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Lago Elemental

Abri os olhos enquanto ouvia um som suave e persistente que se assemelhava a pequenos sinos retinindo pelo quarto. Flores miúdas como dentes de leão flutuavam no ar enquanto uma melodia tomava forma. A ampulheta brilhava sobre a penteadeira e era dela que as tais flores saíam para flutuar pelo ar e desaparecer em seguida. Diante daquele espetáculo nada modesto fornecido por um despertador d'O Pomar, percebi que era hora de me levantar.

Abri as cortinas e olhei pela janela. Uma lufada de brisa matinal acariciou-me a pele do rosto e isso me fez sorrir. Meu coração acelerou de ansiedade quando me lembrei que era o primeiro dia de tarefas a cumprir. Senti-me empolgada. O sol ainda não tinha despontado no céu e o desjejum seria após o término da primeira atividade.

Apressada, coloquei um vestido branco que estava sobre os demais e sapatilhas de cor rosa. Penteei os cabelos, eufórica, e fiz uma trança simples que adornei com uma forquilha incrustada com safira azul.

Corri até meu Livro de Tarefas para conferir o caminho que devia seguir. A atividade estava lá, como na noite anterior, com a diferença de ser sucedida de mais duas atividades; o café da manhã e uma visita à biblioteca.

Pensei ser melhor anotar aquilo antes que me esquecesse.

Voltei no quarto e peguei uma bolsa de tecido rústico com alça de couro, presente de minha falecida tia Ana. Coloquei a alça trespassada pelo corpo e corri para a sala, onde com um lápis anotei as tarefas em um livreto de notas que coloquei dentro da bolsa.

Já estava atrasada.

Abri a porta da sala e disparei através dos caminhos. Percebi que nas adjacências de onde ficava minha cabana, tudo era muito quieto. A velha Jaci estava pelo caminho, ostentando uma pesada carranca de desprezo e ares de poucos amigos. Eu a cumprimentaria por boa educação, mas a mulher virou o rosto quando passei.

Na região mais central da comunidade, tudo já fervilhava às luzes dos primeiros raios solares. Não vi meus amigos, mas vi muitas pessoas carregando objetos e cantando músicas que eu não conhecia. Aquilo, aliado à brisa da manhã, me fez sentir na pele uma boa dose da magia de Avalon.

Corri mais rápido, temerosa de perder a primeira aula.

Felizmente cheguei a tempo.

Passei por um caminho de pedras negras cercado por pilares brancos onde trepadeiras muito familiares faziam morada. Era lindo e especial. Uma energia diferente emanava dali.

Mais à frente, avistei um lago mediano de águas plácidas e uma mulher de pele bronzeada, cabelos negros ondulados e compridos. Entre suas sobrancelhas havia um ponto branco e suas vestes eram verdes. Estava sentada de uma maneira engraçada e parecia dormir serenamente.

Fiquei com medo de acordá-la, então me sentei no gramado muito verde e imitei sua posição. Fechei os olhos como ela e tentei sentir o que ela sentia. Pude ouvir o vento suave, senti o calor do sol que aos poucos tocava minha pele, os sons de alguns animais e apenas isto.

- Lira Merak. - Chamou.

Abri os olhos e fiquei envergonhada. Ela podia pensar mal de mim por tentar imitá-la, talvez até me repreender, porém eu estava errada.

Quando jovem tive muito medo no coração. Claro que não era sem razão, por isso ficava intimamente acuada sempre que surgia uma situação onde eu poderia ser massacrada de alguma maneira.

- Não precisa ter medo - ela uniu as palmas das mãos na frente do corpo e se inclinou brevemente -, sou Meva, e estou aqui para te ensinar a ter equilíbrio.

Eu não sabia exatamente o que fazer por isso me levantei e imitei seu cumprimento.

- Me chamo Lira Merak.

- Lira é um nome lindo. Você sabe tocar o instrumento? - Meva perguntou enquanto se sentava à minha frente.

Sentei-me também enquanto respondia sua questão.

- Não recebi instruções deste nível. Sempre fui pobre.

- Pois não foi o que me disseram. Soube que você descende de uma família nobre. - Parecia genuinamente confusa.

- Sou, mas a verdade é que recém conheci meu avô. Foi durante um incidente... - Comecei a contar sobre quando quase fui queimada na fogueira, mas ela me interrompeu.

- Sim Lira - sorriu. - Conheço a história, e é exatamente por isso que você está aqui. Primeiro, quero que você sente-se como eu, em posição de lótus, com as mãos posicionadas no mudrã da inteligência.

Suas instruções eram simples e tranquilas.

- Soube que você não sabe controlar seus poderes, não tem noção da extensão deles e usou apenas uma vez, em defesa própria - continuou. - Por um lado isso é ruim, pois significa que seu controle sobre o poder que têm é nulo e não cabe a mim te treinar nessa área. No entanto, por outro lado, isso é excelente, porque você tem a chance de ter maior domínio sobre sua força. Sobre toda ela, sem vícios iniciais.

Quando as pessoas diziam que eu tinha poderes parecia algo distante, se não fosse a experiência do dia anterior na sala do Conselho, da qual eu mal me lembrava, eu não acreditaria naquilo. Porém, aquele não era o momento de ser descrente. Era tempo de aprender mais e entender como dominar aquele fogo selvagem que aparecia quando eu estava sob pressão.

- Toda a minha força. - Repeti.

- Sim, sua força. Você não tem domínio apenas sobre o fogo... Você tem domínio sobre quatro elementos, porém sua aptidão natural é o fogo. Por isso sua porta é marcada com o mesmo símbolo que você tem no corpo. Para desenvolver bem o uso das suas habilidades é preciso que haja harmonia no controle Elemental.

- Preciso me desenvolver mais do que imaginava? - Perguntei inocente.

- Na verdade, mais do que jamais imaginou. - Sentenciou.

Fiquei pensativa. Em minha mente jovem aquilo soava difícil. Um sinal de sabedoria, porque realmente era complexo.

- Brujas são comuns? - Questionei, imaginando que existiriam outras como eu, com quem poderia trocar experiências.

- Incomuns. Esqueça toda essa falácia da Igreja. Não é em todo lugar que nascem mulheres com poderes Elementais. Aliás, com nenhum dos tipos de poderes. Existe uma grande variedade de magistas, mas muitas e nós já temos séculos de vida.

- Por que eles queimam as mulheres? - Lembrei-me daquele ritual macabro que já se tornava uma prática comum.

- Deixarei que descubra sozinha.

- Por que Avalon nos recebe? - Já entendia bem o fardo que era ter tantas renegadas sob tutela.

- Porque a Senhora do Lago é protetora e um pilar que sustenta a magia no mundo. - Meva suspirou um pouco impaciente.

- Entendo.

Havia mais naquela palavra do que parecia. Eu sentia a energia de Élora, sabia que ela era como uma grande mãe para todas aquelas pessoas, e eu sabia que ela própria já fora injustiçada um dia. Os homens inventaram sua própria versão da história daquela mulher, mas vovô me contou a verdadeira, uma que falava sobre sacrifício e ingratidão. "Morgana é uma mulher admirável, Lira. Não devemos acreditar totalmente nas histórias das pessoas comuns."

- Comecemos a lição - Meva me despertou do transe da lembrança. - Feche os olhos e sinta o ar à sua volta, a terra abaixo de você, o som da água do lago e o calor do sol. Sinta em cada parte do seu ser, por menor que seja.

Fiz como ela instruía. Tive um pouco de dificuldade, pois minha mente era um emaranhado de pensamentos e questionamentos, então, primeiro foi preciso acalmar a mente. Uma das coisas mais difíceis que já fiz em toda a minha vida. Sempre que pensava que conseguiria, uma lembrança ou algum pensamento surgiam do nada e me faziam desviar o foco.

Depois do que parecia muito tempo, consegui finalmente começar a sentir o ambiente à minha volta.

Em primeiro lugar senti o calor dos raios de sol que batiam em minha pele e penetravam cada parte do meu ser. A energia fluía através de mim, selvagem, forte, nutrindo minha vida. Então, senti o vento, ouvi o vento, quase flutuei com ele. Por um instante, pensei que poderia tocá-lo à minha volta. Era como camadas de um tecido fino e macio. Porém não consegui estabelecer contato direto. A terra era firme, tinha cheiro e não tinha som. Vibrava sob meu corpo, pulsando tal qual um coração.

Já a água... Apesar de ouvi-la - distante mesmo estando perto -, eu não conseguia senti-la. Era estranho e triste. Meu ser precisava dela, como se fosse uma parte de mim fugisse. Senti sede e agonia. Tudo secou e o calor cresceu. O vento se agitava em um emaranhado confuso e a terra parou de pulsar.

O calor cresceu mais. Minha boca seca inundou-se de ar quente.

- Lira! Lira! - A distante voz de Meva me chamava. - Lira, acorde!

Eu queria sair. Queria a água, mas estava difícil alcançá-la, era natural demais me sentir seca e quente.

- Lira, eu sinto muito.

Foi o que ouvi antes de apagar completamente.

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