Capítulo 5 - Eu Sou A Matriz
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Como reagir a um flagrante de traição?!
"Logo o Enzo que se dizia inseguro e que até mesmo desconfiava de mim com o Roque!?"
Era o que Mary pensava ainda descrente, vendo o marido ao lado de outra mulher. Enzo também surpreso, sem ainda dizer uma palavra, observava a esposa parada boquiaberta em sua frente.
__ Estou esperando sua resposta senhor Enzo Batista! Será que o que meus olhos veem, tem alguma explicação plausível?! - Cerrou os punhos muito indignada. Deu uma pausa sem tirar os olhos do casal na cama.
__ Se você não tirar essa baranga da minha cama e do meu quarto agora mesmo, eu mesma o farei, mas a base de socos e pontapés! - Gritou exaltada rangendo os dentes e já tencionando fazer o que prometera. Mas ao dar o primeiro passo...
...estreitou os olhos para mulher e não pode acreditar... sentiu cada pelo do corpo se arrepiando, parecia estar vendo um fantasma... era a sua própria personificação ali ao lado de Enzo. Uma cópia idêntica de si. Seria seu clone?! Não, isso não pode ser verdade!
__ Enzo... - olhou para o marido esperando dele a resposta para o fenômeno a sua frente.
__ Mais um lote com problemas? - A mulher, suposta cópia de Mary, perguntou a Enzo.
__ Parece que sim. Ela não foi programada para ter esse tipo de comportamento. Não poderia estar tendo esses sentimentos; Ciúme, ódio, revolta, ira... com certeza algum circuito está com problema. - Enzo explicou com cara de espanto, sem tirar os olhos da mulher de pé a sua frente.
__ Enzo, o que você está dizendo?! O que uma cópia minha faz ao seu lado?! - Mary, pasma, queria logo uma explicação. __ Criou um clone meu?! Quando você fez isso?! Por quê escondeu isso de mim?!
__ Eu nunca escondi de você, eu não preciso esconder isso de você... - Enzo respondeu sério se levantando calmamente da cama.
Mary deu alguns passos rumo à mulher.
__ Eu preciso tocá-la... - Ela precisava sentir com suas mãos o que os seus olhos viam.
__ Não se aproxime de mim! - A suposta cópia de Mery, logo se alarmou e com medo, correu para trás de Enzo.
__ Está tudo bem, meu amor... confie em mim. Deixe que lhe toque. - Enzo assentiu com a cabeça transmitindo segurança e deu passagem para Mary.
Mary se aproximou de sua cópia e impressionada e lhe tocou com delicadeza no rosto.
__ Não posso acreditar que estou diante de uma cópia minha... como a ciência evoluiu tanto, em tão pouco tempo?! - Mary falou analisando cada detalhe da mulher.
__ Hei! - Enzo chamou a atenção dela que se virou imediatamente para ele. __ Ela não é uma cópia sua... você é que é uma cópia dela.
Mary ficou ainda mais perplexa, riu de nervoso e disse:
__ Quer parar de brincar comigo?! Você sabe como o seu senso de humor é horrível. - Disse descrente.
__ Não estou brincando. Sim. Sou um homem sério. Não faz sentido nem um, brincar com um Android. Vocês não conseguem distinguir ou assimilar esse sentimento. - Explicou.
__ O quê?! - Mery franziu o cenho se mostrando confusa. __ Enzo, por que está fazendo isso comigo? Está me assustando, pare por favor! - As lágrimas já faziam trilhas em sua face.
__ Está com medo também e está chorando! Minha nossa, isso é mais inusitado do que eu imaginava! - Enzo exclamou impressionado, ignorando o comentário da mulher.
__ Esse é o Live Archive na prática? É o resultado do meu projeto? - Mery perguntou temendo pela resposta.
__ Não totalmente. É o seu projeto, mas com algumas alterações. Você não é um clone... é uma máquina, um Android. Baixamos o arquivo de vida dela em você. Existem milhares de Mary's espalhadas pelo mundo. Você faz parte de um lote, nada mais é do que uma mercadoria...
__ Não! Eu não sou uma mercadoria! Você está louco! Eu só posso estar sonhando! - Mery bradou, passou as mãos no rosto se mostrando desesperada.
__ Existem vários modelos de Androids, mas o biotipo dela é o mais
vendido, o mais requisitado e o mais rentável... sua beleza é sem igual, a mais bela do mundo eu diria. - O marido se virou para a mulher ao seu lado que lhe sorriu ao receber um carinho no rosto.
__ Como você pode me trocar por uma máquina?! - Bradou esbofeteando com ira, o marido no rosto.
No seu íntimo Mary acreditava que Enzo por algum motivo queria lhe confundir e tinha total certeza de que ela era de carne e osso, e a outra sim a possível máquina.
__ Ela... - Enzo começou a dizer acariciando o rosto dolorido pelo tapa e se virando mais uma vez para a mulher ao seu lado. __ ... se chama Mary, você... não tem nome, tem apenas uma identificação; B-45... DESLIGAR! - Enzo ordenou.
Ao ouvir a ordem, Mary levou as mãos à cabeça e gritou, caindo automaticamente de joelhos ao chão . __ O que está acontecendo comigo?! Ai! Minha cabeça vai explodir! - Mary gritou franzindo o cenho e chorou ainda mais.
__ É a voz de comando programada em seu sistema. Você deveria obedecê-la, e se auto desligar, é muito estranho que esteja sentindo dores... - Franziu o cenho preocupado. __ Mary... - Falou com a mulher ao seu lado e completou: __ ligue imediatamente para o papai, ele vai querer ver isso! - Falou sério.
__ NÃO SEI O POR QUÊ, MAS VOCÊ ESTÁ QUERENDO ME CONVENCER DE QUE SOU UMA CÓPIA, MAS EU ME NEGO A ACREDITAR! EU NÃO SOU UM XEROX, EU SEI QUE SOU A MATRIZ! - Mary gritou com olhar de fúria, erguendo o rosto e se levantando do chão. Cerrou os punhos e começou a caminhar lentamente rumo a Enzo que deu alguns passos para trás.
__ B-45, essa é sua voz de comando, eu ordeno que pare a onde está! - Enzo gritou na tentativa de fazê-la parar.
Mary franziu o cenho mais uma vez, levou as mãos à cabeça e curvou um dos joelhos indo ao chão novamente.
__ HÁAAA! VOCÊ NÃO VAI ME CONTROLAR! EU SOU A MATRIZ, EU JÁ DISSE! - Mary gritou encontrando força em seu interior para vencer o que fosse que o marido pretendia fazer contra si.
A mulher transtornada correu até a cômoda do quarto e pegou em uma das gavetas uma arma que guardava sempre ali. A engatilhou e a segurando firme, colocou o marido na mira.
__ Mary, meu amor, abaixe essa arma, sei que tudo parece confuso, mas logo você entenderá o que está acontecendo! - Falou pedindo calma com as mãos à sua frente.
__ Agora, me chama de amor?! EU SOU A MATRIZ, E VOU PROVAR ISSO DE UMA VEZ POR TODAS! - Mary bradou já disparando a arma rumo ao marido que é atingido de raspão a altura do ombro que cai e desmaia ao se chocar contra uma das paredes do quarto.
Enquanto isso, a suposta cópia aproveita para fugir, abrindo e saindo logo pela porta com seu telefone no ouvido iniciando uma chamada. Mary percebe sua fuga e atira rumo à ela atingindo e arrancando lasca em um dos portais.
__ Dr. Kalil?! Precisamos de ajuda, um dos Androids está descontrolado, atirou no Enzo e agora está atrás de mim! Por favor, venha logo, ou ele vai matar todos nós! - A suposta cópia dizia desesperada, enquanto corria já começando a descer os degraus da escada.
__ NÃO SE ATREVA A DAR NEM MAIS UM PASSO, OU EU ESTOURO OS SEUS CIRCUITOS! - Mary bradou com a arma em punho, a fitando de cima.
A mulher interrompeu os passos depois de ter descido a metade dos degraus e levantou as mãos para o alto em sinal de rendição.
__ Por favor, não atire! - Implorou por clemência se virando lentamente.
__ Vou te encher de balas, vamos ver se sai sangue ou diesel! - A ameaçou apertando forte a arma, com um sorriso macabro no rosto.
A suposta cópia que era tão bela quanto sua matriz, engoliu em seco, ou seria o contrário?! Bem, era exatamente isso que Mary queria descobrir. Segurou firmemente na arma e tencionou puxar o gatilho, quando sentiu uma lâmina afiada a decepar sua cabeça. Enzo a surpreendeu com um Machado que conseguiu em algum cômodo da casa.
Como em câmera lenta, a cabeça de Mary caiu devagar ao chão, enquanto seu corpo permaneceu de pé ainda com a arma em punho. Fios e circuitos ficaram expostos na parte do pescoço. Curtos provocaram faíscas azuis, e uma leve fumaça branca subia se espalhando pelo ar.
A cabeça desceu rolando os degraus como uma bola provocando um asco na mulher que se afastou boquiaberta e assustada, abriu caminho e encolheu os pés sem tirar os olhos dela até que alcançasse o chão.
A cabeça de Mery olhava com espanto do chão seu corpo ainda de pé no alto da escada. " Como isso seria possível?!" - Pensou. Mesmo diante do que lhe aconteceu e do estado em que se encontrava, se negava a acreditar que era uma mera cópia.
A mulher que agora aparentemente se mostrava a provável matriz, subiu apressadamente a escada e se jogou chorando nos braços de Enzo.
__ Você está bem? - Perguntou preocupado, beijando o topo da cabeça da mulher. A liberou do abraço, retirou a arma das mãos do corpo sem cabeça de pé a sua frente e começou a descer lentamente a escada.
__ Enzo, acredite em mim, eu sou a matriz! - Mery agora reduzida a um membro de seu corpo, implorava do chão e sua voz robótica repetia a mesma frase: "EU SOU A MATRIZ"... enquanto Enzo se aproximava com arma em punho... __ Eu sou a matriz, eu sou a matriz, eu sou a matriz...
Enzo agora próximo a cabeça a olhando de cima, a coloca na mira.
__ Enzo, me escute, não importa de que sou feita, o que importa é que minha alma ainda habitar dentro de mim... eu sou Mery, a mulher que você sempre amou, não consegue perceber isso olhando nos meus olhos? - Mary ainda com a voz robótica, Implorava por uma faísca de sensibilidade que talvez pudesse existir em Enzo.
O homem a fitou nos olhos e com semblante de pena engatilhou a arma.
__ Enzo, não me destrua, eu imploro! ME DEIXE VIVERRRRR! - Mary terminou a frase mostrando todo seu desespero, e viu tudo a sua volta se enegrecer quando Enzo sem remorso, puxou o gatilho.
__ NÃOOOO! EU QUERO VIVER! EU SOU A MATRIZ! EU SOU A MATRIZ!
Mery abre os olhos se erguendo de rompante na cama, e consequentemente acorda Enzo, que se despertava assustado ao seu lado.
__ O que foi meu amor, teve um pesadelo?! - Enzo questiona percebendo o seu desespero. Mery se vira para ele de olhos arregalados, respiração ofegante e suando frio.
__ Me abraça, Enzo! Tive um sonho horrível! Ela diz abraçando o marido e se derramando em lágrimas.
__ Shiu... já passou, eu estou aqui, eu estou aqui... - Enzo a abraça forte.
Depois de alguns minutos no acalento do marido, chorando sem parar, ele a libera do abraço; coloca os fios de cabelos que estavam em seu rosto, atrás da orelha e lhe dirige a palavra...
__ Está mais calma agora? Consegue me contar o que sonhou? - Disse olhando em seus olhos.
__ Sim... foi horrível! Sonhei que você me traía com outra mulher...
__ O quê?! Sonhou com uma traição minha?! Mary, nem no sonho eu faria uma coisa dessas! - Enzo achou inusitado.
__ Eu sei meu amor, mas foi tudo tão real, que mexeu demais comigo!
__ Eu entendo... Foi apenas um sonho.
__ Cheguei em casa procurando por você e fui até o quarto, quando abri a porta você estava na nossa cama com um clone meu...
__ Com um clone?! Minha nossa, que instigante!
[...]
Após ter terminado o relato do sonho, Mary ainda muito abalada chorava deitada sobre o peito do marido na cama.
__ Se o futuro do Live Archive for esse, eu desistirei do projeto! - Mary comenta se lembrando do que passou.
__ Não será! Não vamos criar máquinas, vamos clonar seres humanos, e de alguma forma, transferir arquivos de memória de pessoas incríveis, com histórias de vida incríveis neles...
__ Mesmo eu sendo uma máquina no sonho, eu sentia vida em mim, eu era um alguém, um ser com alma. Nem mesmo uma máquina merece passar o que eu passei, não quero que meu projeto seja usado para esse fim! - Mary diz transtornada com as cenas quase reais desfilando em sua mente quando fechava os olhos.
__ Você está no comando. Você decide as diretrizes e a finalidade do projeto. - Enzo a tranquiliza.
__ Sim você está certo! - Mery concorda começando a se recuperar do pesadelo.
__ Agora espere aqui que eu vou descer até a cozinha e buscar um delicioso pote de iogurte pra você! - Enzo diz sorridente e se levantando da cama, mas antes de sair do quarto beija carinhosamente a testa da esposa que sorrir sem mostrar os dentes.
[...]
Após alguns minutos Enzo retorna ao quarto com o pote de iogurte em mãos. Chama pela esposa assim que vê a cama vazia. Percebe que a luz do banheiro está acesa e caminha até lá. Chama por ela novamente e abre a porta.
__ Mary! - Enzo diz com espanto ao ver o que a esposa havia feito.
Mary com uma navalha em mãos, fita o marido com a parte inferior do pulso à mostra, com um pequeno filete de sangue a escorrer.
__ "Eu sou a Matriz!" - Repetiu o jargão de seu sonho.
O pesadelo ainda afetava a doutora e em seu íntimo a dúvida de que era ou não uma máquina, perdurava...
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