Capítulo 20
Maya
Após chamar minha mãe para conversar, entramos no escritório do meu pai para termos mais privacidade. Ela se senta na cadeira onde ele costuma ficar, atrás da mesa, enquanto fico de frente para ela.
— Mãe, eu... — olho para baixo, envergonhada. — Quero pedir desculpas pelo meu comportamento mais cedo. Você estava tão feliz em nos dar a notícia, e eu estraguei tudo.
— Ah, minha querida. — Ela se inclina, alcançando minhas mãos e segurando-as com as suas. — É claro que te desculpo! E fico feliz em saber que você me apoia.
— Não vou mentir. Ainda não estou cem por cento feliz com a gravidez, pelo risco que você corre. Mas estarei com você para o que der e vier. Você é minha família, e eu sou a sua. Acho que é isso que devo fazer. — Digo com firmeza, levantando a cabeça para olhá-la.
— E isso já é suficiente. — Ela sorri fraco.
Retribuo seu sorriso e me viro, saindo do escritório. Agora, me sinto bem mais leve. Vou até a cozinha, onde encontro meus dois irmãos comendo pizza e bebendo refrigerante.
— Nossa, vocês nem me esperaram! — Reclamo, já pegando uma fatia e mordendo um pedaço.
— Não sabíamos se sua conversa com a mamãe ia demorar. — Peter dá uma desculpa.
— É. E estávamos com fome. — Austin completa, de boca cheia.
— Tudo bem. — Dou de ombros, sentando-me com eles.
Depois de devorarmos uma pizza inteira, assistimos a alguns filmes na sala. Austin fez pipoca, porque é esfomeado. No entanto, não comi. Já estava cheia demais. De repente, lembro de uma coisa e suspiro.
— Que droga, faltam dois dias para o Natal e ainda não tenho nada para vestir.
— Você só pode estar brincando. — É Peter quem fala.
— No seu closet deve ter mais roupas do que no próprio shopping, Maya. — Austin retruca, revirando os olhos.
— Meu Deus, que exagero! — Rio.
— Exagero mesmo é o tanto de roupas que você tem. — Peter rebate, mas eu não ligo.
— Então, onde está sua namorada? — Pergunto.
— No meu quarto. — Ele responde.
— Vocês já estão dormindo juntos? — Ergo as sobrancelhas, curiosa.
— Não. Pelo menos, ainda não. — Ele sorri de forma maliciosa, o que faz Austin rir.
— Você não presta! — Exclamo.
Então, mamãe aparece, indo direto para a cozinha. Observo-a abrir a geladeira e comer todo o pavê.
— Nossa! — Exclamo, levemente assustada.
— Um dia será você. — Ela sorri.
— Só por volta dos quarenta anos. — Papai declara, enquanto desce as escadas.
— É verdade. — Austin e Peter concordam.
— Com quarenta anos já quero estar esperando pelos meus netos. — Revelo.
— Quando você tiver trinta e poucos anos, conversamos sobre isso. — Diz papai.
— Aham. — Murmuro, me levantando em seguida. — Estou com sono. Boa noite a todos.
Subo as escadas e entro no meu quarto. Tiro toda a minha roupa e entro na banheira, aproveitando meu momento relaxante. De repente, a porta do banheiro se abre, e logo entra Joana, a empregada.
— Olá, meu doce. Coloquei o pijama que você tanto gosta em cima da cama, e seu tapa-olhos preferido também. — Ela sorri, prestativa.
— Obrigada, Joana. Você é muito atenciosa.
— Agora vou me deitar. Qualquer coisa, me chame.
— Tudo bem. Obrigada novamente.
— Não tem de quê. — Responde, retirando-se em seguida.
Me levanto da banheira, pego minha toalha, enrolo-a no corpo e saio do banheiro. Em cima da cama, está meu pijama favorito, assim como Joana havia dito. Trata-se de um short curto de moletom cinza e uma blusa de mangas compridas também de moletom, toda decorada com a estampa do espaço. Não é meu pijama mais bonito, mas é o mais confortável e macio, e por isso amo usá-lo. Então, visto meu pijama e me deito. Coloco meu tapa-olhos e apago o abajur. Depois de alguns minutos, finalmente adormeço.
***
Kathryn
Já é noite, e o jantar está sendo posto na mesa. Zoey brinca com suas Barbies em seu quarto, Luke lê um livro qualquer no sofá da sala, e eu mexo no celular, em busca de alguma novidade, algo para me distrair. Porém, só consigo pensar no jogo de paintball de amanhã. Já imagino como será divertido ganhar de Austin e zoá-lo. Mal posso esperar por isso!
— Querida! Tenho uma novidade! — Mamãe exclama, empolgada.
— Ai, meu Deus. Não me diga que também está grávida. — A encaro.
— O quê? Claro que não! Já tive quatro filhos, chega de parir crianças. — Ela ri. — Só queria falar que amanhã vamos ao shopping comprar nossas roupas de fim de ano, e adivinha quem vai também? Convidei Carlota, a mãe da sua amiga, Maya.
Ergo as sobrancelhas.
— Nós não somos amigas. — Afirmo, apesar de detestá-la menos do que antes. — E amanhã já tenho um compromisso pela manhã.
— Tudo bem, nós só iremos à tarde mesmo. — Ela dá de ombros.
— Mãe, entenda: eu. Não. Vou. — Digo pausadamente.
— Sim, você vai. — Ela dá sua palavra final, e sei que não há como contestá-la.
— Que saco! — Reviro os olhos.
— O jantar está pronto. — A empregada anuncia, retirando-se em seguida.
— Finalmente! — Luke exclama, feliz.
Nos sentamos todos à mesa e começamos a comer a deliciosa lasanha que Maria, a empregada, fez. Ela realmente tem mãos de fada.
— Mamãe, onde a gente vai passar o Natal? — Zoey pergunta, com sua voz infantil.
— Não sei ainda, querida. — Nossa mãe responde, sorrindo fraco.
— Papai? — Zoey insiste, voltando-se para nosso pai.
— Estava pensando em irmos para a fazenda do seu avô. Faz tempo que não vamos lá, seria o momento perfeito. — Ele compartilha seus planos.
— Sério? — Pergunto, empolgada. Eu simplesmente adoro meus avós.
— Sim. — Papai confirma.
— Acho uma belíssima ideia! — Mamãe concorda. — Por que não chamamos os Buchmann? Você e o Thomas viraram tão amigos! Tenho certeza de que eles irão adorar!
Mamãe completa a ideia, e eu me engasgo.
— Não. — Peço rapidamente. Já convivi com Maya tempo demais, preciso de uma folga!
— Por mim, tudo bem. — Luke concorda. Traidor!
— Eu preciso de uma folga dos irmãos Buchmann! — Protesto.
— Austin é um bom rapaz e amigo de Luke. E Maya também é uma ótima garota. Tenho certeza de que vocês ainda serão boas amigas. Sem falar que ela é um bom partido para Luke.
Dessa vez, quem se engasga é meu irmão.
— O Luke tem namorada? — Zoey pergunta, surpresa e animada. — Posso ver ela? Posso, posso, posso?
— Eu não tenho namorada, Zoey. — Luke diz para nossa irmã, tentando acalmá-la. — Nós somos... amigos. Só isso.
— Mas poderiam ser mais que amigos. — Mamãe fala.
— Mãe! — Tento pará-la, percebendo o desconforto do meu irmão.
Afinal, de onde ela tirou essa ideia maluca? Maya e Luke são tão diferentes um do outro! Pensar nos dois em um relacionamento é praticamente impossível. Eles não combinam em nada. Seria como tentar misturar água e óleo. Simplesmente, não funciona.
Termino de comer e vou direto para o meu quarto. Zoey me segue e me implora para ver um filme com ela. Então, assistimos Divertidamente e, para minha vergonha, choro em algumas cenas.
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