Capítulo_ 5 Parte2/3
Nicolás se alegrava por sua pequena conquista, iria estar com Emma. Juntou todo ar do peito e suspirou de alívio com a resposta que ele queria escutar. Por fim, de uma forma ou de outra ficaram juntos. Ele sentia que se arriscava por transformá-la em uma obrigação, uma consequência, porém queria amá-la. Nem sempre foi ruim ser dessa forma que era. Ele não se sentia mal pela vida que levava. Ele havia saído do seu país, completado a faculdade fora e conhecido muitas garotas bonitas. Sua mente dizia o que o coração negava, que nem só os falsos amores seria fortes para apagar o buraco do peito. Não procurava justificativa pelas suas ações, pois se via correto e imune a qualquer situação. Depois de mergulhar em um amor que tinha nome e sobrenome, se viu apaixonado outra vez.
Emma recebeu alta naquele mesmo dia. Tudo o que queria era poder andar, correr, fazer algumas coisas que ela gostava quando era dois anos mais nova. Ela não sabia se podia mesmo confiar nesse suposto namorado que o perfume não lhe agradava. Ela questionou seus próprios gostos e entrelaçados pelos braços seguiram para seu novo apartamento. A iluminação do lugar era forte, mas todo o ambiente era construídos de cores frias. Todas as flores eram falsas, apesar de parecerem reais. Na sala principal tinha dois sofás marrons, pesados devido a madeira maciça. As paredes eram todas na cor vinho escuro e todo o lugar demonstrava elegância. Os dois estavam entrando em seu novo lar.
___Pode me levar até o sofá, Nicolás?
___ Me chame de Nico, por favor.
___ Bom, então tudo bem. Você deve estar cansado não é? Porquê tive que me apoiar em você por toda escadaria desde o primeiro andar.
___ Aqui está o sofá, pode se sentar.
___ Qual andar é esse?
___ O sétimo. Tem uma vista muito bonita___Ele se sentou ao lado dela enquanto descansava.
___ Tomara que concertem o elevador logo. Posso dizer algo? Mas não vá se ofender está bem?___Emma tinha as duas mãos no colo, olhava para algum ponto fixo da sala.
___ Claro que pode meu a... Emanuelle.
___ Não quero andar de moto com você nunca mais. Isso inclusive deveria ser crime.
___ Foi tão ruim assim? Eu nem corri muito... Você odiava quando eu corria.
___ É porque eu estou cega, parece que eu estava voando.
___ Ah sim___risos___ Você não fica triste por tudo isso?
___ Estou triste. Acordei só tem um dia, ainda não tive muito tempo para me lamentar. Eu me lamentava mais pela comida do hospital que era péssima.
___ Realmente. Foi muito triste ter que te ver um mês inteiro deitada, respirando com a ajuda de aparelhos. Estou muito feliz que estamos aqui agora.
___ Bom, mas você ainda têm muitas coisas para explicar. Até agora não entendi porquê eles acham que eu mesma provoquei o incêndio. A polícia queria conversar comigo e os médicos mostraram o laudo provando que perdi a memória e mesmo assim eles me perguntaram muitas coisas. Eu jamais provocaria um incêndio.
___ É, meio que estão te acusando de destruir patrimônio público. Bom, eu não disse sobre o incêndio porquê eu também não sei o que aconteceu... Nós estavamos bem... Você estava muito feliz...Com certeza esse incêndio não foi provocado.
___ Você parece nervoso...Algo que não esteja me contando? Tudo bem pode me dizer tudo.
___ Não, eu estou bem. Obrigado.
___ Pode dizer. A gente tinha brigado? Ou eu tinha brigado com alguém? Tinha alguém comigo lá?___ Sua intuição lhe dizia que ele tinha algo a ver com o incêndio e mesmo que ela não se lembrasse, queria não ter que confiar no desconhecido.
___ Bom, a gente teve uma discussão boba, por nada. Com certeza você subiu no observatório para esclarecer a mente. Alguns fios daquele lugar quase abandonada devem ter entrado em curto circuito e acabou dando nisso.
___ Tudo bem. Casais sempre descutem, deve ter sido algo bobo. Você foi meu primeiro namorado?
___ Sim. Você tinha me contado sobre isso. Uma garota tão bonita como você nunca ter namorado.
___ É, engraçado né?
___ Sim. Você está com fome?
___ Ainda não. Me ajuda a conhecer o lugar? Tenho que aprender a andar sozinha.
___ Então vamos. Está é a sala. Você está sentada no sofá que está na parede. Aqui é o cômodo maior depois do nosso quarto.
___ Vamos dormir no mesmo quarto?
Enquanto isso...
Rose voltava para o trabalho furiosa com o que tinha acontecido. Se lembrou de todos no restaurante olhando para a vergonha que sentiu passar. Prendeu seus cachos e começou a imaginar no bebê que estava esperando. A morte do seu pai ainda estava muito presente, sua mãe estava arrasada e o que ela menos queria era voltar para casa. Quando chegou ao trabalho olhou para todos os cantos da clínica veterinária, sorriu ao se lembrar de quando seu pai entrava procurando por ela.
___Rose Lahey Xanders.
___ Papai. Você gosta mesmo do meu nome, só porque tenho seu sobrenome.
___ Claro, não é todo dia que nasce um Xanders.
Era uma manhã quente, as folhas das árvores começavam a cair. Seu pai estava lá pela ração de Jordan, seu cachorro lavrador. O que sua filha não imaginava é que seria a última vez que veria seu pai com vida. Afastou os pensamentos e voltou a pensar no filho que estava esperando. Comprimentou todos os funcionários e entrou para a sala de adoção. Lá estavam todos os 19 cachorros com gatos do lugar, mas o número 20 estava ocupado pelo mais especial, Jordan. O animal estava encolhido, só saia daquela posição quando Rose entrava.
___Você está com saudade do papai não está? Eu também estou meu anjinho___ Fazia carinho na cabeça dele enquanto sua outra mão estava segurando a bartiga___Não se preocupe Jordan, agora você terá um irmãozinho ou irmãzinha.
___ Rose, têm um cliente que insiste muito em falar com você ___Diz a secretária Victória.
___ Você não vê que está me atrapalhando? Estamos em um momento íntimo.
___ Ele quer adotar um cachorro.
___ Será que você vai ganhar um novo dono hoje?Jordanzinho.
De volta ao apartamento ...
Suas mãos tocavam tudo o que podia do seu novo quarto. Nicolás e ela não ficariam no mesmo quarto naquele momento, era apenas uma brincadeira da parte dele. Ela repetia os passos em sua mente enquanto cheirava suas antigas roupas, acabou sentindo o cheiro de Nicolás. Constatou que ele não estava mentindo, ou que teria espirrado perfume na roupa dela. "Até que não é tão ruim". A escuridão lhe assustava, odiava não poder enxergar nada, nem para não precisar de ajuda se quisesse sair. Pensou por quanto tempo ficaria naquela situação e sentiu pena de si mesmo. Queria que seus amigos, que ela não sabia se tinha, chegassem para conversar com ela e que talvez assim ela se lembrasse de algo. "A cegueira é psicológica e um dia você poderá lembrar de tudo outra vez". Lembrava-se das palavras do médico enquanto sentava na cama. Nicolás chega na porta e seus passos são notados por Emma.
___ Vou buscar comida pra gente.
___ Nico, posso perguntar algo?
___ Pode.
___ De onde você tirou dinheiro para comprar um apartamento no sétimo andar? Acho até que tem sacada. O lugar é enorme e me desculpe, mas com o salário que um professor ganha hoje em dia...
___ Bom, não se preocupe com isso. É alugado.
___ Menos mal. Mas é longe do orfanato? Porquê você não pode parar de dar aulas por minha culpa. As crianças precisam de geografia.
___ É história.
___ Ah sim. As crianças precisam de história. No hospital você resumiu tudo rápido demais. Acho que depois vai ter que contar outra vez___Sorriu.
___ E o que você quer jantar?
___ Lasanha.
___ Vejo que não se esqueceu do seu prato favorito. Vou buscar no restaurante que sempre íamos.
___ A quanto tempo namoramos?
___ Nós fizemos amizade pouco tempo depois que você chegou no orfanato. Nós temos dois anos de amizade, e você não conversava muito com outras pessoas, apenas com Brianna a diretora. Nós começamos a namorar um dia antes do seu acidente___Emma se sentiu triste, pois imaginava mais pessoas indo visitá-la.
___ Mas do jeito que você falava parecia que nós tínhamos mais tempo de namoro.
___ Mas não é bem melhor assim? Saber que sou mais que namorado? Que antes disso eu era seu melhor amigo?
___ Sim. Vá buscar nossa lasanha porquê meu estômago está em guerra. Depois vejo como te pagar. Não posso fazer despesas.
___Nao se preocupe. Não demoro.
___ Pode deixar a televisão ligada? Só para sentir que não estou sozinha? Essa sensação é horrível.
___ Sim___ Ele deu cinco passos até a cama e deu um beijo na bochecha de Emma.
Após alguns minutos que Emma escutou a porta bater um celular começou a tocar. Ela pensou que seria o dela, que possivelmente poderia ser Nicolás ligando para ver se estava tudo bem. Se levantou e deu quatro passos bem lentos em direção à porta, mas chegou do lado dela. Colocou as mãos na parede e achou o buraco da porta, saiu com as mãos na parede do corredor enquanto tentava pensar onde estaria o celular. A cada passo que dava o toque estava mais alto. Chegou na sala e soube que o celular estava no sofá. Depois de passar as mãos por todo o sofá, se preocupou pela demora. Não pensou como atenderia a ligação, mas o celular era pequeno e retangular como um modelo antigo. Lembrou que o botão verde ficava no lado esquerdo e atendeu a ligação.
___ Alô?___ A pessoa do outro lado da linha não respondia nada___ É a Emma quem está falando. Quem está ligando?___ Rose não queria dizer nada, apenas estava morrendo de raiva por ter sido ela quem atendeu a ligação.
___ Desculpe. Diga ao Nicolás que a Rose ligou. Passar bem___Rosa desliga a ligação.
___ Que mulher mais grossa! Deu trabalho chegar até aqui para perder meu tempo! Quem é Rose?___Nicolás entra pela porta principal e Emma escuta o barulho das chaves.
___ Quem é Rose Nicolás?
De volta à casa de ração...
___Diga para ele esperar um pouco que eu já vou. Está okay Vic?
___Sim. Desculpa ter te atrapalhando___Rose pega o celular e liga para Nicolás, mas tem uma surpresa quando é Emma que atende.
___ Essa garota não tinha desaparecido do meu caminho? Era só o que me faltava___ Guardou o celular no bolso e voltou para a recepção.
___ Olá essa é a melhor casa de ração da cidade e tenho certeza que você vai encontrar o cachorro dos so...Eduardo!!!
___ Olá Rose!
___ Meu Deus quanto tempo. Vem me dar um abraço anda.
___ Claro.
___ Como soube onde estava trabalhando.
___ Não soube. Foi mera coincidência do destino. Estou na cidade pelos negócios.
___ Nossa. Você mudou muito desde a escola. Não têm mais espinhas e seu cabelo está muito melhor!
___ Acho que o loiro combina com meus olhos___Risos___ Você também poderá não está nada mal em.
___ Ah obrigada. Vamos entre. Temos muitas coisas para conversar.
___Sim. Nunca mais nós vimos depois que você se mudou, Rose.
___ Verdade. Se você veio mesmo pelo cachorro chegou na hora certa. Não tem ninguém melhor do que você para cuidar do Jordan.
.
.
.
Não sei mais de nada,
Nada que se refira a isso,
Nada que se refira a mim,
Nada que eu não sei...
Só sei de uma coisa,
Uma coisa que só um alguém além de mim sabe,
Uma coisa que só você sabe,
Uma coisa que só eu sei
Bruno Souza
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