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18

Engolindo em seco, nosso jovem herói andou, pé ante pé, até a janelinha de vidro na porta da cozinha. Mesmo que o pânico tomasse seus poros, dificultando sua respiração, ele se surpreendeu com a visão do que acontecia no salão da confeitaria e se permitiu aliviar parte da tensão de seu corpo.

Apenas a parte de vidro da porta estava quebrada ninguém adentrara a loja. Fora tão somente um ato de vandalismo realizado por jovens arruaceiros, muito comuns naquela região, Jeongin, podia inclusive escutar seus gritos afogados descendo a rua, se afastando do local.

Não demorou mais que alguns minutos para o choque passar e começar amaldiçoar até a quinta geração daquele infratores, cuja imbelicidade ultrapassava os limites imagináveis, antes de começar a limpar todo aquele vidro espalhado pela loja inteira.

- Senhor H-hwang? - Jeongin levou um pequeno susto antes de reconhecer aquela frágil vozinha que o chamava. - O senhor está bem?

- Oh, Chan! Que susto, menino! - Repreendeu, ele, o jovem garotinho loiro que sempre o ajudava carregar as compras do supermercado em troca de algum dinheiro para a família. - O que está fazendo na rua a essa hora, pequeno?

- Peço perdão, senhor Hwang, não foi minha intenção assusta-lo - Respondeu Chan se encolhendo pelo frio do inverno coreano. Também pudera, o pequeno usava roupas de tecido tão fininho que seria milagre se o protegesse da mais leve brisa da primavera.

- Não respondeu minha pergunta, Channie... - Jeongin insistiu largando a vassoura de lado. - Não gostaria de entrar? Posso preparar uma caneca de chocolate enquanto conversamos...

Mas ele negou com veemência a cabeça, no entanto seu olhar salivava com a ideia de algo tão saboroso e quentinho.

Jeongin conhecia bem esse olhar, por isso continuou a convidá-lo.

- Sinto muito senhor. - o garoto finalmente respondeu desviando o olhar para o chão - Mas não tenho dinheiro para pagá-lo...

- Oh não Chan, estou convidando você, não precisa se preocupar. - disse o mais velho com um aperto no coração. - É por conta da casa, entre...

- Tudo bem... - Respondeu tímido aceitando a mão de Jeongin que o guiou até a cozinha, onde se pôs a preparar duas xícaras quentinhas de chocolate.

- Então... porque não está em casa essa hora, anjo? - Jeongin questionou novamente ao entregar a caneta nas mãozinhas delicadas dele.

- Não tenho mais casa... - confessou o pequeno com um certo pinguinho de vergonha no olhar - mamãe foi embora quando o banco a tomou semana passada...

- Você está vagando por essas ruas geladas durante todo esse tempo? - Perguntou seriamente e arfou quando recebeu a confirmação do menor. - Santa cenourinha, Chan, você tem o que? 11 anos?

- Eu tenho 12, senhor Hwang... - suspirou - E não é como se eu tivesse escolha...

- Sinto muito, pequeno... Sei como se sente...

- Sabe?

- Infelizmente... - Falou pesaroso, contando sua triste história para aquela linda criança, que o escutava com atenção.

- Então o Hyunjin te perdoou mesmo assim? - Perguntou espantado com a narrativa.

- Sim, e perdoaria mais um milhão de vezes. - uma terceira voz se fez presente na cozinha, assustando Jeongin e Bang Chan.

- Querido! Você deveria estar na cama! - censurou Jeongin se levantando imediatamente para guiar seu amado, enrolado em um cobertor, até um banquinho ao redor da mesa.

- Você estava demorando, então desci para verificar, estavam tão entretidos na conversa que nem me escutaram chegar... - Explicou Hyunjin com sua voz em um tom mais rouco que o normal por causa do resfriado.

- Oh, sinto muito por atrapalhar vocês... - Chan se manifestou sentindo-se culpado. - Acho que é hora de ir...

- Você não precisa ir se não quiser - Jeongin se pronunciou fazendo Chan parar seus movimentos - Digo, não tem problema, não é, querido?

- Se você não o convidasse para ficar, eu mesmo o faria. - Respondeu Hyunjin sorrindo para o garotinho. - Você terá que dormir no sofa cama essa noite...

- Podíamos ligar para o Felix e pedir para trazer a antiga cama de Jisung pra cá amanhã - planejou Jeongin com um olhar sonhador. - Agora que ele está vivendo com o Minho, não vai precisar dela...

- Isso, então transformaremos o armazém em um quarto de verdade. - concordou Hyunjin animado com as possibilidades.

- Felix pode nos indicar um bom advogado pra ajeit-...

- Esperem! - Chan interrompeu a conversa dos senhores Hwang's assim que saiu de seu transe. - Querem que eu fique?

- Se você concordar, é claro... - Jeongin disse se sentindo subitamente inseguro, apertando com força a mão do marido.

Segundos se passaram antes que a resposta fosse finalmente dada pelo Bangchan com voz chorosa:

- Eu aceito.

Esse é o fim da história, mas ainda tem um epílogo <3

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