Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

Histórias de Jaci

Tudo corria normalmente entre risos e garfadas, goles e gargalhadas, até que a música cessou completamente. Uma pessoa subiu no palco e o silêncio total tomou o recinto. Era Jaci, que trazia nas mãos uma flauta de madeira. Quando a tocava, produzia um som doce e profundo, como o cantar de um pássaro.

Sem fazer esforço Jaci captou a atenção de todos, inclusive do Conselho.

— Por que todos ficaram tão quietos? — Sussurrei para Timaki e Arthur.

— Jaci vai contar histórias da terra de onde ela veio. — Arthur respondeu.

— É muito longe daqui, e é raro ver alguém de lá. — Foi vez de Timaki sussurrar apressada.

Jaci se sentou no chão, ainda tocando a flauta, e seu corpo se iluminou outra vez, como uma lua.

— Meu nome é Jaciara Potira — começou —, e venho de longe. De onde o homem branco pisou há pouco tempo. Uma chegada que trouxe desgraça para minha tribo. Porém, trouxe mais desgraça para o povo que vive na beira da água que não se pode beber.

"Porém, a desgraça do homem branco não vai apagar nossa lembrança da terra. Tupã olha pelo sangue de todos os filhos que gritam por socorro. Nossos guerreiros valentes, com seus arcos e suas flechas, nunca abandonarão as matas e os rios. E vai chegar um dia, em que o homem vai pagar por todo o mal que faz para os bichos e para os irmãos. A terra banhada em sangue vai cobrar."

Jaci fechou os olhos e parou de falar. O silêncio permaneceu.

— Por que ela fala deste modo estranho? — Sussurrei para Timaki.

— Ela está contando a história na língua da tribo dela. — Minha amiga respondeu.

A bela mulher voltou a falar.

— Todos sabem e vêem que a lua tem manchas escuras. — Deu uma pausa para criar um efeito dramático e imediatamente muitos olharam para o céu, a fim de ver as manchas na lua. — Contam na minha terra, que certa vez, a Lua pediu ao pica-pau, pássaro da cabeça em chamas, que desse fogo para ela. O pica-pau disse: 'Sim, Lua. Eu dou meu fogo para você, mas você precisa limpar bem o chão, não pode deixar folha seca, só terra, senão o fogo pega nas folhas. A Lua disse para o pica-pau que entendeu o que ele disse. Mas quando foi limpar o chão, ficou com preguiça e não limpou direito.

"Depois ela disse para o pica-pau que tudo já estava pronto e o pássaro jogou as penas no chão. Não estava limpo e por isso tudo pegou fogo. Foi quando a Lua se queimou."

Jaci se levantou e jogou fogo no ar. Depois transformou o fogo em um pequeno pássaro que bicava uma árvore.

— Este é o pica-pau.

Todos aplaudiram a apresentação. Emocionados com a história. É certo que alguns não estavam tão empolgados com o começo, havia alguns "homens brancos" por ali. As pessoas se puseram a pedir por mais uma história, e até eu entrei no coro, pois sinceramente estava encantada. Para nossa alegria, ela se sentou outra vez e atendeu ao pedido.

— Num dia, há muito tempo, o Sol morreu. E vendo que estava tudo escuro, os animais decidiram atacar os homens. Todos os animais como cobras, antas e veados — a cada animal que citava, Jaci o moldava no fogo —, e o pior de todos: o queixada. Mas a onça teve pena dos homens e matou os queixadas. — Jaci projetou um enorme felino com manchas escuras que correu sobre as cabeças dos ali presentes, arrancando exclamações admiradas. — O Sol ficou com raiva e fez chover fogo do céu — a onça subiu mais e foi transformada em uma chuva de fogo —, e o fogo queimou todas as matas.

"Os homens tentaram se esconder na água, mas tinha mais fogo que água e a água secou. Os homens não tinham proteção e foram queimados. Menos um. Um pajé que se escondeu em um buraco junto com sua família e tampou com água mágica. Ele, com a ajuda da magia, fez o Sol viver de novo. Então tudo voltou a ser como era antes."

A platéia amou a segunda história e aplaudiu como nunca. Jaci não esperou que pedíssemos mais, ligeira como quando chegou, ela se foi, tocando a flauta e deixando para trás um rastro de congratulações.

Logo teve início a próxima apresentação. Era tão interessante quanto a de Jaci, e chamava Dança Elemental.

Etzel, Nair e Ashia se posicionaram no centro do palco, de costas umas para as outras, formando um triângulo. Ao sinal da música, as três correram para frente, em perfeita sincronia, chegando ao mesmo tempo nos extremos do palco. Voltaram-se para o centro e fizeram brotar de lá três colunas de elementos. Água, terra e vento. E quando as colunas já estavam altas a perder de vista, as meninas se puseram a correr para frente, de modo que circulavam a coluna do centro.

Cada uma segurava seu respectivo elemento, e com os três, fizeram um trançado bonito no qual água, terra e ar não se misturavam.

Batuques de tambores, fortes e ritmados, se seguiram.

Os elementos foram soltos do domínio das Brujas, que executaram passos livres até a beira do palco. Aquela imensidão de água, fogo e vento caiu sobre nós causando espanto. Porém, antes que chegassem às mesas, as dançarinas deram três giros se aproximando do centro do palco, tremeram os quadris, abriram os braços e com os olhos brilhando, transformaram as ameaçadoras massas disformes em lindos botões de rosa, que desabrocharam aos poucos até que as pétalas caíssem e sumissem.

Não terminou.

Os tambores foram acompanhados por instrumentos de corda, que ditavam um ritmo animado. Todos os espectadores se puseram a bater palmas e gritar "hei!" no ritmo da música. As meninas deram as mãos formando um círculo, e iniciaram uma ciranda. Na terceira volta, pares de asas brotaram de suas costas. Elas soltaram as mãos e continuaram girando no ar.

Executaram alguns passos leves como se estivessem saltando de pedestal em pedestal em um ritmo perfeito. Encontraram-se no ar e se abraçaram. Suas asas formaram uma flor cujas pétalas tremulavam no vento.

Elas se separaram inesperadamente, voaram para trás e em direção ao chão, formando arcos coloridos. Prata, dourado e azul. Antes de tocarem o solo, se dirigiram novamente ao centro do palco.

Nair gesticulou e fez surgir uma fonte com a escultura de uma ninfa no centro. Etzel fez a água brotar e esguichar da escultura, e Ashia, cercou a fonte com uma espécie de parede de vento inclinada para dentro. A água caía sobre ela e descia como uma cascata. Víamos como se estivéssemos debaixo de uma cascata comum.

Aplaudimos de pé a incrível apresentação.

Uma pena que tenham desfeito tudo no final, pois ficara lindo.

***************************************
Sou uma grande entusiasta do Brasil e defensora ferrenha dos povos indígenas, que infelizmente, nessa atualidade, tem vivido uma tentativa de extermínio.

Eu sempre ambiento as histórias ou um núcleo delas no Brasil, mas essa aqui ainda não teve como, então para nos representar, enviei para Avalon a Jaci.

"Jaci" ou "Iaci" é um dos nomes indígenas para a deusa Lua, filha-irmã de Tupã e irmã de Guaraci, o Sol. O nome "Jaciara" significa "Senhora da Lua" e  "Potira" significa "flor".

As histórias contadas por ela nesse capítulo, realmente fazem parte do imaginário dos povos indígenas do Brasil, e eu as retirei da Revista do Patrimônio Histórico e Artístico Cultural: Mitos indígenas inéditos na obra de Curt Nimuendaju (n 21/1986), em um artigo feito por Eduardo Batalha Viveiros de Castro.

Claro que, sendo leiga como sou, tenho misturado mitos e lendas.

A história da queimadura na Lua é da tribo Masăkari.

A história da morte do sol é da tribo Kamakã, que infelizmente foi extinta.

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro