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Capítulo III - Si vis amari, ama

— E então, já estamos chegando? —Abner questionou os bandidos. — Eu tô muito apertado, quero fazer xixi.

— Rapaz, tu é chato pra caralho. —Um deles respondeu. — Você deu sorte que te querem vivo, se não eu mesmo te mataria.

Abner ficou em silêncio e ponderou sobre a necessidade de permanecer tanto tempo com um saco preto na cabeça. Embora a curiosidade consumisse a sua mente, ele sabia que não havia como escapar.

Depois de aproximadamente três horas na companhia dos sequestradores, Abner acabou se acostumando com eles e até tentou fazer amizade com alguns, mas em vão. Eles realmente eram difíceis de conversar e só se comunicavam entre si.

O tempo correu lentamente e isso já estava saturando ambas as paciências. Abner não aguentava mais ficar preso no assento e os bandidos não aguentavam mais aquela companhia perturbadora.

Do Uber, Abner pulou para um avião de pequeno porte. Pela distância percorrida, eles saíram de Minas e foram para um lugar distante, mas ainda dentro do país. A questão era saber para qual estado estavam indo e Abner era péssimo com geografia.

Inevitavelmente, um desejo súbito surgiu em sua mente e isso o fez racionalizar tal pensamento numa forma cômica de aliviar a própria angústia: cantarolar e dançar.

— Queencard! I'm hot, my boob and booty is hot. —Abner cantava o refrão de uma música, sem vergonha alguma. — Spotlight! I'm a star, star, star...

— Não sabe cantar a parte em coreano? —O mascarado ao seu lado comentou.

— Na verdade, o autor que não sabe escrever e decidiu pular. —Abner sorriu e tentou se localizar pela voz do bandido. — Aliás, desde quando você conhece o kpop?

— Acompanho alguns grupos. Não posso mais?

— Bom... —Abner hesitou. — Você é bandido.

— E isso não me impede de ouvir kpop.

— Perdão, sou militante nas horas vagas. Canta comigo então, o tédio tá me entediando.

A princípio, ele recusou e se afastou, mas Abner ficou balançando a cabeça e aquilo derreteu o coração do rapaz. Abner sabia ser convincente quando queria, uma pena que isso não funcionava direito.

Sem receio, o bandido se levantou e foi até o meio do avião. Os seus comparsas não perderam tempo e o acompanharam, até que ambos se posicionaram prontos para apresentarem uma performance digna.

Abner estranhou a movimentação repentina e os passos cessaram. Era o seu momento de brilhar, então ele desprendeu o cinto e retirou o saco preto da cabeça, e foi até o meio da roda que os bandidos formaram. No total, eram cinco pessoas e a música surgiu dos alto-falantes, anunciando que estava na hora de rebolarem a bunda.

Hey, you 뭘 보니?
(Ei, você aí, o que está olhando?)
내가 좀 sexy, sexy 반했니?
(Eu sou um pouco sexy, sexy, você se apaixonou?)
Yeah, you 뭐 하니?
(Sim, você aí, o que está fazendo?)
너도 내 kiss, kiss 원하니?
(Você também quer o meu beijo, beijo?)
월, 화, 수, 목, 금, 토, 일, 미모가 쉬지를 않네
(De segunda à domingo, minha beleza não descansa)
머리부터 발끝까지 눈부셔 빛이 나네
(Do topo da cabeça até os pés, meu brilho é radiante)
Oh 저기 언니야들 내 fashion을 따라 하네
(Ah, aquelas garotas estão copiando a minha moda)
아름다운 여자의 하루는 다 아름답네
(O dia de uma linda garota é todo lindo)

이 party에 준비된 birthday cake
(Trouxe um delicioso bolo de aniversário só para essa festa)
태어나서 감사해 every day
(Sou grata por ter nascido, todos os dias)
I don't need them
(Eu não preciso deles)
그래 내가 봐도 난 (three, two)
(Até mesmo porque eu me acho uma...)

퀸카 I'm hot
(Diva, eu sou gostosa)
My boob and booty is hot
(Meus peitos e bumbum são gostosos)
Spotlight 날 봐
(Sou o centro dos holofotes)
I'm a star, star, star
(Uma estrela, estrela, estrela)
퀸카 I'm top
(Diva, eu sou a melhor)
I'm twerkin' on the runway
(Estou rebolando na passarela)
I am a 퀸카
(Eu sou uma diva)
You wanna be the 퀸카?
(Você também quer ser uma diva?)

I'm a 퀸카
(Eu sou uma diva)
I'm a 퀸카
(Eu sou uma diva)
I'm a, I'm a, I'm a 퀸카
(Eu sou, sou, sou uma diva)
I'm a 퀸카 (take a photo)
(Eu sou uma diva, tire uma foto)
I'm a 퀸카
(Eu sou uma diva)
I'm a 퀸카
(Eu sou uma diva)
I'm a, I'm a, I'm a 퀸카
(Eu sou, sou, sou uma diva)
I'm a 퀸카
(Eu sou uma diva, caralho)

Look so cool, look so sexy like Kim Kardashian (uh)
(Pareço tão legal e tão sexy, como a Kim Kardashian)
Look so cute, look so pretty like Ariana
(Pareço tão fofa e tão bonita, como a Ariana)
I wanna with you 뽀뽀
(Eu quero te abraçar)
I wanna with you 포옹
(Eu quero te beijar)
자꾸 이뻐져 거울 속 너
(Meu reflexo no espelho é tão maravilhoso)

이 party에 준비된 blue champagne
(Trouxe até um champanhe azul só para essa festa)
태어난 걸 축하해 every day
(Parabéns por ter nascido, todos os dias)
I don't need them
(Eu não preciso deles)
그래 내가 봐도 난 (three, two)
(Até mesmo porque eu me acho uma...)

퀸카 I'm hot
(Diva, eu sou gostosa)
My boob and booty is hot
(Meus peitos e bumbum são gostosos)
Spotlight 날 봐
(Sou o centro dos holofotes)
I'm a star, star, star
(Uma estrela, estrela, estrela)
퀸카 I'm top
(Diva, eu sou a melhor)
I'm twerkin' on the runway
(Estou rebolando na passarela)
I am a 퀸카
(Eu sou uma diva)
You wanna be the 퀸카?
(Você também quer ser uma diva?)

I'm a 퀸카
(Eu sou uma diva)
I'm a 퀸카
(Eu sou uma diva)
I'm a, I'm a, I'm a 퀸카
(Eu sou, sou, sou uma diva)
I'm a 퀸카 (take a photo)
(Eu sou uma diva, tire uma foto)
I'm a 퀸카
(Eu sou uma diva)
I'm a 퀸카
(Eu sou uma diva)
I'm a, I'm a, I'm a 퀸카
(Eu sou, sou, sou uma diva)
I'm a 퀸카
(Eu sou uma diva, caralho)

아무거나 걸친 girl (girl)
(Se uma garota usa o que ela quer...)
퀸-카-카-카
(Ela é uma diva-va-va)
마르거나 살찐 girl (girl)
(Não importa se é magra ou gorda...)
퀸-카-카-카
(Todas somos divas-vas-vas)
자신감 넘치는 girl (girl)
(E se ela é uma garota confiante...)
퀸-카-카-카
(Ela é uma diva-va-va)
I am a 퀸카
(Eu sou uma diva)
You wanna be the 퀸카?
(Você também quer ser uma diva?)

Após o show finalizar, os bandidos voltaram à postura de antes e isso magoou alguém que tinha amado o momento. Abner percebeu que nem todo mundo é seu amigo e que alguns só querem aproveitar da sua personalidade extrovertida. Quem mais faria quatro bandidos dançarem assim? Apenas ele e ele sabia disso.

Um tanto cansado, ele olhou para os bandidos e decidiu voltar ao seu assento. Mesmo que contra a sua vontade, Abner prendeu o cinto novamente e tornou a usar o saco preto. Qual o sentido disso? Seguir o roteiro, obviamente.

— Isso foi muito divertido, obrigado! —Ele sorriu por trás da cobertura facial.

— Isso o quê? —Um dos bandidos comentou.

— A gente dançando e cantando kpop.

— Você é bem esquizofrênico, não acha?

— Já me perguntaram isso e sim, eu tomo remédio tarja preta. —Abner cruzou os braços, como forma de desaprovação.

Uma porta enorme se abriu e a luz solar invadiu o compartimento onde mantinham o Abner preso. Um dos bandidos se aproximou e retirou o saco preto da sua cabeça. Toda aquela claridade o cegou por um instante, o obrigando a fechar os olhos e jogar o rosto para o lado. Aos poucos, ele se acostumou e voltou a enxergar normalmente.

Sua ficha caiu e ele percebeu que aquilo realmente era um sequestro. Embora esse pensamento fosse persistente, sua atenção foi desviada para uma figura humana um pouco mais a frente da rampa de descida. Seria a polícia numa tentativa de dar voz de prisão? Não, pouco provável. Ah, era o Kayc num resgate espetacular? Também não, ele era muito magro para isso.

Abner reparou rapidamente na pessoa e percebeu ser alguém do seu tamanho, só um pouquinho mais gordo e negro, e se espantou ao ver que sua roupa era da mais alta costura. Com certeza não era o Rian, aquele só se vestia com roupas baratas e falsificadas.

— Finalmente você chegou, estava ansioso. —O homem estendeu a mão e sorriu.

— Meio difícil eu ir até aí, já que tô preso nessa merda de cadeira. —Abner respondeu num tom irônico.

— Uai, é só desprender o cinto.

Abner olhou para baixo e percebeu que não esteve algemado durante o sequestro, apenas esteve com o cinto preso. Que fofo, os bandidos se preocuparam com a sua segurança.

— Então quer dizer que eu podia ter batido nesses caras e fugido pra bem longe de vocês? —Abner soltou o cinto.

— Teoricamente sim, mas fugir não teria adiantado porque você estava num avião. Ia pular no mar?

— É, tava testando a sua inteligência. —Abner limpa a garganta. — Quem te garante que eu não vou pegar um desses fuzis, matar todo mundo e voltar pra casa?

— Se você souber como pilotar um avião, tente a sorte.

— Eu deixo o piloto vivo e mato ele quando chegar em casa.

— Deixa de besteira, você nem casa tem.

— Filho da puta.

Definitivamente a vida pessoal do Abner tinha sido exposta no Twitter por algum hater e a notícia se espalhou como uma praga, atingindo até mesmo o canto mais remoto do Brasil. Fofocas correm rápido até demais.

— Anda, venha aqui. Quero me apresentar. —O homem fez um sinal de pressa com a mão.

— Se você tentar qualquer coisa, eu juro que chuto seu saco e saio correndo. —Abner respondeu ainda dentro do avião.

— Mais fácil você chupar ele.

Abner foi até o homem e se assustou quando viu suas feições com mais precisão. Não era o Kayc, nem a polícia e nem o Rian. Era o riquinho nojento, vulgo Samuel ou Sugar Daddy. Ele não estava brincando quando disse que queria conhecê-lo pessoalmente, Abner só não esperava que fosse dessa forma.

— Gostou da surpresa que eu preparei? —Samuel sorriu novamente. — Foi de coração.

— Nossa, eu amei! —Abner debochou. — Sempre quis ser sequestrado assim.

— Era isso ou a polícia te barrando no aeroporto.

— Nenhuma das duas opções são válidas, então que se foda.

— Você pediu a minha ajuda e eu te ajudei, agora vim cobrar a segunda parte do acordo. —Samuel segurou o braço de Abner com firmeza. — Eu livrei o teu rabo daquele acidente, não se esqueça disso.

— Eu não preciso que me lembre das cagadas que eu faço por aí, idiota. —Abner se desprendeu do apertão.

— Bem diferente do jeito que você me tratava pelo celular. Que engraçado, não acha?

— É o calor. —Abner sorriu sem graça. — Eu gosto de você e não quero que minha primeira impressão seja negativa.

— Vá se acostumando, aqui faz calor até no inverno.

— E onde estamos?

— Em Salvador, na Bahia. —Samuel estendeu os braços, sentindo a brisa leve bagunçando o seu cabelo.

Abner olhou para os lados e ficou incrédulo, espantado, assustado, maravilhado e mais um misto de emoções. Tudo de uma só vez. Ele sabia que aquele calor não era normal e sua intuição nunca falhou, só algumas vezes.

Samuel estendeu a mão para Abner e o levou até a entrada de uma enorme mansão, com um jardim magnífico na entrada, e que deixaria até mesmo Hórus e Rá de boca aberta. Ele estava em solo de gente rica e a possibilidade de se misturar com o alto-escalão o amedrontava.

No portão da frente, outra figura humana repousava como uma estátua. O homem praticamente imóvel não esboçava semblante algum, era tipo parte da decoração, só que de um jeito bizarro. Sua cabeça era quase careca, talvez um tanto calvo, e isso arrancou uma risada do Abner.

— Gabriel vai te levar aos seus aposentos. —Samuel anunciou animado. — Se prepare para a festa de casamento.

— Festa de casamento? —Abner perguntou desconfiado, até que se lembrou do acordo.

Samuel se distanciou sem dar nenhuma resposta e o tal Gabriel, um homem simpático, foi na direção do Abner. Ele usava um terno de grife e sequer transpirava, mesmo naquele calor infernal.

— Boa tarde, senhor Abner. —Ele fez uma reverência

— Não precisa me tratar com formalidade, não sou senhor de ninguém. —Abner semicerrou os olhos.

— Perdão, senhor.

— Para de me chamar de senhor, porra, eu ainda sou novo. Não sou o velho do seu pai.

— Aqui não temos o costume chulo de xingar os familiares alheios, peço que direcione sua raiva a mim.

— Eu vou direcionar é pro arrombado do Samuel. Ele tá precisando de uma cabeçada bem dada.

— Ele é uma boa pessoa e com calma você vai perceber isso. —Gabriel guardou a mão direita no bolso. — Agora me dê a honra da sua companhia, quero te levar ao seu quarto.

— Hum, gostei de você. —Abner brincou com os dedos. — É algum tipo de escravo?

— Felizmente não existem mais escravos, sou apenas o braço direito do senhor Samuel.

Abner ficou em silêncio e seguiu o calvo. Os dois passaram por diversos cômodos da mansão, mas o que mais chamou a atenção foi o enorme salão central, totalmente decorado com móveis caríssimos. Depois de uma breve caminhada, eles finalmente chegam ao destino: um puta quarto de rei.

Diferente dos outros quartos da mansão, aquele era maior e portava uma cama mega confortável no meio, entre duas escrivaninhas de canto. Havia um ar condicionado que espantava as ondas de calor e Abner gostou da tecnologia.

— Os rapazes cuidarão de você por enquanto. Tenha uma boa tarde, senhor.

— Já falei que meu nome é Abner, caralho.

— Perdão, senhor. —Gabriel se retirou e fechou a porta do quarto.

Um grupo de seis homens musculosos e sem camisas, apenas com calças de seda, estavam espalhados pela enorme cama e exalavam um perfume divino que atraía o olfato aguçado do nosso predador de macho. Sem cu doce ou arrependimento, ele se encaixou no meio deles e rapidamente se sentiu em casa.

Era como uma despedida de solteiro no paraíso. Estar cercado por aqueles homens trazia uma sensação avassaladora e o que Abner mais queria era aproveitar cada segundo, porque sua vida se tornaria um inferno no dia seguinte e ele sabia disso.

— Pensando bem, até que não é uma má ideia casar com o Samuel. —Abner sorriu maliciosamente enquanto observava o grupo aos seus pés.

— Estamos aqui para serví-lo, senhor. —O único moreno do grupo pronunciou.

— Senhor não, por favor. Assim me sinto um velho. Me chamem de putinho. —Abner continuou com sua perversidade. — No meu estado, esse é um título dado ao homem mais disputado. Muitos já se mataram porque não tiveram o meu amor.

— Nós sabemos o que é um putinho. Não somos bárbaros, mas se prefere ser chamado desse jeito, então assim será.

— Oh. —Abner sorriu sem graça. — Fui pego na mentira.

— Separamos uma porção de frutas. Qual vai querer primeiro, putinho?

— Quero aquele cacho de uva. —Abner apontou para o cacho repleto de uvas, como se fosse geneticamente modificado.

— Por favor, deite-se no meu colo. —Um dos rapazes pediu.

— Não, deite-se no meu. Eu imploro! —Outro deles tomou partido.

— Ele quer deitar no meu colo. —O que estava no pé da cama disse com uma voz firme.

— Calma, meninos. Tem Abner pra todos vocês.

— Então escolha em qual colo se deitará, putinho. —O moreno ofereceu os rapazes com um sinal.

— Vou deitar no colo desse aqui. —Abner acabou escolhendo o que estava no pé da cama.

Com um serviço digno de um rei poderoso, o moreno separava uva por uva e colocava uma por uma na boca do Abner, sempre se atentando ao intervalo entre uma engolida e outra. Na ponta, um fortão massageava os pés dele com um pano morno. Dos lados, dois dos gostosos passavam óleo em sua barriga, percorrendo desde o caminho da felicidade até entre seus peitos macios.

Abner se deliciava com a sensação de ser servido e aquilo excitava o lado sexual da sua mente maliciosa. Sem muita demora, o que era pra ser um encontro terapêutico acabou virando uma suruba que deixaria até mesmo Ísis e sua distante parceira, Afrodite, boquiabertas com a cena.

Os corpos suados deixavam a cama cada vez mais molhada, os gemidos altos estremeciam todo o estado da Bahia e a conexão aumentava o tesão de ambos, até que aquela transa se tornou marcante ao ponto de se perguntarem se eram deuses fodendo impiedosamente.

Aqueles homens sabiam o que estavam fazendo e a cada metida, Abner implorava por mais. Ele nunca havia sentido tamanho prazer e assim o dia virou noite.

Deixando de lado a exaustão e o cu pingando leite, Abner estava pronto. Ele nem se lembrava que iria casar com alguém que não amava. Aos poucos, sua ficha foi caindo e ele se viu num beco sem saída, mas não tinha muito o que fazer. Seu destino amoroso estava selado e tudo por culpa daquela cagada na boate.

— Você se mete em cada uma, hein? —Ele disse em frente o espelho. — Pelo menos vai se casar com um homem rico e não com aquele fodido do Rian.

Gabriel reapareceu e entrou no quarto. Percebendo que seu senhor estava desolado, ele tentou consolar a figura depressiva, que estava montada num terno feito sob medida e que realçou perfeitamente o corpo de quem o vestia, mas em vão. A cada tentativa, parecia piorar tudo e então o deixou quieto.

Em passos lentos, Abner caminhou pelo jardim lotado de pessoas que vieram só para acompanhar o casamento mais esperado do ano. Pelo menos para eles que não sabiam da falcatrua criminosa, claro.

Era uma multidão esmagadora, tanto de familiares do Samuel quanto de repórteres assanhados. Parecia um circo, um show de horrores talvez, mas era necessário para Abner manter o nome e a imagem limpos.

— Você está ainda mais belo! —Samuel abraçou o seu noivo.

— De que adianta estar belo pra um homem que eu sequer amo? —Abner despejou seus pensamentos negativos.

— Você quer ser amado, mas você mesmo não ama ninguém, nem a si próprio. —Samuel retrucou.

— Não me faça bater em você na frente desse circo montado. —Abner sussurrou e depois fingiu um sorriso simpático.

— Não é um circo, é a minha família e amigos. Inclusive, trouxe seu melhor amigo também.

— O Kayc? Cadê ele? —Abner procurou com o olhar.

— Tá se divertindo ali no meio. —Samuel apontou para uma pista de dança. — Ao contrário de você, ele sabe aproveitar as oportunidades que a vida dá.

— Eu aposto que ele não sabe que eu fui sequestrado. Ou você contou isso pra ele?

— Ninguém além de nós precisa saber disso. Você vai se casar comigo, queira ou não. Eu espero décadas se for preciso, até você me amar de verdade.

— Nunca, eu estou sendo forçado.

— Você se forçou a isso, não se esqueça. —Samuel segurou a cintura do Abner. — Eu realmente te amo e te agradeço por ter adiantado as coisas.

Abner se contorceu de ódio e desespero por dentro, mas tentou ao máximo não deixar isso transparecer, ainda mais com uma caralhada de câmeras apontadas para ele. Se Samuel quer um marido, então ele terá. Aliás, o que de ruim pode acontecer? Samuel é podre de rico e todo mundo quer alguém assim, não é?

Meia noite em ponto, o casamento começou e todos se posicionaram em fileiras horizontais. Era uma multidão de palhaços assistindo a maior desgraça que poderia acontecer na vida de alguém.

Ao som de uma orquestra bem montada, Abner realizou sua entrada triunfal, sorrindo e acenando para a plateia de patetas, enquanto prometia para si mesmo que daria um jeito de sugar tudo o que Samuel havia construído até então.

No meio do pessoal, Kayc gritava de felicidade e acabava chamando a atenção indesejada das pessoas, que fizeram um sinal sincronizado de silêncio. Ele não ligava e insistia no escândalo. Abner mostrou o dedo do meio para ele e aquilo admirou aqueles que sabiam apreciar um humor quebrado, enquanto apavorou outros que esperavam um casamento padronizado e elegante.

Ao chegar no altar, o padre iniciou seu discurso sobre amor e todas as baboseiras que nós somos obrigados a escutar normalmente, mas Abner estava cansado daquele teatro e pediu que pulasse o clichê e fosse ao que interessava, com o pretexto de que não aguentava mais esperar para finalmente beijar o homem da sua vida.

— Samuel, você aceita Abner como seu único e legítimo esposo? —O padre perguntou com o óculos na ponta do nariz.

— Sim, aceito.

— Abner, você aceita Samuel como seu único e legítimo esposo?

— Único não, mas aceito.

— Então eu, com o poder que me é concedido pelo estado e por Deus, os declaro marido e marido, e selo essa união com o toque dos lábios do homem da relação. —O padre sorriu. — Samuel, pode beijar o noivo.

— Nem fodendo que essa maricona é o homem da relação. —Abner tentou escapar, mas sentiu uma mão pesada o puxar para mais perto.

Samuel o beijou intensamente e o público foi à loucura, comemorando e assoviando para os dois. Chega a ser engraçado pensar que aceitaram tão bem um casamento homoafetivo, mas ok. É uma história, certo?

Bom, entre ser preso ou obrigado a se casar, Abner sabia qual era o menos pior e ele fez a sua escolha. Uma coisa é certa: pelo menos ele teve uma despedida de solteiro digna.

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