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No castelo

Em Jaisalmar comi, bebi, troquei de roupas e dormi um pouco em um quarto alugado. Mesmo angustiada, fui vencida pela necessidade de descanso que culminou em um sono sem sonhos. Quando finalmente acordei já era noite. Vesti calça, camisa, botas e chapéu. Coloquei na cintura a corrente com a chave, assim como o punhal, enquanto que no bolso depositei o dinheiro que ainda tinha. Abandonei todo o resto ali.

Caminhei até o deserto, a uma boa distância da cidade, e alcei voo. Passei por regiões secas, onde as asas de vento serviram bem, e por regiões chuvosas, onde usei minhas asas de água. Quando havia muitas nuvens, ao invés de voar, eu caminhava. Era um descanso para minhas costas.

Mesmo cansada da variação climática persisti em minha viagem e até prometi para mim que não faria parada alguma antes de chegar ao castelo que ficava próximo aos Carpaţi.

Depois de longas horas de um voo penoso pousei na densa floresta nos arredores do Castelo Merak. Chovia forte naquela madrugada e logo a alvorada chegaria. Não desci perto do castelo, pois os aldeões e os castelãos poderiam ver-me e eu não sabia quanto da verdade lhes tinha sido revelada.

Andei sob a chuva forte, com barro até os tornozelos e me esgueirei por uma portinhola lateral que os criados usavam para levar os provimentos à dispensa. Caminhei até perto da dispensa e subi por uma escada em espiral que terminava em um corredor de acesso à ala norte do castelo. Estava tudo muito silencioso.

Entrei em uma sala com decoração rosa e acendi a lareira, constatei se me encontrava sozinha, acendi o fogo em mim para me secar mais rápido, pois o calor da lareira era muito fraco. A roupa continuava imunda, mas felizmente seca.

Sentei-me em uma poltrona pensando sobre o passo seguinte. O castelo tinha ares de deserto. Estariam todos dormindo? Tão cedo?

Não tive muito tempo de fazer ponderações antes de uma criada - que chegou silenciosa - gritar, interrompendo meu sossego. Ouvi o barulho de louça se quebrando e levantei-me da luxuosa poltrona de cor rosa na qual tive o desfrute de sentar.

A mulher, ainda com as mãos sobre a boca, tremia de medo quando me virei e a fitei.

— Q-Quem é você? — Gaguejou nervosa.

Claro que ela não tinha tal conhecimento, era demasiado jovem e nunca me vira antes. Na verdade, ninguém me reconheceria por ali.

— Sou Lira, é um grande prazer conhecê-la. — Apresentei-me de forma cordial.

— Não pode ser! — A moça tirou as mãos da boca e colocou sobre peito. — Senhora Lira Merak?

— Sim. — Respondi sem vontade de entrar em detalhes. — Onde estão todos?

— Senhora, sua filha Lady Merak e o avô Lorde Merak viajaram para o leste, a fim de visitar um homem com quem meu senhor tem negócios. — A mulher deixou os braços caírem ao lado do corpo.

Senti-me aliviada por minha filha encontrar-se viva, mas não poderia relaxar enquanto não capturasse Katuryna.

— E meu esposo? — Perguntei com o coração apertado. — Casou-se novamente?

A moça olhou para o chão.

— Não, senhora. O senhor Alioth é fiel ao amor que sente pela senhora.

Meu coração deu um salto no peito. Como eu amava Borjan! Não era possível expressar em palavras. Imediatamente desejei estar com ele e uma vez mais abraçar seu corpo quente antes de partir em busca de Katuryna.

— Leve-me até um aposento ao lado do de Borjan me consiga roupas limpas. Existem roupas para mim aqui, não existem? — A moça fez sinal positivo e eu abri um sorriso. — Quem comprou foi meu avô?

— Todos compraram, senhora. Seu marido dorme em um quarto conjugado e o quarto ao lado está sempre preparado para sua chegada. — Respondeu.

Senti um abafamento bom no peito.

— Conduza-me até meu quarto, por favor. Qual seu nome? Que falta de educação a minha não ter perguntado antes.

— Meu nome é Cristina, senhora. — A moça pôs-se a andar pelos corredores e eu a segui.

— Cristina, pode chamar-me de Lira.

— Sim, senhora Lira. — Respondeu obediente.

— Sem o "senhora", por favor.

Ela acenou com a cabeça de maneira afirmativa.

Depois de um longo trajeto por corredores e escadas - ainda não entendia porque meu avô precisava de um castelo tão grande -, entrei em meu próprio quarto, onde, acesa, uma vela solitária queimava. Cristina não mentira, o quarto estava arrumado como se alguém nele habitasse. Tive falta de ar e vontade de chorar, pois nada no mundo se iguala a uma família amorosa, mas segurei as lágrimas que apenas marejaram meus olhos.

— Sua filha às vezes dorme aqui. — Cristina contou com emoção contida de quem assiste a mais triste das peças. — Ela sempre nos fala sobre você.

— Ana se lembra? — Questionei com coração aquecido.

— Claro, ela a ama muito! E é inseparável daquele medalhão que herdou de minha senhora. — Relatou. — Ela mesma escolhe os produtos de toucador, pois diz que se lembra bem dos aromas favoritos da mãe.

Não mais suportei segurar as lágrimas, que correram silenciosas enquanto eu apertava, sobre o peito, a mão direita fechada em punho, e analisava novamente a decoração à minha volta.

— Deixe-me a sós, Cristina. Posso me arranjar sozinha por aqui. — Solicitei desejando um minuto de solidão para não mais me sentir dispersa no mundo.

A moça fez um cumprimento discreto mexendo nas saias e saiu do quarto.

Arranquei as botas e encontrei a sala de banhos. Eu conseguia sentir em cada fibra de meu corpo a presença de Borjan que dormia no quarto ao lado. Abri a janela e puxei a água da chuva para a banheira, em seguida encontrei o sabão, a bucha, e entrei em chamas dentro da água fria que logo ficou fervente. Lavei-me rapidamente.

Em um baú ao pé da cama, encontrei roupas para dormir. As vesti e penteei os cabelos, que sequei com vento morno. Devo dizer que havia muito tempo que não caprichava em um penteado.

Com o coração acelerado, e passos sem firmeza, caminhei até a porta do conjugado. Girei a maçaneta com cuidado e a abri devagar. Entrei no quarto de Borjan e fui atingida por uma lufada de ar com o cheiro dele. Andei até a cama larga onde meu marido dormia tranquilamente e enfiei-me sob o cobertor. Para minha alegria, Borjan mesmo dormindo passou um braço sobre meu corpo e o aconchegou ao seu próprio corpo. Feliz por aquela oportunidade, fechei os olhos e dormi um sono sem sonhos.

Acordei na manhã seguinte com o grito de susto que Borjan deu.

— Não pode ser! — Ajoelhado sobre a cama ele me encarava.

Seus cabelos embranqueceram um pouco mais e as rugas se faziam presentes na pele que um dia fora lisa como a de um pêssego, mas ainda era o mesmo homem belo e amado com o qual construí uma família.

— Juro que não o violei enquanto dormia. — Falei em minha defesa. — Bom dia.

— Bom dia? — Disse enquanto, ainda de joelhos sobre o colchão, passava uma mão sobre o rosto e apoiava a outra na coxa. Seus olhos verdes me analisaram, inseguros.

— Lira... Meu Deus! — Suspirou e passou as mãos pelos cabelos. — Meu Deus! — Repetiu e sorriu emocionado.

Sentei-me na cama e ele me puxou para um abraço quente e apertado. Como eu tinha sentido falta daquilo. O toque e o cheiro de Borjan eram únicos.

— Meu amor... — Borjan começou a chorar. — Senti tanta falta de sua presença!

— Também tenho saudades de você. — Falei enquanto abarcava seu corpo com meus braços. — Amo-te.

Em resumo, tivemos um momento cheio de amor em todos os sentidos. Depois de consumado o ato carnal que era inevitável, enquanto nos abraçávamos sobre os lençóis, Borjan finalmente perguntou quanto tempo eu ficaria, e decepcionado, ouviu-me dizer que eu partiria no mesmo dia.

Inseparáveis, passamos juntos todo o tempo do qual dispúnhamos. Até mesmo a refeição, pedimos que fosse entregue no quarto, pois não queríamos deixar nosso confortável ninho de amor.

Em algum momento da tarde, que não pude precisar quando por ignorar completamente o tempo fora de nossa redoma, Borjan estava sentado sobre o colchão, com as pernas abertas, recostado na cabeceira da cama, e eu, encontrava-me sentada entre suas pernas, com as costas sobre o peito quente onde havia alguns pêlos grisalhos. Segurava as mãos dele de modo que fazia com que os braços me enlaçassem.

— Sempre fico impressionado quando fazemos amor e suas asas surgem. — Borjan sussurrou em meu ouvido.

Sorri torto, um pouco encabulada apesar da experiência.

— Por acaso você conhece um modo de chegar aos céus sem voar? — Questionei travessa.

— Conheço. — Mordiscou minha orelha. — Você me mostrou o caminho.

Aquele momento de amor sublime era belo e confortável, no entanto, só tornava a partida mais difícil. Eu queria ficar, mas não podia, e isso intimamente era uma tortura.

— Como está Ana? — Indaguei enquanto passeava a ponta de meu dedo indicador pela palma grande da mão de Borjan.

— Linda, saudável e não completamente feliz porque você não está próxima. É extremamente inteligente e tem demonstrado aptidão para artes em geral. Nossa filha é uma verdadeira bênção. — Respondeu orgulhoso. — E sabe... Diferente de nós que não temos muito talento musical, Ana toca piano e canta muito bem.

— Minha tia Ana e minha mãe cantavam como anjos. — Refleti perdida em lembranças.

Fiquei sem ar por um momento antes de fazer a pergunta mais complicada.

— Ela se lembra de mim? — As palavras saíram tremidas refletindo o temor em meu coração.

Borjan passou os braços abaixo de minhas axilas e subiu as mãos pelas laterais de meu pescoço até chegarem aos meus cabelos, onde massageou o couro cabeludo com as pontas dos dedos. Fechei os olhos bebendo cada segundo daquele momento precioso.

— Ana lembra-se nitidamente de você, meu amor. — Informou ainda cheio e orgulho. — Sabe que você não envelheceu nem um pouco, Lira?

— Verdade? — Sinceramente eu não andava prestando atenção ao meu reflexo.

— Sim, você não tem sequer uma ruga. Seu avô também não envelhece mais. — Borjan sussurrou em meu ouvido.

— Não. — Retifiquei. — É verdade que Ana lembra-se nitidamente de mim?

Borjan parou de massagear meu couro cabeludo e saiu da cama. Vestiu um robe sobre a nudez.

— Venha. Desejo mostrar-lhe algo. — Com o braço estendido acenava para eu segui-lo.

— O que é? — Estranhei.

— Você precisa ver com seus olhos. — Borjan calçou os sapatos, o que indicava que sairíamos do quarto.

Levantei-me e vesti meu penhoar sobre a camisola lilás.

— Você está sério. — Observei um pouco temerosa. Sou Bruja, não leio mentes.

Ele não respondeu, apenas esperou que eu me aprontasse, e quando terminei me arrastou pelos corredores do castelo. Diferente da primeira vez que estive ali, tudo tinha o ar mais leve e iluminado. As paredes de pedra pareciam menos sombrias e os tapetes coloridos eram mais vibrantes. Havia flores frescas em vasos e as molduras estavam limpas.

— Vovô paga bem a quem trabalha aqui? — Inquiri interessada.

— Geralmente quem trabalha nas terras dele é que deve pagar, mas há um acordo entre eles. A porcentagem que pagam não é tão alta e recebemos mantimentos o ano todo, de acordo com as estações. — Respondeu com serenidade.

— E a segurança?

— Alta.

— Entrei aqui e ninguém viu. — Frisei com uma sobrancelha levantada.

— A maior parte da força de segurança viajou com nossa filha e seu avô. — Borjan explicou.

Estaquei o passo e olhei para ele com seriedade.

— Mas e a sua segurança, Borjan?! — Reclamei ultrajada.

Ele passou a mão pelo meu rosto.

— Ninguém tem interesse em me matar, Lira. Não se preocupe. Sou um humano comum cercado de pessoas especiais, ninguém me nota. — Sorriu no intuito de me tranquilizar.

Eu não acreditava naquilo, mas não perderia tempo discutindo. Todavia, antes de partir, eu escreveria uma detalhada carta para vovô, explicando minha indignação acerca daquele descaso.

— Chegamos. — A voz de meu marido despertou-me dos pensamentos.

Estávamos frente a uma porta dupla feita de madeira clara e com entalhes bem talhados que mostravam uma criança em várias cenas no pomar.

— Foi feita há três anos para diferenciar este cômodo dos demais. — Borjan explicou.

— O que há de diferente?

Borjan não respondeu. Apenas abriu as portas e puxou-me para dentro.

Então entendi o que ele quis dizer. O ar com cheiro de tinta, carvão e produtos variados encheu-me os pulmões. Havia prateleiras com soluções para pintura e telas em branco guardadas em um armário especial com portas de vidro. Nas paredes, dezenas de molduras conservavam telas diversas já preenchidas com pinturas. Algumas eram rabiscos quase indecifráveis, mas outras tinham perfeição ímpar. Julguei que essas fossem as mais recentes.

A riqueza de detalhes e perfeição das técnicas impressionava, entretanto nem de longe isso foi o que deixou a mim mais chocada. Meus olhos encheram-se de lágrimas quando vi que em muitas das telas eu aparecia.

Algumas imagens tinham somente o contorno de meu rosto. Em outras estava abraçada com Borjan, sorrindo, como fazíamos sempre que estávamos à beira do berço das meninas observando-as dormir. Havia também telas nas quais Lwana estava retratada enquanto brincava ou comia. Em muitas das artes estávamos eu e a própria Ana, em passagens de nossas vidas.

Sim, ela lembrava-se de mim. Ana lembrava-se perfeitamente dos traços de meu rosto, de roupas que usei e de lugares onde estivemos.

— Ela tem apenas oito anos, Borjan. — Falei em prantos. Meu coração de mãe não aguentava aquela avalanche de emoções. — Tinha dois quando parti.

Borjan sorriu outra vez, claramente envaidecido, e de seus olhos lágrimas verteram grossas. Ele secou o rosto com as mãos antes de falar.

— Sim, ela é muito jovem, todos ficam espantados com tamanho talento. A escrita de Ana está longe da perfeição das pinturas. — Disse orgulhoso. — É como se tivesse nascido com os pincéis. Esse cômodo não era um atelier, foi adaptado especialmente para ela devido à necessidade que tinha de se expressar através da arte.

Borjan me puxou-me até as amplas janelas para que eu visse a paisagem privilegiada que Ana tinha quando estava naquele cômodo.

— Daqui ela pode ver um dos jardins, os pomares, a floresta e as montanhas. Também tem uma boa iluminação e esta sala é ampla. — Explicou. — Ela prefere vir para cá sozinha, mas sempre que posso, faço companhia.

Dei um giro em torno de meu proprio eixo e notei que havia um grande espelho em um canto e dois cavaletes cobertos com lençóis brancos.

— O que é aquilo? — Apontei para os objetos cobertos por tecidos.

— São os projetos recentes. — Borjan sorriu torto. — Ela não gosta que espiemos, mas creio que para a tão amada mãe haverá uma exceção.

Andei até os cavaletes e retirei os lençóis com cuidado, desnudando duas telas. Uma era apenas o rascunho em carvão de uma mulher de cabelos curtos com um par de asas. Passei os dedos sobre a tela com suavidade enquanto, outra vez, chorava de emoção. Borjan abraçou-me por trás.

— Ela te ama, Lira. — Soprou as palavras em meu ouvido. — Como não pode dizer para você, ela expressa de outras maneiras.

Afirmei que entendia com a cabeça enquanto sentia, no fundo de minha alma, que eu estava certa em caçar o mal e proteger minha família.

— Agora veja. — Borjan aprontou para a outra tela que já estava em fase de acabamento.

Era um autorretrato.

— É atual. — Contou. — Ela é assim agora.

A Ana da tela fitava-me com seus olhos castanhos de brilho teimoso. Seu rosto era semelhante ao meu, mas o queixo tinha a altivez na postura que vovô Barakj sempre levava consigo. Seu cabelo castanho claro era longo e descia em ondas até quase chegar à cintura. Ainda tinha corpo infantojuvenil, sem curvas, mas o vestido simples, de cor azul clara, lhe caía bem. No pescoço, visível, estava o medalhão da Ordem do Dragão.

Acariciei o rosto de tinta como não podia fazer com minha filha. Borjan colocou sua mão sobre a minha, seguindo o movimento sobre a tela fria.

— Ela não é teimosa e tem uma educação impecável, mas sabe se impor e o faz como uma adulta. — Ele riu. — Nossa filha será uma grande mulher, estou certo disso.

— E terá um grande trabalho para casar. — Arranquei de Borjan uma gargalhada gostosa. — Que homem vai chegar aos pés de uma criatura tão fantástica?

— Um homem que a ame, suponho. — Redarguiu.

— Claro. Espero estar aqui quando isso acontecer.

— Estará.

— Não prenda nossa filha em convenções, Borjan. Deixe que ela escolha sem se preocupar com status ou posição social. Temos dinheiro o suficiente para sustentar uma família de mais cem pessoas e status alto que chega a ser incômodo. Deixe que ela seja livre. — Exigi.

— Deixarei, meu amor. — Prometeu.

— Prometa que, mesmo que Ana ame um mendigo, você não se oporá!

— Prometo.

Feliz, o beijei. Borjan não perdia tempo com debates que considerava inúteis. Arrumamos os lençóis sobre as telas. Aproveitei e admirei as obras de Ana por um longo tempo, depois voltamos para o quarto onde fomos felizes em cada segundo que nos restava.

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