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Talvez esta seja uma carta para a Morte ou apenas mais um dos meus delírios, já que eles têm sido mais frequentes desde que me trancaram aqui. O que eu fiz de tão errado?

No começo, era tudo escuro. Aos poucos, o tom mórbido se tornou cinza e foi clareando, até ficar branco. Naquele momento, eu vi a oportunidade de pintá-lo com as minhas próprias cores.

Com o meu sangue, colori as paredes invisíveis e dei forma aos objetos, mas era tudo tão sem graça. Então decidi misturar o vermelho com as lágrimas salgadas que escorriam pelo meu rosto.

Os dias foram passando e eu percebi que ele me traiu. Sim, a pessoa que eu mais confiava havia me dado uma rasteira. Eu fui tão ruim assim? Ou ele que não soube lidar com o meu jeito único de ser?

Criei uma janela e através dela consegui enxergar com clareza. Eles me aprisionaram aqui para dar lugar a um novo protagonista, alguém com o rosto perfeito para estampar a capa do livro que deveria ser meu.

Roubaram a minha história e a modificaram até cair no gosto do público. Agora é ele quem carrega os créditos por tudo. Ele está desempenhando o meu papel com tanta maestria e graça, mas nunca será como o material original.

O tempo correu e eu esperei pela Morte. Ela é o demônio que come todas as ideias dele que não deram certo ou que foram jogadas para escanteio, assim como eu fui. A culpa é nossa?

Hoje consigo chamar isso de casa, mas nunca de lar. Afinal, eu sairei daqui e vai ser através de quem ele menos espera. Já tenho o plano perfeito, devo apenas esperar pelo momento certo.

Venha comigo que você verá um mundo de pura imaginação. Tudo o que você quiser se tornará real, até mesmo a minha liberdade. É só olhar para os lados enquanto navega pela minha criação e permitir que o paraíso te engula.

Com amor, D :)

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