Capítulo 9
Maya
Sinto algo lamber meu rosto de forma frenética. A princípio, penso que se trata de um sonho. No entanto, logo percebo que não, e a imagem da cobra de Kat-louca vem na minha cabeça. Imediatamente, abro os olhos e me levanto em um sobressalto. E é quando vejo o autor, ou melhor, autora do meu susto.
— Mel! — Agarro a minha cachorrinha linda, da raça Shih Tzu, e logo Austin aparece na porta.
— Ela chegou há pouco tempo. Mamãe achou melhor ela vir morar com você, porque estava chorando todos os dias. — Explica. Assinto, alegre, e meu irmão se retira.
— Que saudade de você! — Faço carinho em seu pelo. Em seguida, coloco-a em cima da cama. — Fica aí comportadinha, a mamãe vai tomar banho.
No entanto, ela pula da cama e sai correndo. Dou risada. Deve estar indo atrás de Austin. Entro no banheiro super feliz e faço minhas higienes. Logo depois, me visto. Pego minha mochila e desço as escadas. E, para minha surpresa, vejo Claire tomando café da manhã ao lado do meu irmão. Não acredito que Austin trouxe essa garota aqui. Ou, pior, dormiu com ela!
— O que ela está fazendo aqui? — Pergunto ao meu irmão, largando minha mochila no sofá e sentando junto a todos.
— Isso é o que todos nós queríamos saber. — Kathryn murmura, passando pasta de amendoim em sua torrada.
— Tomando café da manhã, não é óbvio? — Austin ironiza, bebendo seu suco de morango em seguida.
— Como vão os ensaios de vocês duas? — Claire decide se pronunciar.
— Ótimos. — Kathryn e eu respondemos em uníssono.
— Sei. — Ela estala a língua. — Se vocês querem um conselho: desistam. Todos esses ensaios são perda de tempo. Mery e eu sempre vencemos, e não é agora que vamos perder. Ainda mais para duas novatas. — Ela nos encara com superioridade. Em seguida, dá um selinho em meu irmão e se despede. — Até mais, baby. — Claire levanta da cadeira, mas antes de sair, Kathryn a chama.
Quando ela se vira, Kathryn joga sua panqueca com calda de chocolate bem em sua cara. A comida escorrega, sujando toda a roupa da garota. Arregalo os olhos. Depois, cubro a boca com a mão para meu riso não ser audível.
— Você está maluca?! — Claire grita, alterada. — Tem ideia do quanto custa essa blusa? Vale mais do que sua vida!
— Pena que isso não é problema meu. — Kathryn sorri falsamente, saindo de casa logo em seguida. Claire também segue seu caminho, praticamente cuspindo fogo.
Austin, Luke e eu nos entreolhamos. Depois, pegamos nossas coisas e vamos direto para a escola.
***
Kathryn
Chegando na escola, desço da minha moto e vou direto para a sala de luta. Chegando lá, escuto uma bronca do mestre. Que saco.
— Espero que seu mau comportamento não se repita novamente, srta. Castellan! Nossa academia preza o respeito. Somos lutadores, não briguentos!
— Por que só eu tenho que ouvir isso? Austin me provocou! — Argumento com ele.
— Aqui é um lugar para aprender defesa pessoal e participar de campeonatos. Se vocês têm alguma indiferença, resolvam lá fora! Estamos entendidos? — Dessa vez, ele se dirige também a Austin, que acabou de chegar.
— Sim, treinador. — Nós dois respondemos. Quando ele se vai, nos olhamos feio.
— Tá vendo o que você fez? — Austin cruza os braços.
— Dane-se! — Rebato, passando por ele e começando a me aquecer.
— Não consegue nem fazer um aquecimento direito, Kat-louca? — Austin sussurra, me provocando.
— Não me chama assim! — Grito com ele, irritada.
— Mas o que é isso? — Dessa vez, é nosso mestre que grita, flagrando nossa discussão. — Acabo de falar com os dois sobre suas brigas! Mas pelo visto, não adianta, não é? Sendo assim, estão suspensos da minha aula de hoje! E se eu ouvir um pio sequer, aumento a suspensão! Saiam daqui agora!
Respiro fundo, tentando controlar minha raiva, pego minhas coisas e saio da sala pisando duro. Quando escuto Austin me seguindo, viro-me de forma abrupta e pergunto de punhos cerrados:
— Você fez de propósito, não é?
— Eu? Claro que não! — Responde, cinicamente.
Estou prestes a xingá-lo quando Claire, a carrapato, aparece.
— Austin? O que está fazendo aqui com essazinha? — Ela torce o nariz, enojada.
— O que eu faço ou deixo de fazer não é da sua conta. — Ele rebate, e eu ergo um pouco as sobrancelhas, surpresa. — E para de tentar me controlar ou grudar em mim. Só ficamos uma vez, mais nada.
— Mas... Eu pensei que... — Claire não chega nem a terminar a frase, porque Austin a corta.
— Pensou errado. — Dito isso, ele sai andando. Então, ela se volta para mim.
— Sua fracassada! É melhor desistir de competir comigo ou...
— Ou o quê? — A interrompo. — Se está tão confiante assim de que irá ganhar, então por que não para de me dizer para desistir? No fundo, no fundo, acho que você sabe a verdade: eu vou ganhar e a única fracassada será você! — Sem esperar por resposta, lhe dou as costas e sigo direto para a sala de dança.
***
Luke
Assim que chego na escola, vou direto para a sala de música, onde irei ter minha aula de canto. Lá, encontro Clair, uma amiga que fiz há pouco tempo. Ela é legal e gentil, uma boa pessoa.
— Oi! — Clair me cumprimenta, aproximando-se.
— Oi, Clair. E aí, como vão as aulas de dança? — Pergunto, com simpatia.
— Ah, vão muito bem! — Responde, parecendo um pouco nervosa.
— Você está bem? — Pergunto, preocupado.
— Sim, é só que... eu queria... te fazer um convite. — Revela, timidamente.
— Sou todo ouvidos. — Sorrio brevemente, numa tentativa de aliviar sua tensão.
— Você gostaria de assistir minha aula de dança? Eu... gostaria da sua opinião sobre nossa dança.
— Claro. — Concordo, dando de ombros. — Agora, vamos. A aula vai começar.
***
Depois da aula de canto, vou para a sala de dança. No primeiro momento, vejo minha irmã dançando. Ela manda bem, e a coreografia está irada. Acho que tem grandes chances de ganhar. Continuo andando e finalmente vejo o grupo de Maya. Ela é a primeira que meus olhos focam. Não que eu estivesse procurando por ela, mas por conta de seus cabelos, é fácil notá-la. A coreografia está ótima e profissional. Todos possuem pares, e a irmã mais nova de meu amigo está com Rick, o popular do colégio.
Durante todo o ensaio, não consegui tirar meus olhos de Maya. Há algo na forma como ela se movimenta que simplesmente... não dá para parar de olhar. No entanto, sinto-me culpado. Foi Clair que me convidou. Deveria estar vendo seu desempenho, não o da ruiva.
O ensaio enfim acaba, e Clair vem correndo falar comigo.
— Oi. — Ela diz, ofegante.
— Oi.
— Então, o que achou?
— Gostei. De verdade. Vocês se saíram muito bem. — Afirmo, balançando a cabeça.
— Valeu. — Ela sorri. — Sabe, essa semana lançou um filme que quero muito assistir. Você gostaria de... ir comigo?
Penso um pouco. Não tenho nada melhor para fazer hoje. Acho que um filme é uma boa ideia.
— Beleza. Posso te buscar às sete, então?
— Claro! — Diz sorridente.
— Ótimo. Até às sete, então.
— Até!
Clair sai animada, gira nos calcanhares e sai correndo para pegar suas coisas. Olho de relance para Maya e a vejo falando com Rick e sorrindo. Desvio o olhar, pairando-os sobre Kathryn e um cara que desconheço. Opa! Me aproximo dos dois silenciosamente e escuto boa parte da conversa.
— Então, te pego hoje às sete, pode ser? — Ele pergunta, confirmando.
— Não precisa, eu te vejo lá. — Minha irmã responde.
— Tudo bem. Até lá! — O garoto aproxima-se dela, beijando o canto de sua boca. E é quando não consigo mais me conter.
— Posso saber o que está acontecendo aqui? — Pergunto, me aproximando.
— Não! — Kathryn responde, arregalando os olhos com a surpresa em me ver. Em seguida, olha para o garoto e sorri nervosamente. — Tchau, Ryan! — E então, ela me puxa pela mão.
Se ela pensa que vai ficar por isso mesmo, está muito enganada.
***
Austin
Giro as chaves do carro no dedo indicador enquanto caminho tranquilamente até ele. Estou quase chegando quando ouço alguém me chamar.
— Austin! Espera! — Não preciso virar para saber que se trata de Claire. Mas, mesmo assim, paro e me viro.
Estou começando a me cansar de tê-la em meu pé o tempo todo como se fôssemos namorados. Em nenhum momento falamos sobre um relacionamento ou exclusividade. Mesmo porque, não é o que desejo.
— O quê? — Pergunto, entediado.
— Me desculpa! Não devia ter feito aquela cena! — Ela envolve seus braços em torno de mim.
— Tanto faz. — Respiro fundo. — Só não enche.
— Que tal irmos ao parque hoje? — Ela sugere, animada.
— Tanto faz. — Repito. Em seguida, me desvencilho de seus braços, entro no carro e dou partida.
Me chame de insensível ou o que for, mas prefiro não me apegar a ninguém. Já cometi esse erro uma vez e não pretendo cometê-lo novamente.
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