Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

Eu só tenho você





2013

Garotas Proibidas

1.

Isso de usar camisetas regatas estava sendo interessante.

Jimin não se achava forte, mas desde que começara a malhar com Jungkook a coisa toda estava mudando de figura e ele gostava de forçar os músculos recém adquiridos na frente do espelho e ver como eles pareciam inflados nos braços nus.

E era o conceito do álbum, o primeiro deles, que os faria debutar. Bad Boys. Combinava com a sinceridade agressiva da rapp line formada por Yoongi, Namjon e Hoseok. Jimin também achava que combinava consigo. No fundo, tinha um lado bad boy.

Ele só não podia dizer o mesmo de Taehyung.

Era hilário ver o garoto se esforçando para parecer intimidador nas coreografias repletas de testosterona – mas nada em Taehyung era intimidador. Ele era excessivamente fofo, alto e magro, sem uma grama de músculos.

Depois da briga no alojamento, Taehyung era o mesmo garoto alegre e agitado de antes. Jimin achava que ele era o tipo de pessoa que não tinha capacidade de odiar. Dormira na maioria das aulas na escola, mas lembrava de ter estudado isso em biologia, a teoria da evolução: algumas pessoas nascem incapazes de dobrar a língua e assoviar, ou sem apêndice, ou sem os sisos – Taehyung nascera sem conseguir odiar.

Talvez fosse por isso que se magoava tão fácil, Jimin percebeu. Não existia uma barreira nele que revidasse as agressões e a maldade das pessoas, então ele as absorvia. E era por isso que, todas as noites, quando se arrastava para a cama de Taehyung, Jimin dormia satisfeito.

Ele seria essa barreira. Não só a barreira que impedia Taehyung de sair da cama nas crises de sonambulismo – a barreira que o protegeria do mundo. Para sempre.

Jimin tentava ensiná-lo a ser um bad boy. Usar bandanas e bonés ao contrário, forçar os músculos, fazer caretas, e acabava sempre gargalhando do resultado. Numa escala de zero a dez de capacidade intimidadora, Taehyung praticamente ficava do outro lado da margem.

O único ali que parecia realmente confortável no papel que tinham que encenar nos palcos era Min Yoongi. O sujeito era capaz de congelar uma alma só com um olhar, por mais que, no alojamento, fosse bem fácil perceber que era só fachada.

O hyung tinha um fraco por corações sinceros e personalidades afetuosas e não levou muito tempo para se apegar ao jeito carinhoso e expansivo de Jimin e Taehyung, mais receptivo e até mesmo protetor com eles, especialmente com Taehyung.

E Jungkook também se encaixava bem no conceito, mas Jungkook era a carta na manga do grupo, não havia nada que o garoto não soubesse fazer, cantar, dançar, ser fofo ou bad boy, ele simplesmente fazia. Aprendia os passos rápido demais, quase tão rápido quanto Hoseok. Era impressionantemente afiado.

Como na escola, a popularidade de Jimin o ajudou a fazer amizade com o maknae naturalmente. Eles eram uma boa dupla.

Jimin estava feliz. O debut estava próximo.

2.

Eles subiram no palco pela primeira vez e foi assustador. Achavam que estavam prontos, mas não estavam. Foram cruelmente esmagados pela crítica. A reação do público foi de deboche. As calças de Seokjin caíram no meio da apresentação porque o microfone afixado atrás pesava demais e eles eram os primeiros idols que a empresa estava debutando. Ninguém ali parecia saber muito bem o que estava fazendo. Era desesperador.

Jimin via os amigos chorando e não sabia o que fazer. Sua ficha estava caindo e era um filme de terror. Os sonhos deles, tudo que eles esperavam que fosse, não era nada daquilo.

Naquela noite, quando voltaram para o alojamento, jantaram e se prepararam para dormir num silêncio fúnebre, como que velando a morte de algo importante.

Jimin não queria pensar que era de seus próprios sonhos.

3.

Foram mandados para os Estados Unidos para uma espécie de reality show americano. Uma estratégia desesperada de marketing para promovê-los.

Era tudo muito estranho. Mal tinham debutado e deviam ser durões e dar em cima de garotas e imitar trejeitos de garotos do Brooklyn sendo que raramente ou nunca tinham sequer pisado em solo americano, e por mais que Jimin achasse divertido, era um pouco confuso. Conheceram celebridades do hip hop e do rapp. Tiveram aulas com eles, testes de performance. Gravaram um clipe com meninas estonteantemente lindas que claramente eram "mulher demais para o caminhãozinho deles", mas Jimin não tinha vergonha. Namorara garotas antes do debut e sentia falta disso. Entraram cedo demais na indústria do entretenimento e ela pouco a pouco os tragava para um universo que estimulava os sentidos.

Para então castrá-los.

Garotas bonitas os cercando. Gritando o nome deles nos pequenos shows que faziam. Tocando-os, olhando-os como se fossem o namorado dos sonhos.

Jimin não entendia muito bem porque era assim, só sabia que era.

Eles tinham que interagir com aquelas garotas lindas, fingir que as queriam, e na verdade até mesmo queriam. Mas, quando as câmeras eram desligadas e eles pensavam em pegar o telefone de alguma delas ou algo assim, travavam. Não por causa de timidez, mas porque era arriscado. O manager era bem claro: vocês não vão querer estragar a carreira de vocês com um flagra infeliz, não é?

E se fossem pegos com uma garota?

Fãs não aceitam isso. Não importava se estavam nos Estados Unidos ou na Coréia do Sul ou na Nova Zelândia, fã é sempre fã. E eles só existiam por causa delas e por elas.

Aprenderam bem depressa o significado daquela palavra: fã. O paraíso e o inferno. Resumido em duas letras simples.

Tinham que viver para isso. Agradá-las. Cortejá-las. Dar o que elas queriam, alimentar o imaginário de cada uma delas. Fanservice. E então, teriam a recompensa. Sucesso. Fama. Reconhecimento. Amor.

"Vocês têm muita sorte", o manager dizia. "Nossa empresa nem ao menos inclui no contrato que vocês não podem namorar. É uma boa empresa, não acham? A maioria delas usa esse termo como fase de corte. Namoradas ou a fama, o idol escolhe. Mas confiamos no bom senso de vocês, então não ponham tudo a perder por uma noite à toa. E nem estou falando dos erros mais comuns que destroem a carreira de idols novos como vocês como gravidez não planejada, por exemplo."

Esse argumento sempre fazia com que Yoongi parecesse prestes a vomitar e Jungkook arregalava os olhos num pânico mudo, à beira das lágrimas.

"Não pensem que elas são inofensivas só porque dizem que amam vocês", o manager os alertava. "Garotas podem ser cruéis e interesseiras quando querem."

Por mais que no fundo Jimin soubesse que ele estava exagerando para proteger suas carreiras, não ia pagar para ver.

Não se lembrava, sinceramente, de uma época em que se masturbou tanto. Era simplesmente demais tudo aquilo, sentia sua masculinidade sendo testada ao limite. Olhares e cheiros, elas cheiravam tão bem. Baunilha, morango, chocolate. A pele delas parecia tão macia, veludo e cetim.

Proibidas.

Garotas eram proibidas.

Isso ficou mais claro do que nunca quando voltaram para a Coréia e, numa noite em que estavam jantando no alojamento, tiraram uma foto de Seokjin comendo no chão da sala e postaram nas redes sociais. No dia seguinte, a empresa estava recebendo uma enxurrada de reclamações de fãs indignadas com o fato de que havia claramente uma embalagem de preservativo atrás de Seokjin. Nenhum deles sequer percebeu aquela embalagem ali no meio da bagunça do alojamento, provavelmente era da época em que Seokjin namorava e acabou indo parar por ali, entre meias sujas e caixas de sapato.

O que diabos era aquilo?, fãs perguntavam, indignadas, ultrajadas. Seokjin devia explicações.

Foi um dia estranho para eles. Era como se estivessem sendo acusados de ter sexualidade. Mesmo que a culpa recaísse sobre Seokjin, pois era o que aparecia na foto, sentiam-se todos com a guilhotina no pescoço. Eles não sabiam como reagir e, por fim, a empresa emitiu uma nota nas redes sociais em nome de Seokjin, desculpando-se e afirmando que não voltaria a acontecer.

Não voltaria a acontecer.

Eles não iam mais mostrar que tinham vida sexual.

Até porque, como eles estavam percebendo pouco a pouco, sobretudo Jimin, não teriam mesmo.

2014

Eu só tenho você

1.

Eles estavam vivendo na noite.

Conforme as apresentações cresciam e as horas de treino aumentavam, eles eram puxados para uma rotina estafante. Acordar cedo, ir para a empresa e sair quando não havia mais sol. Eles perdiam a noção dos dias, meses. Mas Jimin dizia para si mesmo que era seu trabalho agora e Namjoon tinha bastante consciência disso para mantê-los estabilizados e tranquilos quanto a isso.

Acontece que havia uma coisa que eles estavam conhecendo agora, junto com a fama, e ela se chamava máscara. Nenhum deles tinha planejado isso, mas passar tanto tempo na frente das câmeras criava um personagem para cada um deles, sete garotos sorridentes e engraçados e apaixonados pelo que faziam e as fãs compravam isso. Elas exigiam isso.

Beleza, talento, perfeição.

Jimin está acima do peso, ele lia nas redes sociais. Jimin não tem pálpebras duplas como as de Jungkook. Jimin não é alto o bastante como Namjoon. Jimin não tem a voz tão afinada, ele não sabe cantar. Jimin não é, Jimin não têm, Jimin não sabe.

Quando chegavam no apartamento, geralmente depois das dez da noite, e tomavam banho para jantar, o sangue de Jimin esfriava e ele enfim digeria o turbilhão de coisas pelas quais estavam passando. Ele lia as redes sociais, via as menções sobre ele e o grupo, os shipps que o fandom formava, Jikook, Taekook, Vmin, Yoonkook, Yoomin... Eram tantos. Ele se perguntava de onde tiravam isso, seria daquele abraço que dera em Taehyung num fansign? Ele realmente parecia mais apegado a Jungkook e Yoongi? Ele não achava que fosse, por mais que se desse bem com todos eles, para Jimin a realidade era tão mais ampla e intensa.

Quando chegavam em casa, eles eram só garotos cansados, com saudades de casa e pensando nos compromissos do dia seguinte. Eles comiam juntos e riam juntos e choravam juntos. Dormiam juntos. É claro que ele amava todos eles, estavam juntos agora. Ele aceitaria ser shippado com todos os membros do grupo e isso não seria realmente uma mentira, por mais que soubesse que as fãs iam bem mais longe em suas imaginações férteis. Eles viam as fanarts. Sabiam das fanfics.

Era engraçado. Mas também um pouco... preocupante.

Porque fazia parte da máscara.

Até onde eles podiam se mostrar de verdade?

Jimin sentia que estava sendo substituído à sua revelia por um modelo moldável. Elas diziam que ele não estava nos padrões e ele se esforça para agradá-las, todos eles estavam se esforçando. Era uma pessoa vaidosa por natureza, mas estava levando isso realmente a sério, por elas. Pelo trabalho. A imagem era tudo e ele acreditava nisso cada dia mais e achava que podia lidar. Ele era forte, muito mais forte do que imaginava.

Mas uma noite, quando todos já estavam dormindo, Jimin acordou no meio da madrugada para ir ao banheiro e teve o habitual susto ao não achar Taehyung na cama. Ele nunca ia se acostumar com isso, o pânico que o tomava quando ele imaginava o amigo andando sonâmbulo pela casa e tudo que ele podia pensar é que não tinham consertado o maldito trinco da porta da varanda até agora.

Jimin atravessou o vão da sala que dava para a cozinha e quando seu olhar passou pela varanda, ele gelou. Sentiu o sangue se esvair de seu corpo até deixá-lo imóvel como um corpo sem alma.

Taehyung estava ali, debruçado na balaustrada, o corpo curvando lentamente para baixo como uma criança se esticando, curiosa, na direção das luzes dos carros lá embaixo.

Jimin correu tão depressa que esbarrou na mesinha de centro, mas nem sentiu a dor. Agarrou a parte de trás do moletom de Taehyung e o puxou com tanta força que os dois caíram para trás. Jimin não pensou, não refletiu, ele só começou a chorar em desespero, o coração desabalado pulsando com tanta força que doía, como se ele estivesse enfartando.

"Tae", arquejou, virando-se no chão para Taehyung. "Tae, pelo amor de Deus, por favor..."

Ele nem ao menos sabia pelo quê estava implorando. As mãos voaram para o rosto de Taehyung, que estava assustado, os olhos muito abertos o fitando em confusão e choque. Os polegares de Jimin tocaram a pele aveludada das bochechas dele e só então percebeu que estava úmida debaixo de seus dedos. O rosto de Taehyung estava banhado de lágrimas.

"Jiminie, você ficou maluco?", Tae rosnou, passando as costas das mãos pelos olhos e soluçando.

"Você não estava dormindo?"

"O quê?"

"Não estava tendo uma crise?", Jimin balbuciava, "Eu vi você tentando pular pela varanda e achei que estava tendo uma crise de sonambulismo!"

Taehyung ergueu o braço e escondeu o rosto na curva do cotovelo. Eles ainda estavam no chão, as pernas emboladas, o vento da noite bagunçando seus cabelos.

"Não", Tae murmurou. "Estou acordado. E eu não estava tentando me jogar lá embaixo, eu só estava coçando meu joelho."

O rosto de Jimin ardeu. Sentiu uma vontade maluca de rir e chorar ao mesmo tempo e uma dor aguda na barriga. Talvez o susto tivesse praticamente soltado seu intestino – o quanto isso era ridículo?

Tae afastou o braço do rosto e piscou. As lágrimas tinham subitamente parado e ele só estava perplexo agora, a boca fechada curvada para baixo numa expressão triste.

"Achou que eu estava tentando pular?", murmurou.

"Aish", foi a vez de Jimin esfregar a manga da camisa nos olhos.

"Achou mesmo isso, Jiminie?"

"Seu idiota", Jimin o empurrou.

Limpou o rosto e olhou para Taehyung. Sentia-se meio perdido. Realmente vivera um segundo de pesadelo, em que imaginou um mundo sem Taehyung, som o sorriso quadrado dele, e a risada de garoto e o jeito bobo e meigo. Sem o corpo quente dele dormindo ao seu lado ou o cheiro de shampoo do cabelo dele, que Jimin respirava no meio da noite. E agora estava com a bunda pressionada no chão, o coração explodindo e leve ao mesmo tempo, aliviado, e parecia que ele tinha confessado uma coisa proibida sem querer e ele não fazia ideia do porque estavam se olhando assim tão intensamente.

"Não chore", Tae estendeu a mão e a passou pelo rosto de Jimin, limpando-o enquanto limpava o próprio. "Eu não faria isso."

"Porque está aqui a essa hora chorando sozinho, Tae?"

Taehyung se afastou e começou a levantar. Jimin fez o mesmo e eles se escoraram no parapeito e olharam a rodovia passando lá embaixo, os carros a atravessando em borrões de luzes e metal.

"Não é nada", Tae disse.

Jimin fungou e levou uma mão até o ombro do amigo.

"É difícil para todos nós, mas estamos aqui, ok? Estamos juntos."

Tae assentiu e voltou a chorar, soluçando como uma criança na manga do moletom. Jimin o abraçou por trás e enterrou a testa em sua nuca quente.

"Tae, eu estou aqui. Eu sempre vou estar. Não precisa me dizer o que é, mas não sofra sozinho."

"Eu realmente não sei", Tae arquejou. Jimi sentiu o corpo magro dele tremendo junto ao seu. "Não sei o que é, mas dói e sufoca."

"Tudo bem, você não precisa me dizer nada. Eu vou ficar aqui, certo? Vou ficar aqui abraçando você e você pode chorar, Tae, não tem problema, não é errado."

Taehyung chorou ainda mais. Jimin raramente o vira assim, tão frágil, e por mais que soubesse que estavam passando por muitas cobranças e exigências da empresa, Jimin sabia que havia algo mais ali. Algo pessoal com o qual Tae estava tendo que lidar calado. E também sabia que o amigo não era de se abrir emocionalmente com facilidade, Taehyung podia parecer doce e gentil, mas tinha um lado fechado que relutava em mostrar fraqueza. Fazia sentido que chorasse escondido e mostrasse um lado mais bobo e alheio na frente dos outros.

"TaeTae", Jimin sussurrou quando Taehyung enfim se acalmou em seus braços. "Você se sente melhor?"

Ele assentiu. Jimin se afastou, colocando-se ao lado dele outra vez, e Taehyung tirou o celular do bolso, abriu a câmera e focou a cidade.

"É bonito como as luzes desfocam se você olhar por muito tempo sem piscar", ele disse de repente. "Tente isso, Jiminie. Olhe para elas sem piscar e veja como parecem se tornar estrelas."

Jimin fez e riu quando seus olhos arregalados arderam no vento gelado. As luzes cresciam e explodiam em focos coloridos na noite, uma galáxia girando diante de si. Era bonito.

Taehyung ergueu o celular e começou a tirar fotos. Ele as mostrou para Jimin e eles riram juntos porque estavam totalmente tremidas e embaçadas.

"Não prestaram", Jimin disse. "Tire outras."

"Mas eu quero assim. Veja, as luzes saíram esticadas. Parecem vaga-lumes. Me faz lembrar da fazenda, dava para ver o jardim da janela do meu quarto e sempre havia vaga-lumes lá embaixo, de madrugada", Tae pegou a mão de Jimin e entrelaçou os dedos. Antes que Jimin pudesse perguntar o que ele estava fazendo, Taehyung tirou uma foto e cutucou o celular.

"Espere, vai postar isso? Nossas mãos?"

Taehyung não respondeu. Um minuto depois, as fotos estavam postadas no Instagram oficial do grupo, com a mensagem eu só tenho você. Jimin se encolheu um pouco, rindo, e Taehyung sorriu também, apertando ainda mais as mãos.

"Sim, você tem a mim, Tae", Jimin disse, mal contendo o sorriso. Estava feliz por fazer Taehyung voltar a sorrir. Isso parecia certo.

"Veja, forma um V", Taehyung mostrou a foto outra vez. A mão deles estava entrelaçada no meio da foto e, em cima delas, as rodovias se uniam, se tocando no alto como um v luminoso dourado e vermelho. Por alguma razão, Tae sorriu orgulhoso por isso.

E Jimin sentiu um calor no peito, queimando devagar.

Dormiram na mesma cama, como acontecia quase todas as noites, mas dessa vez Taehyung acomodou a testa na nuca de Jimin e não o contrário. Jimin estava sendo guiado para o mundo dos sonhos pela respiração suave e quente do amigo em sua pele, quando sentiu um toque deslizando por seu couro cabeludo até o início da espinha dorsal.

"O que está fazendo, TaeTae?", murmurou sonolento.

"Você tem uma pinta aqui", Taehyung disse, a voz arrastada. Jimin ainda se surpreendia com o fato de que a voz de Taehyung era diametralmente oposta à sua personalidade meiga. Fazia com que ele parecesse mais velho e dominador.

Dominador? De onde tinha tirado isso?

"Só percebeu agora?"

"Não", a risada curta de Taehyung trovejou em sua nuca e Jimin percebeu que ele estava perto demais, a boca quase colada em sua pele. "É fofa. Como a de Jeongguk, mas a dele é do lado do pescoço. E embaixo da boca. E algumas nas bochechas. E na coxa. E ele tem uma na lateral do bumbum também..."

"Durma, Tae", Jimin o cortou, de repente sem ânimo para conversar.

"Eu também sei onde ficam as suas", Taehyung insistiu em tom de desculpa, o que fez Jimin abrir os olhos no escuro, sobressaltado. Ele sabia? "Clavícula, mão, e você tem uma no bumbum também, só que mais em cima e atrás. Aqui..."

Quando sentiu a mão de Taehyung deslizar por dentro do elástico de sua bermuda, Jimin virou-se depressa no colchão, ficando de frente para o amigo.

"Taehyungie", sussurrou em tom confidente, o coração disparando e sensações borbulhantes preenchendo seu peito e baixo ventre. Parecia com o que sentia quando era criança e ia em parque de diversões e entrava naqueles labirintos mal-assombrados, exceto que não era mais criança e havia algo a mais adicionado àquilo. "O que você tem com Jeongguk?"

Ele não sabia dizer quando tinha começado, antes do debut? Logo depois? Talvez tivesse a ver com os ruídos que ouvia no alojamento no meio da madrugada e que, às vezes, pareciam fruto de sua imaginação. Murmúrios suaves. Estalos úmidos. Começaram mais ou menos na mesma época em que Taehyung passou a se esgueirar para a cama de Jungkook nas crises de sonambulismo. Jimin pegava no sono sem querer no sofá ou na cama de outro membro, e acabava esquecendo de proteger Taehyung. Sem a barreira do corpo de Jimin, ele saia livremente pela casa, o que não era novidade para nenhum dos garotos. A novidade era que, em vez de vagar pela cozinha e pelo corredor, ele ia parar na cama de Jungkook.

E, depois disso, eles começaram a assumir um comportamento esquisito. Aéreos. Inquietos. Toda hora juntos. Toda hora se tocando. Taehyung era um garoto tátil e afável, Jimin sabia, mas era diferente com Jungkook. A forma como os dedos de Taehyung moldavam-se à curva da orelha do maknae, da nuca, cuidadosamente suave... Havia carinho ali. Desejo. Taehyung não tocava em mais ninguém assim.

Jimin não sabia o que pensar disso. Na maioria das vezes preferia fingir que não estava percebendo nada daquilo, mas havia uma coisa que o perturbava cada dia mais.

Taehyung gostava de garotos?

Isso incomodava Jimin de uma forma que ele não conseguia entender. Não o fazia sentir repulsa do amigo, era diferente. Estava se dando conta de que Taehyung tinha uma profundidade emocional bem mais complexa do que jamais supunha e isso, por alguma razão, despertava uma empatia incomum em Jimin.

Tae ficou em silêncio e Jimin percebeu que ele estava decidindo se lhe contava ou não. Demorou muito a responder e Jimin resolveu lhe dar perguntas com respostas mais simples:

"Vocês se beijam?"

"Sim."

"Vocês se tocam?"

"Sim."

Jimin engoliu em seco. Onde queria chegar com aquele questionário? Estava assustado com a própria curiosidade e talvez aquela noite estivesse adquirindo uma intensidade que ele não planejava. Mas se apegou ao fato de que Taehyung estava lhe contando coisas que certamente eram um segredo para todos e no mínimo isso fortalecia o laço de amizade entre eles.

"É bom?"

"Sim."

"Você...", Jimin molhou os lábios, a boca subitamente muito pastosa. "Está gostando dele?"

Taehyung hesitou.

"Não sei."

"Está tudo bem, Tae, não vou te julgar por gostar de garotos. Nenhum de nós vai."

Sentiu uma movimentação ao lado de si quando Taehyung ajeitou-se no travesseiro que compartilhavam e ficou em silêncio. Os tornozelos dele engancharam no seu num nó e ele acomodou melhor o travesseiro entre as pernas antes de mergulhar em silêncio. Jimin também parou de falar, mas ficou desperto ainda muito tempo depois que a respiração de Taehyung ficou regular e leve.

Dormiu bem pouco naquela noite.

2015

#Selfie

1.

Corria com Taehyung por um túnel profundo. As risadas ecoavam pelas paredes de ladrilhos encardidos e havia uma luz distante girando e pulsando lá no final. Jimin não sabia porque estava correndo naquela direção, com Taehyung, só sabia que era bom. O vento gelado da noite beijava a pele de seu pescoço quente. Quando ele olhava para o lado e via Taehyung sorrindo, os cabelos lisos espalhados em mechas de cetim sobre a testa, sentia que tudo ia ficar bem.

Mas então, de repente, alguém o chamou.

"Jimin!", uma voz de garoto. E, em seguida, outras vozes se sobrepondo e o chamando como lobos uivando para a lua: "Jimin, Jimin, Jimin, JIMIN!"

Ele estacou. Olhou para trás. Só havia escuridão.

"Vamos", Taehyung o instigou, parando também, a respiração pesada. "Jiminie, vamos!"

Sentiu os dedos longos e macios de Taehyung entrelaçando os seus. Jimin tentou sair do lugar e ir com ele, mas algo naquela escuridão lá no fundo o atraia junto com as vozes. Havia algo ali. Ele não sabia o que era, mas era tão sedutor.

A mão de Taehyung o soltou.

"Se você não vem, eu preciso ir embora."

"Tae, espere..."

"Não posso. Você disse que ia me proteger, lembra?"

Jimin tentou enxergar o rosto de Taehyung, mas ele estava meio virado d elado, já caminhando em direção à luz e ela estava crescendo, crescendo depressa a ponto de engolir todos os contornos dele.

"Você disse que ia me proteger", Tae murmurou antes que a luz explodisse e Jimin se desse conta de que eram faróis imensos avançando a toda velocidade em cima de seu melhor amigo com um rugido estrondoso.

Acordou suando. Sentou na cama e estava tão tomado de pavor que demorou para entender onde estava. Não reconheceu o quarto do alojamento e, devagar, a consciência voltou e ele lembrou – estavam no Japão, numa mini turnê pela Ásia, aquele era o quarto de um hotel e, conforme constatou quando agarrou o celular na mesinha de cabeceira, eram três e meia da manhã. E ele tinha dormido com a luz do abajur ligada.

Isso explicava o clarão cegante de seu sonho.

Só não explicava todo o resto.

Deslizou os dedos depressa pela tela do aparelho, abrindo o chat privado com Taehyung. Seu peito doía enquanto digitava.

Tae, está acordado?

A mensagem foi lida e visualizada na mesma hora. Jimin não esperava realmente que algo ruim tivesse acontecido com Taehyung entre às nove da noite, última vez que o vira, e agora, mas mesmo assim ver que o amigo estava do outro lado daquela comunicação virtual fez o nó em seu peito soltar com um calor agradável.

Taehyung começou a digitar...

[TaeTae]

Yep

O que vc está fazendo?

[TaeTae]

Assistindo doramas no celular

Jimin sorriu.

Venha pro meu quarto. Não estou conseguindo dormir.

Observou o status do amigo no chat, digitando...

Digitando...

Um arquivo de mídia surgiu na tela, uma foto escura e sem enquadramento mostrando Taehyung sentado na cabeceira da cama com a cabeça de um Jungkook desfalecido e despenteado no colo. A expressão de Taehyung era engraçada, a boca repuxada numa careta e a pintinha embaixo do nariz bem visível.

Jimin riu, mas por alguma razão não era tão engraçado assim.

[TaeTae]

Se eu levantar, ele vai acordar

Aish, não é como se vc já não tivesse acordado ele

por motivos bem mais idiotas, Taehyungie

Ele não vai acordar, Jeongguk entra em coma quando dorme

Vamos fazer um vídeo, eu e você

Venha logo ou vou até aí e te arrasto à força

Alguns minutos depois, Taehyung bateu na porta. Jimin levantou, totalmente desperto, e o puxou para dentro do quarto. Os cabelos castanhos de Taehyung estavam bagunçados e ele parecia sonolento, mas Jimin sabia que ele não dormia cedo. Taehyung tinha uma energia inesgotável e contagiante, sua mente estava sempre disparando em mil direções.

Eles pularam na cama e riram juntos de vídeos no celular. Mandaram uma porção de besteiras no chat do grupo, e só Yoongi e Namjoon estavam acordados àquela hora para visualizar, mas nenhum deles se deu ao trabalho de responder. Resolveram fazer um vídeo coreografado dançando ao som de #Selfie, de The Chainsmokers, e entraram no quarto que Hoseok dividia com Yoongi, acordaram o Jung e os fizeram participar da desordem. Namjoon foi facilmente convencido – não havia muita coisa que o mais velho negasse para Taehyung e Jimin, por mais irritante que fosse. Riram alto, rolando pelas camas e, quando os quartos ficaram pequenos demais para tanta energia, pegaram os elevadores e saíram dançando pelo saguão do andar de convenções. Ajustaram a câmera sobre uma cadeira e filmaram uma dancinha maluca.

Passava das cinco da manhã quando Jimin e Taehyung caíram de volta na cama, as barrigas doendo de rir e as bochechas dormentes.

Jimin estendeu um braço e a cabeça de Taehyung encaixou ali. Tae ria afastando os cabelos dos olhos e mirando o teto, o peito subindo e descendo depressa. Jimin sempre achava que ele parecia vulnerável rindo assim, entregue, os olhos apertados e a boca frouxa em volta dos dentes branquinhos. Tae murmurou algo sobre voltar para o próprio quarto, mas os dedos de Jimin já estavam se fechando em torno de seu pulso. Virou de lado e passou uma perna por cima do estômago de Taehyung, a testa em seu ombro, a cabeça dele pressionando a dobra de seu cotovelo.

"Você vai dormir aqui", sentenciou. Taehyung pousou uma mão no joelho de Jimin, ainda tremendo de leve com as risadas.

"Eu vou?", a voz de Taehyung era baixa e calorosa. Jimin gostava dela. Gostava muito.

"Sim. Eu estava tendo um pesadelo antes de você chegar."

Tae ficou imóvel. Jimin sentiu sua respiração ficando suave embaixo de si. Taehyung tinha um cheiro bom de shampoo de maçã, e sua pele era quente e lisa, convidativa. Jimin aconchegou-se mais ao amigo; a outra mão de Taehyung estava apertada embaixo de sua virilha e ele deu um pouco de espaço para que Taehyung a removesse dali, mas ele não o fez.

"Que pesadelo?"

"Não lembro", mentiu.

Jimin tinha uma opinião bem específica sobre mentiras. Ele não achava que eram assim tão graves, se servissem para um bem maior. Ele valorizava a sinceridade, especialmente de sentimentos, mas sentimentos mudam o tempo todo e quem pode dizer que isso faz deles uma mentira?

"Você ainda tem pesadelos, Tae?", Jimin sussurrou no vão entre o ombro de Taehyung e o travesseiro. Sentia o corpo do amigo pesando sobre o colchão, o calor de ambos os corpos se fundindo devagar.

"Tenho", Tae confessou. Jimin sentiu quando ele se moveu suavemente para esticar o braço e desligar o abajur. O quarto mergulhou em escuridão por detrás das pálpebras de Jimin e ele suspirou confortavelmente. "Jiminie?"

"Hm?"

"Eu sinto falta."

"Do quê?"

Jimin abriu os olhos para enxergar o breu. A mão de Taehyung em sua virilha enfim se moveu, arrastando-se para cima até parar na base da coxa de Jimin. Os dedos de Taehyung apertaram a carne ali numa pressão urgente que fez o coração de Jimin disparar, mas quando Tae falou, Jimin entendeu o que havia ali:

"Minha família. Minha avó e minha mãe, meus irmãos. Isso dói."

Urgência. Apego.

Jimin também sentia, mas tinha crescido acostumado com a ideia de que sua vida não estava em Busan, com seus pais. Talvez por isso não fosse tão difícil ficar meses inteiros sem vê-los – mas Taehyung era diferente. Ele não planejara nada disso, fora descoberto por um olheiro e jogado no meio daquilo tudo de repente. De todos eles, Taehyung era o único que não tinha sonhado em estar ali, por mais que se esforçasse para fazer um bom trabalho.

"Isso vai passar", Jimin prometeu. Moveu o rosto para cima até encontrar a barreira de calor da pele do pescoço de Taehyung e parou numa distância segura, apenas perto o bastante para sussurrar em sua orelha em reconforto. "Você não está sozinho, Tae. Somos sua família agora. Você confia em nós?"

"Sim."

"Você confia em mim?"

"Confio. Muito."

Ele estava chorando baixinho. Jimin odiava isso, como Taehyung podia passar de um estado de total euforia à fragilidade profunda assim que estavam sozinhos, no escuro, abraçados, mas não podia recusar Taehyung. Jamais faria isso, ele jurou que o protegeria e cumpriria esse juramento até o fim.

"Feche os olhos, Tae, e respire comigo", Jimin instruiu. "Respire."

Taehyung obedeceu. Os dedos na coxa de Jimin soltaram-se aos poucos. Eles adormeceram e, quando Jimin despertou quase de manhã, abriu os olhos para encontrar o rosto de Taehyung enterrado no travesseiro ao seu lado, tomado pelo relaxamento.

Lembrou do pesadelo em que perdia Taehyung por não conseguir protegê-lo, mas todo o medo havia sido expurgado pela visão do amigo dormindo ao seu lado, em paz. Ele se sentia bem e feliz sabendo que Taehyung estava seguro e tranquilo ali, diante de si.

Foi a primeira vez que Jimin se perguntou se era assim que funcionava o amor.

>>>

Oi, sou eu u.u

A história de como o Tae entrou na Big Hit é meio embaçada, tem fontes que dizem que ele foi descoberto por olheiros, outras dizem que ele fez audiências pra a empresa em Daegu, enfim, até hj eu não sei a verdade kkkk Mas a forma como ele mesmo fala disso dá a entender que foi algo inesperado e que se não fosse terem descoberto ele, ele estaria até hj vivendo na fazenda da família.

Vcs podem pensar que o Tae está muito triste e melancólico aqui, diferente do que ele parecia ser no início do grupo, não é? Mas lembrem-se que essa fic é narrada pelo POV do Jimin e foi o Jimin que esteve do lado do Tae desde sempre e que foi ele quem viu o lado frágil do Tae e é exatamente por isso que eu vejo em Vmin uma ligação muito forte que poderia facilmente se tornar outra coisa. Além disso, ninguém é feliz o tempo todo, e sendo o Tae alguém tão ligado à família, imagino o quanto ele deve ter se sentido no começo, com a separação. Mas vou explicar melhor porque ele se sente "sufocado" no próximo cap., isso faz parte do plot, e não tem a ver só com assumir ou não a homossexualidade, pelo menos no meu ponto de vista e de acordo com ele mesmo e o que os garotos dão a entender sobre a personalidade do Taehyung.

As coisas vão esquentar um pouco no prox cap., então estou preparando o terreno devagar, tenham paciência. Vcs já perceberam a quantidade de "contato físico" entre Vmin, certo? kkkkkkk adoro isso. Eu fico realmente muito soft com o quanto o Jimin é protetor em relação ao Tae e eu espero estar conseguindo passar essa "impressão" aqui

E apesar das menções a taekook essa fic é Vmin, então não se preocupem e confiem na unnie ;)

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro