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Salas VIP's e corredores intermináveis

Bem vindo a esse capítulo. 

Algumas informações rápidas. Mais adiante há o uso de títulos nobiliárquicos, então vou deixar os pontos já aqui na introdução:

Vossa Majestade ou Sua Majestade: utilizado usualmente e genericamente por aqueles que ostentam o título nobiliárquico de rei ou rainha (Sua Majestade Real), mas pode ser usado para Imperadores e Imperatrizes (Sua Majestade Imperial).

Vossa Alteza ou Sua Alteza: utilizado usualmente e genericamente por aqueles que ostentam o título nobiliárquico de príncipes ou princesas, mas pode ser usado por qualquer membro da família real ou imperial, só é um pouco menos respeitoso usá-lo para os governantes.

Vossa Majestade Imperial e Real ou Sua Majestade Imperial e Real: tratamento direcionado aos que são simultaneamente e imperador e rei.

Já deixo avisado que isso foi escrito em 4h e não tem absolutamente nenhuma revisão.

Aproveite a leitura <3


Vênus caminhava um tanto perdida no aeroporto enquanto verificava em sua agenda os compromissos do dia. Compromissos esses que não seriam cumpridos se ela não achasse logo a salinha VIP e conseguisse embarcar no horário.

Seu voo ainda não tinha sido chamado e ela tinha certeza de ainda ter pelo menos uma hora sobrando. Mas, realmente, não havia a mínima possibilidade de ela gastar esse tempo em pé, ainda mais com a escolha de sapato bonito, mas nada confortável, do dia.

Sua agenda mostrava a correria que seriam as próximas horas. Ela desembarcaria em Florianópolis depois de uma hora e vinte minutos de voo e iria direto a um restaurante próximo ao aeroporto para uma reunião com alguns investidores. Depois do almoço ela visitaria algumas clínicas afiliadas à sua marca e, lá pelas 20h, pegaria outro voo, dessa vez para Curitiba, para outra reunião com investidores.

Vênus, às vezes, se arrependia de ter entrado para o mundo dos grandes negócios. Ainda mais quando seu tempo era tão apertado e metódico que ela não tinha tempo de tomar um bom café (ou um pouco de álcool).

Com passos apressados, mas sem correr, ela caminhou até um segurança que conversava com uma possível aeromoça. Pediu licença e perguntou onde poderia encontrar seu oásis, digo, a sala VIP. A aeromoça, que segundo a tag tinha o nome de Andréa, sorriu para ela e a guiou até o local.

A sala não tinha logomarca nenhuma e estava absolutamente vazia, o que era incomum, mas Vênus não reclamaria de seus momentos de sossego. Sentou-se em uma das poltronas e pôs-se a organizar os arquivos que seriam apresentados na reunião.

Levantando-se para pegar um café e aproveitar seu tempo, sentiu uma vontade desesperadora de fazer xixi, o que era estranho já que não tomara água naquela manhã (nem nas últimas 20h, se ela tivesse que ser exata). Deixando tudo para trás na pressa de não sujar sua roupa, correu (andou apressada) até a porta mais próxima, torcendo, de todo coração, para que fosse o banheiro.

A entrada, no entanto, dava para um corredor que ela não conseguia ver final, mas teria que procurar já que, ao virar para onde entrou, viu que a porta havia sumido e, aparentemente, levando sua vontade de usar o banheiro junto.

Atribuindo a estranheza da situação à sua falta de sono e mais preocupada com o possível atraso em sua agenda impecável, ela caminhou pelo longo e interminável corredor iluminado por longos e intermináveis minutos esperando achar uma saída.

Muito tempo depois e já tendo desistido de manter-se calçada, Vênus finalmente vê uma porta antiga, mais do tipo que se vê em casarões do que em aeroportos. Mas, como era sua única opção e o corredor terminava ali, Vênus girou a maçaneta e empurrou a pesada porta.

A visão que a saudou do outro lado era ainda mais estranha que a porta. Era um quarto muito amplo, com uma das paredes inteiramente de vidro e uma cama imensa no centro do lugar, alguns móveis muito ornamentados e todo o local era colorido em tons terrosos. A imagem daquele lugar era tão destoante que Vênus só percebeu que estava parada há alguns minutos olhando quando uma voz vinda da esquerda chamou sua atenção.

Ela vinha de um homem alto com cabelos cacheados que lhe parecia vagamente familiar.

— Onde estão suas criadas, Majestade? Achei que a essa altura já estivesse pronto. O almoço a espera e temos o julgamento logo depois. - Vênus olhou ao redor procurando quem poderia ser a tal Majestade que o homem chamava, mas os dois estavam sozinhos no quarto, antes que pudesse perguntar, ele continuou — Chamarei suas damas, Majestade, por favor, não suma novamente, temos compromissos importantes que requerem vossa presença.

Ainda sem entender o que estava acontecendo, Vênus observou o homem se afastar. Talvez a tivessem confundido com alguém e a tal Majestade tivesse fugido de seus compromissos? Pelo tom do homem, não parecia ser algo incomum, mas Vênus agora é quem estava chateada por ter mais responsabilidades naquele dia.

Poucos segundos depois, ele voltou e três outras mulheres entraram na sala, as três tinham a mesma altura (alguns centímetros mais altas que Vênus, o que não era muito surpreendente), mas as semelhanças paravam aí. As três, no entanto, assim como o homem, eram muito familiares.

— Senhorita Laíssa, preciso que você arrume as vestes cerimoniais de Sua Majestade. Senhorita Mia, a maquiagem dela precisa ser retocada e Senhorita Kaly, deixo em suas mãos o penteado de Sua Majestade.

— Sim, Senhor Henriko.

O homem saiu logo depois, Vênus foi conduzida até uma penteadeira digna de uma rainha e, com a apresentação dos nomes, a familiaridade com aquelas pessoas finalmente a alcançou. Eles faziam parte de seu grupo de amigos de adolescência. E, agora que ela parava pra pensar nisso, aquela aeromoça também era parte do grupo. Será que estava tudo interligado e aquilo era algum tipo de encontrão que ela não tinha sido avisada?

No entanto, aquele cenário todo ainda era muito estranho e eles estavam sendo formais demais para ser só um encontro de amigos.

Vênus sentiu mais do que viu Kaly trançando seus cachos e tirando-os do rosto, enquanto Mia passava algum pó em seu rosto. A voz de Laíssa também era ouvida falando sobre cores e tecidos.

Pela próxima hora, as três mulheres conversaram enquanto faziam seu trabalho, ora ou outra perguntando algo à Vênus ou dando um jeito de incluí-la na conversa. O assunto principal era sobre o julgamento que seria feito depois do almoço.

Aparentemente, um grupo terrorista estava atormentando o reino (sim, elas estavam em um reino, tipo, de verdade) há meses e, finalmente, a guarda real conseguiu capturar sua líder, cujo julgamento seria realizado naquele dia. Vênus só esperava não ter que dar pitaco e julgar alguém que ela sequer foi afetada por.

Considerando sua sorte naquele dia, ela deveria saber que sua esperança era falha.

Depois de arrumada, as três mulheres a guiaram até a o salão de refeições onde ela almoçou maravilhosamente bem, o julgamento já esquecido. A comida era maravilhosa e a bebida parecia coisa de outro mundo (o que, considerando o que ela havia descoberto, possivelmente era). Uma música calma tocava ao fundo, mas ela não conseguia ver os instrumentos ou músicos.

A maravilha, no entanto, foi interrompida quando, assim que terminou a sobremesa e colocou o garfo sobre o prato, a porta do salão foi aberta e Henriko passou por ela, acompanhado por uma mulher pouco menor que ela com cabelos castanhos cacheados. Agora que sabia de onde os conhecia, Vênus sabia que a mulher era Carla.

— Sua Majestade - Carla começou — O tribunal já está preparado e os conselheiros já foram alocados. Esperamos só a vossa presença para iniciarmos o julgamento.

Vênus realmente não queria ir para o tal julgamento, mas ela estava na chuva e acabaria se molhando, então, fazendo sua melhor pose de monarca, ela levantou e se aproximou dos amigos (ou daquela estranha versão deles).

— Pois bem. Guiem-me até lá.

O tribunal não era exatamente o que Vênus esperava. Acostumada com séries e programas policiais, ela esperava uma sala com banquinhos desconfortáveis, um lado de defesa e um de acusação.

O lugar que eles foram parar, no entanto, muito se parecia com uma arena circular em tamanho reduzido. As arquibancadas eram cobertas, altas e cheias de lugares, mas haviam poucas pessoas sentadas nelas. O local por onde ela entrou parecia dar para um tipo de camarote com três poltronas ornamentadas e cores brilhantes, que ela facilmente chamaria de tronos, mas ainda no padrão terroso de todo o castelo.

Henriko e Carla entraram primeiro e caminharam até os tronos, o rapaz parando atrás do único vazio e a mulher, indo até um que era ocupado por um homem esguio. As portas para o camarote estavam abertas e seu caminho estava livre, mas Vênus hesitou alguns segundos antes de entrar. O que foi uma sábia escolha, pois logo seu nome (e títulos) foi anunciado por uma voz desencarnada:

— Saúdam a Imperatriz de Lume Ciudată e Rainha das Bruxas, Sua Majestade Imperial e Real, Vênus.

Sentindo os ombros tensos e a espinha gelada, Vênus caminhou até a frente, com um sorriso travado, e após uma olhada geral que confirmou que todos estavam em pé (possivelmente em respeito a ela, veja a moral), ela sentou-se no trono (que ela finalmente percebeu estar alguns centímetros à frente dos outros dois).

— Vossa Majestade - O homem à sua esquerda saudou. Olhando de perto, Vênus percebeu se tratar de Bruno que tinha uma chamativa aliança de ouro na mão esquerda. Aliança essa que combinava perfeitamente com a que enfeitava a mão esquerda de Carla. Isso! Vênus estava exultante por seu shipp ter vingado. O homem também trajava roupas finas e um brasão com a imagem de um raio que, ela deduziu, representava sua área de poder.

— Sua Excelência - saudou de volta, satisfeita por ter lembrado das aulas de português e dos títulos de tratamento certos. Mas, também, ela era a Imperatriz, queria ver quem seria aquele que, dentro de suas terras, ousaria reclamar de como ela os chamava.

— Vossa Alteza - A voz feminina da direita chamou sua atenção dessa vez. O tom levemente irônico, mas caloroso, sem surpresa, pertencia a Neuzi que, vestida dos pés à cabeça de vestes pretas elegantes, sorria para ela. O destaque de suas cores, estava no brasão prateado com uma caveira e algo mais que ela não conseguiu identificar.

Atrás do trono da mulher, que ela reparou estar minimamente à frente do de Bruno (indicando seu grau hierárquico mais alto), estava... uma múmia, por falta de palavra melhor. Vênus preferiu ignorar pelo bem de sua saúde mental.

— Alteza - retornou a saudação e logo encontrou-se sorrindo e conversando em voz baixa com as pessoas ali presentes. Até a múmia comentava algo, ora ou outra!

Poucos minutos se passaram até que algo brilhante piscou no canto de sua visão. Virou-se para o pequeno palco no centro da arena quando a plateia começou a vaiar. A voz desencarnada voltou, dessa vez para anunciar o réu:

— A julgada, duende Lisa dos Carvalhos Baixos, julgada pelos crimes de terrorismo e traição contra o Império. A pena por tamanha ofensa contra a Coroa é a morte. Como você se declara, julgada Lisa?

Vênus estava ainda mais gelada do que quando entrou no camarote quando viu Lisa (sua Lisa!), levantar a cabeça e dizer alto e claro:

— Culpada.

O mundo de Vênus rachou e ela sentiu seu corpo paralisar. Lisa se declarou culpada perante a pena de morte. Lisa, sua noiva amada. Morte. Morta na sua frente. Não, não, não. Nãonãonãnãonã

Um voz sussurrante em seu ouvido foi o que a tirou da paralisia e guiou sua mão até o alto, durante a proclamação da sentença:

"É o seu mundo, minha rainha. Se você quer que aconteça, faça acontecer"

— Com a declaração da julgada, a Coroa reconhece seus crimes e a sentencia à...

O silêncio se estabeleceu na arena quando todos notaram a mão da Imperatriz levantada. Internamente todos especulavam a causa da interrupção, mas nenhum era tolo o bastante para externalizar os pensamentos. Os olhos do público estavam voltados para o camarote quando Vênus se levantou e caminhou até a barra de proteção.

Sua voz era firme quando proclamou, apesar do nervosismo que tremia seus ossos, ela odiava falar na frente:

— Culpada Lisa dos Carvalhos Baixos, por sua traição contra o Império e, portanto, contra mim, declaro que seus crimes serão pagos no serviço à Coroa, sob direta supervisão minha.

O silêncio permaneceu firme após o decreto e Vênus temeu, por vários instantes, que tivesse ferrado com tudo. Seu tormento foi interrompido quando uma voz firme vindo de um dos guardas no palco rompeu o silêncio:

— Onde quer que a deixemos, Vossa Majestade?

— Ela é um duende. Ouvi dizer que sua magia é interessante para realizar desejos. Engarrafem-na. Tenho a estante perfeita para deixá-la. O julgamento está encerrado.

Ignorando as pernas trêmulas e agradecendo pelo sapato confortável e firme, Vênus deu as costas para a Arena e marchou de volta ao palácio, ouvindo os aplausos da multidão e os passos dos Conselheiros a seguindo.

— Vossa Majestade gostaria de ir às enfermarias para ver o cumprimento da sentença? - Henriko perguntou — Tenho certeza que quando chegarmos as curandeiras já terão tudo preparado.

Vênus pensou por um momento em negar, não querendo ver um ser vivo ser preso em uma garrafa por sua culpa, mas a vontade de ver o rosto de sua amada mais uma vez foi mais forte que tudo e ela aceitou.

A enfermaria era ampla e quatro mulheres estavam paradas na sala. Duas delas, que Vênus reconheceu como Angel e Phyetra, estavam vestidas com jalecos (?) brancos e mexiam em alguns aparatos em uma das mesas. A outra mulher vestia uma espécie de uniforme com proteções douradas e Vênus demorou um pouco mais para reconhecê-la como Giovanna. Era ela quem parecia escoltar sua amada Lisa.

Lisa parecia um pouco abatida, provavelmente fruto do tratamento durante sua prisão, mas Vênus conseguia ver perfeitamente onde seu rosto se elevaria ou enrugaria quando ela sorrisse daquele jeito que sempre fazia Vênus se apaixonar de novo.

O sorriso, no entanto, estava ausente do rosto da duende enquanto ela observava duas bruxas limparem o que seria sua prisão. Seu olhar transmitia todo o ódio que sentia quando se virou para olhar o grupo que entrava na sala.

Vênus se sentiu triste e tensa quando viu, naqueles olhos que tanto amava, o ódio por sua pessoa. Mas se aquele ódio dirigido a ela significava que Lisa estava viva, ela o receberia muito mais (mesmo que destruísse sua alma).

— Você me condenou a uma vida pior que a morte - A voz de Lisa era gelada, de um jeito que ela nunca tinha ouvido ser dirigida a si — Espero que esteja satisfeita, Imperatriz. Você é podre.

Vênus não esperava o baque que sentiu naquelas palavras. Elas não eram novidade, as duas sempre usavam aquilo como piada no relacionamento delas, porque nenhuma das duas tinha os órgãos muito saudáveis. Mas a frase que, normalmente, era tão carregada de carinho e risadas, dessa vez só tinha gelo e amargor.

Ela não suportava ficar ali, então saiu sem dizer uma palavra e voltou aos seus aposentos. Seus olhos estavam úmidos e sua maquiagem perfeitamente desenhada estava borrada àquela altura. Em sua pressa, não viu Lisa observá-la partir em choque, algo como reconhecimento brilhando em seus olhos.

Por que Lisa a odiava? Ela havia poupado sua vida, não tinha? Ela poderia viver, mesmo que não tivesse mais tanta liberdade, ela ainda tinha sua vida.

— Você ainda parece triste, minha rainha. Como posso torná-la mais feliz?

Vênus se virou para sua cama quando ouviu a mesma voz que sussurrou em seu ouvido durante o julgamento de sua amada. Observando o rosto ao qual pertencia a voz, não se surpreendeu ao notar os olhos castanhos e o cabelo preto no rosto pálido e cheio de pintas. Ela sabia que faltava alguém.

— Isi.

— Sim, minha rainha, eu mesma. No entanto, não me respondeu. Como posso torná-la mais feliz?

— Tornar-me... Foi você que me trouxe aqui.

Os pontos finalmente se conectaram em sua cabeça, mas ainda haviam muitas coisas confusas.

— Sim - confirmou, mesmo que não fosse uma pergunta. — Você parecia tão triste e cansada em sua vida, minha rainha. Eu não podia deixá-la se afundar na miséria como fazia. Eu só quis te trazer um lampejo de felicidade. E você estava tão feliz! Eu vi você sorrir como não fazia há anos! Um dia aqui te fez mais feliz do que todos os meses do outro lado.

Vênus se viu sem opção de contestar. Mesmo que Lisa a odiasse, ela tinha se divertido muito, e só estava ali há algumas horas.

— É, eu me diverti.

— Então fique aqui. Fique comigo, fica com a gente. É o meu domínio, você pode ter tudo o que sempre sonhou aqui.

— Mas não é real, é? Nenhum deles me reconheceu por mim mesma.

Isi fez uma careta com a cabeça inclinada.

— Eles... São reais. As memórias só estão um pouco confusas. A travessia pode ser um pouco dura com aqueles que foram... forçados.

— Forçados?

— É, eu precisava deles aqui, mas não posso mexer em almas cujo corpo ainda está vivo.

Os pontos demoraram pouco para se conectarem dessa vez.

— Você os matou... - sussurrou, mas vendo Isi dar de ombros, aumentou sua voz — Você ME matou!

— O quê? Não, claro que não, eu não poderia te machucar, minha rainha.

— Então por que eu estou aqui?! Por que você me trouxe aqui?

— Mas eu não te trouxe, você veio sozinha. Você estava tão desesperada por um momento de paz que sua magia reagiu e invadiu meu reino. Inclusive, foi muito incômodo ter que preparar tudo tão rápido para sua chegada. Por isso o corredor era tão longo. Normalmente eu faço um comitê de boas vindas, mas você veio meio em cima da hora.

Vênus estava tentando processar tudo. Reino? Magia? Desde quando ela tinha magia? Todos estavam mortos? Lisa!

— Você matou a Lisa!

Isi soltou um gritinho e pulou para o outro lado da cama quando Vênus avançou nela.

— Não! Lisa tá viva! - Vênus parou de correr atrás da outra mulher o que deu tempo a ela para se esconder atrás do sofá e terminar de contar — Bem, mais ou menos. Mas não é culpa minha! - Se abaixou quando um travesseiro passou voando sobre sua cabeça. — Lisa não morreu, mas a doença a deixou em coma e você sabe disso. A alma dela oscila entre os reinos, por isso ela é uma rebelde. É a única que retém as memórias, então eu não podia deixá-la livre e estragar seu paraíso.

— Lisa... Lisa não fica aqui o tempo todo? - Isi negou com a cabeça, ainda escondida atrás do sofá — Você... Pode fazê-la acordar do outro lado?

— Não sei. Eu nunca tentei, mas, na teoria, não. Eu não posso interferir no mundo dos vivos, minha rainha. Meu domínio é a morte. - Vênus assentiu, entendendo o ponto da amiga — Mas por que você quer voltar? Esse reino não lhe agrada, minha rainha?

— Eu não posso deixar a Lisa sozinha lá. Nem minha mãe ou meus pets.

— Traga eles, então.

— O quê?

Isi saiu de trás do sofá e se aproximou. Tocou e elevou a mão dominante de Vênus e colocou nela um punhal de cristal.

— Você não precisa deixá-los lá. Traga-os com você.

— Mas eu precisaria matá-los.

— A morte é só a próxima grande aventura, minha rainha. Não há o que temer em meus domínios.

Vênus olhou para a lâmina em sua mão.

— Eu...

— No entanto, há um preço para que você fique aqui. Matar alguém mancha a alma, mas essa adaga pagará o preço por você. Quando você morrer, isso será cobrado de você.

— O que você está insinuando? Que eu não devo morrer?

— Se você sabe como fazer isso, pode ser uma saída, mas aí você não poderia permanecer aqui. Não, o que estou te instruindo é que você corte sua alma.

— O QUÊ?

— Não grita, por favor. A alma humana é manchada pela morte porque nela se carrega a culpa. Corte sua humanidade e deixe seu passado para trás, esse é o preço para permanecer aqui.

— Eu manteria minhas memórias?

— Não. A adaga irá separá-la. Cortar seu passado e seu presente. Sua mancha não existirá porque não há lembrança de manchá-la.

Vênus olhou a adaga em sua mão e o peso da consciência. Ela adoraria permanecer ali. Sem responsabilidades, com as pessoas que ela ama. Seria perfeito.

— Me mande de volta. Eu não posso ficar aqui. Me mande de volta.

Isi suspirou, parecia cansada e quando Vênus olhou para cima, os olhos da mulher brilhavam de um jeito estranho e havia um sorriso pesaroso em seu rosto.

— Eu queria que as coisas não tivessem que ser assim. Mas você não me deixa escolha.

Vênus sentiu a pressão em seu peito antes de ver Isi avançar contra ela. Seu corpo foi jogado contra a pesada porta do quarto, que se abriu num rompante.

Vênus não se deu tempo de pesar seus problemas e só saiu correndo por mais um corredor interminável como se os cães do inferno estivesse em seu calcanhar. Talvez não fosse a mais imprecisa das comparações, sabendo que Isi comandava a morte, aparentemente, mas não havia tempo para se remoer.

A porta no final do corredor parecia brilhar quando Vênus se jogou contra ela, abrindo com força e fechando com um estrondo.

A respiração da mulher estava pesada e ela sentiu seus joelhos falharem por um momento, quase indo ao chão se alguém não a segurasse.

— Você está bem? Vênus!

Ela se desesperou um momento antes de abrir os olhos e se deparar com um crachá escrito Andréa pregado a uma roupa de aeromoça.

— Andréa?

— Sim, eu sabia que te reconhecia de algum lugar! - exclamou feliz e começou a conversar com Vênus que ainda tremia um pouco da corrida e do desespero.

Apertando os punhos para se levantar, ela sentiu o metal frio da adaga que Isi a havia entregado antes. Junto a um pedaço de papel. Aproveitando quando Andréa levantou para buscar uma garrafa de água, ela abriu o bilhete:

"Ainda nos veremos de novo, mas, enquanto não acontece, espero que goste desse meu novo presente mais do que gostou do reino."

Vênus quase entrou em pânico achando que a adaga em sua mão havia matado alguém quando sentiu seu celular (que ela nem sabia estar no bolso) vibrar.

— Alô?

— Por favor, a senhora Vênus deMillo.

— Sou eu.

— Falo do hospital Olimpo, é a respeito de sua esposa, a senhora Lisa deMillo.

Vênus quase desmaiou quando Andréa chegou com a água. As vozes abafadas e Vênus sentiu perder os sentidos.

"Espero que goste desse meu novo presente."

— Sua esposa, senhora, ela acordou.

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