Eu queria ajudar.
Um som suave começava a preencher o quarto de uma garota que ainda dormia, seus olhos tremulam por um momento até finalmente se abrirem suavemente antes da garota piscar algumas vezes para ajustar sua visão, sua canhota se esticou e tateou o chão até encontrar seu celular e desativar o alarme, seu braço ficou estendido por um momento enquanto a coreana tomava coragem para sair da cama e começar mais um dia, quando a coragem finalmente lhe atingiu, empurrou a coberta que usava antes de se sentar e se espreguiçar estendendo os braços para cima e alongar o pescoço brevemente.
Não demorou para abaixar seus braços e se levantar enquanto arrumava a blusa do pijama que usava, ele era composto por uma blusa com mangas de tecido fino, uma calça de mesmo material e o conjunto possuía cerejas espalhadas, a garota começou a puxar o cabelo e o prendeu com um grampo que pegou que estava sobre a cômoda que ficava ao lado da porta, com um suspiro colocou a franja atrás da orelha antes de se inclinar pegando uma coberta e a dobrando antes de guardá-la no armário.
A garota se abaixou novamente e começou a enrolar a manta que usava para deitar, ela parecia ser bem fina para quem olhasse, mas era bastante macia e uma substituição barata para quem não possuía dinheiro o suficiente para comprar uma cama, o que era bem o caso dela e do avô o qual ela morava junto, o mais velho provavelmente já havia acordado e deveria estar sentado na frente da casa comendo a melancia que ela havia comprado no dia anterior, já que o mais velho precisava de uma alimentação mais saudável mesmo que comprar frutas na Coreia fosse bastante caro assim como comprar carne. A garota suspirou ao terminar e colocou a manta no canto e o travesseiro dentro do armário.
A coreana calçou as pantufas e andou até a porta do quarto saindo e a deixando aberta antes de ir para o banheiro, pode ver que seu avô havia lhe deixado o café da manhã pronto coisa que lhe fez sorrir suavemente antes de entrar no banheiro fechando a porta, a garota pegou a faixa de cabelo deixando a franja para trás e colocou sabonete na mão antes de lavar o rosto, o enxaguar e pegar a toalha de rosto e o secar. Em seguida pegou a escova de dente e colocou pasta a levando até a boca e começando a escovar enquanto se olhava no espelho, sua pele era um tanto pálida mas não exagerada, seus olhos eram na cor preta, possuía um pouco de bochecha e seu cabelo era um pouco abaixo dos ombros e sua altura de certa forma mediana, não era magra e nem gorda, mas com certeza não se encaixava no padrão exato coreano, mas não era como se ligasse para isso, logo se inclinou para enxaguar a boca e seca-lá após lavar a escova e a colocar no copo.
— Eun-Kyung? - A voz masculina e um tanto rouca soou, era Se-Hoon, o avô da garota.
— Já estou saindo. - Eun-Kyung saiu do banheiro encontrando o mais velho, ele tinha a pele mais bronzeada, possuía os poucos cabelos que tinha grisalhos e um olhar cansado, seu avô estava fechando a porta enquanto colocava a cadeira para dentro, a mais nova logo apurou o passo e foi até o mesmo. - Eu ajudo o senhor. - A garota falou não lhe dando tempo para recusar pois tirava a cadeira de suas mãos.
— Querida, eu posso ser velho mas ainda consigo carregar. - Reclamou podendo ouvir o riso fraco da neta enquanto a mesma colocava a cadeira no lugar. - Irá fazer hora extra hoje?
— Não, o senhor Lee não anda pedindo para ninguém fazer hora extra ultimamente o que é bem estranho. - Explicou enquanto ajudava o avô a se ajoelhar no chão. - Quer água, vô?
— Sim querida, por favor. - Eun-Kyung foi até a geladeira e abriu pegando a garrafa e o copo, o colocou em frente ao mais velho antes de se sentar sobre as pernas e servir deixando a garrafa sobre a mesa enquanto Se-Hoon agradecia a neta, a mais nova se arrumou antes de pegar a colher e pegou um pouco de arroz e o misturou com o caldo da sopa de peixe antes de comer. - Eun-Kyung.
— Hum? - A garota ergueu o olhar para o avô enquanto mastigava, o mais velho passou a mão no rosto.
— O Jun-Seo me convidou para sair.
— Não. - Foi a única coisa que falou enquanto pegava os jeotgarak antes de pegar um pouco de peixe frito, o comendo.
— Eu estou melhor querida, não…
— Eu sei onde vocês vão ir, vai ser naquela maldita corrida de cavalos. - O interrompeu enquanto usava a mão livre para ficar em frente a boca ao falar.
— Eu só iria dar uma olhada, nada de mais.
— Estou falando sério, se o senhor for, vou te trancar dentro de casa sempre que eu sair para trabalhar.
[...]
— Eun-Kyung, ‘tá atrasada. - Min-ji avisou ao ver a garota entrando e colocando o avental.
— Não vai acontecer novamente. - A garota garantiu enquanto se curvava de forma respeitosa enquanto fazia o nó do avental na cintura voltando com a postura ereta.
— Tá bom. - A mulher ergueu a sobrancelha rindo baixo, Min-ji possuía o cabelo preto que ficava no meio das costas, era magra sem muita bochecha, sua pele era clara e era um tanto mais alta que Eun-Kyung. - Agora vai lá e atende seu namorado. - Apontou para um homem que estava sentado em uma das mesas perto de uma janela, ele usava um terno, mas sua camisa era de tecido liso sem botões, seu cabelo era preto e caía um pouco em seus olhos o que o fazia ter que passar a mão algumas vezes, era alto, possuía a pele um levemente bronzeada e devia ter seus quase 40 anos.
— Ele não é meu namorado. - Eun-Kyung reclamou enquanto pegava o bloco de notas e botava a boina com o nome do estabelecimento.
— Quando um homem vier todo dia aqui, ficar me olhando e não aceitar ser atendido por outra pessoa apenas por mim e ele não for meu namorado, eu vou achar isso muito estranho. - Eun-Kyung revirou os olhos enquanto ia até o mesmo e não demorou para o mais velho levar o olhar para a garota.
— Bom dia, Eun-Kyung. - O mais velho fez um aceno de cabeça curvando suavemente o corpo por estar sentado, a garota se curvou de volta sorrindo pequeno e de forma doce.
— Bom dia, senhor. - Um riso fraco saiu dos lábios do homem.
— Não tínhamos combinado de nos tratar informalmente?
— Só fora do meu horário de trabalho.
— Então teremos aquele encontro?
— Não sonhe tão alto. - O olhou divertida e o mesmo riu. - Então, será o de sempre?
— Você irá me acompanhar?
— In-Ho! - A garota acabou o repreendendo e o mesmo riu de forma baixa.
— Gosto quando diz meu nome. - Comentou enquanto sorria suavemente e a garota balançou a cabeça em negação com as bochechas coradas levemente. — Mas sim, vou querer o de sempre.
— Já irei trazer.
[...]
— Obrigada por seu trabalho. - Min-ji falou para Eun-Kyung enquanto a mesma se curvava após ter falado também e acenou para a mais velha enquanto saia pela porta dos funcionários colocando uma mecha de cabelo atrás da orelha, quando a coreana ergueu o olhar para frente pode ver uma figura masculina parada com as mãos nos bolsos e não demorou para reconhecer In-Ho que sorria suavemente para ela.
— Me esperando de novo?
— Sempre. - Respondeu e a garota riu envergonhada enquanto desviava o olhar. - Posso…
— Eu vou de metrô. - A garota o interrompeu já se adiantando, pois o mais velho sempre tentava lhe dar uma carona, In-Ho ergueu as mãos em forma de rendição após as tirar dos bolsos brevemente e voltou a colocar.
— Posso então acompanhá-la até a estação?
— Sim, você pode. - Eun-Kyung respondeu rindo novamente mas mais a vontade dessa vez, In-Ho não demorou para ficar ao seu lado e ambos agora andavam um ao lado do outro.
— Como está seu avô?
— Os médicos disseram que ele melhorou muito desde a última sessão, talvez não precise de cirurgia de imediato. - Eun-Kyung respondeu um tanto alegre, In-Ho sorriu enquanto olhava para frente.
— Fico feliz em ouvir isso. - O olhar do mais velho se voltou para a garota. - Quando eu voltar, vou querer visitá-lo se você me permitir. - A coreana franziu a testa suavemente.
— Voltar? Como assim?
— Eu vou viajar, meu chefe pediu que eu fosse até a outra empresa ver a seleção de novos funcionários.
— Wow, que importante. - A garota comentou surpresa. - São muitos funcionários novos? - Perguntou enquanto o olhava com curiosidade e o viu inclinar a cabeça para cada lado suavemente.
— Quase, mas apenas um vai ganhar o cargo.
— Que maldade, conseguir emprego está muito difícil ultimamente, poderiam dar mais oportunidades.
— Você acha? - Arqueou a sobrancelha e Eun-Kyung balançou a cabeça positivamente. - Talvez eu sugira isso ao meu chefe, sabe…você se daria muito bem como uma empresária VIP. - A garota revirou os olhos rindo. - Estou falando sério.
— Eu gosto do meu emprego, ainda quero juntar dinheiro o suficiente para abrir minha própria confeitaria.
— Tenho certeza que ela seria a melhor de toda a Coreia.
— Yah, pare de ficar dizendo essas coisas. - Suas bochechas aqueceram e a garota acabou levando as mãos até elas e as cobrindo, In-Ho riu enquanto abaixava o olhar por um breve momento e o voltava para ela.
— Estou falando sério e eu serei seu cliente número um. - O mais velho prometeu e Eun-Kyung apertou os lábios brevemente antes de falar.
— Promete?
— Claro que prometo, como não iria na confeitaria da mulher que estou apaixonado?
— In-Ho. - A garota o repreendeu enquanto ambos atravessavam a rua. - Já disse para você encontrar alguém que valha a pena.
— Mas eu já encontrei e adoro vê-la corar. - In-Ho a olhou e Eun-Kyung riu fraco.
— Você não vai desistir, não é?
— De você, nunca.
[...]
— Onde o senhor estava? - A voz de Eun-Kyung soou de repente fazendo o mais velho se sobressaltar enquanto o mesmo entrava tentando tirar os sapatos de forma silenciosa, a garota já havia chegado a pelo menos 30 minutos e pode ver que o avô não estava em casa assim que encontrou as luzes apagadas.
— Querida, não assuste um velho assim, fui dar uma caminhada. - Explicou após se acalmar e calçou as pantufas não vendo a neta se aproximar e o cheirar.
— Você está cheirando a cigarro - Falou completamente irritada. - Você foi naquela maldita corrida de cavalos com o Jun-Seo, não foi?
— O que? - Riu um tanto nervoso, mas ao ver o olhar da neta, seu riso morreu e um suspiro escapou de seus lábios. - Eu só fui olhar, nada mais. - Assim que respondeu, Eun-Kyung lhe deu as costas e puxou um pequeno banco antes de subir nele e abrir a porta do armário pegando o pote de biscoitos enquanto descia e o abriu o encontrando completamente vazio.
— Você apostou neles! Eu não acredito que você fez isso. - Eun-Kyung colocou o pote com certa força sobre a pia da cozinha fazendo um som alto soar.
— Querida, foi necessário, eu queria ajudar. - O mais velho andou a passos hesitantes até a neta. - O cavalo que apostei, chegou tão perto e…
— Chega! - A garota o interrompeu passando a mão no cabelo. - Chega de falar que queria ajudar, pois isso não é ajudar. - Eun-Kyung apontou para o pote de biscoitos. - Isso é roubar, o senhor roubou o dinheiro que eu lutei para conseguir pagar suas malditas dívidas e os seus remédios. - O mais velho ficou em silêncio enquanto a ouvia. - Se quer realmente ajudar, seja um homem decente, pois o senhor deve estar dando vergonha para a vovó.
— Eun-Kyung!
— É a verdade, ela deve ter morrido de desgosto apenas por ver o senhor fazendo isso com sua própria vida e dando trabalho para sua única neta. - Eun-Kyung respirou fundo e passou a mão no cabelo. - Se quer comer, faça algo o senhor mesmo pois agora eu tenho que pensar em como vou resolver com o agiota para dizer que não tenho a parcela dele desse mês e do mês passado. - A garota deu as costas ao avô e bateu a porta antes de se agachar e esconder o rosto entre os braços, parecia que o mundo estava desabando sobre seus ombros e que dessa vez não conseguiria recolher nenhum pedaço.
[...]
Eun-Kyung acabou acordando no meio da noite, tirou sua cabeça de baixo da coberta que usava e piscou um tanto confusa pelo barulho que havia a despertado, a garota empurrou a coberta e ficou de joelhos antes de se levantar, caminhou até a porta a abrindo podendo ver a luz do quarto do avô ainda acessa, ao olhar o relógio na parede pode ver que eram quase duas da manhã, franziu sua testa em confusão e andou até o quarto empurrando a porta que estava entreaberta.
— Vô, o que está fazendo acordado a essa hora? - Perguntou podendo o ver ajoelhado recolhendo o material de desenho dele que havia caído.
— Fui ao banheiro e acabei esbarrando, volte a dormir querida. - Respondeu e a garota ergueu a sobrancelha podendo ver que o avô ainda estava usando a roupa que havia chegado, Eun-Kyung se aproximou de repente o que o fez se assustar e proteger o rosto, a mesma se agachou ao seu lado e abaixou seus braços com cuidado e seus olhos se arregalaram ao ver os machucados em seu rosto.
— O que aconteceu? Quem fez isso? - Se-Hoon ficou em silêncio e Eun-Kyung respirou fundo. - Me diz quem foi. - O olhar do mais velho foi para um envelope que estava ao lado, a garota logo o pegou e tirou o papel de dentro podendo ver que era um contrato, de mais tempo para pagar o agiota o qual o mais velho devia e que caso não fosse pago metade da dívida, seus órgãos seriam vendidos no lugar. - Por que… porque o senhor fez isso? - Perguntou completamente incrédula após ver a assinatura dele no papel, seus olhos começaram a lacrimejar.
— Eu queria ajudar. - Respondeu sorrindo tristemente e colocou uma mão sobre a da neta que estava em seu braço. - Eu prefiro passar por isso, do que deixar minha garotinha ser tocada.
Oi 😉
Temos o primeiro capítulo entre nós, espero que gostem da jornada da minha nova menina.
E lembrando, não tenho data para postagem pois faço por diversão, se não gosta, tenho certeza que vão encontrar fics incríveis com postagens da forma que você gosta.
Mas se quiser dar uma chance para minhas doideiras, será muito bem-vindo 🥹
Desculpe por qualquer erro e obrigada por ler '-')sz
-W
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