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Odalisca

Existem apenas duas maneiras de bem arquitetar um plano. A primeira é fazê-lo tão rico em detalhes que jamais falhe graças à alta complexidade de sua estrutura. Já a segunda é fazê-lo simples, pois por parecer óbvia e clara a empreitada não levanta suspeitas. Meu plano era do tipo simples com execução demorada. A demora trazia riscos de falha cada vez maiores, mas a chance de sucesso preciso aumentava a cada etapa vencida.

Primeiro viajei pelas famosas rotas de escravos que levavam até a Criméia, conhecida península de comércio escravagista onde uma pessoa poderia comprar homens e mulheres vendidos no cruel tráfico de vidas. Escolhi a dedo o mercador mais perverso e ganancioso que encontrei.

Em outros tempos ele já presenteara o imperador com uma bela mulher que a Sultana aceitara de bom grado, pois era demasiado bela com seus longos cachos dourados como o ouro. Sendo assim, tal mercador tinha abertas as vias de negociação com o palácio de Akbar.

Em uma das noites, enquanto a caravana de tal traficante dormia, matei os guardas de vigia. Claro que me disfarçara bem, cobrindo o corpo com manto, botas, calças, camisa, capuz e máscara de cor preta.

Entrei na tenda onde as mulheres ficavam acorrentadas, jogadas sobre o chão e quando acordaram, pedi para que mantivessem silêncio.

— Me dêem um voto de confiança, as guiarei para a liberdade.

Algumas entenderam meu idioma e sussurraram traduções aos ouvidos das demais que provinham de outras regiões. Uma onda de nervosismo e excitação crescente tomou o local, houve hesitação, mas nada poderia ser pior que o destino cruel de ser vendida como um objeto.

Com a mão fervente, derreti todos os grilhões que as aprisionaram, deixando-as livres das correntes. Algumas se encontravam tão mal maltratadas que sequer conseguiam se manter em pé. Uma delas em especial estava raquítica e respirava com tanta dificuldade que parecia estar morrendo a cada segundo.

Peguei-a no colo, pois ninguém mais seria capaz de carregá-la.

— Sigam-me. — Ordenei enquanto via seus rostos temerosos sob a fraca luz de uma tocha. Havia medo em seus olhos, mas não desisti. — Levá-las-ei até um lugar de onde poderão seguir viagem para onde desejarem.

Elas cederam e assim iniciou-se a silenciosa e cuidadosa procissão. Em uma fila reta seguíamos. Eu não ia à frente, mas na retaguarda, e havia dois motivos para tal. O primeiro é que eu poderia proteger a todas de um ataque surpresa. E o segundo, era que eu usava o vento para apagar nosso rastro no chão.

Grieti, a mais jovem, havia entendido bem o caminho que eu explicara e seguia na frente guiando todas.

Felizmente, ao raiar do dia chegamos ao vilarejo onde quartos estavam reservados para elas. O grande truque era que a dona da pensão fora uma feiticeira treinada em Avalon. Abandonara seus dotes quando, apaixonada por um homem, decidiu viver seu amor. O marido morreu cedo e a ela restaram os filhos e os bens materiais. Dona de seu destino optou por continuar a morar no mesmo lugar.

Eu a encontrara ao acaso enquanto viajava para o Indostão, mas sua existência serviu a mim como uma luva.

Como o vilarejo ficava próximo de onde a caravana fora assaltada, era lógico que procurariam por ali, portanto aquelas mulheres não poderiam ficar na pensão por muito tempo. Era duro, mas precisávamos dispensá-las e em direções diferentes, para que o rastreio se tornasse mais difícil.

Foi por esse motivo que comprei cinco carroças, cada uma com dois cavalos e entre elas dividi as mulheres. Já limpas e vestidas em novos trajes não pareciam fugitivas. Dei-lhes um pouco de comida e dinheiro, que eu providenciara para que pudessem chegar até seus destinos.

A única que ficaria na pensão era a doente, escondida enquanto se recuperava.

Eu poderia, de forma experimental, tentar curá-la com os conceitos básicos da cura com a água. Mas a água não era meu elemento, eu não queria chamar atenção com uma cura milagrosa, corria contra o tempo e havia chances consideráveis de a tentativa ser falha. Planos simples não podem ter falhas, por isso deixei que a natureza e minha amiga pensionista fizessem o serviço de tratar da esquálida, e segui para a próxima fase do plano.

Como eu previra, o homem, enfurecido pela fuga das mercadorias, seguira o caminho para o vilarejo.

Sabendo a sina na qual ele passaria, coloquei um vestido simples de cor cinza, soltei os cabelos e passei lama pelo corpo. Para que a aparência de fragilidade ficasse mais verossímil, fiz com que alguns pedregulhos atingissem meu corpo, me deixando visivelmente machucada e ensanguentada. Era dolorido, mas fazia parte do plano convencer de que eu era uma presa fácil e lucrativa.

Vigiei por entre as rochas que ficavam à beira de uma passagem, e quando vi que o tártaro escravagista se aproximava, deitei-me no chão do caminho e fingi estar desmaiada. Ouvi quando os cavalos se aproximaram pelo som que os cascos faziam ao se chocarem contra o chão.

Logo atrás dos cavalos vinha uma carruagem, na qual certamente se acomodava o escravagista, sedento por uma presa.

Os cavalos pararam.

— O que temos aqui? — Um homem perguntou.

— O cabelo é branco, deve ser uma velha. — Outro homem respondeu.

— POR QUE PARARAM, INÚTEIS!? — Um terceiro homem, provavelmente o comerciante de escravos, gritou para os dois primeiros.

— Tem uma mulher na estrada, Senhor! — Um deles respondeu.

— Atropelem-na! — Ordenou impaciente.

— Não podemos, é uma velha. — Disse o primeiro homem com receio.

— LIVREM-SE DESTE EMPECILHO! — O tártaro berrou irado.

Alguém apeou do cavalo e aproximou-se de mim. Com as pontas dos dedos, tirou o cabelo que me cobria rosto e logo em seguida soltou uma exclamação de espanto.

— É jovem!

O companheiro também apeou do cavalo e se aproximou. Com dedos rudes cutucou meu rosto antes de dar um veredicto:

— E é muito bonita!

— Veja, as sobrancelhas também são brancas, mas a pele é levemente dourada. Como é possível?

— IDIOTAS! — A portinhola da carruagem foi aberta e o tártaro marchou até mim. — POR QUE ME FAZEM PERDER MEU PRECIOSO TEMPO!?

— Senhor... — Um dos homens tentou se defender, mas calou-se em seguida.

Ouvi os passos pesados à minha volta e a respiração pesada a se aproximar de meu rosto.

— Ora, vejam só... — Disse o escravagista enquanto pegava meu rosto com uma das mãos. Sem gentileza, movimentou-o para analisá-lo. — Uma puta bonita e exótica.

O tártaro soltou uma gargalhada maldosa.

— Esqueçam aquela mercadoria, rapazes! Peguem esta mulher e coloquem-na na carruagem. Mudaremos a rota. — Sua soava terrivelmente feliz.

— Para onde iremos? — Perguntou um dos subalternos.

— Nos encontrarmos com uma tal Sultana. Essa criatura me deixará ainda mais rico e influente. — Falou com pachorra

— É uma velha, a cor desse cabelo não é coisa de Deus, Senhor! — Teimou um dos subordinados.

— Não é uma velha, estúpido! É uma mulher rara. Já vi um exemplar antes, são difíceis de encontrar, principalmente porque a Igreja persegue e mata quase todas. Mas a sorte sorriu para mim e cá temos uma viva e desprotegida. É como capturar uma sereia. — Riu asmático em deboche, mas mudou o tom para ríspido logo em seguida. — Agora obedeçam e coloquem-na na carruagem!

Nada mais foi dito, apenas sons de movimento pude ouvir. Passos. Uma pessoa forte ergueu-me do chão com facilidade e carregou-me até me depositar sobre o banco acolchoado de uma carruagem de luxo. Era possível sentir o cheiro dos ornamentos caros e da madeira de boa qualidade.

A carruagem pôs-se em movimento e por um longo espaço de tempo tudo o que senti foram as bacadas do caminho. Viajar de carruagem era terrível após tanto tempo acostumada ao voo.

Depois de muitas horas de viagem, paramos para uma troca de cavalos. E nesta feita o tártaro resolveu analisar minha condição como se analisa uma égua premiada.

Senti quando seus dedos rudes seguraram meu maxilar e movimentaram minha cabeça de um lado para o outro, provavelmente em uma detalhada análise de meus traços. Depois passou os dedos entre meus cabelos sujos sentindo a textura dos fios e sabe-se lá mais o quê. Sem cerimônias, em um ato nojento, o homem cuspiu e em seguida passou um pano úmido sobre alguns de meus machucados onde o sangue estava seco o que causou uma ardência terrível.

— O que aconteceu com você, mulher? — Perguntou com indiferença e sem esperar resposta. — Parece ter cerca de vinte e quatro anos...

É, eu realmente parecia mais jovem do que realmente era. A magia é o melhor cosmético anti rugas que há sobre a terra. Sabedoria que o diga.

O asqueroso mercador de escravos subiu meu vestido até a altura dos seios e tirou minhas peças íntimas para analisar-me o corpo. Minha vontade era queimá-lo até a morte, pois ser tocada contra minha vontade fazia com que uma revolta fervilhasse em meu âmago, mas resisti ao impulso e com toda paciência continuei fingindo inconsciência.

Com minúcia, o homem apalpou todo meu corpo, chegando a abrir minhas pernas para verificar se eu ainda era virgem.

— Foi deflorada, mas é exótica então creio que não haverá problemas. — Concluiu. — Será uma excelente odalisca. Se tiver sorte, poderá ser uma esposa.

Depois daquilo o tártaro escravagista finalmente deixou-me em paz e por mais longas horas a carruagem engendrou por caminhos irregulares. Fingir desmaio por muito tempo naquelas condições era terrível, pois minhas nádegas assim como minhas juntas já estavam adormecidas. No entanto aquele era o plano simples e estava funcionando com perfeição.

Quando o sol declinou de sua jornada no céu e a noite fria tomou aquelas terras nas quais viajávamos, a carruagem parou. Houve mais movimentação. Fui tirada da carruagem e carregada para o desconhecido.

— Levem-na para o quarto e tranquem. Não quero que fuja quando acordar. — Ordenou o arrogante mercador.

— Sim, Senhor. — Responderam três pessoas, dois homens e uma mulher.

— E tenham cuidado para não danificar a mercadoria. Lavem-na e se possível a alimentem. Amanhã tratarei de comprar trajes novos para enfeitá-la. É preciso conquistar os olhos do cliente.

— Sim, Senhor. — Responderam novamente.

— E chamem meu mensageiro. Preciso enviar uma missiva com urgência. Agora estão dispensados.

— Sim, Senhor. — Repetiram como papagaios adestrados. Eu não podia culpá-los pelo comportamento.

Como ordenado, fui colocada na cama de um quarto onde fiquei trancafiada.

Não posso dizer que não tenha ficado aliviada em finalmente poder me mexer. A sensação desagradável da dormência era terrível, mas, além disso, o quarto estava frio demais, a cama era modesta e eu tinha fome.

Fantástico que o homem não tenha olhado as costas de meu vestido, pois havia uma entrada entre dois tecidos onde eu guardava minha adaga, o brasão e a chave do castelo de vovô. Todos enrolados em fina seda para deixar o embrulho macio ao toque.

Vovô era um sábio no fim das contas. Quando jovem, eu jamais imaginara que menos era mais, que uma arma discreta poderia ser mais estratégica que uma arma grande. E já adulta lá estava eu, grata pela previdência daquele velho rabugento que eu tanto amava.

Tratei de acender o fogo sobre minha pele durante alguns minutos, para espantar o frio, mas com toda a cautela, pois havia guardas na porta, eu podia ouvir sua respiração.

Apaguei o fogo, tirei o vestido, arranquei meus pertences do compartimento e os escondi debaixo da cama. Em seguida coloquei a roupa novamente, sentei-me na cama, inspirei fundo e comecei a gritar.

— SOCORRO! — Expressei-me como quem acaba de acordar em um lugar completamente desconhecido. — ONDE ESTOU?

Levantei-me da cama e corri até a porta com passadas ruidosas. Girei a maçaneta diversas vezes de maneira desesperada e em seguida comecei a esmurrar a madeira.

— ONDE ESTOU? — Gritei.

Com minhas habilidades de atriz, consegui até mesmo chorar algumas lágrimas fartas. Um guarda abriu a porta e eu saltei para trás falsamente amedrontada.

— Onde estou? — Perguntei chorosa. — Quem é você?

— Sou servo de Qirimi Krym e você é a nova mercadoria dele. — Avisou de maneira sucinta.

— Mercadoria? — Questionei com voz trêmula.

— Sim, agora fique quieta que uma criada irá preparar seu banho e trazer comida! — Ordenou rispidamente antes de sair do quarto e bater a porta atrás de si.

Dito e feito. Uma criada pouco tempo depois apareceu com uma grande bacia onde despejou água quente. Passiva e calada me banhei. Intimamente senti como um momento sublime, apesar da ardência na pele causada pelo sabão rústico.

Notei que toda a criadagem tinha sotaques muito diferentes entre si. Alguns europeus, outros orientais e até mesmo africanos.

— O homem me chamou de mercadoria. — Comentei com a criada, simulando um medo que eu não tinha.

— Você é escrava e pelo tratamento que recebe será vendida para alguém de status alto. — A criada comentou, calando-se logo em seguida.

Após o banho ela levou embora minhas roupas sujas e deixou-me vestida apenas com um robe rústico e ordinário. Em uma mesinha deixaram um prato com pão, leite e algum tipo de carne. Não pensei sobre aquela comida, apenas mastiguei e engoli.

Deitei-me na cama, embrulhei-me com a colcha grossa e dormi tranquila, porque meu plano ia de vento em popa.

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