12 - Fofoca
"ᴀ ғᴏғᴏᴄᴀ ᴇ ᴄʀɪᴀᴅᴀ ᴘᴏʀ ɪɴᴠᴇᴊᴏsᴏs, ᴇsᴘᴀʟʜᴀᴅᴀ ᴘᴏʀ ᴛᴏʟᴏs ᴇ ᴀᴄᴇɪᴛᴀ ᴘᴏʀ ɪᴅɪᴏᴛᴀs"
Sabe quando você anseia muito por uma coisa, mas quando finalmente a alcança, sente que não a desejava nessa proporção? Harry sentia-se exatamente assim em relação a Hogwarts. Não que estivesse sendo ingrato, pelo contrário — amou cada pedacinho daquele castelo à primeira vista. Ou a segunda, já que seus padrinhos contavam e mostravam tantas coisas sobre a escola, que o garoto chegava a conhecer mais segredos do que qualquer um ali.
O incômodo dele era em relação a sua reputação. Por quê? Ora! Que assunto seria mais interessante do que o Menino-Que-Sobreviveu? Talvez só a história dele.
Lógico, ele já esperava que haveriam uns fofoqueiros aqui e outros ali, mas nada se compara com o que se deparou.
Apesar de ter, praticamente, acabado de chegar na escola, os alunos não davam sinais de que lhe deixariam em paz tão cedo. Até mesmo dentro de seu próprio salão comunal ele era julgado. Uns fitavam-no com um grande sorriso, já outros nem isso faziam, a boca estava ocupada fofocando — bem mal e porcamente, na opinião de Harry. Será que eles não sabiam que a miopia não era um tipo de cegueira e nem que não afetava sua audição? Talvez não soubessem mesmo, vai entender.
A pior parte era, com certeza, ter que aguentar os famosos sabichões, que acreditavam saber de todos os detalhes da noite de Halloween do ano de 1981. Era impressionante como se garantiam. Um primeiranista lufano chamado Zacharias Smith, afirmava que juraria em frente até a Merlin que Harry só sobreviveu porque estava brincando com a varinha de um de seus pais nas mãos e, acidentalmente, atingiu o tão temido Lord com uma maldição da morte. Ridículo.
Mas claro, a importunação não parou apenas em olhares de julgamento ou sabidos que não sabiam de nada, ia além; ultrapassava os limites mais extremos que existiam, como se fossem irrelevantes e bobos. Perguntas do tipo "Doeu ver seus pais morrendo?" ou "Como você se sente sendo órfão?" eram assustadoramente comuns.
Outrora, Harry não se rotulava como órfão. Tinha uma família, mais do que isso, tinha duas pessoas que considerava como figuras paternas, mesmo que nunca tivesse chegado a chamá-los de pais. Não precisava. Possuía a consciência de que eles já sabiam disso, além de que amava os tão famosos — para ele — apelidos: Moony e Padfoot.
E a falar em Sirius, uma descoberta surpreendente foi que os garotos da escola — grifinórios pelo menos — realmente achavam que o homem em questão era o próprio estereótipo de durão. Chega a ser irreal a forma como as aparências enganam. Entretanto, pelas tantas tatuagens que fechavam seus braços e peito, e pela expressão vaga que adorava fazer para assustar as pessoas, de fora, deveria mesmo parecer que ele era antipático.
— Ele tem cara de alguém com o gênio fortíssimo, por isso logo deduzi que fosse arrogante também — comentou Ron, sentado na mesa da Grifinória enquanto degustava seu prato preferido: sanduíche de bacon.
— Acredite, ele está mais perto de ser Ministro da Magia do que de ser um valentão — respondeu Harry, que gargalhava com a ideia absurda e precipitada que os amigos — se é que podia considerá-los assim — tinham do padrinho.
As pessoas sempre confundiam: Sirius era orgulhoso, mas não era nem perto de ser arrogante. Essas palavras, embora constantemente usadas como sinônimos, têm um significado bem distinto. O orgulho relaciona-se com um sentimento de prazer com a própria honra, com a dificuldade de admitir suas falhas, ou com a satisfação em se ostentar; aquele que o possuí pode ser também taxado como vaidoso. Já a arrogância, é capaz de ser resumida como o pensamento de ser superior aos outros, de não aceitar opiniões diferentes, e muitas vezes chegar a recorrer a violência, tanto física quanto verbal, para defender seus ideais. Então, um indivíduo pode ser orgulhoso sem ser arrogante, mas não ao contrário.
Simples assim.
Se Harry fosse taxar alguém de arrogante, seria o tal do Zacharias Smith. Aliás, o moreno, por mais que tentasse, não compreendia como um mala daquele foi parar na Lufa-Lufa, sempre pensou que os lufanos fossem os mais simpáticos.
Isso são esteriótipos, Harry, repetia a si mesmo a frase que sempre esquecia. Como poderia ser tão hipócrita? Vivia pegando no pé de Ron por causa disso, e lá estava ele, fazendo a mesmo coisa ou até pior.
"Nem todos os sonserinos tem a mente má"
"Nem todos os corvinos são super nerds"
"Nem todos os grifinórios são corajosos"
"Nem todos os lufanos são animados"
Essas eram as frases que ele, definitivamente, tinha que grudar na cabeceira de sua cama. Talvez assim parasse de subestimar ou julgar alguém pela sua casa.
Isso se ele conseguisse chegar até seu dormitório, porque o garoto não conseguia dar um passo sem ser observado. Uns viravam tanto a cabeça que chegava até a estalar. Eles acham que são o que? Corujas?, era o que ele sempre se perguntava. Um ponto ele tinha — as cabeças dos alunos chegavam mesmo a se assemelhar as das corujas, a diferença era que as aves realmente possuíam aquela habilidade, os alunos só faziam por fofoca.
De onde Harry veio, isso seria considerado pura falta de educação. Remus sempre esclareceu que não se deve olhar por muito tempo para uma pessoa, muitos menos cochichar sobre ela. Mas bom, esses estudantes pareciam ter a sensibilidade de uma colher de sopa. Perdiam apenas para Rita Skeeter, seu senso não era grande o bastante para uma colher, arriscava-se dizer que até uma pitada de sal era abundante para medi-lo.
Outro sem senso era Severus Snape; culpava Harry de tudo o que acontecia e até do que não acontecia. Draco adorava. Os sonserinos adoravam. O grifinório sentia era vontade de jogar uma bomba de realidade — ou de shampoo — em cima daquele cabeção dele. Ele sabia que só o maltratava por causa da rixa que possuía com James Potter em seu tempo de colégio. Que culpa Harry tinha? Nenhuma! Mas tudo o que podia fazer era escrever a seus padrinhos, pedindo conselhos de como amenizar a situação.
Aliás, o menino havia acabado de completar três dias de estadia na escola, e mesmo assim não se indignara a mandar nenhuma carta para Remus e Sirius. Tinha até medo abrir a porta do dormitório. E se Black decidisse aparecer em pessoa para lhe dar uma bela bronca? Bom, era Sirius Black, e dele nunca se deve duvidar. Nunca se sabe quando resolve endoidar de vez. Então, pelo seu amor a vida, optou por escrever ao casal.
"Caros Moony e Padfoot,
Fico surpreso de não ter recebido um berrador ainda, e espero jamais receber um. Desculpem-me pela demora a escrever, eu estava tão vibrado por finalmente estar aqui, que acabei esquecendo de vocês, mas foi só um pouquinho. Juro.
Hogwarts é exatamente como eu imaginei que fosse: mágica. É mais do que surpreendente a quantidade de coisas que dá para fazer aqui dentro, sem contar nas passagens secretas... e nos banquetes, claro.
Moony, quero que saiba que estou seguindo seus conselhos da lista, procuro sempre dormir cedo, não comer tanta guloseima e fazer os deveres. No último estou tendo uma ajudinha especial, o nome dela é Hermione Granger e vale uma biblioteca inteira. Até você se impressionaria, a menina decorou TODOS, eu repito TODOS os livros do ano didático inteirinho! Nem acreditei quando soube que ela era nascida trouxa, sabe coisas que eu jamais saberia.
Estou me dando até que bem, fiz alguns outros amigos, como Ron, Dean, Seamus e Neville, embora eu o chame de Nev. O único problema é que não param de cochichar sobre mim, e vocês sabem o quanto isso me chateia, já que odeio ser o centro das atenções.
Conheci também o famoso Ranhoso, e não recomendo. O homem tem um problema fora do normal comigo, vocês me avisaram de uma possível implicância, mas isso foi muito além de uma coisa simples. Virou obsessão já.
Gostei muito da Prof. Minerva, apesar de ser bastante rígida, ela ainda tem um ar de descontração. É mestre em manter os alunos entretidos.
Enfim, como estão as coisas aí em casa? Remus, conseguiu decifrar o tal poema de Hipatia? Se não, eu sei que vai! Estou lhe enviando todas as minhas energias positivas para que isso aconteça. E você, Sirius? Está bem? Parou de trabalhar que nem um maluco? Caso a resposta for não, eu recomendo que pare um pouco, sabe, relaxar também é essencial. Não quero ver você mal.
Já ia quase esquecendo, já se perguntaram em qual casa eu fiquei? Humm... Vou contar. Fiquei na Sonserina! Felizes?
Sirius é brincadeira, calma! Eu fiquei na grifinória mesmo. Moony, por favor, me diz que fotografou a cara de maluco que ele fez, e que vai me mandar junto com uma carta e seus bolinhos caseiros que eu amo.
Com amor,
Harry."
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Oiee! O capítulo hoje foi meio curtinho, mas prometo que no próximo eu compenso. Enfim, como vocês estão? Bem? Se estiverem precisando de alguma ajuda é só me chamar, sempre estou pronta para ajudá-los.
Muito obrigada pelos 2K de leituras! Nem sei como me expressar direito, não imagimei que chegaria a esse número.
Não se esqueçam de votar e comentar 🤍
xoxo
-- A
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