Capítulo 37
Maya
Então, ele me beija. Seus lábios são macios e quentes, como da última vez que os provei. Suas mãos passeiam pelos meus cabelos e pelas minhas costas, enquanto finco os dedos em seus fios, puxando-os levemente. Mas, infelizmente, esse momento termina muito antes do que eu gostaria, pois Kathryn resolve ligar para ele justo agora.
Luke se afasta de mim, me encarando com a boca levemente inchada e os olhos azuis escurecidos. Respiro fundo e, sentindo meu rosto corar de vergonha, abaixo a cabeça.
Enquanto Luke atende o celular, o médico adentra o quarto.
— Com licença, como vai minha paciente? — pergunta, me encarando com atenção.
— Estou bem. — Sorrio fraco, com a cabeça em outra boca. Outro lugar!
— Vim avisá-la que você recebeu alta. Pode comemorar. — Ele sorri.
— Ah, que ótimo. — Luke desliga o celular.
O médico sai da sala, nos deixando a sós.
— Bom... Vamos para casa. — ele diz, parecendo tão envergonhado quanto eu.
Então, de repente, Luke faz algo que me surpreende: me pega no colo.
— O que você está fazendo? — pergunto, me sentindo incomodada, embora seus braços musculosos me deem uma ótima visão de seu rosto de deus grego.
— Assim será mais rápido. — Ele explica, e eu assinto, apesar de estar nervosa.
Quando finalmente chegamos ao estacionamento, Luke me coloca no banco do carona e fecha a porta. Logo depois, dá a volta e senta no banco do motorista, dando partida.
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Quando chegamos em casa, Luke me pega nos braços de novo e me deixa no banheiro do meu quarto, como eu pedi. Assim que ele sai, tiro minha roupa e tomo um banho relaxante de chuveiro. Meu Deus, como isso é bom.
Saio do banheiro e vou pulando de uma perna só para fora dele. Luke deixou uma roupa minha em cima da cama: uma calça de moletom preta e uma blusa de frio cinza. Após me vestir, saio do quarto e, quando estou prestes a descer a escada, Luke me adverte:
— Ei! Não mesmo! Tá maluca? — exclama.
Antes que eu possa protestar, Luke me pega nos braços de novo e me leva até a sala, me colocando no sofá.
— Obrigada, escravo. — Brinco, tentando quebrar o gelo entre nós.
— Quando você melhorar, vamos ver quem é o "escravo". — Ele retruca, me lembrando de nossa aposta.
Luke se senta ao meu lado e começa a assistir Hora de Aventura.
— Adoro esse desenho. — Confessa, parecendo hipnotizado.
— Posso mudar de canal? — pergunto, entediada.
— Mas... — Ele me encara, querendo negar. — Tá, tudo bem. — Me entrega o controle remoto.
Ao pegá-lo, nossas mãos se encostam e nos encaramos. Imediatamente, lembro do nosso beijo e, pela expressão de Luke, creio que ele também. Porém, não falamos nada, assim como da primeira vez. Não sei o que dizer. Eu gostei do beijo? Muito. O beijaria de novo? Sim. Mas não sei o que isso quer dizer. Austin não ficaria nada feliz com isso e iria se opor de todas as formas, recebendo com toda certeza o apoio de Peter e do meu pai. Além disso, estamos morando juntos aqui em Londres e nossas famílias viraram amigas, se algo der errado entre nós, todos serão afetados. Então talvez... talvez seja melhor continuar fingindo que nada aconteceu, que foram apenas os hormônios.
— Valeu. — Recolho minha mão, desviando o olhar para o lado.
Em seguida, coloco em um canal que está passando um desfile de moda e só volto a olhar para Luke quando ele adormece. Sorrio com a imagem, desligo a TV, encosto a cabeça em seu ombro e também fecho os olhos.
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Austin
A tão esperada final do campeonato chegou. Kathryn e eu estamos lado a lado, esperando sermos chamados. Percebo-a roendo as unhas de nervosismo e digo para tranquilizá-la:
— Relaxa, você vai se sair bem.
— Mas e se não me sair? Essa não é a sua primeira vez, mas é a minha. Não consigo parar de pensar que...
Antes que ela possa terminar de falar, puxo-a para um abraço, fazendo-a silenciar.
— Fica calma, você é ótima no que faz. — Dou um beijo no topo de sua cabeça e sinto Kathryn me abraçando de volta.
— Não é hora de namorico, é melhor se concentrarem! — O treinador chama nossa atenção.
— Não estamos de namorico! — Kathryn se afasta imediatamente. — Deus me livre namorar com Austin!
— Como se eu fosse te querer algum dia. — Reviro os olhos.
— Como é? Eu que não quero nada com você!
— Sério? Não parecia quando estava me abraçando. — Sorrio de lado.
— Eu só retribuí seu abraço para não te deixar no vácuo, idiota!
— Já chega! — Nosso treinador ordena, nos fazendo parar. — Será que até em um dia de campeonato vocês não param de brigar?!
— Desculpa. — Kathryn e eu pedimos juntos.
Alguns minutos depois, sou chamado para a grande final e venço. Agora, quem está no ringue é Kathryn, enfrentando uma garota de cabelo raspado nas laterais.
Estou bastante concentrado nela e em sua luta, até que uma garota me chama pelo nome:
— Ei! Você é o Austin, certo?
— Sim. — Franzo o cenho.
Como ela sabe meu nome?
— Vim te entregar uma coisa. — Ela se aproxima, com as mãos para trás.
— O quê? — Pergunto, curioso.
— Isso!
Olho para suas mãos e nem percebo que o que ela queria me dar estava, na verdade, em sua boca: um selinho.
Em seguida, a garota sai correndo, me deixando atordoado.
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Kathryn
A luta estava boa, eu estava conseguindo me defender e atacar muito bem. Porém, cometo um grande erro: desvio os olhos para Austin e o vejo dando um selinho em uma garota. Paraliso por um segundo. E é nesse curto período de tempo que minha oponente consegue me acertar um golpe e tudo escurece.
Quando acordo, estou na minha cama, com uma bolsa de gelo na testa. Me lembro de como vim parar nesse estado e choro baixinho, chateada por ter perdido. Não porque não fui bem, mas porque fui estúpida. Deveria estar cem por cento focada na luta, mas queria... Precisava ver Austin torcendo por mim. E, quando o vi beijando outra garota, foi como levar um soco no estômago. E nem sei direito o porquê.
Ouço batidas na porta e enxugo as lágrimas rapidamente. Mesmo com muita dor no corpo, levanto para abrir e dou de cara com Austin e seu troféu em mãos.
— O que você quer? Veio se gabar, mostrando seu troféu? — Pergunto, amarga. — Saiba que eu não me importo.
Então, fecho a porta na sua cara e respiro fundo.
— Você tem uma ideia bem errada de mim! — Ele grita do outro lado. — Eu vim te dar meu troféu, porque acho que você o merece bem mais do que eu.
Ouço seus passos se distanciando e meu coração acelera. Ele veio mesmo me dar seu troféu? E acha que eu o mereço mais do que ele?
Imediatamente, abro a porta e pego o troféu, apertando-o em minhas mãos. É lindo. Mas não posso ficar com ele.
Bato na porta ao lado e espero. Quando Austin a abre e vejo seu rosto, me esqueço de qualquer coisa que tinha pensado em falar. Minha pulsação acelera e meu estômago revira. Então, sem pensar, apenas faço o que meu corpo manda: me atiro em seus braços e o beijo.
Austin não perde tempo. Ele me envolve com seus braços imediatamente. Nossas bocas se movem sincronizadas e desesperadas uma pela outra. Ele enfia a mão em meus cabelos e os puxa levemente enquanto entrelaço meus braços em seu pescoço.
Então, ele me encosta na parede, ainda me beijando, e só então percebo o que estamos fazendo. Automaticamente, o empurro e me afasto.
— Obrigada pelo troféu, mas é mérito seu. — Digo, ofegante.
Em seguida, deixo o troféu no chão e corro para meu quarto, trancando-me nele.
Ai, meu Deus, o que eu fiz?
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