Atraso
Era uma festa e tanto em comemoração aos dois anos de idade das gêmeas. Elas estavam perfeitamente arrumadas como duas bonecas, minha esposa sabia escolher roupinhas que deixavam nossas filhas ainda mais bonitas e adoráveis.
Para nossa infelicidade Barakj não pôde comparecer ao festejo, pois teve problemas na propriedade do castelo Merak.
Naquela noite, toda nossa atenção foi voltada para as crianças e apesar da ajuda de Gertrudes e de Nicolazi, ainda era difícil manter uma ordem por ali. Depois de algumas horas as gêmeas sentiram sono e se recolheram para dormir, porém mesmo sem elas a festa continuou.
Lira se recolheu junto com as meninas, para fazê-las dormir, e eu, infelizmente, por questões de etiqueta, não pude sair também. Precisei aguentar até que o último convidado bêbado partisse mesmo que fosse minha vontade subir para o quarto das crianças e abraçar minha amada esposa enquanto via Ana e Lwana adormecerem como anjos. Infortúnio nem sempre termos o que queremos.
Quando finalmente me vi livre das pessoas e a festa chegou ao fim, subi as escadas correndo, ansioso por estar com minha família. Havia muito silêncio então, de modo que o barulho das solas de minhas botas ecoava pelos cômodos. Entrei no quarto das crianças e na penumbra vi os brancos cabelos de Lira iluminados pelas luzes vindas de um castiçal. Adormecida em uma cadeira de balanço já usava uma camisola de seda e rendas azuis. Finíssima, porém comprida e discreta.
Tirei os sapatos antes de entrar no quarto. Não queria espalhar sujeira nos tapetes onde as meninas brincavam. No começo Lira queria cuidar de tudo e dispensar empregados, mas com a chegada das meninas tudo mudara e ela não podia mais usar seus dons especiais. Não na maior parte do tempo, portanto, os tapetes não ficavam tão limpos quanto poderiam.
Pé por pé fui até os berços enquanto afrouxava minha gravata. Para minha surpresa, naquela noite as meninas foram colocadas em um único berço e dormiam de mãos dadas. Devagar e com as pontas dos dedos, acariciei os rostinhos de cada uma de minhas filhas. Meus tesouros.
Eu me sentia o homem mais importante do mundo quando elas me olhavam com expressão de admiração. Eu era de certa forma um herói em sua curta existência e me orgulhava disso, mesmo que fosse por motivos tolos como pegar algo no alto ou remontar algum brinquedo. Mal sabiam que a mãe era incrivelmente mais fantástica que eu, um homem um pouco alto.
Às vezes Lira se afastava do berço enquanto eu segurava a porta para ninguém entrar e ela fazia pequenos pássaros de fogo que sobrevoavam o dormitório até que nossas filhas dormissem. Sorri no escuro enquanto me sentia mais uma vez um homem muito sortudo, e foi quando senti duas mãos quentes passeando pela extensão de minhas costas.
— Quando acordou? — Cochichei.
— Sou treinada para ser uma guerreira. E meus poderes de mãe me deram um sono bem leve, você sabe. — Lira sussurrou com a face colada em minhas costas. Depois ficou ao meu lado e eu a abracei, concretizando meu sonho de mais cedo.
— Elas estão crescendo rápido. — Comentei.
— E são muito inteligentes. — Lira abraçou o próprio corpo.
— O que você acha de fazer mais uma criança? — Perguntei meio travesso.
Lira olhou para mim e os pontinhos de fogo em suas íris se acenderam. Devagar saímos do quarto, que era ao lado do nosso e deixamos a porta meio aberta para ouvirmos caso as meninas acordassem. Ainda no corredor beijei Lira com carinho. Eu a queria, mas primeiro precisava de um banho para relaxar daquele dia.
— Vou tomar banho. — Sussurrei no ouvido de Lira.
— Adoro quando você sussurra assim — ela abriu os botões do meu colete —, me deixa arrepiada.
Por puro capricho, aproximei minha boca do ouvido dela.
— Eu nem preciso te dizer como eu fico — falei —, sei que você pode sentir.
Lira passou uma mão sobre meu membro e soltou um gemido de aprovação. Entrei na sala de banhos e comecei a tirar minhas roupas, apressado. Aquele banho seria rápido.
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