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O passado de Arthur

Arthur destapou os olhos vagarosamente e colocou a mão sobre sua barriga plana.

— Sempre fui diferente dos demais meninos. — Começou. — Eu gostava dos mesmos brinquedos, das mesmas roupas e dos mesmos passatempos. No entanto, sempre preferi minha mãe a meu pai. Ela era meiga e cantava com uma voz angelical capaz de fazer até um bruto se debulhar em lágrimas. Fazia doces deliciosos e bordados de encher os olhos, tamanha a perfeição e elegância dos pontos. Costurava os próprios vestidos e todos eram tão deslumbrantes que as outras mulheres se corroíam de inveja. Além das roupas, elas invejavam a elegância que minha mãe tinha ao dançar e sua inteligência advinda do esmero de suas instruções quando jovem. Lembro-me de muitas vezes, quando ela me pegou no colo e bailou comigo em seus braços. Ah, eu podia sentir seu cheiro de óleo perfumado. Era uma mulher muito distinta, sim. Eu gostava de ficar ali, com o rosto deitado em seu colo, sobre seus cabelos macios e louros.

"Eu tinha seis anos quando meu pai me presenteou com uma montaria esplendorosa. O chamei de Raio de Sol, porque sua pelagem era dourada como um raio de sol. Aprendi a cavalgar com perfeição e meu cavalo se tornou meu melhor amigo, minha companhia de sempre. Apesar de ter outras opções, era melhor estar com meu cavalo."

"Mamãe sempre ia aos estábulos para me ver montar. O tempo passou, e com sete anos, eu montava com mais destreza que muitos cavaleiros adultos. Por esse motivo meu pai se tornou orgulhoso e começou a me levar junto com ele para todos os lugares aos quais ia. Sua intenção era me tornar sua imagem e semelhança."

"Certa noite fomos a um bordel. Eu não sabia o que era exatamente aquele lugar tão cheio de libertinagem, sendo mais exato, eu nem sabia o que era libertinagem, apenas vi as mulheres despidas e me senti desnorteado."

"Quando vislumbrei meu pai agarrado a uma meretriz, me senti irado, muito ultrajado, e acabei por discutir com ele. De minha maneira infantil. Mas ele encarou como um desafio. Veja, o que um menino de sete anos entende do mundo? Nada. Meu pai me deu um tapa que me arremessou a metros de distância, e depois riu de minha fraqueza e do olhar amedrontado que lancei em sua direção."

"Uma prostituta de coração gentil foi até onde eu caíra e ajudou-me a levantar meu patético corpo infantil. Lembro-me bem de seu rosto. Era menina ainda. Acredito que tinha cerca de doze anos. Tinha olhos verdes esmeralda e cabelos ruivos trançados de maneira displicente. Ela passou a mão delicada sobre meu rosto e me abraçou com ternura enquanto eu tremia de medo e de raiva."

"Recordo-me com clareza de sua voz sussurrando em meu ouvido: 'Não desafie um homem que tem cinco vezes o seu tamanho e tudo ficará bem'."

"Ela me soltou quando eu já estava firme o suficiente para me apoiar sozinho. Depois alinhou minhas roupas amassadas e me serviu de um copo com água."

"Ora, parece que o pequeno Arthur gostou da Mary." — Meu pai disse.

"Ele jogou três moedas aos pés dela e ordenou que ela me..."

Arthur pareceu engasgar com as palavras.

— Ordenou que...? — Incentivei.

— Ordenou que ela me... — ele procurava um modo suave de dizer o que o pai dele ordenou que a prostituta fizesse. — Bem... Ele ordenou que ela me fizesse carícias impróprias para uma criança de minha idade.

"Mary estava com um jarro de água nas mãos. Ela ficou tão assustada que deixou o recipiente cair e se espatifar em centenas de pedaços, para em seguida cair ajoelhada sobre os cacos, sem se importar com as feridas que se abriam em sua carne. Implorou que meu pai não a obrigasse a algo tão impuro, pois sua alma estaria perdida para toda a eternidade."

"Meu pai gargalhou enquanto assistia a humilhação da menina, e, quando perdeu o fôlego, parou para retomar o ar e dizer que a alma de uma prostituta jamais seria salva, sendo assim, suas opções eram atendê-lo ou a morte."

"A verdade é que Mary não tinha escolha, então ela se aproximou de mim e abriu minhas roupas. Eu não entendia como funcionavam os atos de prazeres carnais e por isso apenas observei enquanto ela aproximou sua boca ao meu corpo. Chorava muito, seu corpo tremia de forma incontrolável."

"Por fim ela desistiu. Correu até meu pai e se jogou a seus pés, dizia que o serviria como quisesse, mas que não podia fazer aquilo com uma criança."

"Meu pai ficou colérico. Puxou a espada que descansava na bainha e a decapitou ali mesmo. Prostrada no chão, na frente de todos. Foi horrível. A cabeça fora do corpo, o olhar parado, congelado, implorando piedade até que os vermes lhe devorassem a carne."

"A partir daquele dia, eu já não reconhecia aquele homem como um pai."

"Ele, por sua vez, me instruiu a guardar silêncio sobre o ocorrido. Mas naquela noite, para meu azar, tive um pesadelo que me fez gritar em demasia. Minha mãe, sempre preocupada, se apressou em meu socorro. Entre lágrimas e soluços, com a cabeça encostada em seu colo cálido, acabei por confessar o que se passara no bordel."

"Ela me confortou e ninou até o sono chegar novamente, e quando eu já estava quase completamente adormecido, minha mãe saiu do quarto, envolta em uma ira singular. Sei disso porque seus passos batiam duros contra o piso."

"Adormeci como se um anjo me cantasse a cantilena de Morfeu e assim tive uma noite de sono tranquila e revigorante."

Arthur parou sua narração para mudar de posição e se virou de lado, de modo que ficou de frente para mim. Com os olhos focados nos meus. Só então percebi que suas órbitas oculares estavam marejadas de lágrimas silenciosas.

A voz de Arthur soou embargada, quando ele continuou.

— No outro dia, quando abri os olhos, a primeira coisa que vi foram os olhos de minha mãe. Abertos, aterrorizados. Estáticos. Gritei de medo diante da cena e me joguei da cama, porque a cabeça de minha mãe estava sobre meu colchão. Em uma bandeja de prata.

— Nossa! — Tapei a boca com uma mão para abafar um grito de horror. Estava completamente desconcertada. Lágrimas silenciosas saíram de meus olhos.

Arthur começou a chorar sem parar. Não era um choro discreto, era acompanhado de soluços altos e tremores corporais.

Na tentativa de consolar meu amigo, acariciei seus cabelos.

Quando se acalmou um pouco, Arthur continuou sua narrativa.

— Depois daquele dia, meu pai me mandou trabalhar nas estrebarias. Eu era tratado como um criado qualquer. Não era pior que estar perto dele, mas era uma vida miserável. Eu dormia no feno, perto dos cavalos e comia restos da comida da cozinha, que por sua vez, comia os restos das refeições de meu pai. — Arthur ergueu a mão direita e acariciou meu queixo. — É irônico como antes de viver daquela maneira eu nunca me preocupei com os criados e a maneira como viviam.

"Passei muitos anos na estrebaria, obviamente envelheci e desabrochei como rapaz. Um dia, chegou à propriedade um novo criado. Até então eu não tinha tido interesse em ninguém, mesmo que as moças se insinuassem e às vezes me roubassem beijos. Beijos que não me faziam sentir absolutamente nada além de suas bocas molhadas que rastejavam sobre a minha."

"Nunca pensei que algo estava fora do comum, simplesmente porque eu não conhecia os sentimentos dos amantes. Eu não sabia como uma pessoa deveria se sentir ao ser tocada por alguém que lhe desperta os desejos."

"Como eu dizia... Um novo criado se apresentou nas estrebarias. Ele tinha minha idade, era mais alto que eu, forte, e uma metade de seu rosto fora coberto por cicatrizes finas e longas. Um olho era tão severamente comprometido que não se abria direito, do lado das cicatrizes ele tinha apenas metade da sobrancelha e sua boca era levemente repuxada."

"Porém nada disso importou quando o vi pela primeira vez. Quando fecho os olhos, posso reviver aquela sensação... Meu coração bateu diferente, minha face estava em chamas e minhas pernas ficaram fracas, sem firmeza alguma. Precisei me apoiar na parede para não cair."

Arthur suspirou profundamente e soltou uma gargalhada gostosa.

Intimamente eu sabia exatamente como aquele sentimento funcionava porque já tinha sentido aquilo por alguém... Eu sentira aquilo por Borjan.

— Não importava os defeitos — Arthur voltou a falar — porque quando ele sorriu, foi como ver os primeiros raios de sol após a passagem de um longo e castigante inverno. Seus olhos eram verdes como as folhas na primavera e o cabelo tinha a mesma cor dos pêlos de Raio de Sol, meu cavalo que meu pai sacrificara quando me mandou para o trabalho com os criados.

"Senti-me estranhamente eufórico com sua presença. M,inha voz se tornou estranha, desafinada porque a língua parecia mais grossa na boca."

Arthur riu. Feliz com a lembrança.

— Muito gentil, ele pediu que eu o instruísse sobre o local e os afazeres. E assim eu fiz. — Continuou.

"Gentileza. Sim, esta é a palavra que definia Eric. Ele era sempre muito gentil. Usava sua força para ajudar as pessoas e fez um canteiro de rosas atrás das estrebarias, porque ele gostava de flores. E elas gostavam dele, pois floresceram como nenhuma outra flor floresceu após a morte de minha mãe."

"Ficamos amigos. Muito amigos. Contei minha vida para ele, e ele chorou. Depois me abraçou. Foi um abraço sincero, como os de minha mãe. Após tanto tempo, eu senti o que nunca tinha sentido desde a morte dela. Eu me senti... Amado."

"Ele também me contou sobre as chicotadas que levara no rosto, mas não compartilhou as motivações de seu algoz. Por algum motivo se sentiu envergonhado, como se aquele segredo fosse desonroso."

"Respeitei seu silêncio."

"Eric e eu passávamos cada dia mais tempo juntos. Criamos um elo forte e especial. Um elo único. Eu sabia o que ele pensava. Ele sabia o que eu desejava. Então uma noite, como era de se esperar, aconteceu..."

"Estávamos admirando as estrelas, deitados no chão, quando nossas mãos se tocaram. Fiquei agitado e fiz menção de afastar, mas ele a segurou e levou até seus lábios para depositar um beijo suave em meus dedos. O que senti foi inexplicável... Alegria, euforia, desejo... Tantas coisas em tão pouco tempo. Ao mesmo tempo. Consumindo-me."

"Vendo que eu correspondia a seus sentimentos, Eric me beijou a boca e eu retribuí. Um pouco desajeitado, mas era o melhor que podia fazer até então. Diferente de quando as garotas me beijavam, senti um calor incomum que nasceu no âmago de meu ser e se expandiu por todo meu corpo. Meu peito retumbava e eu apenas desejava mais daquela sensação. Queria mais dele porque seu sabor era único e especial."

"Eu estava ávido por mais, mas ele parou o beijo e me recostou em seu peito quente e firme. Aspirei seu aroma enquanto ele me contava que foi chicoteado por ser pego aos agarros com outro rapaz, no entanto, seu senhor era piedoso e após as chicotadas apenas o mandou embora com uma carta de recomendação."

"Naquela noite, nosso amor se tornou oficial. Não tivemos um contato físico mais íntimo que aquele beijo, mas amor não é só isso afinal."

"Nossa alegria durou sete dias."

"Uma criada que era apaixonada por Eric nos viu juntos e contou para o homem que me gerou."

"Meu pai matou Eric na minha frente. O chicoteou até a morte. Depois me disse que não teria meu sangue sujando seu nome. Chamou trinta de seus criados, me levou para uma clareira no meio da floresta mais próxima e me deixou nu."

"Eles cercaram o local para que eu não escapasse e iniciaram um jogo. Cada um deles entrava no círculo e tentava me capturar, quem conseguisse, ganhava o direito de me violentar."

"Contavam até vinte quando um homem entrava no círculo."

"Nenhum deles teve sucesso na empreitada, eu era ágil. Porém meu pai não estava satisfeito, então ele me fez crer que me perdoaria se eu me humilhasse. Amedrontado, me ajoelhei para ele e foi assim que ele me pegou. Abaixou as próprias calças e ia começar 'aquilo' quando fomos atingidos por uma forte rajada de vento."

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