[T] Novamente U.A
Foi uma surpresa descobrir que Hawks nesse mundo é um dos grandes vilões. Quando perguntei por cima sobre a conhecida — da minha realidade —, Liga dos Vilões, ninguém nunca ouviu falar. Durante o tempo de recuperação também tomei conhecimento de outros fatos.
A relação de Touya com a família dele não é tão boa quanto imaginei, Endeavor continuou obcecado por ser o número um. Isso não mudou nessa realidade, o que aconteceu foi que Touya gradualmente se afastou da família, mudando para morar sozinho quando começou a estudar na U.A. Natsu é aquele com que ele mais conversa, mas ainda assim é uma relação delicada.
All Might também virou um professor nessa realidade, e aparentemente todos os alunos que conheci nos primeiros anos também estavam por lá.
Alisei as vestes brancas e desconhecidas enquanto via o meu reflexo no espelho, não era nem de perto tão funcional quanto os meus trajes de heroína. Por ser uma ajudante da Recovery Girl, eu me sentia mais uma enfermeira do que qualquer outra coisa.
— [Nome] está pronta? Vou te levar para U.A hoje — escutei duas batidas na porta do quarto e então abri. Touya estava vestido apaisana, sem o costumeiro sobretudo azul-escuro, uma camisa lisa branca, calças e tênis pretos.
— Acho que estou pronta — abri os braços e virei — está faltando algo? Obviamente eu não me lembro.
O homem apoiou no batente da porta com os braços cruzados e sorriu — Parece perfeita para mim.
Ergui a mão para a orelha envergonhada, e quando me virei para pegar a bolsa em cima da cama acabei batendo a mão no armário que havia no cômodo, derrubando algumas coisas no chão. Me abaixei rapidamente para pegar o que caiu, agradecendo mentalmente por nada ter quebrado enquanto uma risada ecoava para dentro junto de passos.
Suspirei e abaixei a cabeça segurando um ornamento — Tem certeza que está tudo bem eu voltar para o trabalho assim?
— Ficar em casa não vai te ajudar em nada, quem sabe frequentando os lugares que costumava, ajude a trazer as memórias perdidas. — meu marido se abaixou ao meu lado me ajudando a pegar o que caiu. Touya estendeu a mão para me ajudar a levantar e eu coloquei o que caiu de volta no armário. Sua mão livre se ergueu para meu rosto me fazendo erguer os olhos para os seus.
— Não tem com o que se preocupar.
Parecia que Touya queria falar algo a mais, mas a fala não veio, seus olhos se abaixaram ganhando um brilho diferente. Acentuado quando seu polegar traçou o meu lábio inferior.
— Eu realmente quero te beijar agora — sua cabeça tombou levemente para o lado, a mão se arrastando lentamente para meu pescoço —, posso?
Já fazia algo em torno de duas semanas que estávamos sob o mesmo teto, e em nenhum momento ele havia se aproximado dessa maneira. Deu um espaço para que eu me sentisse confortável com sua presença e me acostumasse com a nova rotina, então ter um pedido como aquele fez meu interior se revirar com uma certa antecipação.
Apesar de tudo que estava acontecendo, eu não queria o afastar dessa maneira. Então, ao invés de responder, deixei que meus lábios encontrassem os seus.
Sua boca contra a minha era quente, literalmente, Touya deixou um suspiro de realização escapar da sua boca antes de aprofundar o contado me segurando firmemente nos braços. Um beijo que era mais do que o toque, muito além do desejo. Gentil, apaixonante, a maneira com que ele me segurou deixou transparecer todo o carinho e amor acumulado nessas semanas emocionalmente distantes.
Se de um lado eu estava confusa por tudo que não conhecia, Touya esteve mantendo um sentimento de dor escondido por repentinamente perder sua companheira. Por mais que seja eu, inevitavelmente as coisas de tornaram diferentes.
Touya deu um passo para o lado deixando o corpo cair sob a cama ainda me segurando.
— Espera! Não precisamos ir? — questionei nervosamente tentando escapar do seu abraço, falhando miseravelmente.
Ele sorriu e deixou a cabeça tombar no colchão olhando para o teto — Ficaria surpresa com as coisas que já fizemos. Fomos um casal de recém-casados extremamente ativo.
Senti o calor tomar meu rosto por completo virando a cabeça para evitar seu rosto, por estar deitada em cima dele consegui escutar seu coração batendo. O som ritmado estava acelerado, em euforia, assim como o meu.
— Tenho medo de que você nunca se lembre do que vivemos — confessou —, mas, ao mesmo tempo, não odeio o fato de ter todas as primeiras vezes com você de novo. É bobo, mas você me faz sentir no primeiro ano de novo, animado por conseguir segurar sua mão por mais de cinco minutos.
Suas mãos acariciaram minhas costas, erguia cabeça para ter uma visão clara do mar turquesa que vivia preso em seus olhos.
— Desculpe, eu não percebi essa sua dor. Minha cabeça realmente não lembra, mas não posso ignorar o que meu coração grita. Não consigo dizer onde está a linha, mas... Podemos ir devagar.
Seus olhos se abriram, e por um segundo eu vi eles marejarem, mas Touya virou na cama escondendo o rosto por um momento antes de se apoiar nas mãos e se inclinar para beijar meu rosto.
— Já ouvi algo parecido com isso antes — havia um tom divertido em sua voz — era tudo que eu precisava ouvir hoje. Tenho a sensação que terei um ótimo dia.
Ele saiu da cama e me ajudou em seguida ajeitando meu cabelo, quando estávamos juntos tudo era tão natural que realmente me fazia pensar ser um sonho. Deixando um questionamento traiçoeiro no fundo da minha mente. O que acontece se eu ignorar tudo que aconteceu e adotar essa realidade como minha?
Me despedi da minha mãe e então segui com Touya até a escola, tendo um momento estranho quando ele me acompanhou até a entrada.
— Como você conseguiu uma permissão fixa da escola para entrar?
— Obviamente eu sou um ótimo detetive, e estar envolvido na equipe que está investigando o acidente que tivemos por aqui, ajuda. Também sou um ex-aluno, por que o professor iria me negar acesso?
— Algo me diz que você usa essa liberdade mais do que devia.
— Isso eu não posso negar.
Alguns alunos passaram por nós olhando e dando risadinhas, alguns até chegaram a apontar. Mesmo que eu dissesse para Touya que eu lembrava como era a estrutura do prédio, ele preferiu me levar pessoalmente para a sala do diretor, onde alguns rostos familiares estavam me esperando.
— Agora posso ir — disse o detetive que levantou minha mão para depositar um beijo nela —, venho te buscar no fim da tarde.
Ele sorriu para os mais velhos na sala, me deixando com uma sensação incomoda de vergonha. Me curvei rapidamente os cumprimentando e pedindo desculpas pelos modos do meu marido.
— Não é como se não estivéssemos acostumados — Aizawa disse com desinteresse.
— A paixão dos jovens é excitante — disse Midnight.
O diretor Nezu saiu da sua cadeira e disse para eu sentar — Sabemos sobre a sua situação, a perda de memória, então vamos preencher todas as lacunas temporárias em relação aos acontecimentos na escola. E Aizawa dirá sobre a última missão já que participaram juntos.
Por cerca de uma hora, os mais velhos me contaram em detalhes o que aconteceu depois que Chisaki foi capturado. Sobre a morte de Nighteye, que apesar de ter saído da missão com vida veio a falecer depois, a custódia provisoria que Aizawa ganhou sobre a garota Eri, e a perda dos poderes de Mirio. Junto com a minha perda de memória, essas foram as maiores mudanças, todos os estudantes que participaram da operação voltaram para a escola pouco tempo depois.
— Tem mais uma informação que ficou nos jornais por um tempo — Midnight comentou —, Chisaki foi atacado durante o transporte para a prisão. O veículo explodiu e um herói morreu, o suspeito claro é Hawks.
De novo o nome de um dos maiores heróis que conheço como um dos maiores vilões.
— Não sabemos do que ele está atrás, mas aparentemente todos os grandes problemas parecem o envolver.
Senti um calafrio percorrer minha coluna e esfreguei o braço para me livrar da sensação insólita.
— No demais vamos continuar trabalhando para melhor a segurança dos alunos — diretor Nezu mudou de assunto —, Recovery Girl também está ciente da situação e vai te auxiliar nos próximos dias.
— Certo, obrigada. Desculpe pelo transtorno.
Aizawa se levantou andando na direção da porta com as mãos no bolso — Se não fosse por você, as coisas podiam ter sido bem diferentes, então não se culpe. Ah, mais uma coisa...
Ele parou antes de sair — Quando puder passe na classe 1-A, alguns alunos vão ficar feliz em te ver.
Apesar de ter uma boa relação com a classe toda, um em especial veio a mente. Bakugou Katsuki, como será que é minha relação com o loiro estressadinho?
— Farei isso, obrigada.
O mais velho acenou e saiu, logo em seguida os outros professores também se foram, eu, por outro lado, segui para o departamento médico onde minha superior Recovery Girl esperava e mais uma vez no dia foi um momento de conversas.
Agora mais sobre a minha individualidade, e como ela funcionava com o princípio de cura, é algo completamente diferente do que estou acostumada a fazer. Mas de alguma forma meu corpo sabia todos os princípios, sem se esquecer daquilo que já sabia.
— Suas horas diminuíram severamente — disse a mais velha com sua característica voz nasalada —, mas a força permanece a mesma. Não sei em detalhes o que aconteceu na missão, mas mudou estruturalmente sua individualidade. Podemos continuar pesquisando enquanto não aparecem alunos machucados por aqui.
— Irá me ajudar muito.
— É o mínimo que posso fazer, desde que você apareceu por aqui as coisas ficaram bem mais fáceis. Os alunos devem começar a se preparar para o festival cultural em breve, então a probabilidade de ficarmos ocupadas é quase 0.
— Já estamos nessa época do ano? — ponderei — Realmente passa rápido.
A mais velha girou na cadeira e apertou algumas teclas no computador da ala médica — Sim, mas é bom os alunos terem algo para o que sorrir. Todos passaram por muitas coisas nos últimos tempos.
— Sem sombra de dúvidas.
— Mas enquanto ele não chega, vamos focar em você — disse a mulher —, está pronta para fazer alguns testes?
Respirei fundo e respondi.
— Sim.
N/A: Obrigada por ler até aqui!
Me deixe saber se estão gostando da história ou não, é muito importante para mim.
Até a próxima, Xx!
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