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Despedida

Homens armados até os dentes montados em cavalos saudáveis aguardavam que Borjan e Ana entrassem na carruagem para seguir viagem. Para minha surpresa era aquela mudança para o castelo que vovô tinha acertado em sua última saída do vilarejo, como se antecipasse a tragédia que ocorrera.

Voei durante toda a noite até chegar ao castelo Merak, onde encontrei meu avô cuidando dos últimos preparativos. A propriedade era muito próxima aos montes Carpaţi, uma cadeia de montanhas cobertas por florestas tão verdes que enchiam os olhos com sua beleza. O ar da região era mais fresco e úmido que o de Werzov e eu tinha certeza de que Ana poderia ser feliz ali. Ela ficaria protegida pelas alcatéias que meu avô comandava e que vigiavam das sombras.

A construção era magnífica. Tinha três torres e o brasão dos Merak entalhado e gravado por todas as partes. As portas eram todas de madeira vermelha, ornadas em ouro ou prata. As exteriores eram de ferro. As paredes foram construídas de grandes rochas cinzentas assim como parte do assoalho, sendo algumas frações do piso moldadas em madeira. Havia dez torres altas, um grande fosso e inúmeras passagens que eu não poderia conhecer.

O interior era aconchegante, cheio de belas tapeçarias e retratos de família. Em uma das inúmeras salas estava uma gigantesca tela com a face de vovó. Senti o coração estremecer diante do olhar impetuoso capturado pelo pintor. Vovô tinha razão, ela era diferente e espetacularmente bela.

O velho Barakj despachara alguns criados para buscar a família e pretendia em sua forma paranormal correr até o vilarejo, mas foi preciso mudar os planos. Senti muita necessidade de me conectar um pouco mais com aquele passado desconhecido. Precisava desabafar com alguém que me entenderia, então pedi para visitar o quarto de vovó Lwana.

Fui conduzida por uma longa galeria de retratos, onde pude ver famílias, crianças, velhos, sorrisos, festejos e reuniões. Havia duas telas nas quais Lord Vlad aparecia trajado em roupas de nobre. Finalmente chegamos ao quarto de minha avó. Entrei sozinha, fechei a porta e deixei as lágrimas correrem, mas para minha surpresa e completo incômodo elas não desceram porque eu estava seca. Analisei ao redor. Havia uma estante com alguns livros, uma enorme cama com pesado dossel e estofados aconchegantes que foram usados recentemente.

Aproximei-me da estante e analisei as preciosidades guardadas ali. Havia uma especial. O couro da capa fora banhado em algo que o deixara prateado. Havia bordados de flores feitos em fio de ouro. Puxei o objeto e abri na primeira página onde um nome estava escrito em letra elegante de traço fino e inclinado para a direita. "Lwana Merak". Acariciei a página amarelada pelo tempo buscando conforto para algo que eu não conseguia expressar.

— Vovó... Ajude-me.

Inspirei o ar e prendi no pulmão, depois soltei com força. Passei para as páginas seguintes e vi que era um diário. Li algumas passagens que falavam sobre o dia a dia. Acontecimentos banais de uma vida que só ganham a devida importância depois que el se extingue. Se eu pedisse o diário, vovô o daria para mim, claro, mas decidi que o deixaria ali para que Ana o herdasse.

— Vovó... — Falei enquanto folheava as páginas — não sei lidar com essa dor.

Uma folha solta caiu sobre o tapete.

Abaixei-me, peguei a folha cinza escuro e olhei ambos os lados. Havia algo escrito em tinta cinza, mas estava difícil de ler, por isso acendi o fogo em um dedo e aproximei do papel. Era a letra de vovó. Delineava duas palavras que fizeram meu coração dar um salto.

"Meva. Indostão."

Era uma pista. Uma pista de onde começar a procurar pela desgraçada que matou minha filha. Minha avó sabia o nome dela e possivelmente de onde viera. Guardei o papel no bolso da calça, devolvi o diário e segui o plano de retorno. Em nenhum momento as lágrimas saíram. Nem mesmo quando pegamos o corpo de nossa filha, decapitado, embrulhado em seu cobertor coberto de sangue seco e terminamos de queimar até que nada restasse.

Assisti vovô e Borjan desabafarem sua dor e me senti em outra dimensão. Uma na qual eu era sentimentalmente muda. Borjan caiu de joelhos no chão e gritou sua dor frente à pira, mas eu não consegui soltar nem uma mísera lágrima. Senti uma bola de ferro prendendo minha garganta enquanto meus canais lacrimais arderam secos. Assisti o crepitar do fogo que eu mesma colocara. Meu coração em pedaços se tornou pó em meu peito e a única coisa que me dava um pouco de esperança de continuar viva era o amor que eu tinha em minha família.

Borjan se levantou do chão e me abraçou longamente após o funeral. Fechei as pálpebras e tentei memorizar a sensação de seu corpo colado ao meu. Aquele calor de homem comum. O cheiro bom do corpo amado. A respiração pesada.

Ele era o homem que tinha esperado por mim. Aquele que eu amava e o pai de minhas filhas. Era tão especial que eu precisava deixá-lo partir com minha criança. Minha menina, Ana. Era mais seguro para eles que estivessem longe de mim. E era minha missão, pessoal e divina, encontrar aquele mal que andava sobre a terra e acabar com ele.

Tudo estava arrumado para a partida quando abracei Borjan no quarto. Ele estava em roupas negras, sinal de luto. Eu também estava de calça, camisa e botas negras, como um homem de luto. Soltei meu esposo, sentei-me em um banquinho e fitei seu reflexo no espelho da penteadeira. Seus olhos estavam inchados e vermelhos de chorar. Na mão, segurava uma grande tesoura.

— Tem certeza? — Perguntou enquanto passava os dedos entre os fios de meus cabelos soltos.

— Tenho. — Falei sem emoção. — Corte, para onde irei não precisarei dessa vaidade.

— Para onde você irá? — Borjan me questionou aquilo pela primeira vez, sua voz soou rouca de exaustão.

— Ainda não sei ao certo. Preciso encontrar rastros. É uma caçada, meu amor. — Suspirei cansada. Minha aparência também estava abatida.

— Venha conosco. Esqueça esta vingança, Lira. — Ele implorou.

— Não posso, Borjan. Eu quis ter uma vida normal, mas não posso. Saiba que fui muito feliz com você e nossas filhas, e que também é por amor à vocês preciso partir. Não se preocupe, estarão seguros e serão felizes. Confio em meu avô. — Afirmei.

— Lira, não precisamos de tamanha segurança, nenhum desses seres irá até o castelo. — Insistiu em agonia.

— Eles irão, Borjan. Uma vez Meva chegou lá, foi ela quem matou vovó Lwana. Eu ainda não sei exatamente como, mas pretendo descobrir. Tudo que sei é que ela troca de forma. — Expliquei brevemente para que ele ficasse um pouco esclarecido da situação.

Borjan olhou para o teto por um instante.

— É difícil para mim, como homem que ama, aceitar sua partida. No entanto, como pai é preciso ser racional. De toda forma sei que comigo você nunca será quem realmente é porque sua natureza é grande demais para um mero mortal. — Borjan mirou meus olhos no espelho. — Nunca se esqueça que eu te amo. Mesmo sendo um tolo frágil, sempre te amarei.

— Também amo-te. — Apertei minhas pálpebras secas com força sentindo o aperto na garganta. — Corte.

Abri os olhos a tempo de ver Borjan cortar meu cabelo na altura da nuca. Ele colocou os fios cortados em uma comprida caixa de veludo azul escuro. Depois, com toda a paciência, acertou o corte na altura de minhas orelhas. Aos poucos eu tomava a aparência de um menino efeminado. Lembrei-me de Arthur quando mais jovem.

Assim que Borjan terminou me levantei e olhei o resultado. Coloquei um chapéu preto e fiquei satisfeita com meu disfarce. Meu marido soltou a tesoura que caiu no chão com um alto estalido. Olhei surpresa para ele que arrancou o chapéu de minha cabeça, me puxou contra o próprio corpo em um abraço forte e me beijou apaixonadamente. Fizemos amor uma última vez antes de descermos e encontrarmos vovô Barakj segurando Ana.

Minha filha estava triste. Quieta demais. Melancólica e soturna. Em sua pequena mão segurava o medalhão da ordem enquanto passava o dedinho na imagem. Vovô Barakj também estava visivelmente abatido e ao contrário de mim, ele chorara muito. Ana parecia tão pequenina no colo dele. Um grãozinho de areia. Tomei minha última grande decisão por ali: contar a verdade para Ana. Para que ela ouvisse de minha boca o quão anormal eu era.

Ana era inteligente e entenderia, da maneira dela, o que eu explicaria. Ajoelhei na frente das pernas de vovô, tirei o chapéu e coloquei sobre o estofado. Inspirei o ar com força e soltei as palavras da maneira mais simples possível para que ela entendesse.

— Ana — segurei sua mãozinha sobre o medalhão. Ela fixou em mim seus olhos atentos. — Preciso te contar um segredo muito importante.

— Mamãe cortou o "cabeio". — Comentou. — Está bonita. — Acariciou a nova franja que caía em minha testa.

Meu coração esqueceu a dor e abriu espaço para que o mais puro amor o inundasse.

— Obrigada, meu amor. — Agradeci.

— Mamãe, eu sei que você está "tiste". Eu também estou "tiste". Mas a Lwana foi para o céu. — Tentou me confortar de um jeito maduro demais para seus dois anos.

Apertei os dentes para suportar o golpe de dor que me atingiu.

— Atenção no que vou te contar, filha. — Acendi uma chama na mão e ela arregalou os olhos. — Eu não sou como as outras mães, Ana. Sou especial. Tenho um dom. Preciso ficar longe de você, pois vou trabalhar muito com ele. Quero que saiba que meu cabelo é branco porque sou filha da lua.

Fiz um pássaro de fogo prateado que voou pela sala e ela, com os olhos, acompanhou o trajeto do voo.

— Sinto muito por abandonar nossa família. — Falei. — Mas é o que acontece quando somos especiais de um jeito diferente.

Ana me perscrutou com seus olhos inteligentes antes de perguntar:

— Sou especial?

Abri um sorriso.

— Você é sim, Ana, porque você é uma criança muito amada e nós faremos tudo pela sua felicidade. Você é privilegiada por ter o papai e o vovô Barakj. E acima de tudo... Existe uma ilha, muito longe, e nela uma casinha com uma labareda na porta. Se o perigo algum dia alcançar você e ninguém estiver perto para te socorrer, fuja para este lugar. Lá haverá amigos novos para você. — Instruí. — Lembre-se sempre que você é uma Merak. Uma Merak nunca abaixa a cabeça diante das injustiças.

— Sim, mamãe. — Respondeu sem compreender direito o tamanho daquela promessa. Ela era criança, mas era obediente e sempre respondia da mesma maneira quando eu dava uma ordem ou fazia um pedido.

— Mais uma coisa... — Peguei o medalhão da mão dela e coloquei em seu pescoço. — Carregue este medalhão sempre com você. Ele é mágico, como a mamãe. Vai te proteger. É uma jóia de família, dada pelo Lord Vlad Tepes. Um dia, quando você estiver maior, vovô vai te explicar tudo isso outra vez. — Prometi.

O medalhão emitiu um brilho avermelhado. Ele tinha aceitado proteger minha filha e aquilo me deixava um pouco mais tranquila. Talvez se Lwana o usasse na noite fatídica...

Levantei-me do chão e peguei Ana do colo de vovô. Abracei-a com firmeza. Acendi meu fogo e nos cobri, depois abri minhas asas em chamas para que ela visse pelo menos uma vez como eu realmente era.

Meu bebê sorriu para mim do jeito mais doce que uma mãe pode ver.

— Você é linda, mamãe!

Pelo olhar periférico vi vovô Barakj chorar. Borjan trincava o maxilar se fazendo de forte.

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