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Fogo no palácio

Desci do céu com Faathema tranquila em meus braços.

— Poder voar como os pássaros é formidável! — Gritou empolgada antes de chegarmos perto demais do chão, onde a comunicação poderia alardear os guardas.

— Bem sei. — Sorri com a voz. — Acredite.

Olhei todos aqueles guardas abaixo de nós, todos compenetrados em vigiar a frente e nunca o céu. Pensei no quão tolos eram e ri em silêncio. Os males maiores se esgueirariam entre suas pernas com a maior facilidade do mundo.

Entrei pela janela com Faathema em meus braços. Caminhei novamente acima dos corpos e a devolvi a seu lugar. Era uma piada que os guardas de dentro do recinto estivessem dormindo também. A mulher se deitou em silêncio, mas eu sabia que ela não dormiria devido à agitação da experiência. Foi o que me motivou a arrancar de um bolso oculto um pequeno frasco de vidro com pó de uma planta, aquilo induzia ao sono rapidamente. Joguei sobre ela, cujas pálpebras pesaram em instantes.

Vendo que Faathema havia dormido, voei para minha antiga morada, que eu alugara tempos antes quando cheguei naquela cidade. Peguei uma pequena trouxa preparada de antemão, recheada com roupas e um frasco de tinta preta. Coloquei os objetos em uma bolsa de couro, que prendi nas costas, joguei um manto negro sobre a cabeça e o corpo. Depois voei de volta para o palácio.

A única cautela que eu deveria ter a partir de então era não deixar que vissem meu rosto e meu cabelo.

Procurei por Maza e o encontrei no mesmo lugar de antes. A alvorada se aproximava e a troca de turnos também, portanto, era necessário ser rápida.

— Maza! — Chamei sua atenção e ele ergueu os olhos para mim. Eu voava logo a sua frente. — Já pegou seus pertences?

— Não tive oportunidade, em toda parte há vigias que me renderiam de imediato. — Falou.

Perscrutei os arredores enquanto elaborava uma forma rápida de tirar ele dali.

— Causarei uma distração. — Avisei. — Enquanto isso corra e pegue seus pertences. Encontre-me aqui!

Maza assentiu com a cabeça. Eu já sabia exatamente o que fazer. Aproveitei que a penumbra ainda cobriria minha figura e voei, bem alto no céu, até a cidade tornar-se um borrão em baixo de mim então me posicionei de cabeça para baixo, recolhi as asas e cobri meu corpo com muito fogo.

Comecei a cair a toda velocidade em direção ao solo. Foi questão de segundos até meu corpo se chocar contra o muro do palácio, causando um terrível estrondo e incêndio expressivo. Se eu fosse comum teria me despedaçado, mas o fogo e o ar amorteceram minha queda.

Sabendo que os guardas logo chegariam, recolhi o fogo, abri as asas de vento e fugi, me aproveitando da capa negra que se misturava à penumbra da madrugada. Voltei ao ponto de encontro onde Maza esperava esbaforido, segurando uma espécie de bolsa-trouxa de tecido que parecia pesada.

Pousei no chão enquanto ouvia o furdunço da movimentação que a distração provocara. Guardas e serviçais acordavam e corriam para apagar o fogo.

— Está pronto? — Perguntei para Maza que ofegava nervoso.

— Sim! — Disse tão trêmulo quanto excitado com os acontecimentos.

Posicionei-me atrás do homem, abracei seu tórax e abri minhas asas de vento, usando o ar para facilitar o deslocamento do corpo dele. Rapidamente alcei voo e Maza soltou um pequeno grito de excitação. O vento fresco da alvorada próxima batia em nossos rostos, fazendo da viagem agradável e suave.

Olhamos para baixo e vimos que uma parte grande do muro estava incendiada, e pessoas, como formigas, tentavam remediar a situação.

— Para onde você deseja ir, Maza? — Questionei para traçar a rota.

— Retornarei para a terra de onde vim. Onde estarei junto aos meus iguais! — Maza respondeu tomado por uma recém chegada euforia.

Passamos algumas horas viajando em silêncio. Pousei em uma clareira, próxima de uma floresta, perto de um vilarejo desconhecido onde fomos comprar comida e pegar água para seguir viagem. O caminho até o Sudão levaria mais algumas horas, e para um homem comum aguentar sem mantimentos seria complicado.

Resolvi também mudar a estratégia de viagem para que Maza ficasse mais confortável, por esse motivo que o fiz trocar as roupas de eunuco por calças, camisa, chapéu e capa. Também troquei minhas roupas, colocando meus trajes pretos, mais condizentes com a viagem.

Voltamos para a clareira onde havíamos pousado horas antes. Já devidamente preparados para seguir viagem.

— Você pegou ouro no palácio, Maza? — Perguntei com as mãos apoiadas na cintura.

Ele me encarou e demorou um pouco a responder.

— Peguei. — Falou embaraçado.

— Mostre a mim. — Pedi.

Um tanto desconfiado, Mazabut tirou de sua bolsa duas peças de ouro. Um pesado candelabro e um cálice incrustado de gemas enormes que valeriam um bom dinheiro.

— Muito bem. — Falei. — Mas não é bom vender peças tão únicas no mercado, elas são rastreáveis. Deixe que eu dê outra forma para elas.

— Como fará isso, Feiticeira? — Perguntou nitidamente incomodado.

— Como fiz todo o resto. Com magia. — Respondi o óbvio.

Mesmo hesitante, meu amigo se resolveu com suas inseguranças e confiou em mim.

Seria simples e rápido.

Fiz no chão uma bacia de pedra, bem resistente para suportar o trabalho, e dentro dela coloquei o candelabro. Peguei meu punhal embaixo da camisa. Com a mão que segurava o cálice eu o esquentei para que o metal dilatasse e ficasse mais maleável. Quando o metal apresentou maleabilidade arranquei as vinte gemas de seu corpo, usando para isso a ponta do punhal. Em seguida entreguei as jóias para Maza.

Guardei o punhal na bainha e coloquei o cálice junto ao candelabro.

— Afaste-se. — Pedi para Maza. — E não olhe diretamente para este lugar.

Ele obedeceu, se afastou dez metros, e eu comecei o serviço de derreter o ouro, jogando sobre ele jatos de fogo que saíam de ambas as minhas mãos. Não demorou mais que minutos para que o metal ficasse líquido e incandescente. Em seguida fiz outra bacia de pedra sobre o chão. Puxei água do ambiente até enchê-la e com algum esforço consegui que a água se tornasse gelada.

Eu estava gastando muita energia vital, sentia que depois de todo aquele tempo tendo pouco apetite precisaria voltar a comer como um elefante para me manter com saúde.

Apontei a mão esquerda para o metal incandescente e separei os dedos fazendo com que o conteúdo da bacia se fracionasse em cinco unidades. Joguei a água sobre o metal, e o elemento, evidentemente, evaporou. Puxei o vapor e o condensei até que ficasse líquido. Depois de a água voltar ao estado líquido a gelei outra vez, lançando-a novamente sobre o metal.

Repeti o processo até ter cinco unidades maciças de ouro puro, prontas para serem manuseadas. Mazabut ficou perplexo com tudo, mas era um homem que fora carregado pelos céus, não faria a besteira de perguntar coisas óbvias, mesmo que lhe fugissem ao entendimento.

— Ficou excepcional. — Pegou as unidades de ouro e guardou na bolsa.

— Obrigada, creio que herdei esse dom de meu avô. — Sorri.

— Seu avô é como você, Feiticeira? — Perguntou entre a incredulidade e a surpresa.

Não pude evitar que minha boca esboçasse um sorriso de satisfação com aquela confusão.

— Não. Ele é... Outro tipo de monstro. — Respondi com simplicidade. Não cabia expor vovô Barakj. — Agora preciso que você confie em mim, pois viajaremos de uma forma diferente.

— Como viajaremos? — O homem cruzou os braços frente ao peito e ergueu uma sobrancelha.

Sorri largamente então. Tenho certeza que meus olhos brilharam, pois vi meu reflexo sobre a retina dos dele. Lancei fogo para frente até fazer um grande cavalo. Sem rodeios, montei sobre o animal e Maza ficou a observar atônito com uma mão posicionada sobre o coração.

— Venha homem ou nunca chegaremos ao Sudão! — Gritei empolgada.

— Tem certeza de que é seguro?! — Me perguntou titubeante.

— Não. — Retruquei simplesmente divertida com a situação.

A verdade é que eu sabia que era seguro. Eu treinara aquela técnica pelo menos uma centena de vezes sob o crítico afiado olhar de Jaci. Antes, meu cavalo poderia carregar apenas a mim, mas depois de pequenas adaptações era capaz de levar qualquer pessoa. Claro, nada na vida é gratuito. Tudo é uma relação de troca e a melhoria da técnica significava maior gasto de energia vital.

Eu tinha aprendido a tirar energia do ambiente e a pedir ajuda dos Elementais, mas, com a companhia de um humano comum, eu não poderia fazer nada que exigisse a menor das conexões com a dimensão de magia que existe na terra. Ou seja, eu precisava adquirir energia como qualquer outro ser humano, através da alimentação e do descanso.

Maza, depois de muita relutância, montou na garupa de meu alazão.

— Não é fi-firme. — Falou com voz trêmula. — É macio.

— Sim, é bem macio, o que torna a viagem mais confortável. Tente não borrar suas calças. — Brinquei.

— Não sou tão covarde. — Resmungou.

— Claro que não é. — Concordei antes e gargalhar.

Era a verdade. Um homem que sobrevive após ter quase tudo tirado de si não é, nunca foi, e nunca será um covarde. Talvez ele se torne um tirano ou um mártir, mas jamais um covarde.

Puxei algumas pedras do chão e formei um cinto maciço, que unia minha cintura e a dele. Apenas uma precaução. Ele não cairia do cavalo, mas situações adversas poderiam fazer com que pulasse dali e eu não queria isso.

— Agora sim, estamos prontos. — Concluí satisfeita com meu plano.

Peguei a crina do cavalo e comandei para que galopasse até os céus. Maza soltou um grito de perturbação enquanto subíamos.

— Isso é incrível, Feiticeira! — Admitiu agitado.

Não respondi, apenas sorri, me inclinei para frente e fiz com que a montaria corresse o mais rápido possível. Depois de tal ocasião fizemos pequenas paradas para que eu pudesse me alimentar e descansar um pouco, por isso levamos um dia inteiro para chegar até a terra de Maza.

Era um lugar magnífico, coberto por uma densa e cheirosa floresta verde, cheia de vida e de espécies. O clima estava agradabilíssimo e senti que minhas energias se recarregavam pela mera proximidade. Maza pediu para que o deixasse em um local próximo a uma queda d'água específica. Fiquei feliz que não cabia em mim.

Eu devia saber que aquela floresta não era comum, a passagem para a dimensão mágica era bem mais fácil por ali talvez pelo grande volume de árvores, que escondem e confundem os olhares opacos dos homens comuns, ou, pela riqueza da densa e morna energia, que entrava pelos poros e renovava a esperança na vida.

Já pronto para partir, Maza abraçou-me.

— Digo com toda a certeza que foi um enorme prazer e um privilégio conhecê-la, Feiticeira. Você deu a mim a liberdade. — Declarou emocionado.

Fiz uma careta que ele não viu por estar com o queixo apoiado no meu ombro.

— Não lhe dei a liberdade, Maza. Você nasceu livre. Todos nascem livres. É assim desde o início dos tempos e talvez seja até o final. — Ele me soltou de seu abraço, segurou meus ombros e olhou em meus olhos.

— Alguns nascem escravos, Feiticeira. — Disse com seriedade.

Devolvi uma resposta com a mesma seriedade.

— Nascem escravos dos homens, mas não dos deuses, Maza. E não digo que é o certo, mas nossa liberdade é algo tão irrefutável, que mesmo escravizados ainda temos como escolher um destino que contrarie quem nos cativa. Mesmo escravo você pode optar por morrer. Este é, claro, o pior dos cenários, certamente o mais cruel, mas mesmo nele somos livres para escolher. — Compartilhei uma de minhas visões sobre a vida.

— É um ponto de vista interessante, Feiticeira. — O homem soltou meus ombros.

— É uma verdade da vida, Maza. Mesmo quando estamos completamente presos nossos pensamentos são livres. Nossos pensamentos, que são apenas nossos e de mais ninguém, não podem ser vigiados ou controlados. Outra prova irrefutável da liberdade do homem. — Complementei o que já tinha dito.

Maza segurou a alça da própria bolsa que passava transversalmente sobre sua barriga e tirou o chapéu em um cumprimento cavalheiresco.

— Esteja certa de que aproveitarei cada dose dessa dádiva! — Sorriu e colocou novamente o chapéu.

— Vá e seja feliz. — Despedi-me com um aceno.

Maza não disse mais palavras, apenas se virou rumo às árvores e se embrenhou na floresta. Esperei alguns minutos antes de conversar com uma presença que me observava havia algum tempo.

— Espero que não tenhamos incomodado a paz de seu lar. — Falei antes de me virar na direção da enorme árvore que escondia a figura.

O som da cachoeira escondia bem os ruídos sobrenaturais dos seres que andavam por ali, mas não ocultava o suficiente para uma pessoa que fora treinada n'O Pomar.

Do esconderijo saiu uma Salamandra.

— Ele não sabia seu nome. — Comentou de forma casual.

— Não, de certo nunca saberá. — Sorri. — E você, sabe?

— Quem não sabe seu nome, Lira Merak? Desconheço alguém que não te reconheça, pois sua fama a precede. — Replicou com suavidade.

— Vocês estão sempre muito bem informados. — Me vi dividida entre a admiração e o medo do quanto essas informações poderiam se espalhar.

— Nós somos os elementos do mundo, não há nada que não saibamos. — A salamandra projetou as palavras com segurança e aproximou-se mais. Tinha minha altura de modo que ficou cara a cara comigo.

Era bom sentir o calor de seu corpo, mas ele me mostrava como eu estava cansada e ferida. A verdade de minha vida se desnudando diante de meu elemento. Nunca antes eu percebera que a presença de um Elemental trazia a verdade de meu coração porque eu era inocente e o que estava por dentro, também estava por fora. No entanto aquele tempo passou. Tornei-me uma mulher que precisava esquecer as próprias dores para me manter em pé.

A salamandra me abraçou e arrancou-me lágrimas de alívio. Era reconfortante recostar em seu seio. Devagar nos ajoelhamos para em seguida nos sentarmos no chão coberto por folhas úmidas. Eu conhecia aquele tipo de abraço maternal, pois era daquela forma que eu abraçava minhas crianças.

— Por que não me conta o que preciso saber? — Questionei em um sussurro.

Suas escamas de fogo eram um deleite para minha pele.

— É uma questão de equilíbrio. Nós não interferimos na dimensão dos comuns a não ser que seja estritamente necessário, mas mantemos a vida em ordem. — Respondeu enquanto tirava meu chapéu. Em seguida afagou meus longos cabelos trançados com suas garras ferinas.

Fiquei calada, parada, e me deixei receber aquele afago. O corpo da Elemental me transmitia energia, e me deixava verdadeiramente descansada.

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