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4: O Encantador de Cavalos


"Podemos julgar o coração de um homem

pela forma como ele trata os animais."

(Immanuel Kant)

Yarra Valley, 07 de janeiro de 2026

21h13

Na noite anterior, escrevi que voltaria para finalizar o relato do dia, mas estava realmente exausta, e depois de olhar pela janela para verificar o barulho no estábulo, deitei na cama e adormeci. Havia alguém com os cavalos. Apesar de estar escuro, percebi que não era ninguém da estância. Esse homem é bem mais alto que o tio Joey e tem cabelos longos, ninguém por aqui se encaixa nessa descrição. É a mesma pessoa, o mesmo que vi pela chamada de vídeo entre meu pai e tio Joey há meses, tenho quase certeza. A forma como ele interagiu com os cavalos me intrigou, assim como antes. Mas dessa vez deu para ver melhor, eles pareciam venerá-lo, inclusive o Árabe, que é o mais arisco, pelo menos foi essa a impressão que tive até o momento.

O cavalo todo preto estava se inclinando até o chão, como se pedisse para ser montado, mas o Encantador de Cavalos se recusou. Ele fez carinho e encostou a testa dele na do cavalo. Depois disso, o Árabe se levantou. 

Apenas alguns estavam no cercado principal, o outro curral estava vazio, a maior parte deles já tinha sido levada para o estábulo. Como ontem eu estava usando fones de ouvido enquanto escrevia, não ouvi nada de início, só quando a música terminou que escutei uma movimentação com os animais e fui olhar.

Depois o Encantador de Cavalos levou o restante para o estábulo junto com o tio Joey. Mas antes disso, ele fez menção de olhar para minha janela, erguendo a cabeça, recuei imediatamente para não ser vista, foi um reflexo. Com o coração disparado, deitei na cama. Parecia que eu tinha cometido um crime. Tentei assimilar o que tinha visto, quem era aquele homem, se de fato era o mesmo. Mas nem pensei muito nem voltei a escrever, meus olhos fecharam sozinhos e só abriram novamente às 5h da manhã.

Levantei, me ajeitei e fui. Decidi ir aos estábulos, mas logo após sair da pousada, vi que os cavalos estavam novamente nos cercados. Será que o tal Lobo da Cabana (apelido dado por Maltida) dormiu na propriedade?

Há uma égua lindíssima, esqueci de perguntar ao tio Joey o nome dela. É branca e preta. Não tenho certeza se ela simpatizou comigo ou não, ainda não conheço bem a linguagem dos cavalos. Esse lance de pesquisar sobre a linguagem dos animais ainda é novo para mim. Ela emitiu sons, bateu os cascos no chão, chegou a se aproximar. Por uns instantes, achei que fosse me atacar, então não sei bem o que aconteceu ali. Uma coisa é certa: o Árabe é o líder e não gosta de aproximação, a toda branca é a mais dócil, a malhada é uma incógnita. Quanto aos demais, ficaram na espreita esperando as reações para imitarem. Pelo menos foi essa a minha leitura.

Depois ouvi um som estranho. Não sei se de gente ou de bicho. Mas percebi uma coisa: os cavalos reagiram a algo que estava fora do cercado. Não vi nada, mas senti como se um par de olhos estivesse sobre mim. Se o Encantador de Cavalos dormiu ali, pode muito bem ter sido ele. O que torna tudo mais intrigante. Se ele estava lá e me viu, por que não foi falar comigo?

Pelo sim, pelo não, resolvi entrar, ainda mais sabendo que há a possibilidade de ter lobos nas redondezas. Assim que cheguei, ouvi uivos. Tio Joey disse que eram cães selvagens e que eles não se aproximam da estância, que são inofensivos. Mas o comentário entre os funcionários é de que são lobos, o que é estranho, pois não é típico da Austrália. De qualquer forma, até onde eu sei, cães selvagens, ou lobos, não são inofensivos. Amo os animais, mas não sou louca, sei o que muitos deles podem fazer com um ser humano. Eu seria presa fácil com os meus 1,58 cm.

Perguntei sobre o Encantador de Cavalos à Matilda, mas ela foi vaga, se referiu a ele como Lobo da Cabana, enrolou, fez mistério e depois pediu que perguntasse ao tio Joey. A minha intenção era conversar quando ele nos levasse aos cisnes. Mas ele foi à cidade, então precisei esperar até a noite.

Os irmãos M foram nossos guias. Malcon, principalmente, foi uma companhia agradável. Conversamos um pouco na beira do rio enquanto monitorávamos os cisnes e também no retorno. Matt colou na Drica, o que foi melhor (se estou shippando?, óbvio, são lindinhos juntos, mas não tenho a mesma coragem, já que em breve partirei). Eles combinam. Matt é do tipo atrevidinho, e ela não se importa, pois é também. Já eu me importo e muito. Apesar de comunicativa e extrovertida, não me interesso por rapazes que lançam seu charme para quase tudo que se move. Prefiro os mais seletivos, assim me sentirei especial quando for foco de sua atenção. Estou tranquila sobre isso, esperando em Deus.

A visita aos cisnes foi muito bem-sucedida. Nos empolgamos com o lago repleto de Cygnus atratus, o cisne negro, esse é o nome científico dele. Ele vem da mesma família dos gansos e patos, o nome da família se chama Anatidae. Os cisnes negros são pássaros enormes e muito lindos; suas penas são bem negras, porém as de voo, que ficam escondidas debaixo das asas, são brancas. Eles possuem um bico bem vermelho com uma faixa branca; já seus pezinhos são meio cinzas, puxados para preto. Quando os negros ficam retinhos, dá para perceber melhor que são maiores do que os brancos.

Assim que chegamos ao lago, vimos alguns casais nadando juntos, uns estavam emitindo sons, algo parecido com um canto. Outros estavam se alimentando. Eu acho lindo a forma como eles mergulham o pescoço lá no fundo para alcançar as folhas, formam um S com ele. No outro lado da margem do lago, dois cisnes estavam construindo seu ninho para colocar os ovos. Eles preferem ficar em áreas um pouco mais lamacentas e distantes dos outros, tendem a ficar mais agressivos nessas situações. Inclusive, um deles estava assobiando em defesa contra outro que passou voando perto. Fiquei encantada com o seu comportamento, cuidando do ninho e de sua fêmea. Achei que iria rolar briga, mas ficou tudo bem.

Ficamos horas olhando como eles nadam lindamente e como se comunicam. Vários estavam interagindo harmoniosamente, parecia que estavam brincando uns com os outros. Foi realmente tudo muito fofo.

Câmeras foram instaladas em vários pontos do lago. Fizemos os testes e ocorreu tudo bem. Claro que voltamos super empolgados. A primeira coisa que fizemos foi montar a nossa central, iniciar o monitoramento a distância para começarmos a coletar dados. Como são câmeras que transmitem as imagens em tempo real e em 4D, o monitoramento a distância ficou excelente. Parece que os cisnes estão ali no quarto.

Só saímos da central à noite para um banho e descer para o jantar. Mas graças ao bom Deus que Matilda nos levou lanche. Sempre muito solícita, embora bem reservada. Victoria é mais falante, só que menos atenciosa do que Matilda. Está cada vez mais nítido os olhares entre ela e o professor. Acho que há faísca de fato. Mais da parte do professor, talvez ela ainda esteja muito ligada ao falecido marido, ou esteja se preservando, uma vez que nossa estadia aqui não vai durar muito.

Quando terminamos de jantar, e todos estavam socializando na sala, fui atrás de tio Joey na varanda. Depois que Malcon também fez mistério sobre o Encantador de Cavalos, fiquei ainda mais curiosa. Descobri muitas coisas interessantes sobre o Sr. Mistério.

— Olá, minha querida. Venha, sente-se aqui ao meu lado — disse Joey ao perceber Isabella aproximando-se.

Ele estava sentado em um banco acolchoado, e ela se acomodou ao lado dele, conforme sinalizado.

— Então o seu dia foi um sucesso, não?

— Sim, tudo perfeito — respondeu ela, dando um suspiro de satisfação, de dever cumprido.

— Deixei vocês em boas mãos. Os irmãos Sullivan são bons meninos. O Matt pode parecer um pouco assanhado às vezes, mas é um bom rapaz.

— Tenho certeza que sim.

— Mas então... O que a senhorita quer me perguntar?

— Como sabe que quero perguntar algo? Alguém disse alguma coisa? — perguntou Isabella, estreitando os olhos.

— Sim...

— Quem?!

— Esses seus olhinhos indagadores, que passaram o jantar todo espichados para o meu lado — Joey respondeu, apontando para os olhos da universitária.

— Ah! — exclamou Isabella, sorrindo.

— Pode perguntar. O que quer saber?

— Quem é o Encantador de Cavalos? — perguntou, indo direto ao ponto.

— Quem?

— O homem que estava ontem à noite com o senhor, levando os cavalos para o estábulo.

— Ah! É assim que você o chama? — perguntou Joey, dando uma pequena gargalhada.

— Ninguém me disse o nome dele — disse ela, dando de ombros.

— E por que ficou tão curiosa?

— Primeiro, por ninguém ter citado ele, e à noite estar cuidando dos cavalos como se fosse um velho conhecido. Segundo porque me interessei pela forma com que interagiu com os animais, gostaria de conversar com ele, entender mais da técnica que ele usa, aprender. E terceiro porque fizeram tanto mistério que eu acabei ficando ainda mais interessada.

— Bem, sobre conversar com ele, acho que vai ser um pouco difícil, quase que impossível — ponderou Joey, deixando transparecer um lamento na voz. — Mas as coisas podem mudar agora, quem sabe... — concluiu ele, deixando escapar um fio de esperança no olhar e no tom de voz.

— Por que conversar com ele seria quase impossível? Ele foi embora?

— Embora da estância sim, mas não da região. Ele mora nas proximidades.

— Então o que é?

— Ele é diferente... não lida bem com as pessoas.

— É autista?

— Hum? Não... — Riu das indagações dela. — Pelo menos não que eu tenha percebido.

— Ele sofre de algum transtorno, tem síndrome do pânico? — continuou inquirindo, não fazendo caso das reações do tio.

— Também não — respondeu o estancieiro, franzindo o cenho.

— Então o quê? — insistiu. Ela esperou alguns segundos pela resposta, mas Joey apenas suspirou, parecia que estava tentando decidir se falava algo mais ou não. — Qual é o nome dele? Pelo menos isso.

— Volk, ele é o Volk.

— Volk?! Aquele que o senhor mencionou na van? — verificou, ficando de queixo caído. — O que não fala?

— Esse mesmo — confirmou ele, tocando no queixo de baixo para cima, com o indicador em forma de gancho. — E ele fala, só não gosta muito de falar — corrigiu.

— Okay... — Ela se virou para frente da varanda. — Então o rapaz que vive na floresta, e que quase não fala, lida com os seus cavalos.

— Isso mesmo.

— E por que ele não vem durante o dia?

— Quando ele vem, é sempre à noite. — Ela se virou para ele novamente. — E antes que me pergunte, é porque geralmente todos já se recolheram.

— Ele tem alguma doença altamente contagiosa?

— Não, é bem saudável. Graças ao bom Deus — disse ele, erguendo a mão direita.

— Então o que é? Ele é sociofóbico?

— Sócio o quê? — Coçou a cabeça e limpou a garganta antes de responder. — Volk não lida bem com as pessoas. Levou anos para ele confiar em mim.

— Sociofóbico é uma pessoa com transtorno de ansiedade social — a jovem curiosa começou a explicar. — Pânico em socializar, em interagir, coisas assim. Isso se chama sociofobia.

— Ah! Entendi. Não é bem isso.

— Ele virá hoje?

— Ele vem algumas vezes na semana, mas nunca duas noites seguidas. Não gosta de deixar os... — pigarreou. — Os animais dele sozinhos.

— Ele mora sozinho na floresta?

— Sim, em relação a outro ser humano, sim. Vive sozinho em uma cabana.

— Entendi... Por causa do lance da quase sociofobia, né?

— Mais ou menos.

Isabella deu um suspiro pesado e deixou os ombros caírem um pouco, demonstrando contrariedade e cansaço pelas respostas vagas que estava recebendo. Mas, logo em seguida, estreitou os olhos para Joey e se endireitou no banco, revelando que não tinha se rendido.

— É por isso que o apelidaram de Lobo da Cabana. Ele vive em uma cabana e tem olhos de lobo, segundo a Matilda — refletiu.

— É... isso é coisa da Matilda, e os outros acabaram chamando o Volk assim também.

— E a ligação dele com os cavalos?

— Na verdade, não é apenas com os cavalos, é com diversos animais. Por viver anos na floresta, ele entende muito os bichos. Acabei aproveitando esse dom dele para os cavalos. Eu o ajudo com o que posso e ele me ajuda. Amansa os que são muito ariscos. Ajuda com as éguas prenhas. Examina cada um e me fala quando percebe algum problema.

— Então ele é veterinário, um cowboy, o quê?

— Nada disso... Mas entende dos animais como ninguém. Percebe quando estão doentes, estressados, incomodados, coisas desse tipo. Boa parte das vezes, descobre a causa e tem a solução para cada problema. Nos casos mais graves, quando acontece, eu chamo o veterinário, que é o Dr. Taylor. Ele vem uma vez por mês ou quando algo grave acontece.

— Quando ele vem, dorme aqui na pousada?

— Nos estábulos. Eu sempre insisto para ele dormir em um dos quartos, mas ele nunca aceita.

— Quantos anos o Volk tem?

— Não sei ao certo, mas é um pouco mais velho que você.

— Vocês são amigos há anos e o senhor não sabe a idade dele?

— É uma longa história.

— E não pode me contar?

— Aí é com ele, minha querida — Ele tocou a ponta do nariz dela com o indicador. — Não sei se tenho esse direito.

— Mas o senhor disse que ele não se aproxima das pessoas, que não conversa. Como eu poderia conversar com ele?

— Você vai precisar conquistar a confiança dele se quiser saber de sua história.

— Como conquistar a confiança de alguém que não se aproxima e nem deixa ninguém se aproximar? — retrucou, cruzando os braços.

— Humm... — Joey a olhou por alguns instantes enquanto balançava a cabeça. Ela o olhava com expectativa, pois percebeu que ele tinha uma sugestão a fazer. — Eu tive uma ideia que pode funcionar — disse, finalmente.

Em resposta, Isabella deu um sorriso entusiasmado.

Olá, Lobinhos...

Deixe a sua curtida caso esteja gostando.

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