Capítulo 34
Kathryn
Depois da noite conturbada de ontem, acordo muito sonolenta, já que não consegui dormir direito por conta daquele acontecimento. Sento-me e vejo uma bandeja com comida em cima do criado-mudo, junto a um bilhete.
Ei, dorminhoca.
Você perdeu o café da manhã. Mas, como sou uma ótima pessoa, trouxe para você. Vê se acorda logo.
Austin.
Sorrio com seu recado. Austin é tão bipolar às vezes. Me provoca e irrita em um momento, e no outro é fofo e gentil. É tão confuso! Suspirando, pego o sanduíche de pão integral com peito de peru e dou uma mordida. Depois, tomo um gole do suco de laranja. Como tudo, incluindo a maçã verde, e logo me levanto para fazer minhas higienes.
Quando termino, coloco uma roupa e desço. Chegando lá, vejo vários grupos de luta de escolas diferentes. Parece que hoje só vamos nos "conhecer" e, amanhã, o campeonato realmente começa. Procuro por Austin com os olhos pelo salão, mas não o encontro. Então, de repente, ouço uma voz em meu ouvido:
— Estou bem aqui.
— E quem disse que eu estava procurando você? — pergunto, atrevida.
— E precisa dizer? É meio óbvio — retruca, sorrindo de lado.
— Não enche — giro nos calcanhares para sair, mas acabo esbarrando em um garoto que mais parece um brutamontes.
— Vê se presta atenção, idiota! — ele fecha a cara. Ergo as sobrancelhas, surpresa com sua ousadia.
— Quem você pensa que é para falar assim comigo, seu otário? — pergunto, também fechando a cara.
— Do que foi que você me chamou? — ele dá um passo à frente. Meu Deus, ele deve ter quase dois metros de altura!
— O que está acontecendo aqui? — ouço Austin perguntar atrás de mim.
— Acho melhor você controlar essa cadela aqui, ou ela vai se dar muito mal — diz o babaca sem noção.
— O que foi que você disse?! — parto para cima dele, mas Austin me segura.
— Deixa que eu faço isso — ele me assegura. Em seguida, dá um soco certeiro no garoto, fazendo-o cair para trás. Antes que o mesmo possa se recuperar e levantar, meu treinador e um outro homem aparecem para apartar a briga.
— O que está acontecendo aqui?! — Daryl, nosso treinador, exige uma explicação.
— Vocês querem ser desclassificados?! — grita o provável treinador do brutamontes. — Riley, vamos embora!
O tal do Riley obedece, apesar do olhar de puro ódio que lança para mim e Austin.
***
Depois do almoço, subo para meu quarto, pego meu celular e decido ligar para meu irmão.
— Oi, Kat — atende com a voz sonolenta.
— Oi, te acordei?
— Sim.
— Que ótimo, porque já está na hora. Você nunca dorme até essa hora, o que aconteceu?
— Nada. Tenho o direito de dormir até tarde pelo menos um dia na vida, não acha? — rebate.
— Não, e fala direito comigo. Sou sua irmã mais velha.
— Kathryn, eu sou seu irmão mais velho.
— Mas eu acho que tenho o perfil de mais velha. Enfim, só queria saber se está tudo bem aí assim como está aqui. Agora que sei, vou desligar. Quero voltar a dormir.
E então, desligo. Levanto e tranco a porta do quarto, porque não quero ter surpresas enquanto durmo. Deito na cama e encontro minha posição perfeita. Depois disso, não demora muito para que eu caia no sono.
***
Maya
Acordo com Mel lambendo meu rosto e sorrio, alegre.
— Oi, meu amor, bom dia! — beijo seu focinho e acaricio seu pelo. Depois, me levanto e faço minhas higienes. Coloco uma roupa simples e desço as escadas com Mel nos braços. — Então, vai querer sua ração agora? Mas é claro que quer.
Coloco a ração de Mel na tigela e alguns brinquedos ao lado. Logo depois, subo as escadas e entro no quarto de Luke, que ainda dorme.
— Luke! Acorda! — sento ao seu lado.
— Hum... — ele murmura coisas incompreensíveis.
— O quê? — pergunto, sem ter entendido nada.
— Me deixa dormir — ele geme, com sono.
— Desculpa, mas não posso. Alguém precisa fazer o almoço.
— E por que você não faz? — pergunta, abrindo os olhos.
— Porque eu não sei cozinhar muito bem — explico.
— Coitado do homem que se casar com você — ele boceja, levantando.
— Ah, coitado! Eu darei amor e carinho a ele — digo, seguindo-o até o banheiro.
— Amor e carinho não enchem barriga — ele rebate.
— Nós teremos empregada. E, é claro, ele pode fazer sua própria comida — cruzo os braços, fazendo Luke rir.
— Por acaso você vai tomar banho comigo? — ele pergunta, erguendo as sobrancelhas com um sorriso divertido nos lábios .
Quase me engasgo.
— O quê?! — meu coração dispara. Então, percebo que estou dentro do banheiro com Luke e coro. — Ah! Eu já vou sair!
Saio do banheiro apressada e vou para a cozinha esperar Luke.
Depois de alguns minutos, ele aparece. Está com uma calça de moletom cinza da Calvin Klein, sem camisa, deixando seus belos músculos à mostra. Além disso, também está de cabelo molhado. Luke poderia facilmente ser confundido com o deus da beleza e da música, Apolo.
— Que tal espaguete? — ele pergunta.
— Acho uma ótima ideia!
Depois de algum tempo, o espaguete finalmente fica pronto. Luke o serve em dois pratos e pega uma jarra de suco de morango, despejando o líquido nos nossos copos.
— Isso está... maravilhoso! — exclamo, referindo-me ao espaguete.
— Claro, fui eu que fiz — ele se gaba.
— Convencido.
— Acho que tenho motivos para isso — ele dá de ombros, sorrindo de lado.
Depois que terminamos nosso almoço, vou para meu quarto e Luke me segue. Enquanto testo algumas maquiagens na penteadeira, ele mexe no meu celular e nas minhas coisas.
— O que é isso? — pergunta, me mostrando um pacote de absorventes.
— Absorventes — digo com naturalidade.
Luke faz uma careta de nojo, soltando o pacote no chão e me fazendo rir.
— Qual a senha do seu celular? — pergunta.
— 00101011101000 — respondo.
— Nossa, entendi tudo — ele ironiza. Em seguida, deixa meu celular de lado e vai até a porta. — Vou assistir alguma coisa.
Assinto, e ele se vai. Depois de testar tantas maquiagens novas, desço as escadas com o livro A Escola do Bem e do Mal para ler em algum canto. Vou para a varanda e vejo aquela árvore enorme com um grande galho. Tenho uma ideia.
Subo na árvore com um pouquinho de dificuldade e me sento no galho. Pego o livro e começo a lê-lo.
Tudo estava tranquilo e sossegado até que um gato pula no galho, ficando de frente para mim. Com o susto, me desequilibro.
Meu coração dispara enquanto caio.
Grito de pavor.
Sinto o impacto do meu corpo ao chegar ao chão e uma dor alucinante na minha perna direita.
Depois, tudo fica escuro.
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