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Taehyung deu duas leves batidas na porta antes de abri-la e revelar o homem de cabelos platinados que estava sentado à mesa. Este, tirou a atenção do computador e parou para encarar o que estava na porta, notando sua feição nervosa.
— Aconteceu alguma coisa, doutor Taehyung?
— S-Sim...
— Você é o responsável pelo hospital? — Jungkook disparou, terminando de escancarar a porta e adentrando a sala. — Tenho uma denúncia para fazer.
— Quem é você? — perguntou olhando na direção do ruivo e esperando uma resposta, mas recebeu uma careta confusa de volta.
— Meu nome é Jeon Jungkook e um dos médicos do seu hospital matou a minha esposa.
— Doutor Kim Namjoon, muito prazer. — ele disse calmamente, ajeitando-se na cadeira. — Quem matou quem?
— Eu não sei o nome dele. O fato é que ele fez o parto da minha esposa e logo depois ela morreu, sendo que antes estava tudo bem. — Jeon fechou a mão em punho, batendo-a na mesa. — Eu quero justiça.
Namjoon fitou Taehyung novamente, a tempo de vê-lo rolar os olhos. Quando conseguiu contato visual, balançou a cabeça, indicando que saísse e fosse atrás de Jimin. Antes mesmo que pudesse alcançar o corredor, encontrou o loiro vindo às pressas ao seu encontro. Não precisou dizer-lhe nada, apenas abriu a porta novamente e o deixou entrar.
— Me chamou, doutor? — Jimin se pronunciou, fazendo o moreno virar-se para encará-lo. Ambos mediram-se dos pés a cabeça, antes de serem interrompidos pelo mais velho.
— Esse rapaz aqui disse querer fazer uma denúncia contra você.
— Denúncia? Mas o que eu fiz? — arqueou uma sobrancelha.
— Matou a minha esposa. — Jeon vociferou, colocando-se de pé, mas Park não se moveu.
— Eu não matei ninguém e posso provar. — aproximou-se de Namjoon, entregando-lhe um envelope. — O prontuário da paciente está todo aí, bem como o de sua filha que está nesse momento na UTI neonatal.
— Um momento. — o platinado pediu e começou a ler os papeis que continham todas as informações de ambas pacientes. — Acho que o senhor gostaria de ver isso. — disse, ainda serenamente, estendendo o documento para Jungkook que o pegou de má vontade.
— Eu... — hesitou. — Ele deve ter deixado passar alguma coisa, não é possível! Jiwoo estava bem, ela...
— Jeon... — Namjoon entrelaçou as mãos, repousando-as em cima da mesa e encarou o homem à sua frente. — Inúmeras mulheres são acompanhadas durante todo o período de gestação e nenhuma anomalia nela ou no bebê é percebida. O que você precisa ter em mente é que o corpo humano é imprevisível. Estamos aqui agora, conversando e daqui a alguns segundos eu posso ter uma parada cardíaca. O organismo de uma gestante é mil vezes mais sensível, porque ela carrega outro ser dentro de si. Tenho certeza que os profissionais aqui presentes fizeram o possível, em especial o doutor Park, que conseguiu inclusive salvar a sua filha e está cuidando para que ela continue viva. — o mais velho fez uma pausa, esperando alguma possível reação de Jungkook. — Mas em todo caso, podemos refazer a autópsia e...
— Não, eu não quero isso. — o moreno agoniou-se, esfregando o rosto atônito.
— Também iremos entender caso queira transferir a sua filha para outro hospital...
— Eu não recomendaria isso. — Jimin intrometeu-se. — O bebê é prematuro e está muito frágil... Não sei se ela resistiria.
—Está bem, eu... — Jeon levantou rapidamente, ainda um pouco atordoado com tudo. — Eu preciso ir, agilizar as coisas do enterro e velório... Eu... — tentou formular outra frase, sem sucesso.
Limitou-se caminhar para fora da sala o mais rápido que conseguiu, passando pelo loiro e olhando-o fixamente antes de alcançar o corredor. Jimin sentiu o corpo arrepiar por inteiro e já estava se preparando para ouvir o sermão de Namjoon, quando seu pager apitou.
— É ela... — disse ao reconhecer o chamado da UTI.
Não se despediu ou pediu licença, muito menos quis esperar o elevador. Desceu as escadas praticamente deslizando por elas. Sentia sua respiração falhar, já correra muito assim outras vezes, mas agora era diferente.
— O que aconteceu? — perguntou assim que adentrou o local, reconhecendo o doutor que tentava reanimar a bebê.
Jimin desesperou-se. O mesmo bipe contínuo de horas atrás agora ecoava novamente e ele nem conseguiu se dar ao luxo de fechar os olhos, porque a visão de Jungkook encarando-o intensamente invadia seus pensamentos. O tempo parecia ter parado. Tudo ao redor parecia em silêncio. O médico dizia coisas que Jimin não se preocupava em entender; ele só se importava com o monitor. O loiro só percebeu que estava prendendo a respiração quando soltou o ar todo de uma vez. Os batimentos haviam voltado.
— Essa criança quer mesmo viver... — o doutor de cabelos negros virou-se para encará-lo. — Foram três paradas cardíacas em dez minutos.
— Hoseok, você é o melhor cardiologista do mundo. — Jimin riu nervoso, ainda tentando recuperar o fôlego.
— Talvez eu seja. — sorriu, batendo de leve no ombro do amigo. — SunHee não vai aguentar mais uma, Park. Os batimentos estão fracos demais.
— Ela precisa aguentar... — Jimin disse quase que numa súplica, enquanto observava-a respirar devagar. — É uma questão de honra agora.
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Jungkook desceu do carro desanimado. As olheiras fundas e escuras eram destaque na sua pele branca. Não tinha conseguido dormir desde o dia em que perdeu a esposa e agora que estava indo dizer-lhe adeus pela última vez, era como se várias facas perfurassem seu coração.
Caminhou sem pressa até o pequeno aglomerado de pessoas que se reuniam em volta do caixão prestes a ser enterrado. Reconheceu seus sogros e cunhada que estavam de costas para si e preparava-se para cumprimentá-los, quando a mulher de cabelos acobreados notou sua presença ali.
— O que pensa que está fazendo? — a senhora perguntou, olhando-o com desdém.
— Ela era minha mulher. Não pode me impedir de fazer isso.
— Agora eu realmente não posso impedir mais nada, não é mesmo? Veja só, minha filha está morta. Morta, Jungkook. Está contente? Destruiu a minha família como eu previa.
— A culpa não foi minha, Hyejin. — defendeu-se, agora atraindo olhares penosos da cunhada.
— Jiwoo tinha um futuro, ela tinha planos... Minha filha almejava tanta coisa... — a mulher fechou os olhos impedindo que lágrimas saíssem deles. — Até você aparecer com essa droga de amor fracassado, com sua mente pequena e pobre de ambições. Tirou minha filha de mim e jogou-a num caixão. Espero que esteja satisfeito agora.
— Hyejin, vamos embora. Não vale a pena. — o homem ao seu lado pediu.
— Não, Jaesang! Ele vai ouvir! — ela disse num tom mais alto, desvencilhando-se das mãos do marido.
— Ele já ouviu o suficiente e não há mais nada que deva e possa ser dito ou feito aqui. — insistiu.
— Você não queria ser um pintor, Jungkook? Pois pegue uma tela e pinte um quadro da cova que cavou para minha filha.
— Eu a amava, Hyejin. Jiwoo era o amor da minha vida e ela me correspondia da mesma forma. Nós não estávamos prontos para essa criança agora, mas ela veio e é uma pena que cresça sem a mãe... — Jeon sentia o nariz e olhos arderem. Queria chorar, porém não daria esse gosto à sogra. — Não me importo que vocês a conheçam. — completou, despertando uma gargalhada do casal.
— Conhecer? Acha mesmo que eu quero algum tipo de contato com essa criança amaldiçoada?
— Mamãe, não fale assim! Ela tem nosso sangue também e é um ser inocente, não tem culpa de nada!
— Ninguém tem culpa, não é? Ninguém... Ah, Haeyoung, você é outra decepção em minha vida. — comentou, fazendo a loira abaixar a cabeça. — Não faço a mínima questão de conhecer essa bastarda. Eu poderia até fazer um esforço, pela minha filha, só que ela não está mais aqui.
Jaesang conseguiu finalmente afastar a mulher dali e foi seguido pela filha mais nova. Jungkook ficou parado em frente ao túmulo que havia sido fechado há alguns minutos. Sentiu ódio de si mesmo, por ter sido tão sonhador. Ele só queria uma família, só queria ser feliz. Após perder os pais, ele se fechou de tal forma que tudo parecia sem cor. Quando Jiwoo lhe sorriu pela primeira vez, todas as cores estavam lá novamente, principalmente o vermelho, que simbolizava a paixão avassaladora que sentiu imediatamente. E agora ele estava só outra vez.
Lembrou-se das palavras proferidas sobre o médico há alguns dias e então a ficha caiu. Não era Park Jimin o culpado pela morte de sua esposa e sim ele mesmo. Jeon Jungkook. Ele era um nada, um zero à esquerda, um fracassado. Destruiu a vida de várias pessoas ao mesmo tempo como quem derruba uma fileira de dominós e provavelmente faria isso com a filha também. Filha essa que ele sequer havia conhecido ainda; não tivera coragem. Não sabia como era seu rosto ou seu cheiro e talvez fosse melhor assim, já que havia tomado uma decisão.
Já de volta ao carro, Jeon abriu a carteira tirando de lá o cartão que havia pego na recepção do hospital. Desbloqueou o celular e discou o número ali indicado. Iniciou a chamada, sentindo a mão congelar repentinamente.
— Alô? — a voz feminina se pronunciou do outro lado da linha e Jungkook parecia ter perdido a voz. — Alô? Com quem eu falo?
— Boa tarde... — ele hesitou. — Meu nome é Jeon Jungkook. É da agência de adoção?
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olá gente tudo bom? demorei dias por causa do frio e ainda cheguei com essa att bosta, me perdoem por isso mas esse cap zzzz tinha que existir (nao que os outros nao sejam tambem rs). mas enfim, voces estao gostando? eu preciso saber pq a paranoia me faz abrir o wattpad toda hora e pensar em deletar isso aqui nsjgsfjd bom, acho q volto amanhã com uma att melhorzinha se o frio deixar. obrigada mesmo pelos views, favs, comentarios e panfletagens kkk amo vocês demais 🐣
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