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— Park Jimin, eu acho melhor você atender a porcaria desse celular. — Taehyung reclamava, enquanto tentava mais uma vez contatar o amigo.
— Precisa se acalmar, não está ajudando... — Hoseok disse ainda prestando atenção na estrada, ouvindo Jihyo soluçar no banco de trás.
— Eu deveria ter percebido que era uma despedida. — ela choramingou.
— Ainda quero entender porque ele se foi sem dizer nada a ninguém. É tão estranho... — Jung comentou.
— Eu acho que tem a ver com o Jungkook. — o ruivo lembrou. — Jimin, atende essa merda! — reclamou mais uma vez, ouvindo o recado da secretária eletrônica.
O trio chegou ao hospital em tempo recorde. Jihyo e Taehyung mal esperaram Hoseok desligar o carro e já entraram correndo atrás de informações.
— Calma, meu anjo. — a senhora Yoo da lanchonete acolheu a Park em seus braços.
— Como foi isso? — Taehyung questionou ainda com o celular no ouvido.
— Ele só chegou se despedindo, dizendo que era o último café dele aqui. — ela contou, acariciando os cabelos da morena que chorava desoladamente.
— Se ele soubesse o lixo de decisão que tomou...
Taehyung se distanciou de todos, saindo novamente do hospital e alcançando um local pouco movimentado. Reiniciou a ligação e esperou cair na secretária eletrônica mais uma vez. Dessa vez iria gravar um recado sério.
— Jeon SunHee. Vou começar dizendo o nome dela pra ver se você presta atenção. Você quer que essa criança saia dos braços do pai? Porque eu não acho que você tenha tido todo aquele zelo com a menina pra agora querer que ela fique aos cuidados de uma mulher que a gente nunca ouviu falar. Jungkook tem uma audiência amanhã, ele não tem ninguém, Jimin. Independente do que aconteceu, precisa dar um jeito de ajudar. Por ela, pela Sun.
Encerrou a ligação não tão esperançoso quanto gostaria. Sabia que se o amigo estivesse no avião, ouviria o recado tarde demais. Guardou o aparelho no bolso quando ouviu seu pager apitar. Pediu aos céus que não tivesse de fazer nenhuma cirurgia importante ou não garantiria nada bom.
Já eram quase cinco da manhã e Jungkook não havia pregado o olho. Perdeu a conta de quantas horas passou chorando baixinho, para não acordar a filha que dormia ao seu lado. Não conseguiu deixá-la dormir no berço. Não suportaria a ideia de passar a possível última noite longe dela.
Viu o dia clarear e os primeiros raios de sol adentrarem o quarto. Suas pálpebras pesaram e ele considerou tirar um cochilo.
Estava cansado demais para perceber, mas pela primeira vez em três meses, SunHee havia dormido a noite toda.
Acordou com o celular tocando alto ao seu lado. Pegou o aparelho e percebeu que já estava em cima da hora. Levantou num pulo, visto que ainda tinha que arrumar a si mesmo e a filha.
Quarenta minutos depois, Seokjin chegou à sua casa para levá-lo ao tribunal. Jungkook não conseguia conversar, estava tão nervoso que sentia as mãos tremerem tamanho era o estresse.
Adentraram o enorme prédio e logo foram levados para o local indicado pelo advogado. Jeon avistou a ex sogra e por pouco não lhe disse uns bons desaforos ali mesmo. Ela mantinha um sorriso vitorioso nos lábios e o moreno adoraria não se intimidar com aquilo, mas era impossível.
O juiz não se demorou, dando inicio à sessão.
Jungkook observava a tudo em silêncio. O depoimento de Jaesang, seu ex sogro, foi o primeiro. Ouviu atentamente o rapaz calvo falar mal de si quase que cem por cento do tempo. Sobre sua falta de interesse em arranjar emprego, sobre como tirou sua filha do caminho do bem. De como a fez mal.
Teve vontade de se levantar e revidar. Dizer que se não fosse por ele, talvez Jiwoo estivesse morta há muito mais tempo, pois a mesma tentaria suicídio nas condições em que vivia.
Tios, tias e até a prima adolescente de sua falecida estavam ali contra ele. Jeon se sentia cada vez mais sozinho e inseguro. Vez ou outra lançava olhares cabisbaixos para Yerim que ninava a pequena Sun. E foi numa dessas que seu olhar encontrou o de Haeyoung. Sua ex cunhada, agora ruiva, assistia a tudo em igual silêncio. Ele não conseguiu decifrar o que seu olhar dizia, mas sentia que não era algo ruim.
E então a vez de Hyejin chegou. Com o peito estufado e transbordando maldade, ela caminhou até o local indicado e se sentou. Começou a diminuir Jungkook, que sentia os olhos marejarem. Foi contido pelo advogado quando quis se levantar ao ouvir a megera citar até a sua falecida mãe, alegando que ela era uma qualquer que não dera educação correta ao filho.
Fechou as mãos em punho, sentindo os olhos arderem. Tentou focar no carro de som que anunciava alguma coisa do lado de fora e ficou assim até perceber que a vez da mulher havia acabado. Notou seu advogado se sentar ao seu lado novamente e se preparou para finalmente contar a sua versão de tudo.
De frente para todos os que o assistiam, Jungkook se sentiu mil vezes mais intimidado. Sua timidez e medo o fizeram começar a gaguejar.
Avistou Namjoon, Hoseok, Jihyo e Taehyung sentados ao lado de Seokjin e se sentiu um pouco mais calmo. Sabia que eles estavam ali para si. Decidiu manter seu olhar sobre a filha, enquanto contava sobre como conheceu Jiwoo, sobre como resolveram se casar e morar em Seul.
A essa altura ele já estava chorando, bem como boa parte das pessoas ali. Mas ele sabia, que contra o dinheiro e poder de Hyejin, ele não poderia lutar. Sentou-se para aguardar os — que ele podia chamar de — amigos darem seus testemunhos.
— ...Jungkook era muito imaturo, mas eu vi o seu crescimento como pai em todos os dias em que ele comparecia ao hospital para visitar a Sun, estimulando-a a reagir... — disse Namjoon em uma de suas falas.
— ...Qual bebê prematuro tem mais de uma parada cardíaca em menos de 10 minutos e vive para contar a história? A recuperação de SunHee foi extraordinária, mas garanto que se ela não tivesse sentido a presença do pai durante aquele tempo, talvez ela não estivesse aqui hoje... — depôs Hoseok.
— ...Jeon estava desesperado, insistiu para entrar e acompanhar o parto, mas no estado dela era impossível, ele só iria atrapalhar. Antes de ser sedada, Jiwoo disse o nome dele algumas vezes. Ele era alguém importante para ela... — Jihyo contou.
— ...Acompanhei Jungkook no último contato com a esposa, foi triste. Eu me comovi muito. Você conseguia sentir o amor dele por ela, entende? Tive o prazer de conviver com a Sun por longos dias naquela UTI neonatal e em todas as vezes que eu estive lá, Jeon estava também, como pai atencioso que sempre foi... — Taehyung completou.
O moreno tinha as mãos suadas. Queria tanto chorar, queria gritar, queria sair correndo. Queria tantas coisas... Mas, acima de tudo, queria alguém que lhe dissesse que tudo ia ficar bem, que sairia dali com sua filha nos braços. Sabia que o quarteto tinha encoberto muitas das suas merdas e negligências e era grato por isso, mas sentiu um arrepio estranho percorrer a espinha quando uma mulher extremamente magra, com cabelos longos e negros foi chamada como testemunha surpresa de acusação.
— Bom dia, senhora Lee. Poderia dizer a todos aqui de onde vem? — o advogado de Hyejin disse com um sorriso irônico nos lábios.
— Eu... Eu sou da agência de adoção.
— A senhora disse que Jeon Jungkook ligou para lá algumas vezes. Com que intenção?
— Ele queria fazer uma ficha de adoção para Jeon SunHee...
— Sem mais perguntas, meritíssimo. — o rapaz sorriu extremamente vitorioso e voltou para seu lugar.
O moreno abaixou a cabeça sentindo-se derrotado. Não teve coragem de olhar para trás e encarar as pessoas que saíram de suas casas e trabalho para lhe defender. Ele era um lixo de pai. Apesar de se arrepender de ter tido tais pensamentos sobre a filha, sabia que isso não seria suficiente para mudar a cabeça e decisão do juiz.
— Meritíssimo, eu gostaria de chamar a minha primeira testemunha surpresa. — o advogado de Jeon disse, fazendo-o olhar com espanto. — Por favor, doutor Park Jimin.
Jungkook arregalou os olhos. Olhou para trás e encontrou os outros no mesmo estado.
O que ele estava fazendo ali?
Observou o rapaz de cabelos loiros sentar-se, logo lhe lançando um olhar inexpressivo. Apresentou-se e fez seu juramento, começando a falar.
— Eu tive contato com os três. Mesmo tendo pouco tempo com a mãe da criança, eu pude notar o quanto a mesma queria que a filha vivesse. Me implorou por diversas vezes que eu a salvasse em qualquer que fosse a hipótese.
— E o senhor fez isso? — o advogado de defesa perguntou.
— Não. Eu tentei salvar as duas e consegui. Mas, no dia seguinte Jiwoo sofreu uma convulsão e não resistiu.
— Como era o relacionamento do meu cliente com a filha?
— No início ele não queria contato. Fez birra, chegou até a brigar comigo algumas vezes. — Jimin sorriu de leve com a lembrança. — Mas não demorou muito para ceder aos encantos da pequena.
O homem lhe fez mais algumas perguntas e Park as respondia maravilhosamente, sem hesitar ou gaguejar. Jeon assistia a tudo em transe, ainda não acreditava que o loiro estava ali.
— Doutor Park, ouvi o senhor citar que Jeon Jungkook não queria contato com a filha. Acha isso um comportamento correto para um pai? — o advogado de Hyejin questionou.
— Vejo pela aliança em seu dedo que o senhor é casado. — Jimin começou. — Me diga, se sua esposa viesse a falecer no parto, será que em algum momento você não teria a mesma reação de Jungkook? Porque eu, como médico, já vi muitos casos assim. Tantos que te deixariam impressionado. — completou, vendo o rapaz engolir seco.
1 x 0 para Jimin.
— Os outros médicos aqui presentes, disseram ver o pai da criança todos os dias no hospital, o que leva a crer que ele está desempregado. O senhor como defensor da vida, não acha errado deixar uma criança nas mãos de um homem sem renda fixa?
— Jungkook teve que fazer uma escolha. Ou ele cuidaria da filha até que se recuperasse, ou sairia à procura de um emprego, correndo o risco de ver a primogênita morrer. Como bom pai que é, estava lá todos os dias, só não dormia porque não tinha como.
2 x 0 para Jimin.
— Doutor, conhece aquela senhora sentada bem ali? — o advogado de Jeon perguntou.
— Não faço a menor ideia de quem seja. — respondeu sincero, mas desconfiando se tratar de Hyejin.
— Ela é a avó da criança. Nunca a viu no hospital?
— Essa senhora nunca esteve lá. Também nunca visitou SunHee mesmo após a alta.
— Protesto! — o outro advogado se levantou. — Não pode concluir nada que aconteceu fora do hospital.
— Eu posso sim, porque eu estava com ela também fora de lá. Me tornei próximo da família por motivos óbvios. SunHee é prematura e mesmo após a alta necessitava de cuidados maiores.
3 x 0 para Jimin.
O loiro sempre tinha uma resposta na ponta da língua para todas as perguntas e insinuações da acusação. Hyejin só faltava cuspir fogo, mas Jimin mantinha sua postura e serenidade.
— ...Eu vi Jungkook se tornar pai. Presenciei suas frustrações e sofrimentos, mas também o vi executar ações dignas de um homem responsável. Noventa por cento dos pais na mesma situação dele, ligariam para a adoção. E mães também. Não é fácil criar um filho sozinho, não nessas circunstancias. Ninguém nunca está preparado para passar por tudo isso. Ele engoliu o orgulho e deixou que eu arcasse com as despesas hospitalares de sua filha, sem pedir nada em troca, isso pra mim é muito mais do que uma prova de amor.
Jimin sorriu fraco após tais palavras, tomando consciência de tudo que havia acontecido e terminou seu depoimento um pouco depois dali. Saiu de seu lugar e ao passar por Jungkook, lançou-lhe um olhar penoso e sem jeito. O moreno não hesitou em lhe jogar um sorriso e não podia negar que um fio de esperança havia brotado em si.
— Gostaria de chamar a minha segunda testemunha surpresa. Kim Haeyoung.
Era a segunda surpresa do dia para Jungkook. Sua ex cunhada iria testemunhar a seu favor?
— ...Um dia, papai veio resolver uns problemas em Seul e eu pedi para vir também. Bati na porta do Kook e fui muito bem recebida. Encontrei minha sobrinha bem vestida e alimentada. Dormia tão serena como ela jamais dormiria se não estivesse feliz. Meritíssimo, não deixe a mamãe ficar com essa criança... — a ruiva pediu, recebendo um olhar fuzilante de Hyejin.
— Saia já daí Haeyoung! — a mais velha pediu.
— Silêncio! — o juiz pediu.
— Ela quer dar a Sun para um casal estrangeiro. Eu os vi ir lá em casa inúmeras vezes. Mamãe não a ama, nunca vai amar. Repugna SunHee como se ela tivesse alguma doença.
— HAEYOUNG! — a mulher vociferou.
— Jeon é o melhor pai que minha sobrinha poderia ter e sei que seria a vontade de Jiwoo que eles continuem juntos. Não a tirem dele, por favor.
O local foi tomado pelo burburinho dos comentários alheios. Todos estavam em choque com o depoimento de Haeyoung, a começar de Jungkook. Apesar de não confiar nem um pouco na sogra, não imaginava que ela chegaria a tanto.
O juiz pediu um intervalo, mas Jeon não teve forças para levantar do lugar. Permaneceu sentado, contando os segundos no relógio para que isso acabasse de uma vez.
— Silêncio! — o juiz pediu.
E então começou o breve discurso. Leu algumas coisas, disse outras que Jeon não entendia muito bem. Sua mão estava gelada e ele sabia que não era pelo frio. Seu peito subia e descia com velocidade, tamanha era sua ansiedade.
—... E eu decido que a guarda da menor Jeon SunHee continua integralmente com o pai, Jeon Jungkook.
♣
terminei esse cap quase 1 da manha mas segurei ate agora pq eu to aprendendo com a bighit rsrs
obrigada pelas mensagens de carinho, se eu continuo aqui é por vocês que me acolhem tao bem
tem uns comentários que dou risada demais, vcs sao iconeskkkkkkk
ate loguinho meus amores, jikook is coming
amo voces d+++ 🐥
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