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— Jimin? Você ainda 'tá aí? — Taehyung repetiu a pergunta pela segunda vez, sem respostas.
O loiro fez sinal para que Dahyun encerrasse a ligação e assim ela o fez. Colocou o celular onde estava antes e adentrou o centro cirúrgico. Ele, por sua vez, continuou no mesmo lugar. Higienizou tanto as mãos que era capaz de arrancar as impressões digitais fora, se isso fosse possível.
Péssima noticia para se receber antes de uma cirurgia como aquela. Logo agora que as coisas pareciam estar se acertando, Minho decidiu que era hora de voltar e tentar acabar com tudo. Jimin sacudiu a cabeça, tentando ignorar todas as hipóteses sobre a volta do ex, desejando que nenhum dos motivos envolvesse ele mesmo.
O procedimento que deveria durar quase uma hora, levou praticamente duas. Jimin se sentia inseguro, por vezes perdendo a noção de tempo e espaço com tantos pensamentos rondando sua cabeça. Sua testa brotava gotículas de suor por segundo e ele já estava se sentindo mal em ver a senhora Yoo o enxugando a todo o momento.
Quando saiu da cirurgia, tratou de procurar Namjoon e pedir uma folga para o dia seguinte. Tinha certeza que o garoto iria dar as caras por lá, como bom provocador que com certeza — ainda — é. Deu dois leves toques na porta do chefe e abriu-a, como de costume.
Só não esperava encontrar Kim Seokjin lá, um pouco próximo demais do outro que agora parecia extremamente constrangido, como alguém que foi pego no flagra.
— Doutor Park Jimin! — Seokjin o cumprimentou animado. — Que surpresa adorável!
— Muito bom te ver também, senhor. Mas... Eu posso voltar outra hora. — sorriu sem graça.
— Não, por favor. Eu já estava de saída. — respondeu, lançando um olhar para Namjoon e caminhando até a porta. — Recebeu os ingressos?
— Sim! Muito obrigado. Inclusive, se for possível, gostaria de conversar sobre algo.
— Oh, mas é claro. Vou esperar aqui fora. — ele disse e Jimin assentiu, logo olhando para Namjoon.
— Me desculpe, eu...
— Não se preocupe, ele é só... Um amigo. O que o traz aqui?
— Gostaria de tirar o dia de folga amanhã. — disse apreensivo.
— Você? Pedindo folga? Está tudo bem? — o platinado arqueou a sobrancelha.
— Na verdade, não. — mentiu. — Ando me sentindo mais cansado que o normal. Estou pensando até em tirar as famosas férias.
— Agora eu fiquei realmente preocupado. É alguma doença terminal? — o mais velho riu, sendo acompanhado pelo outro.
— Não... É só cansaço mesmo.
— Brincadeiras à parte, por mim tudo bem. Só me avise quando for tirar as férias. Preciso pensar num bom substituto e avisar aos seus pacientes.
Park agradeceu e saiu da sala. Namjoon ficou pensativo; sabia que aquele era um dos seus melhores médicos e o maior motivo do hospital ser conhecido como "berçário de Seul". Todas as mulheres queriam ter seu parto realizado pelo doutor Park Jimin, era como algo divino, um privilégio.
Já o garoto, se sentia mal. Mal por ter que deixar os pacientes e o trabalho que eram mais como hobby do que uma obrigação. Antes, ele havia focado no emprego para esquecer o que Minho lhe fizera, agora teria que se afastar pelo mesmo — maldito — motivo.
Encontrou Seokjin no andar de baixo, como sempre com um sorriso nos lábios. Cumprimentaram-se dessa vez com um abraço forte e sentaram-se para conversar. Não demoraram muito e Park logo já estava se despedindo feliz, pois Jungkook receberia uma ligação importante em breve.
Adentrou a sala de descanso e sentou na cama de baixo do beliche. Estava começando a tirar os sapatos quando ouviu gemidos e sussurros acima de si. Arregalou os olhos ainda no escuro e levantou-se, tateando a parede à procura do interruptor. Iria sim reclamar com quem quer que fossem as pessoas irresponsáveis que não trancaram a porta para transar.
Quando o cômodo clareou, Jimin riu. Riu tanto que acordou o amigo. Este, levantou atordoado e espantou-se ao ver o volume em sua calça de moletom.
— Droga! — o ruivo passou a mão pelo rosto.
— A coisa 'tava boa mesmo nesse sonho, hein? — o loiro continuou a rir.
— Inferno, eu não aguento mais!
— Foi com Hoseok?
— Com quem mais seria? Parece que o universo não quer que isso aconteça... — suspirou irritado.
— Isso o que?
— Você sabe do que eu estou falando, Jimin. — rolou os olhos.
— Conversei com ele hoje. — o loiro subiu, acomodando-se na cama do amigo.
— Sobre?
— Parece que Yoongi foi pedir desculpas.
— Que maravilha, espero que reatem e sejam muito felizes. — fez uma careta.
— Bom, eles não vão reatar, pelo que eu vi.
— Porque você acha?
— Não sei... Porque talvez o Hoseok possa gostar de você? — deu de ombros.
— Acho pouco provável. Foi quase um ano para ele me notar, tomar uma iniciativa. Desejo aquele cara desde que nós chegamos aqui.
— Ele estava namorando, Tae. — o loiro lembrou.
— Isso tudo é tão confuso...
— E você, gosta dele? — Jimin olhou para o amigo, que retribuiu o olhar.
— Eu nunca gostei de alguém, como vou saber? Me diga você.
— Como assim?
— Você sabe como é estar apaixonado. Me conte...
— Ah, Taehyung... — Jimin suspirou pesado, era uma pergunta difícil. — Você pensa bastante na pessoa. Noventa por cento dos seus pensamentos são sobre ela ou com ela. Quando ele se aproxima... — Taehyung sorriu, ao notar que o loiro mudou o jeito de falar. — É como se um enxame de abelhas estivesse dentro do seu estômago e se debatessem para sair de alguma forma. Quando ele te toca, você só ora baixinho para que aquele momento não acabe, que ele não se afaste... Que continue ali. Você decora as manias, o jeito de falar, de andar. O cheiro... — ele olhava para algum ponto fixo da parede, com um sorriso bobo nos lábios. — Decora a textura dos lábios, o toque das mãos...
— É assim que você se sente? — o ruivo perguntou, fazendo o amigo olhá-lo confuso.
— Eu? Do que está...
— O ele a quem você se referiu, provavelmente sem perceber... É o Jungkook?
— Taehyung, não começa.
— Eu admito se você admitir. — sugeriu.
— Não quero passar por tudo aquilo de novo. O Minho resolveu voltar e...
— Choi Minho que não ouse atrapalhar a sua vida. O tempo dele já foi, Jimin. Ele fez a escolha dele quando foi embora. O tempo agora é outro, o cara agora é outro.
— É, um cara que ficou viúvo há pouco tempo e me dá uns beijos por aí... E se ele estiver me usando? Grande avanço.
— E se, e se, e se. Se ele estiver, saberemos em breve. Só não deixe de curtir as coisas por medo do amanhã. — Tae pousou a mão no ombro do amigo.
— Olha quem fala. O garoto que tem sonhos eróticos com o homem que gosta e simplesmente deixa pra lá.
— Ei! Foi ele que errou escondendo a porra do namoro de mim. Eu não vou atrás. — disse firme, balançando as pernas no ar.
— Claro que não vai, mas ele vem. Só espero que você não seja um idiota e que saiba se impor. Não quero ter que acabar contigo também.
❈
No dia seguinte, o hospital estava um completo silêncio por conta dos poucos pacientes. Jihyo ria distraída com a moça da recepção quando ouviu seu nome ser pronunciado. Ao olhar para o local de onde vinha o som, sua boca se abriu num perfeito "O" de espanto.
Caminhou até o rapaz de cabelos — agora — loiros com a feição séria.
— Park Jihyo, quanto tempo...
— Choi Minho, quanto tempo... — ela ironizou.
— Ei, é assim que se recepciona o ex-cunhado? Não vai me dar um abraço?
— O que está fazendo aqui? — ela disparou, ignorando a fala do outro.
— Vim para um congresso que vai durar uma semana e pensei que poderia passar por aqui para dar um oi.
— Ah, oi. Pronto, agora pode ir.
— Calma, pra que toda essa agressividade? — riu sarcástico. — Cadê o Jimin?
— Está de folga, ainda bem. Fique longe dele. Faça o que veio fazer e vá embora. — a morena disse num tom mais alto, chamando a atenção de Taehyung que passava por ali.
O ruivo resolveu parar e aguardar o desenrolar das coisas, agradecendo mentalmente pelo amigo não estar ali. Distraiu-se tanto observado os dois que tomou um susto quando mãos grandes tocaram suas costas.
— Desculpa! — Jungkook riu. — Não queria te assustar.
— Não foi nada. — Tae riu sem graça.
— O Jimin está aí? Hoje é dia de consulta da Sun.
— Hoje? Tem certeza?
— Sim, ele marcou comigo anteontem... — Jeon o olhou confuso.
— Minie tirou o dia de folga, deve ter esquecido de te avisar por causa da confusão.
— Que confusão?
— Aquela... Ou melhor, aquele ali. — apontou para o loiro.
— Quem é ele?
— É o ex namorado ou sei lá o que do Jimin. Voltou hoje.
— Voltou de onde?
— Ele não te contou, não foi? — Jungkook negou. — Imaginei. Vem, vamos comer alguma coisa.
Andaram até a lanchonete e Jeon acomodou a filha na cadeirinha de bebê enquanto comia um pedaço de sanduiche. Taehyung trocou alguns olhares com Hoseok que passava pelo local e voltou a atenção para o outro, que aguardava explicações.
— Jimin sempre foi muito inteligente. Desde que nos conhecemos no primeiro ano da faculdade, eu sabia que tinha feito amizade com a pessoa certa. Entrei lá meio perdido e foi o baixinho de mãos pequenas e gordinhas que me ajudou. Nos tornamos amigos rapidamente e éramos os melhores da sala, até Minho chegar. — o ruivo rolou os olhos. — Exibido, com seu ar de superioridade, sempre demonstrava saber mais do que todo mundo e isso deslumbrou o Jimin. Sedento por esse mundo que é a medicina, ele acabou caindo nas graças do outro.
— Shhh, não é hora de chorar, hein? — Jungkook interrompeu para acalmar a filha que fazia uma careta. — Continue.
— Minho sempre foi arrogante, ambicioso... E manipulador. No último ano eu e Jimin já nem nos falávamos mais, porque o namoradinho dele dizia que eu era má influência.
— Por quê?
— Porque eu queria que o Jimin saísse, respirasse. Minho não deixava, fazia ele ficar 24 horas preso no quarto estudando e satisfazendo suas vontades, se é que me entende. Minie perdeu peso, ânimo e a noção das coisas. Vivia pra faculdade e pra Choi Minho. Eu tentei alertar, mas não deu muito certo. Foram longos seis anos assim. Eu vi meu amigo se destruir num relacionamento abusivo e não pude fazer nada porque ele estava cego de paixão... Aquilo nunca foi amor. — Taehyung respirou fundo e bebeu um gole de suco. — Até que os dois resolveram se inscrever para uma bolsa de especialização em Nova Iorque. Um dos melhores lugares para quem almejava ser cirurgião plástico.
— Mas o Jimin não queria ser...
— É aí que começa a coisa. Tamanha foi a influência desse cara que o Jimin ia fazer algo que não queria pra agradar ele. Os dois fizeram a prova para conseguir a bolsa, só que Minho não passou. Ficou arrasado, chorou, fez um drama que comoveu o campus inteiro. Menos eu. O dito cujo se disse tão abalado que resolveu voltar para a cidade natal nas férias, enquanto Jimin esperava por longas semanas a ligação da faculdade no exterior. E essa nunca veio, porque Minho desistiu da vaga em nome dele e a pegou para si.
— Como ele conseguiu isso? — Jungkook estava incrédulo.
— Jimin tinha compartilhado tudo. Senha de cartão, de banco, login de rede social. Estou te dizendo, ele não tinha vida. A vida dele era o namorado. Minho foi embora sem nem se despedir. Não deixou carta, nem telefone, nem endereço. Nada. A única coisa que ele deixou foi o Jimin, arrasado. As coisas só melhoraram quando a gente se mudou pra cá e ele se descobriu com os bebês. Caiu de cabeça no trabalho e estudos, superou. Nunca mais ficou com ninguém, ou gostou de alguém. E não foi por falta de pretendente...
— Coitado... Jimin não merecia isso de forma alguma. E o que será que ele quer?
— A fama do meu amigo já deve ter chegado aos ouvidos dele, que com certeza está tramando algo. Coisa boa não deve ser. — deu de ombros.
— Ainda estou chocado com tudo... Por isso ele pediu folga?
— Sim, acho que vai pedir as férias também. Mas... tem uma dúvida na minha cabeça desde aquele dia que você ouviu a conversa dos Park.
— O que foi?
— Essa aproximação de vocês... Está fazendo isso como forma de retribuir o que ele fez pela Sun? Porque se for...
— Não! — Jungkook disparou. — Eu jamais faria isso com ninguém. Eu... Acho que gosto dele.
— Acha é? — Taehyung sorriu. — É bom que goste mesmo, se fizer meu amigo sofrer as coisas não vão ficar muito amigáveis pro seu lado.
— Não farei, pode deixar.
— Eu preciso ir. Sugiro que você volte amanhã. Jimin não vai gostar de saber que outro médico atendeu a Sun. — riu, levantando-se e deixando o moreno sozinho.
Jungkook refletiu sobre toda a história que ouviu. Como alguém poderia ser tão sujo com alguém tão adorável? Isso não entrava em sua cabeça. Mas, mesmo sabendo de todo o enredo e deduzindo que Minho não tinha mais chances com o loiro, ele sentiu algo estranho. Insegurança, medo, ciúmes.
Quando deu por si, já estava com o celular em mãos, discando o número que já sabia de cor.
— Jungkook? Aconteceu alguma coisa? — a voz preocupada soou do outro lado da linha.
— Foi a Sun...
— O que houve?
— Ela mandou perguntar se você aceita sair comigo.
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oi tudobo? rsrs eu queria deixar essa imagem aqui... lembram de algo?
até loguinho, amo vocês 🐣
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