Treino
Dez dias separavam o fim das férias, do início do segundo semestre. A maioria dos alunos já havia se mudado para o sistema de internato Highs Alliance. Pelas aulas não terem de fato começado, facilmente se encontrava alunos andando pelos terrenos nos mais variados horários.
Entre os 5 minutos de caminhada que separava os dormitórios do prédio principal, foi que me encontrei com um trio de alunos que já não via a algum tempo, e que andavam despreocupadamente pela manhã.
— [Nome]-senpai bom dia!
— Mirio — cumprimentei o terceiro anista, o loiro estava acompanhado de Nejire e Amajiki, a primeira já completamente desperta, diferente do terceiro amigo.
— [Nome], [Nome], é verdade que ajudou na construção? — Nejire enganchou no meu braço — Mirio disse que para erguer os prédios tão rápido devem ter usado sua habilidade.
— Um pouco, o trabalho maior foi de Cementoss — expliquei enquanto continuamos andando —, arrumaram os quartos? Se adaptaram bem?
— Sim! Foi uma mudança e tanto — o loiro disse fazendo uma pose, esperando um tipo de reação que não veio —, entenderam? Mudança, porque viemos para a escola e tivemos que decorar os quartos!
Pisquei algumas vezes e ri em seguida, mais de seus gestos do que da tentativa de piada — Essa não foi boa, mas continue tentando.
— Foi péssima — Nejire comentou com um bico, ainda se apoiando em mim.
— Não foi tão ruim — Amajiki intercedeu pelo amigo, ainda que ele não precisasse ser defendido.
Uma das características mais admiráveis de Mirio é fazer o que acredita ser bom, independente do que as pessoas ao seu redor pensem.
Os jovens estavam uniformizados, não tinha aulas, já que tinham as malas de trajes de herói em mãos, concluí estarem indo para suas residências.
— Como está o trabalho de heróis? Amajiki-san está na agência do Fat não é? Me lembro de Mirio comentando.
— Sim, está tudo... Como deveria ser — respondeu sem dar muitas informações.
— Na agência da Ryukyu, também está tudo ótimo! Pegamos um super vilão na semana passada.
Um grito de realização fez com que Mirio parasse de andar, ele bateu na testa repetidamente com o indicador — Como pude esquecer? [Nome], o Sir falou de você na agência outro dia!
— De mim? Relacionado a quê?
— Um trabalho — respondeu —, acho que ele vai te contatar em breve.
É um pouco estranho, claro que já trabalhamos juntos uma vez que nossas individualidades combinam bem. Só que geralmente quando Nighteye precisa do meu auxílio, me chama para participar da operação. O fato de meu nome ser cogitando para um trabalho, diz que ele estava ponderando opções e que é, de fato, algo importante.
— Vou esperar — sorri para o loiro e indiquei o prédio da escola no lado contrário — preciso ir. Tenho que ajudar os primeiros anos, então, é aqui que nos separamos.
— Quando vai voltar a ajudar Snipe-sensei? — Nejire perguntou — Quero treinar com você.
— Acho que vai demorar algum tempo, mas me avise quando tiver um tempo livre. Posso conseguir uma autorização.
— Yay!
Acenei para o grupo e me afastei, até onde sabia, Aizawa entregou uma solicitação para o diretor pedindo o meu auxílio integral. Considerando que a Classe-A é a que mais se encontra em problemas, foi aprovado sem muitos pensamentos. Porém, não impede que outras classes pensam minha ajuda. A única etapa acrescentada foi que Eraser precisaria me liberar.
As turmas do primeiro ano do curso de heróis vai focar em tirar suas licenças provisórias, os novatos vão competir com alunos mais velhos e mais experientes. Logo, precisam evoluir suas individualidades quanto antes.
Aizawa disse que cada um deles deveria pensar em pelo menos duas técnicas secretas, movimentos que garantem uma vantagem e vitória certa. Não tinha muito o que se explicar na teoria, uma abordagem prática faria mais sentido.
No ginásio Gamma, após terem trocado para seus trajes, os alunos se organizaram para receber as orientações.
— Eu formulei a ideia destas instalações — Cementoss colocou as mãos no chão fazendo uma demonstração. — O terreno e afins podem ser preparados especificamente para cada aluno.
— Uma pergunta! — Iida levantou a mão — Por que precisamos de técnicas secretas para o exame da licença provisória?! Gostaria de ouvir seu raciocínio!
O professor residente parecia estar já acostumado à personalidade do representante, uma vez que sequer mudou sua expressão facial. Parado ao lado de Midnight ele apenas manteve as mãos nos bolsos enquanto o respondia.
— Vou falar tudo em ordem. Se acalme — e continuou —, o trabalho de um super-herói é salvar pessoas do perigo, como crimes, acidentes, desastres naturais e desastres humanos. O exame para se tornar um herói depende da habilidade de salvá-las disso tudo.
— Habilidade de reunir informações, tomar decisões, mover-se e lutar, além da habilidade de se comunicar, atrair pessoas, liderar. Todo ano, testes diferentes são utilizados para se medir isso.
Kayama deu um passo a frente e assumiu quando Aizawa parou de falar — Dessas, a habilidade de lutar é especialmente importante para seus futuros como super-heróis. Quem estiver preparado não precisa se preocupar. Ter ou não uma técnica secreta afeta muito a aprovação.
— Sem ser influenciado pelas circunstâncias, ser capaz de agir consistentemente será uma grande vantagem na linha de frente.
Os professores continuaram a dar os exemplos, explicando para os alunos a importância das técnicas. Da lateral da onde eu olhava podia ver uma animação se formando entre os alunos, os olhos que ganhavam brilho só de pensar em criar as técnicas que sonharam um dia. Todo aquele que sonhou em ser herói já devia ter pensado num super movimento. Agora com o auxílio da escola, e dos professores, podem fazer aquelas ideias se tornarem realidade.
Empolgação era a palavra para definir a turma, alguns mais do que outros. Katsuki pedia por clones de Ecto de pouco em pouco tempo. De onde estava conseguia ter uma boa visão de seus movimentos, o loiro esquentadinho sabia exatamente que tipo de técnica queria criar. Ali, em treino, era uma oportunidade para as refinar.
— Você pode trocar com um dos meus clones de quiser — Ecto disse se aproximando —, sinto que o aluno Bakugou chama sua atenção.
Balancei a cabeça — Ele ainda está estruturando, quando quiser testar a efetividade com certeza vai me chamar. Não é do tipo que ignora suas vontades.
— Deu algumas boas pontuações para os alunos — o professor comentou — tem bons olhos quando se diz na questão de individualidade.
— Sempre foi a área que mais tenho interesse, é bom poder ajudar de alguma forma.
— Continue com o bom trabalho — comentou e então se afastou.
O treino foi dado como finalizado pelo dia, o céu já estava alaranjado quando saímos. Kirishima e Mina estavam conversando comigo quando Aizawa me chamou. Prometi que passaria nos dormitórios da turma A, porque era sobre isso que estávamos conversando, e andei até o professor.
— Venha comigo.
Aizawa apenas se virou liderando o caminho, e logo me vi numa área não tão construída da escola.
— Vou te apresentar para Shinsou, ele se mudou para os dormitórios antes do previsto, pode começar a ajudá-lo amanhã. Aproveitar os últimos dias de férias para isso.
— Não é estranho se eu de repente só sumir da sala? — questionei — Após passar o dia inteiro com seus alunos?
— Sim, mas não podem fazer nada. Se perguntarem, falo que está me ajudando.
Não é uma mentira, mas não é uma completa verdade também.
Entre as árvores, praticamente escondido, tinha uma área aberta. Não era grande e talvez por esse motivo se mantivera escondida, não me lembro de algo do tipo quando estudei na U.A. No centro dela, virado de costas, havia um garoto. Os cabelos tinham um tom violáceo diferente que nunca vi antes. Pontas espalhadas em todas as direções criando uma aparência bagunçada.
Ele se virou assim que escutou nossos passos, seus olhos eram estreitos, tinha algumas olheiras e a boca presa numa linha de indiferença. Agora entendo com propriedade o que Aizawa disse sobre "se aproximar daqueles que reconhecemos algumas características próprias".
— Shinsou, [Nome] vai dar sequência no seu treinamento enquanto fico de olho na turma 1-A. — declarou e se virou — É isso.
Precisei segurar a vontade de colocar a mão na testa, como poderia ser só aquilo?
— Está bem. — O aluno aceitou!
— Espera — balancei as mãos —, Aizawa, você não deveria me passar algumas orientações do que estão treinando, o que já fizeram, qual o nível que quer chegar?
— Tenho certeza que vai conseguir fazer isso sozinha — havia um tom divertidamente sombrio em sua voz que me fez acreditar que a situação era um teste. Sem mais nem menos ele se foi, me deixando com o aluno.
— Isso não foi o que eu esperava — confessei levantando a mão para minha orelha, esfregando de leve o polegar nela enquanto colocava os pensamentos no lugar. O aluno me olhava com um pouco de curiosidade, mas não o suficiente para iniciar uma conversa.
— Desculpe, Shinsou. Parece que vamos precisar nos conhecer antes de começar qualquer trabalho, pode ser um pé no saco, mas não é como se Eraser Head tivesse deixado outra opção. — respirei fundo — Ele disse, mas sou a [Nome], quero ser professora um dia então é por isso que estou aqui. Minha individualidade se chama cronocinese.
— Shinso Hitoshi, lavagem cerebral.
Essa é uma informação interessante, Aizawa não entrou em detalhes de qual era sua individualidade mental. Posso imaginar que tipo de reação recebe das pessoas quando diz; por isso, quer passar para o curso de heróis.
Consigo ver o potencial, mas ainda precisamos no conhecer melhor.
— Teve treino físico?
— Um pouco.
— Ótimo — sorri e joguei os braços para cima me alongando — vamos lutar.
N/A: A simplicidade de uma trocação de porrada.
Obrigada por ler até aqui!
Até mais, Xx!
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