Sem Compromisso
Se continuar nesse caminho só vai acabar morta.
Meus olhos abriram repentinamente, o corpo arrancado do estado de sono num susto. Outra noite em que a mente foi tomada por pesadelos.
Ergui ambas mãos para o rosto, o suor acumulado na testa e no pescoço se tornou frio quando entrou em contato com o ar da madrugada. Com os dedos entremeados nos cabelos os penteei para trás e me sentei, não deixando de reparar no herói que dormia de bruços na outra metade da cama.
As costas nuas expunham os músculos esculpidos junto das asas rubras junto de algumas cicatrizes, como todos nos temos. Embora as marcas mais recentes foram deixadas pelas minhas mãos.
Hawks não é um dos heróis mais altos, o que não significa que é fraco ou resistente, da sala para o quarto e então uma madrugada prazerosa de esquecimento. De ambos os lados.
Ainda estava cedo demais para começar o dia, e tarde demais para tirar um bom proveito de horas de sono. Não que eu fosse as ter de qualquer maneira, a cada momento que fechava meus olhos Dabi voltava a aparecer, brincando com a minha sanidade.
Virei colocando as pernas para fora da cama, Hawks parecia precisar de um bom descanso. Não precisava o incomodar.
Quando me levantei o corpo cobrou seu preço pelas atividades noturnas, além das costas doloridas havia a impressão em relevo dos dentes do homem na parte interna da minha coxa. Teria sorte se não virasse um hematoma, quando me abaixei para pegar minha camiseta não consegui segurar um sorriso.
O tão sempre educado herói número 3 não era tão gentil assim, pelo menos não na cama.
Com passos leves andei em direção à cozinha, colocando água para esquentar em seguida. Girei o pescoço deixando a cabeça pender para trás por um segundo, puxei os cabelos da nuca e os prendi usando uma própria mecha do cabelo como laço.
Encostei no balcão esperando a água ferver, uma das mãos se erguendo automaticamente para minha orelha.
Depois que Hawks me beijou pela segunda, terceira, quarta vez, suas mãos que então me seguravam firme na cintura escorregaram para dentro da minha blusa apertando a pele diretamente. O tecido foi tirado não muito depois disso, e até agora estava abarrotado no canto do sofá.
As mãos do herói não eram muito suaves, mas firmes percorreram cada curva do meu corpo, acompanharam a linha da minha coluna e se entrelaçaram as minhas enquanto seu nome escapava dos lábios. Urgente e falho.
Não tinha muita luz, e ainda assim os olhos de Hawks pareciam iluminados. Estreitos e afiados como uma lâmina olhavam para mim com um desejo puro, uma fagulha de excitação se fazendo presente a cada movimento.
Troquei o peso da perna inclinando a cabeça para o lado, o sexo foi infinitamente mais prazeroso do que com meu antigo namorado.
Ouvi passos e virei para ver surgir o ver surgir no corredor colocando a camiseta, os cabelos loiros estavam amassados de um lado — o que ficou pressionado no travesseiro —, ainda parecia sonolento porque quase bateu no batente da porta.
— Chá ou café? — perguntei me abaixando para pegar folhas de chá numa gaveta baixa.
— Café.
É uma sorte que meu pai parece ter abastecido seu estoque de cafeína recentemente.
— Faz quanto tempo que está tendo pesadelos? — por estar atrás da bancada não vi sua expressão quando foi feita a pergunta. Mas quando ergui os olhos vi que tinha os braços cruzados e uma expressão um tanto quando inquisitiva no rosto.
— Alguns dias — respondi com sinceridade, não tinha um motivo para mentir.
— Quer falar sobre?
Cutuquei a embalagem — Não tem muito o que dizer. É sempre o mesmo sonho, e geralmente acaba com a minha morte. Mesmo depois de acordar continuo com a sensação crepitando na minha pele.
— Devia falar com a velha da U.A, sua aparência não está das melhores — Hawks se aproximou.
— Falar isso para a pessoa que dormiu com você é um pouco cruel.
Suas mãos se levantaram para meu rosto, os polegares traçando as áreas abaixo dos meus olhos — Não foi nesse sentido, parece com alguém que poderia dormir por três dias seguidos.
— É uma verdade.
O herói ficou olhado meu rosto por alguns segundos com uma expressão desconhecida, foi quando ele engoliu e os olhos caíram que tive uma ideia mínima do tipo de conversa que viria a seguir.
— Não vai dizer que foi um erro, e que devemos esquecer, vai?
— Quero continuar seu amigo — parece que acertei em cheio.
Respirei fundo e puxei sua mão me afastando em direção ao fogão — Foi uma transa Hawks, você queria eu também. Não estou esperando um pedido de casamento, sou uma garota crescida, não precisa se preocupar em quebrar meu coração.
Silêncio.
Virei o rosto, e antes de conseguir falar mais alguma coisa surgiu uma versão mais conhecida do herói.
— [Nome] sempre consegue me surpreender — ele abriu um grande sorriso —, sabe algo que eu descobri? Você realmente fica melhor de preto, mas sem nada é deslumbrante.
— Também descobri algo — entrei no jogo respondendo seu sorriso com o mesmo veneno e colocando uma caneca com café em sua frente —, sua presença é bem mais prazerosa quando está com a boca ocupada.
Hawks levantou as mãos e sinal de rendição e pegou a xícara, tomando o líquido puro em seguida. Fiz o mesmo com o chá recém-feito.
— Quer dizer que foi bom pra você? — o loiro escondeu metade do rosto atrás da caneca, porém, tenho certeza que ele estava sorrindo.
Suspirei alto — Não acredito que realmente quer conversar sobre isso.
— É saudável — ele deu de ombros respondendo com uma voz despreocupada.
— Fazia um tempo que não ficava com alguém — cocei a cabeça — foi... Legal.
O homem fez uma careta — Fala sério, você consegue um adjetivo melhor que esse. Que tal incrível?
— E levantar ainda mais seu ego? Não, obrigada.
Suas asas se abriram de leve, derrotado ele andou até a pia lavando a caneca e a colocando do lado — Vai ficar algum tempo sem ouvir de mim, mesmo que sinta saudade talvez não consiga falar comigo.
— Que ótimo, é bom trabalhar — rebati.
Hawks secou as mãos e inesperadamente abraçou minha cintura, em seguida apoiando a testa no meu ombro. Havia algo de estranho naquele movimento, quase parecia necessitado ou de alguma forma... Terminal.
— Por que está me abraçando como se fosse a última vez que fosse me ver? — questionei afastando a cabeça para ver seu rosto.
Ele me deu o mesmo sorriso dissimulado — Ninguém sabe o que pode acontecer, e se até eu terminar o trabalho você acabar me odiando?
— Hawks o que...? — tentei perguntar, mas o herói me interrompeu dando um beijo também amargo, e não apenas pelo café.
— Não me pergunte o que eu não posso responder.
Dito isso, ele pegou o restante das vestes jogadas pelo apartamento e partiu enquanto o sol começava a surgir no horizonte sem dizer mais nada além da estranha despedida.
Foi então que as palavra de Swyn voltaram a soar na minha mente, sem o histórico quem garante que herói número 3 é realmente um cara bom? Ainda que fosse apenas um pouco, não posso deixar de pensar ser peculiar.
Tentaria falar mais com meu amigo depois, existe muito o que fazer no dia, começando por levar os pertences do meu pai para o hospital. Uma culpa súbita me atingiu, junto de vergonha, eu deveria estar mais preocupada com a situação do meu velho, não desfrutando dos prazeres da carne. Embora eu tenha pedido distração por uma noite.
Balancei a cabeça e voltei para minha rotina normal, ainda teria mais um compromisso com Nighteye na agência, algo sobre cooperar com Ryukyu e também o Fat Gum. Além de apresentar oficialmente Midoriya como um integrante temporário da equipe e também da operação.
Admito que fiquei surpresa quando Mirio me contou que o Sir assinou o papel, principalmente depois da primeira impressão. Pelo que sei dos terceiros anistas outros alunos da classe 1-A também estão trabalhando com alguns heróis.
O momento de agir contra Chisaki, se aproxima a cada dia.
N/A: * limpa a garganta * Bom dia, boa tarde, boa noite.
É isso hahahahahaha. Então... Não tem muito o que falar além do que já foi falado e descrito, o foco não era pra ser o ato em si e sim a conversa depois dele.
Por hoje é isso.
Obrigada por ler até aqui.
Até mais, Xx!
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