‹⟨ Part 5: Chamando por Você ⟩›
POV Narrador
BEM-VINDO A CENTRAL CITY
Um ônibus escolar grande e longo, acaba de dobrar a rua do centro da cidade, transportando adolescentes no auge dos seus hormônios, gritando, batendo nas cadeiras animados pelo seu time de escola que venceu o campeonato de vôlei, todos batem palmas e fazem barulhos de todos os tipos, sem querer, um copo de refri é arremessado, pegando diretamente as costas do motorista. Isso acaba por desconcentra-lo, que se vira pra chamar a atenção dos alunos.
—EI! CUIDADO AÍ!!
Com essa falta de atenção, ele não percebe que uma criança desatenta passa pela rua, caçando uma borboleta fujona, à caminho do outro lado da rua, onde está um caminhão estacionado. A mãe dessa menina está muito ocupada, cuidando do outro filho recém nascido, que chora sem parar, enquanto segura uma barra de chocolate com outra mão. A atenção do motorista volta pra estrada, ao perceber a situação, ele rapidamente vira o guidão fortemente, pisando no pedal do freio, isso, o faz bater contra o caminhão do outro lado da rua e por consequência do impacto de tudo que leva a essa situação, o ônibus acaba por derrapar e é arremessado pela força do impacto. Todos dentro do ônibus começam a gritar desesperadamente.
—AAAAAAHHHHHHH!!!
De repente, os gritos param, a criança desatenta paralisa, a mãe desesperada quando nota a situação também fica paralisada, no tempo, o bater de asas da borboleta amarela de tom fraco diminuem até não o fazerem mais, tudo, parou no tempo...
Pela cidade, um raio azul corre pelas ruas, sendo expelido por um borrão vermelho. Ele corre com a maior velocidade até então, rapidamente, chega no acidente. Ele observa a situação e pensa numa forma de ajudar. A primeira pessoa na qual ele retira da rua é a criança, com cuidado para não machuca-la, logo ele a deixa do lado da mãe, percebe o chocolate nas mãos da mãe, ele pega para si um pequeno pedaço que logo coloca na boca e o degusta.
Sua atenção volta para aquilo que é mais importante, adentra o ônibus e começa a retirar um por um dali, colocando todos deitados na calçada em segurança. Quanto ao ônibus, ele usa sua força da velocidade para move-lo para o lado, o deixando em terra novamente. Com as mãos na cintura, ele suspira vendo seu trabalho concluído. O tempo ao seu redor volta ao normal, e as pessoas percebem e estranham a situação toda. O Flash se vira para elas e a criança animada aponta para ele, puxando a mãe que à abraça aliviada. Com um sorriso, ele se aproxima.
—estão todos bem?—as vítimas ainda processando o ocorrido, acenam levemente.
—que ótimo!—sorri—até mais, pessoal!—acena com a mão antes de desaparecer em meio aos raios.
POV Barry
Finalmente adentro os laboratórios S.T.A.R, chegando no cortex e acabo por encontrar Cisco e doutor Wells.
—AI, QUE SUSTO, MEU DEUS!!—Cisco pula da cadeira e acaba caindo dela—ai... Jesus... Além do coração a coluna foi embora também. Por quê, senhor? Por quê?!—se levanta erguendo o móvel e se sentando novamente.
—foi mal—solto uma rizada e em troca, recebo um olhar mortal de meu amigo.
Caminho até a mesa central onde se encontra doutor Wells, que toma seu café tranquilo.
—alguma ocorrência?—pergunto o encarando.
—no momento nada, tudo tranquilo, sem ocorrência.
—ótimo—suspiro. Retiro minha máscara a deixando de lado e me sendo em uma das cadeiras—é hoje que vocês viajam, né?
—sim—Cisco responde—na verdade, é agora!
—o quê?—sou pego de surpresa.
—isso mesmo! O avião vai voar daqui a meia hora—de trás das mesas ele retira suas malas.
—mas que rápido.
—sim—doutor Wells interfere—recebemos uma informação de talvez onde a Caitlin pode estar. Estamos esperançosos.
—sim, sim. Boa sorte, pessoal—me aproximo deles e os abraço.
—vai saber se cuidar sem a gente?
—eu sei me virar—pisco para Cisco.
Os dois com as malas prontas se vão embora pelos corredores de aparência moderna e futurista. Pouca coisa mudou de uns tempos pra cá, desafios e novos inimigos. Olho ao meu redor, vendo o local vazio e silencioso, ponho a mão na cintura e solto um suspiro. Meu telefone em cima da mesa começa a tocar, e logo vejo que é Patty. Passo pela TV que noticia os sequestros misteriosos pela cidade. Logo agarro meu celular e atendo.
—oi, amor. Tudo bem?
POV Lobo da Estepe
Os Parademônios surgem do mar cinza, carregando dois soldados reais Atlântis. Os lançam na areia escura e densa da praia deserta. Me aproximo deles sob o céu cinza e nublado. O soldado fica caído, com as costas no chão, recuperando o fôlego. Me abaixo e arranco seu capacete, o esmagando. Atiro o objeto para longe e agarro o Atlanti pela armadura, o deixando em minhas mãos.
—você esteve perto dela... Eu sinto o cheiro em você, esteve perto da Caixa Materna...—o deixo suspenso no ar, segurando pelas minhas garras—me diga onde ela está!—cuspo literalmente as palavras—onde está a Caixa Materna?!
—nenhum filho ou filha de Atlântida dirá...
—rraaahh!!
Arremesso seu corpo para longe. Ele bate contra o chão seguindo contra uma pedra, sua cabeça deixa a marca de sangue na rocha, escorregando para o chão. Caminho me aproximando dele, passando por uma poça da água.
—ah... Atlântida protege a Caixa Materna por milhares de anos, eu nunca trairei meu povo...—os dois Parademônios se aproximam logo atrás de mim.
Estendo minha mão esquerda, abrindo meus sete dedos, liberando o drone que simula a biologia de um alienígena chamado Starro, desce pelo meu braço e sobe na cabeça do Atlanti. Logo, ele transmite a imagem do que quero saber, buscando no fundo mais obscuro da mente dessa criatura.
—você já traiu...—observo a imagem do templo, a localização exata de onde está a Caixa Materna—... Este mundo, necessita da luz do grandioso—o agarro pelo pescoço, apertando, cada vez mais e mais, mais, mais, mais, sem parar, o vendo revirar os olhos e expor sua língua, ouço o estalar do pescoço se quebrar, mas não paro, nunca... Em pouco tempo, seu pescoço explode entre meus dedos, jorrando sangue...
POV Narrador
—Arthur Curry. A gravação é de um lugar no fundo das fossa. É um Atlanti, eles respiram água.
Diana e Bruce analisam os arquivos que possuem sobre cada meta humano na lista. Lado a lado, na instalação Wayne, eles assistem a um vídeo gravado por um drone submarino, no fundo do grande mar.
—ele respirava ar quando o encontrei—Bruce responde Diana.
—então é mestiço—apoiada com os braços sobre a mesa, o olhar da mulher se vira encarando Bruce—ele vai ajudar?
—mais ou menos—responde simples.
—mais mais ou mais menos?
—mais menos.
—ele disse não.
—ele disse não—dizem a última frase unidos.
—ahhh...—ela suspira—Atlantis são difíceis... Meu povo entrou em guerra com eles uma vez—olha para Bruce—não sei se podemos confiar neles.
—Diana, pra fazer isso dar certo você tem que estar disposta—é rápido e direto. Suas mãos vão até o mouse e sem que percebam, os dois acabam encostando suas mãos—opa, desculpa, foi...
—desculpe eu...—um tom rosa toma as bochechas de Diana e Bruce não fica atrás.
—não foi nada. Ta tudo bem, cof, cof, hã, sem problemas...—deixando o ocorrido no esquecimento, eles avançam para o próximo candidato—esse é o próximo: Barry Allan. Vê essa gravação de segurança?—a Amazona acena—viu? Ele desaparece em segundos. Observei ele depois do surgimento—avançam para a próxima pessoa, mudando a imagem da tela—Clark kent, o mais famoso de todos: o Superman—na tela é mostrado vídeos dele voando pelos céus e combatendo o crime—ele não me deu resposta até agora. Foi o segundo que encontrei, depois de você. O próximo agora também não estava citado nos arquivos do Luthor: Victor Stone. Ex jogador de futebol de Gotham, aluno excelente, boas notas e declarado falecido... Mas, tem esse vídeo—o vídeo em questão na tela é a gravação que o pai de Victor gravou, durante o processo de recuperação do filho.
—partes do corpo biomecatrônicas...—o olhar da amazona encontra o de Bruce—... Ele é um Ciborgue.
POV Ciborgue
Coloco minhas mãos metálicas dentro dos bolsos do meu moletom cinza, atrás da janela, com a toca da minha roupa sob minha cabeça, observo as crianças jogando futebol americano na rua. Eles riem e se divertem, expondo sua alegria em jogar esse esporte... Eu me lembro, de quando sentia essa alegria, de quando eu era feliz...
Com o plano de ataca feito, nos separemos e nos posicionamos no campo de futebol. A neve caí do céu de Gotham e pousa entre meus dedos, meu olhar vaga entre a arquibancada, encontrando minha mãe, torcendo por mim.
—AGORA! VAI!
Nos separamos pelo campo, com meus colegas de time atacando os adversários. Como um tanque sem controle, corro derrubando todos em meu caminho. A bola é arremessada e rapidamente pulo a agarrando no ar. Continuo à correr, com determinação e força. Nenhum deles consegue me impedir e logo consigo levar a bola para atrás da linha, vencendo o jogo.
Arremesso a bola no chão comemorando, com os dentes expostos em um sorriso. Retiro o capacete enquanto os meu colegas vêem me abraçar e comemorar junto. Meus orbes encontram minha mãe vibrando junto dos outros, mas logo meu sorriso se desmancha ao perceber que o acento ao seu lado está vazio, de novo...
—Victor... Eu sei, eu sei como você está se sentindo mas o seu pai, ele não pode vir porque...
—ah, não começa mãe!—viro meu rosto, encontrando seus olhos enquanto ela dirige—você também é assim, a diferença é que consegue arranjar tempo pra vir—meu olhar se prende através do parabrisa, no horizonte escuro e chuvoso da noite—eu tô cansado...—começo, com finos rastros de lágrimas descendo pela minha bochecha—... Sempre é a mesma coisa, eu só queria ele comigo, queria ele aqui comigo agora, com a gente, com a nossa família. Mas ele não tá aqui! Ele nunca tá! E eu tô cansado, foi sempre assim e nunca mudou...
—ei! Olha pra mim!—seus lindos olhos, tão encantadores, tão perfeitos quanto a estrela mais brilhante desse universo, eles me encaram, me fitam, acolhendo e dando abrigo—não pense assim, meu filho... Seu pai te ama, muito, eu te amo, você nem imagina. Você, Victor, você...
—CUIDADO!
Só consigo ter tempo de erguer a mão quando dois grandes faróis surgem, como fantasmas acompanhados de sons estridentes e buzinas altas longo antes de tudo ficar escuro.
—Victor, você...—a voz grossa e máscula de meu pai chega até meus ouvidos. Com as mãos ainda dentro do bolso, observo o mundo à fora, pelo campo de força chamado vidro. A voz dele é como um sussurro assustador... Algo traumático—você me odeia, eu sei... Eu sei muito bem... Mas o que eu fiz, o que eu.....—um breve silêncio é exposto no ambiente—eu só queria, eu só queria pedir o seu perdão. Não sabe o quanto...
Antes como um vulcão adormecido, calmo, tranquilo, quieto... Desperto do meu sono, do meu transe, mordendo os lábios e balançando a cabeça ao vento, sendo impossível de acreditar nessas palavras que ouvi, saindo especificamente dos lábios da pessoa atrás de mim. Movo meu corpo, virando e encarando essa tal pessoa.
—não fale que eu não sei, você que não sabe... Ela estava lá, sempre esteve, e eu estava lá com ela, naquele momento, naquela porra de momento, eu estava lá... Eu senti, eu sofri... E onde você estava?—meus olha vagam pela sala e penetram os olhos à minha frente, igualmente quando a luz dourada do sol penetra uma pequena fresta de cortina de alguma sala escura. Pode ser pouca luz que passa, mas encontrei o que tinha dentro daquele quarto escuro e aqui, eu encontrei a culpa.
—.......... Você está certo..... Claro, está..... Mas, só escute esse meu pedido, eu lhe peço—do bolso de seu grande sobretudo, retira um gravador da marca sony, um aparelho que é raro de serem visto hoje em dia—, quando estiver pronto, escute—seus pés se movem para a saída do ap, fazendo passos meio lentos e leves. Minha visão vai para a mesa onde ele deixou o aparelho.
POV Clark
Sentado sob o sofá, encaro o cartão em minhas mãos.... Eu sei o que deve estar pensando, "por que ele não aceitou de imediato?" Acontece que não é tão simples... Quando me expôs a esse mundo, não quis acreditar nas palavras de meu pai, Jonathan. Ele não queria que eu me revelasse ao mundo, pois para ele, o mundo não estava pronto.
Eu quis não ouvir, quis que ele não tivesse razão.... Mas ele tinha, e não tinha também..... Quando salvo as pessoas, ouço seus batimentos cardíacos, depois da emoção do momento só consigo sentir alegria e gratidão... Mas os de longe, eu ouço as falando, insultando.... "Um alien entre nós... Como permitiram isso...? Ele vai nos matar a qualquer hora... Ele tem o poder de destruir o mundo.... Quem nos garante que ele não vá nos matar amanhã?" e há um outro lado também... "Olhe para ele...! Um deus entre nós...! Dedico toda a minha vida a ele...! O mundo precisa dele, como nosso salvador...! Ele é o nosso Jesus Cristo!"
Eu não sei o que pensar, o que fazer... Estou aprendendo, convivendo. Não sou um vilão... Ou sou? Não sou um deus... Ou sou?
Há também pessoas que me chamam de ultrapassado, como se o que prego já fora à muito descartado. A vida, é importante, todo tipo de vida... Mas há aqueles que não pensam dessa mesma forma.
—oi, amor, cheguei—Lois adentra a porta do Apartamento, larga seu casaco e pasta de trabalho. Rapidamente se junta a mim e forço um sorriso em meu rosto. Deixo o cartão de Bruce sob a mesinha—como você está?—me abraça depositando um selinho em meus lábios.
—estou bem...—seus curiosos e ardilosos olhos me analisam de cima a baixo.
—não, não está não—se ajeita no sofá, levantando uma sombrancelha—Clark...—ela é interrompida pelo noticiário.
TV ON
Mais uma vez um novo confronto entre apoiadores e pessoas contra o Superman ocorreu hoje em frente ao senado. O protesto contra o homem de aço de Metrópolis ergue cartazes e placas desmoralizando o herói, já em contrapartida, os apoiadores o defendem com unhas e dentes.
—estamos aqui hoje com a senadora June, que cedeu uma entrevista. Boa noite, senadora.
—boa noite, Kevin.
—a principal pauta levantada contra o Superman é a destruição de Metrópolis ano passado durante a luta do patriota dos EUA contra alienígenas invasores—a senadora acena apenas—seu filho, está entre as vítimas... Vítimas desse caos—no telão, são mostradas gravações de pessoas desesperadas correndo em meio aos destroços da cidade—é surpreendente, que o homem mais poderoso do mundo seja uma figura tão controversa?
—ah, acho que ter um indivíduo atuando nessas intercessões internacionais deveriam nos deixar em alerta.
—a senhora, como senadora dos Estados Unidos, diria confortavelmente à um pai em luto: "o Superman poderia ter salvado seu filho, mas por princípios, não quisemos que ele agisse."
—não acho que ele não deveria agir, acho que ele não deveria agir unilateralmente.
—do que estamos falando aqui, então? Deve existir um Superman?—o silêncio se faz um companheiro entre eles. Os olhos da mulher apenas fitam o entrevistador.
—ele existe.
TV OFF
A TV é desligada por Lois. Sua mão solta o controle no sofá e logo pousam nas laterais do meu rosto, levando meu olhar ao dela.
—ei, Smallville—adoro quando ela me chama assim, meu coração se aquece e é a luz que tenho para seguir—o que você carrega no peito, o símbolo, esse símbolo—sua pousa sobre meu peito—tem um significado...
—tinha no meu mundo..... Mas o meu mundo, não existe mais—respondo em um tom cansado e melancólico.
—está errado. Ele está aqui, com você. Você voa por ele todos os dias... Clark, esse mundo não merece você... Mas precisa de você—sorri e logo um fraco, mas sincero, sorriso surge em meus lábios. Ela conseguiu, de novo. O meu farol—e nesse momento—sua mão puxa o cartão da mesa e o coloca entre as minhas, fechando meus dedos com os seus sob os meus—ele está chamando por você—levanto o olhar visualizando suas orbes azuis.
POV Barry
Retorno da rua passando pelos corredores escuros, com as luzes desligadas. Obviamente eu não irei deixar as luzes ligadas sendo que somente tem uma pessoa nesse laboratório gigantesco. Doutor Wells pode ser dono disso, mas eu, eu ainda sou pobre.
Carrego uma grande quantidade de pizza, uma torre na verdade. A palavra torre me lembra torre de batatas, nossa, como eu amo torre de batatas. Toda quela mistura esquisita e gordurosa, pronto pra fazer o coração parar, nossa, é uma delícia. Deixo as pizzas sobre a mesa do Cortex e vou acender a lâmpada. Fico cantarolando sozinho, um costume repentino e normal para mim.
As luzes são finalmente ligadas e me viro, tranquilamente despreocupado.
—AHH!!—meu coração para, por alguns momentos, como se eu tivesse visto um ser das trevas que surgiu do inferno para me matar de ataque cardíaco. Ai, eu preciso ir no médico meu deus—que susto!!—encaro o homem de pé, com uma mão no bolso do casaco enquanto ele analisa papéis jogando por uma pequena mesa da sala, com o olhar curioso. Ele é elegante, vestindo um terno e cabelo arrumado—hã quem é você e o que faz aqui?—com certeza, se eu estivesse num quadrinho, pontos de interrogação surgiriam desenhados em cima da minha cabeça.
—Barry Allan? Bruce Wayne—assume uma pose ereta e deposita sua atenção em mim.
Me olho, verificando se estou com o look apropriado. É, nada tão mal, nada tão bom. Da pro gasto.
—Bruce Wayne? Bruce Wayne de Gotham? Aquele Bruce Wayne?
—sim—acena.
—uau...
—você tem uma ótima base—curiosamente, seus olhos percorrem todo o lugar—mas me conte sobre isso—se aproxima estendendo um papel, com marcas de que fora dobrado várias vezes.
Agarro o papel e arqueio a sombrancelha. Engulo em seco quando vejo que é uma foto minha, provavelmente de uma câmera de segurança, com o meu traje mas sem máscara. Deus, me perdoa, mas eu tava com dor de barriga nessa hora e fiquei sufocado.
—não sou eu—nego, claramente—já ouviu falar de Photoshop?
—sim... Mas eu sei reconhecer quando há manipulação de imagem.
—olha—largo o papel de lado—eu...
Sem que eu perceba, ele abre o compartimento central da sala onde está meu traje. Ele encara e logo seu olhar se prende em mim. Ai merda, Deus, o que eu te fiz?
—e então?—levanta uma sombrancelha—feito com tecido de areia de quartzo com base de sinício resistente à abrasão, resiste ao calor—olha brevemente a roupa mas logo volta o olhar, sinto um tom debochado nesses olhos.
—é pra um projeto de ciências da faculdade.
—também é usado em ônibus espaciais para evitar a combustão na reentrada—dá poucos passos.
—é um projeto de ciências bem perigo, é sério. Olha, eu não sei quem você tá procurando mas eu não...—literalmente do nada ele arremessa um objeto na minha direção. Que homem doido.
O tempo para, somente eu tenho o poder de me mover, com meus raios azuis navegando pela sala. Conforme o objeto se aproxima, em câmera lenta, realmente lenta, passando pelo meu lado, percebo o seu formato, o formato de um morcego. Levanto a sombrancelha junto de um ponto de interrogação. Não pode ser... Vago o olhar entre o objeto e o homem. Fecho meus dedos em volta do morcego de metal. O tempo volta ao normal.
—você é mesmo rápido...—diz encarando.
—e você é o Batman...—são as únicas palavras que consigo formular.
—serei direto: estou formando uma equipe, reunindo pessoas, guerreiros, para nos defender...
—para. Eu topo—ele para.
—sério?
—sim é que eu realmente sou... Seu fã...—termino em baixo tom.
—ótimo.
—posso ficar com isso?—o interrompo levantando o bat-rangue.
—.... Isso fica fora da realidade e espaço tempo. Tem o nome de força de aceleração—digo terminando de comer a última caixa de pizza.
Pizza de frango com queijo, é a melhor de todas, não acreditem em ninguém que diz o contrário.
—legal—saimos para fora dos laboratórios S.T.A.R, em um beco onde está um carro de luxo e completamente fora da minha realidade, deixo até mesmo o pedaço de pizza cair da minha boca conforme a abro—você vem?
—a-ah, tá!—caminho ficando em frente a porta que se ergue. Que carro faz isso?—hã, quantas pessoas entraram nessa equipe?
—três, contando você.
—três? Contra o que?—adentramos o carro.
—eu conto no caminho.
Me ajeito no banco que é extremamente confortável, se assemelhando à algodão. Parece uma espaçonave dentro dessa Mercedes. Meu Deus...
—qual é o seu super poder mesmo?—o olho e recebo um olhar despreocupado de volta.
—eu sou rico.
Apertando um botão ao lado do guidão, o carro se liga e luzes azuis percorrem o painel. As janelas se fecham e o ar condicionado é rapidamente expelido. O ronco do motor é calmo e parece sonolento. As rodas se mexem entrando na rua, seguindo nosso destino, passando por um cartaz de combate ao suicídio. "Você não está sozinho"
POV Ciborgue
Encaro o gravador sob a mesa, algo que sei que preciso ouvir, sei que é
algo a se fazer... Me aproximo da mesa de madeira de cor escura. Um bom móvel que ajuda a decorar todo o apartamento de aparência cinza e sem vida, uma decoração melancólica desde que minha mãe se foi...
Agarro o gravador, apertando com meu polegar o play. A voz tão conhecida por mim começa a ser emitida.
—nem sei por onde começar, Victor.... tudo que você é, tudo que você se tornou hoje é a mais pura forma da evolução humana. À cada dia que passa, deus sistemas evoluem e se mandam em seu corpo, trazendo novos trajetos. Tudo isso, é só a ponta do iceberg, a ponta da ponta...
A estrutura do meu corpo se manifesta, puxando o gravador para dentro de mim... Mas a gravação continua fluir em meus ouvidos. Passo pela porta que dá pro terraço do prédio, encarando a cidade escura e gótica... Com não há ninguém por perto, começo a testar meus poderes. Propulsores surgem distribuídos pelo meu corpo, com coloração azulada. Tento entrar em voo, mas volto ao chão.
—ugg!
Aciono os propulsores novamente, dessa vez permanecendo no ar mas com dificuldades para me equilibrar, sendo difícil meu corpo permanecer em um lugar, sem ir para os lados.
—em um mundo de 1 e 0, você é o mestre e soberano, nenhum firewall consegue te impedir, nenhuma criptografia é suficiente. Estão todos à sua mercê, Victor. Das redes de energia à telecomunicação, as vidas de todos são controladas e dominadas por redes digitais complexas, que são moldadas bem facilmente, ao seu interesse.
Dentro do apartamento enquanto analiso os hologramas dos dados que consigo acesso, minha mente se expande, com minha inteligência me levando para dentro dela, criando um mundo digital, formando montanhas cobertas por neve, desertos rochosos cinzas, com um eclipse como corpo celeste. Me analiso, vendo que visto um casaco de futebol americano da cidade, minhas calças jeans azuis e minha camisa da mesma cor por baixo do casaco. Estou inteiro aqui, sem partes mecânicas.
—o destino do mundo vai literalmente, estar nas suas mãos.
Olho para cima, me deparando com um exército de bombas nucleares, paralisadas, sendo seguradas por uma força invisível.
—você pode lançar o arsenal nuclear inteiro, com um pensamento.
Com apenas um movimento da minha mão direita, os mísseis são movidos violentamente, para longe conforme minha vontade.
No terraço, consigo finalmente ter controle sobre o meu vôo, ficando à centímetros do chão, flutuando com o controle dessa vez.
—os sistemas monetários do mundo e suas interações tão complexas, vão ser fácies para você manipular, como brincadeira de criança.
No mundo da rede, que minha mente me deu acesso, surge um grande banco com aparência grega, todo branco com os grandes pilares o mantendo de pé. Um búfalo e urso de bronze gigantes surgem lutando ferozmente um contra o outro. A interpretação da criptografia e firewall para a proteção dos dados do banco. Com meus movimentos de mãos simples, jogos seus corpos para longe, os afastando e deixando o caminho livre.
Finalmente, saio voando do terraço, subindo os céus iluminados pela luz da grande lua. Umas máscara cobre meu rosto, deixando somente meu olhos vermelho com destaque. Sigo em frente, dando grandes voltas pela a escuridão da noite.
—a questão, não, o desafio... Não vai ser fazer isso, vai ser NÃO fazer, não enxergar. É o peso dessa responsabilidade que vai definir você e quem você escolher ser.
Quando adentro o banco, vejo torres e mais torres de dinheiros flutuantes, com identificadores eletrônicos em suas bases. Mas há torres menores ou quase não existente, mostrando a necessidade de um e a fortuna de outros. Me aproximo, vendo somente 11,29 dólares na conta do usuário. Acesso seus dados. Imagens de uma garçonete são mostradas à mim, ela recolhe de uma mesa gorjetas deixadas, sendo meras moedas. Em outra imagem, a mesma mulher aparece dando moedas para um morador de rua, mais outra imagem, onde aparece com o semblante desanimando em um ônibus, acompanhada de duas crianças, com uma delas sobre seu colo. Vejo outra imagem, dessa vez em um momento especial com seu filho, com um bolinho com três velas e comemorando o aniversário da criança, mesmo nas dificuldades financeiras óbvias, aida há hm sorriso naquele rosto. Em outra situação, a mulher aparece em um mercado, analisando um pote de chocolate em pó, obviamente destinado aos seus filhos, mas coloca de volta na prateleira, visivelmente frustrada. Em outra imagem de câmera de segurança, ele aparece sentada aos prantos com um papel em mãos, um aviso de despejo do local. As cenas somem, com as minhas mãos, faço os simples 11,29 dólares virarem 100 mil e 11,29 dólares.
Volto à realidade, com as mãos nos bolsos de meu moletom, todo molhado com a chuva que começou na cidade. Observo a mulher usando um caixa eletrônico 24h do banco nacional de Gotham. Ela vê a mensagem na tela, que foi presenteada por ser uma cliente especial. Ela começa a gritar em euforia e alegria, chorando no processo e comemorando, ao lado dos dois filhos pequenos que à acompanham. Apenas um sorriso surge em meus lábios, com meu coração aquecido.
Volto à andar pela calçada, de cabeça baixa. Um casal passa por mim, se afastando como se eu tivesse uma doença contagiosa. Coloco minha toca, seguindo meu caminho sem olhar para trás.
—Victor... Victor, essas são as palavras e previsões de um cientista, foi assim que eu falei com você, agora—de volta ao apartamento, encaro o gravador enquanto o seguro, o vem serrado—agora, vou falar do coração, não como cientista, mas como pai—sem pensar nenhuma vez, meus dedos metálicos esmagam o gravador, o deixando em pedaços. Abro minha palma, deixando os pedaços caírem na mesa de madeira.
Ouço um barulho surgindo nas escadas de emergência do prédio, junto de gritos e grunhidos. Com cautela me aproximo da janela, transformando meu braço esquerdo em um canhão de rajada. Ao olhar pela fresta, reconheço o inseto gigante do desenho que meu pai tirou foto do detetive. Rapidamente pego a caixa em meus braços, segurando firme e ativando meu canhão. Ouço pessoas gritar do lado de fora e luzes da polícia surgirem. O monstro assustado desiste e voa para longe, na direção do céu escuro. Respiro aliviado. Encaro o objeto em minha mãos. Eu preciso tirar essa coisa daqui.
[...]
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