora esta a recomendação da mais velha: "Registre tudo, diariamente, a cada oportunidade que surgir, do início ao fim. E antes, conte um pouco sobre sua vida, isso ajuda a se familiarizar com o diário de viagem, criar um vínculo".
Tudo começou quando a mais nova viu um rapaz de cabelos longos de costas, junto com os cavalos no curral, interagindo de uma maneira que chamou a atenção da futura bióloga, enquanto o pai conversava, por chamada de vídeo, com seu velho amigo da Austrália. Isso fora meses antes da viagem, mas essa parte, o que ele causou nela, a Jovem Camponelle não estava pronta para admitir.
Tarde de segunda-feira do dia 05 de janeiro de 2026
O grande dia chegou, o dia de ir para a Austrália. Amo viajar. Isso fez parte da minha infância e adolescência (e um pouco menos após o início da vida adulta). Nas férias de inverno e nos feriados prolongados, eu e minha família fazemos pequenas viagens a estados próximos usando o trailer. Nas férias de verão, costumamos velejar ao longo da costa do país, assim conhecemos vários lugares em um único período de férias.
Viagens internacionais foram menos frequentes (principalmente após a pandemia de 2020). Conheci alguns países da Europa, como: Itália, que é o preferido dos meus pais (passaram boa parte da lua de mel lá); Inglaterra, com visita na casa da Jane Austen, no vilarejo de Chawton; França, com a tradicional visita à torre Eiffel (onde meus pais passaram os primeiros dias de lua de mel, um pedido de última hora da minha mãe). Alguns países do Oriente Médio, principalmente Israel e Turquia. África já fui uma vez também, mas foi uma viagem à parte.
Contudo, visitas a países da América do Sul, por serem vizinhos, sempre foram mais comuns. Meus pais costumavam fazer viagens de lua de mel esporadicamente e me levavam, foi assim que conheci a Guiana Francesa, com sua bela região ultramarina e casas coloridas; Suriname, com sua cultura diversificada e arquitetura colonial; Caribe, com suas magníficas águas cristalinas, únicas no mundo; entre outros. Por alguns anos, isso ficou mais difícil por causa das gêmeas, mas quando elas cresceram mais um pouco, as viagens retornaram. Depois teve a pandemia, diversas restrições, vestibular em 2022, faculdade, responsabilidades diversas, todos mais ocupados. A correria da vida moderna.
Como as viagens nacionais sempre foram mais frequentes, conheci vários estados e cidades do meu próprio país. Sempre gostei mais dos lugares cercados pela natureza: reservas, florestas, áreas montanhescas. Escalar, acampar, explorar grutas, essas estão entre as minhas atividades favoritas.
Quando viajamos de trailer, costumamos passar por Minas Gerais, usamos muito esse estado para fazer trilhas, acampar e visitar cidades históricas. Minha mãe adora visitar lugares históricos. Como trabalha com restauração de lugares antigos, pinturas e esculturas, Minas Gerais é o paraíso. Sempre passamos também pela Chapada Diamantina, na Bahia.
Quando fazemos um roteiro mais longo, geralmente, incluímos Pernambuco. Se a escolha for por velejar ao longo da costa, boa parte das vezes vamos ao arquipélago vulcânico de Fernando de Noronha. Existe um parque marítimo maravilhoso e essa é uma das minhas paradas favoritas. Visitamos sempre também, ao sul, a praia de Porto de Galinhas, que tem piscinas naturais; e ao norte, Olinda, uma cidade colonial com uma vegetação exuberante nas proximidades.
E no meio disso tudo, sempre aproveitamos para nos engajarmos em causas ambientais. Meu pai apresenta projetos de economia de energia, construções sustentáveis, entre outras coisas, para as prefeituras. E eu, sendo da área biológica, dou assistência a ele, ajudando nesses projetos. Além disso, sempre fazemos um trabalho de conscientização e voluntariado para ajudar o meio ambiente. Apesar de sentirmos que temos essa obrigação, não é só por isso, fazemos por prazer em contribuir. E para nós, é uma grande diversão.
E claro, entre essas viagens, não poderia faltar Amazonas, afinal, sempre quis ser bióloga, sempre amei estudar a flora e a fauna. E que lugar melhor senão esse estado e os adjacentes? O meu lugar preferido no Amazonas é o Parque Nacional de Anavilhanas, lá há muita pesquisa científica e conservação do bioma, através de ações de conscientização de educação ambiental; além disso, o turismo do local é sustentável. Como a sustentabilidade também faz parte dos projetos do meu pai, ele fica animado com essas visitas, já que sempre aprende algo novo nesse lugar.
Então não é de se estranhar que, mesmo sendo uma menina muito ligada à família, aos 21 anos, esteja viajando "sozinha" para o outro lado do mundo para passar alguns meses no meio da floresta. Na verdade, irei com uma equipe de pesquisadores, mas estava me referindo a estar meses longe dos meus pais e em um lugar tão distante.
Já explorei o suficiente o quintal da minha casa e arredores, chegou a hora de voos maiores. Estou com um frio na barriga? Estou. Estou com um pouco de medo? Estou. Mas o medo saudável é só até o limite da prudência e autopreservação. O medo paralisante, esse deve ser vencido. Ele não é saudável e deve ser superado. Passei para o sétimo período do curso de Biologia e chegou a hora de começar a investir na minha pesquisa de conclusão de curso. Não foi muito fácil convencer os meus pais, mas acabaram concordando.
O fato de o lugar de eu estar indo, uma estância em Yarra Valley, ser de um conhecido do meu pai na área dos vinhos, o tio Joey, ajudou. Eles se conheceram em uma feira de vinicultores na Itália há mais dez anos e não perderam mais contato desde então. A empresa da minha família, a BCE, hoje em dia produz suco de uva, vinagre e geleias, mas no passado, produzia vinho de mesa.
Nos falamos algumas vezes nas últimas semanas, o aparelho dele não faz ligação por holograma, diz que não gosta dessas modernidades, coisa de gente antiga. Mas tem seu lado positivo, já que costumamos falar por chamada de vídeo, e assim eu espio um pouco mais do lugar.
Meus pais, as gêmeas, meus tios, primas e meus avós me levaram até o aeroporto, só faltaram os bichos. Parecia que eu ia passar um ano fora. Mas entendo, será a nossa primeira separação de médio prazo. A família do resto da equipe era bem mais diminuta. Somos quatro alunos liderados pelo professor e orientador Rodrigo Guerra, pós-doutorado em comportamento de passeriformes, que resumidamente significa estudo sobre as aves.
Os alunos da equipe são: Adriana, minha melhor amiga da faculdade, uma escultural morena de cabelos cacheados; Andrew, irmão de Adriana (Um parêntese para uma breve observação, ele é um belo negro, alto e com sorriso extasiante, mas não rola nada entre nós, apesar de ele ser lindo, mas é melhor assim para não estragar a amizade.); Eduardo, um nerd muito tímido, mas bem gatinho, com olhos verdes que vivem escondidos atrás das lentes; e eu. Nosso objetivo nessa expedição é estudar sobre o habitat, alimentos e comportamento do belo cisne negro, que é exclusividade da Austrália. Esse é o nosso projeto de pesquisa.
Como o professor Guerra não é casado nem tem filhos, apesar de já ter passado dos 40 (De qualquer forma, seria difícil mesmo ele ter esposa e filhos, uma vez que vive para os pássaros, as pesquisas, os estudos.), devido a isso, era só ele mesmo no aeroporto, nada de parentes. Acredito que isso também se deva ao fato de ser algo comum ele viajar para fazer pesquisas.
Adriana e Andrew estavam acompanhados só da mãe, pois o pai é o trabalho em pessoa, teve uma reunião importante e não pôde se despedir no aeroporto. Eduardo foi acompanhado dos pais e do irmão mais novo, um adolescente de uns 15 anos, bem descolado, jogando no celular o tempo todo, usando jeans rasgados e boné para trás. Nem sei por que ele foi ao aeroporto, provavelmente obrigado pelos pais. Mal reparou quando Eduardo se despediu, o garoto só balançou a cabeça sem tirar os olhos do celular.
A minha família parecer uma multidão no aeroporto não me trouxe constrangimento algum, já estou acostumada. Além de seguir o modelo latino, é tradicional e religiosa. Junte tudo isso e terá a receita para uma família bem grudenta, que participa de tudo, que quer saber de tudo, que não entende privacidade, que qualquer coisa vira reunião de família.
E como abri esse adendo, e esse é o meu diário de viagem, acho que não tem problema confidenciar coisas nesse registro. Talvez eu deva me preocupar um pouco, na verdade, pois esse diário de viagem foi um presente da minha prima escritora, a San, ela me deu no meu aniversário, pode estar mal-intencionada, escritores são assim, com eles tudo corre o risco de virar livro.
Agora vamos à confidência.
Quando iniciei o ciclo que as meninas iniciam por volta da pré-adolescência, estava na casa da tia Dem. Okay, nada de mais. Mas o problema foi que ela ligou para os meus pais informando. Tudo bem, isso também foi algo esperado. Só que ela fez isso de imediato.
Meus pais ligaram para os meus avós, isso já era à noite, e todos foram para casa da tia Dem. Detalhe que eles estavam em outra cidade, e para chegarem rápido, foram de helicóptero. Esse é o nível da loucura. Levaram pizza, isso mesmo, pizza. A minha menarca virou um acontecimento. Essa é a minha família. A família Camponelle.
Enfim, finalizo aqui o momento "confidências da Isa". Continuando... Depois de muitos choros, recomendações e repetidos abraços, embarquei. Após 4 horas de viagem em um voo sem escala, pisei no aeroporto de Santiago, no Chile. Se eu não conseguisse voo sem escala, a alternativa seria encarar 16 horas de voo, mas graças ao bom Deus, consegui. Já basta as 15 horas de Santiago para Melbourne.
E agora, cá estou eu, dentro do avião, a caminho da Austrália e escrevendo nesse diário. Ainda bem que não estou indo sozinha, tenho os meus amigos de faculdade e um professor orientador. É bom ter um adulto no bando, apesar de, tecnicamente, todos sermos adultos, já que estamos na faixa-etária dos 21 aos 23 anos. Mas é que ainda somos coadjuvantes nessa coisa de ser adulto.
Eu e Adriana temos 21; Andrew tem 22, ele esperou um ano para fazer o vestibular, já que ele e a irmã iriam fazer o mesmo curso, ele resolveu esperar por ela; e Eduardo tem 23, é a segunda faculdade dele, é meio que um gênio, iniciou na primeira aos 15 anos, essa é a segunda graduação. A anterior foi de Física, só que depois descobriu que gostava mesmo era de pesquisar sobre os animais.
Por enquanto é isso. Assim que chegarmos à Austrália, finalizo o relato sobre como foi o voo. Não sei se estou exagerando nos registros, nunca tive um diário de viagem. De qualquer forma, acho que pode ser do meu jeito, então tudo bem se estiver fora do padrão.
🐺🐺🐺
Aeroporto de Melbourne, Austrália. Manhã do dia 06 de janeiro de 2026
Depois de conversar, comer, dormir, acordar, ouvir música, dormir de novo, assistir a um filme e conversar, mais uma vez dormi. E lá estava ele novamente, o garotinho no escuro, chorando e com frio, o mesmo sonho de quando eu era criança. Acordei assustada com a aeromoça anunciando a aterrissagem. Finalmente chegamos a Melbourne.
Isabella Camponelle.
Olá, meus lobinhos...
Então postei o primeiro capítulo, me digam o que acharam, se gostaram?!
Têm fatos verídicos aí kkkk, realmente minha família comprou pizza para comemorar 🤦🏻♀️🤦🏻♀️
Deixem seu uiivo nas estrelinhas 🐺🐺🐺
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