Capítulo 53 - Coração em desespero
Camila Hayes
― Ei, Margie! Não vá muito longe, ok?
Ela assentiu, correndo junto com os cachorros e Romeu. Eu me sentei ao lado de Alex, tentando parecer relaxada, mas morria de medo que ela se machucasse.
― Você é uma péssima mentirosa. ― Alex disse, rindo. Eu o olhei.
― Por que diz isso?
― Não vem querer dar uma de mãe moderna, Camz Hayes. Você é superprotetora.
― Mãe? ― Ri. ― Acho que se confundiu.
― Mãe, tia, dá na mesma. Você ama Margie como se ela fosse sua própria filha, é uma espécie de segunda mãe. ― Ele se virou, apoiando o braço no encosto do banco. ― Amor, estamos no Central Park, em uma manhã deliciosa de sábado, sua sobrinha está brincando e está bem a nossa vista, qual a preocupação?
Engoli em seco, aflita. Margie gargalhava enquanto Dom pulava nela – ele já estava bem maior, o tempo parecia voar para os cachorros.
― Tem razão, sou superprotetora. ― Suspirei. ― Depois de tantas coisas, não era de se esperar menos.
Alex segurou minha mão e eu o olhei. Era impressionante o quanto ele conseguia me passar conforto com tão pouco.
― Eu entendo. Mas te garanto uma coisa, Camila ― Ele disse, sério. ― Nada, nunca mais, vai acontecer com você ou com as pessoas que ama. Descuidei uma vez, mas prometo não falhar novamente.
― Não foi culpa sua, Alex.
― Mas eu sinto como se fosse. Porra, você é minha mulher. Eu deveria estar mais presente, deveria ter cuidado da sua segurança.
Minha mulher.
Todas as vezes que ele dizia aquelas duas palavras meu coração parecia dar um giro de 180 graus. Aquilo significava mais do que tudo, era a comprovação de que nosso relacionamento tinha futuro, de que o que temos hoje não era apenas para hoje.
― Só falta colocar guarda-costas atrás de mim como um Don da máfia.
― Olha que não é má ideia.
Eu neguei com a cabeça e bati meu ombro no seu.
― Titia! Titia! ― Me virei, vendo Margie se aproximar correndo, e logo atrás Ferris, Dom e Romeu.
― O que? O que foi? ― Perguntei, nervosa, me levantando. Atrás de mim, Alex riu.
― Eu estou com fome.
― Fome? Já? Tomamos café faz uma hora.
― Mas já estou com fome, ué. ― Ela deu de ombros.
― Se ela está com fome, então vamos comer. ― Alex levantou e colocou as coleiras nos cachorros, segurando-os. ― Tem um Starbucks aqui perto, podemos ir. O que acha, Margie?
Ela revirou os olhos e fez cara feia, ignorando Alex.
― Não quero.
― Marjorie, o que foi isso? Até parece que te criamos assim.
― Camila... ― Alex tentou intervir.
― Não. Ela precisa saber que não pode agir assim. ― Me agachei, ficando da altura dela. ― Margie, o tio Alex tem sido muito legal com a gente e gosta muito de você. Agir assim só vai fazer você parecer uma menininha mal-educada. É assim que quer que te vejam? ― Ela negou com a cabeça. ― Bom, então peça desculpas.
― Desculpa. ― Ela resmungou.
― Acho que ele não ouviu. Desculpa...?
Ela suspirou pesado e olhou para Alex.
― Desculpa por ter sido mal-educada.
― Desculpas mais do que aceitas. ― Alex disse, sorrindo.
Eu me levantei e segurei a mão dela.
― Ótimo, agora podemos ir. Starbucks, certo? ― Margie assentiu, menos emburrada. ― Então vamos.
Alguns minutos depois, estávamos no Starbucks da 57th Avenue. Smith, o motorista de Alex, depois de nos deixar lá, teve que deixar os animais em casa ou eles fariam uma bela bagunça ali – além de que não eram permitidos animais.
Então seríamos apenas nós três. Os momentos mais tensos durante as últimas semanas eram como aqueles. Eu, Alex e Margie sozinhos. Tinha medo de como ela pudesse ser dura com ele.
Enquanto Alex e eu ficamos apenas nos cappuccinos, Margie quis pedir um chocolate quente com bastante chantili e um sanduíche com ovo, bacon e queijo gouda. Ela pareceu mais relaxada depois de comer, havia herdado o mau humor quando estava com fome da mãe.
Foi então que Alex, em sua infinita vontade de conquistar o coração dela, sugeriu:
― Estava pensando em irmos para Coney Island hoje.
Eu ergui as sobrancelhas, fingindo surpresa. Ele havia me contado a ideia dias atrás e eu havia concordado. Margie iria gostar.
― Coney Island? A península com um dos parques de diversões mais legais do país?
― Esse mesmo. ― Alex disse, sorridente. ― Pensei em passarmos o final de semana lá, o que acham?
― Tem um parque de diversões? ― Margie perguntou, desconfiada, para Alex.
― Sim, Margie, tem. Um parque na beira do mar, cheio de coisas legais. Tenho certeza de que você iria amar.
Eu olhei para ela, ansiosa para sua reação. Ela me olhou de volta, receosa. Eu assenti com a cabeça.
― Eu gostaria de ir.
Alex assentiu, sorridente.
― Então iremos. Sairemos as três, assim teremos tempo de nos instalarmos no hotel e depois brincarmos, o que acha?
Ela deu de ombros. Rezava para que por dentro estivesse mais do que feliz.
― Está ótimo, meu amor. ― Falei. ― Tenho certeza de que vai ser muito divertido, não é, Margie?
― Sim. ― Ela tentou reprimir o sorriso. ― Vamos poder levar os bichinhos?
― Ah, não, meu amor. Eles dariam muito trabalho, além de que o hotel que ficaremos, provavelmente, não aceita animais. Mas não se preocupe, no domingo mesmo estaremos de volta.
― Dan e Smith cuidarão bem deles. ― Alex disse.
― Bem, acho que devemos ir para casa, não? Temos algumas malas para arrumar. Quem está pronta para se divertir em Coney Island?
Fiz cócegas em Margie e ela gargalhou, liberando toda a animação que tentava segurar.
― Eu! ― Ela exclamou, erguendo os bracinhos.
Seria um fim de semana divertido.
...
Coney Island era, de fato, maravilhoso. Durante todos esses anos morando naquela cidade, nunca havia me dado o luxo de visitar ali. Ou melhor, creio que nunca tive tempo. O trabalho preenchia tanto minha vida que pouco me importava em me divertir de vez em quando. Agora, definitivamente, tinha as melhores companhias.
A península ficava no Brooklyn, há quarenta minutos de Manhattan, e era quente e agradável, exatamente como previa.
Margie pôs um sorriso arraigado no rosto assim que pôs os olhos no Luna Park, o famoso parque de diversões da praia. Alex organizou tudo antes, desde a compra dos ingressos até a hospedagem do hotel. Ele, anos-luz a mais do que eu, estava disposto a fazer aquele ser o final de semana mais divertido de todos.
Eu realmente esperava que eles se dessem bem.
Depois de fazermos check-in no hotel, imaginei que Margie fosse tirar um cochilo, mas ela foi a primeira a nos arrastar para a praia, disposta a brincar sem parar. E assim fizemos.
O resto do fim da tarde foi preenchido por diversões. Margie foi em cada brinquedo – permitido para sua idade – e ainda nos fez ir com ela. Eu ainda tentava convencer de que ela fosse com Alex em alguns, mas ela sempre me arrastava.
Brinquedos e mais brinquedos. Quando dei por mim, já era noite. Por volta das sete, Margie decidiu ir no último brinquedo que consistia em tentar pegar ursos de pelúcia.
― É bem ali! ― Ela exclamou, apontando.
Alex e eu estávamos perto de um brinquedo mais tranquilo, extremamente cansados.
― Ok, pode ir. Tenha cuidado! Estamos te olhando daqui. ― Falei. Ela deu pulinhos e saiu correndo.
Eu fiquei a observando a todo momento. Vê-la tão feliz tirava um pouco da minha tensão.
― Feliz, titia Mila? ― Alex perguntou, abraçando-me pela cintura.
Ultimamente, tão focados em Margie e no bem-estar dela, mal tínhamos um tempo para nós dois. Deus, eu nem conseguia lembrar a última vez que havíamos transado. Era assim a vida de pais?
― Muito, porém enjoada. Nunca me dei bem nesses brinquedos.
― Se estivéssemos só nós, eu definitivamente faria você ir no Thunderbolt. ― Estremeci ao olhar para a montanha-russa. Ele riu. ― O que? Seria divertido.
― Nem a pau. Olhe a altura daquilo. Eu sou daquelas que passa mal e desmaia.
― Mas eu estaria do seu lado. Nada de ruim aconteceria. ― Ele me apertou mais contra si, descendo sua mão por minha lombar. ― Você está deliciosa nessa calça.
― Aposto que você deve estar morrendo dentro das suas.
― Caralho, muito. Tem ideia de como tem sido uma tortura te ver bancando a tia gostosa e não poder fazer nada? Isso tem me rendido boas horas no banho. ― Gargalhei, mas senti cada parte minha queimar por dentro.
― Eu bem que reparei que agora você está passando quase vinte minutos no chuveiro.
Ele deu de ombros e me apertou mais ainda contra si.
― Te ver sendo a titia responsável é um tesão do caralho, tenho que admitir.
Me aproximei para beijá-lo, mas parei abruptamente quando olhei para o lado e vi que Margie não estava onde a deixamos. Me afastei de Alex rapidamente e senti meu coração acelerar.
― Margie ― Sussurrei, já sentindo o ar faltar em meus pulmões.
― O que? Camila, o que foi? ― Alex tentou me tocar, mas eu desviei.
― Marjorie, meu Deus. Cadê ela, Alex?
Não esperei resposta. Saí caminhando por entre as pessoas até a maldita máquina de ursos infestada de crianças com seus pais ansiosos.
Ela não estava ali.
Eu queria morrer.
Olhei para o rosto de cada garotinha, mas nenhuma era ela. Meu coração estava acelerado, minhas mãos geladas e um choro de desespero começava a brotar. Aquela era uma das piores sensações que já havia sentido em toda minha vida.
― Por favor ― Comecei a falar com o homem responsável pelo brinquedo. ― Me diga se viu minha sobrinha. Ela é baixinha, tem seis anos, negra, cabelos cacheados e... pelo amor de Deus, ela estava aqui? ― Gritei, desesperada.
― Camila. ― Senti Alex tocar meu ombro. Eu comecei a chorar. ― Senhor, você a viu? ― Ele tirou o celular do bolso e mostrou a foto. ― É ela.
― Olhe, eu vejo várias crianças durante o dia. É impossível me lembrar do rosto de cada uma. Mas não se preocupem, vou acionar o sistema de segurança. Vocês irão acha-la.
― Obrigado.
Alex me afastou da multidão. Eu chorava, desolada. Só de pensar na ideia de que ela estava sozinha no meio de tantas pessoas, que poderia estar em perigo, eu queria morrer.
― Camz, meu amor. ― Alex segurou meu rosto com as duas mãos. ― Nós vamos acha-la, ouviu?
― Eu não... Meu Deus, Alex! ― Gritei. ― A culpa é minha! Toda minha!
― Não, não é. Foi um descuido nosso, mas vamos acha-la, eu prometo.
― Eu sou uma péssima tia. Alice nunca vai me perdoar. Eu nunca vou me perdoar. ― Eu chorava, desesperada.
― Não vai precisar de perdão porque ela vai estar aqui conosco logo mais, me ouviu? Você me ouviu, Camila? ― Assenti. ― O sistema já foi acionado, agora nós vamos ajudar. Você vai pelo lado direito do parque enquanto eu pelo esquerdo. Quem achar primeiro, liga. Consegue fazer isso?
― Sim, sim. Consigo.
― Ótimo. Vamos.
Assim como o combinado, fui pelo lado direito. Eu gritava pelo nome dela, desesperada, já com a voz embargada pelo choro. Havia uma equipe de segurança ajudando na procura, mas cada vez que os via, aflitos como eu, sentia cada parte dentro de mim morrer aos poucos. Aquilo era o pior dos pesadelos.
Não queria acreditar em nada que minha mente obsessiva insistia em imaginar. Queria acreditar que ela estava ali, perdida entre as pessoas, procurando por nós.
A multidão também não ajudava. Crianças um pouco parecidas com ela passavam por mim, mas meu coração parecia sangrar quando via que não era ela.
Começava a ficar sem voz de tanto gritar seu nome, mas não podia perder as esperanças. Deixei de lado o combinado e fui pelos brinquedos que ela mais havia gostado. Todos eles. Nada dela.
Perto da roda gigante, onde nós três havíamos ido junto e ela havia se divertido mais do que todos, me agarrei a grade e caí de joelhos, chorando, ao ver que ela não estava ali.
― Ah, meu Deus. ― Solucei. ― Por favor. Por favor.
― Titia!
Eu me levantei de uma vez, olhando para trás, pensando estar delirando.
Meu coração pareceu iluminar quando vi Marjorie ali. Ela estava com o rosto vermelho, ensopado de lágrimas e vinha nos braços de ninguém menos que Alex.
Eu corri até eles e os abracei com força, aliviada.
― Meu Deus, Margie! ― Segurei seu rosto com as duas mãos. ― Meu amor, meu amor, meu amor. Onde estava?
Margie voltou a chorar, agarrada com o urso.
― Ela havia ido olhar o carrossel, mas acabou presa entre as pessoas e se perdeu. Resolveu andar, procurando por nós e por sorte bateu de frente comigo. ― Alex limpou as lágrimas dela. ― Está tudo bem agora, princesa.
― Venha comigo, amor.
Tentei pegá-la no colo, mas ela rejeitou e abraçou o pescoço de Alex com força, apoiando a cabeça em seu ombro. Ele a apertou contra si, consolando-a.
Ela havia encontrado conforto nele.
Meu coração se divida entre o alívio e o resquício de desespero que ainda restava.
― Vamos para o hotel. ― Alex disse e então voltamos.
...
De volta no hotel, eu estava me sentindo um pouco melhor, assim como Margie. Dei banho nela, a fiz relaxar e quando fui a colocar para dormir, ela fez um pedido inusitado.
― Eu queria que o tio Alex me colocasse para dormir.
Ergui as sobrancelhas.
― O tio Alex? Sério? ― Ela assentiu, ainda agarrada ao urso de pelúcia. ― Por que?
― Porque ele é legal, você tinha razão.
― Você se sente a salvo com ele?
― Muito.
Sorri leve, assentindo.
― Você vai ficar com raiva, titia?
― O que? Claro que não. A titia só ficou muito assustada com o seu sumiço breve. Estou aliviada que tudo está bem agora.
― Não foi culpa sua, titia. ― Eu assenti, segurando o choro.
― Vou chamar ele, ok? ― Beijei sua cabeça. ― Boa noite, meu amor.
― Boa noite, titia.
Passei para a outra parte do quarto, fechando a parte de Margie. Alex estava de banho tomado, vestindo uma calça moletom e camisa, pronto para dormir.
― Ela quer que você vá lá. Disse que quer que você a ponha para dormir. ― Ele se levantou da cama rapidamente e se aproximou.
― Eu? Tem certeza? ― Assenti, sorrindo leve. ― Por que?
― Você a achou, a salvou. Ela te vê como um herói agora.
― Camila...
― Deixe ela, Alex. Não era essa a relação que tanto queria? Que ela confiasse em você? Que pena que aconteceu nessas circunstâncias, mas creio que já avançou muito. Vá coloca-la para dormir, eu espero aqui.
Ele assentiu. Depois de me dar um beijo rápido, Alex entrou na outra parte do quarto, deixando a porta entreaberta.
Eu sabia que o momento era somente deles, mas estava morrendo de curiosidade para saber o que os dois conversariam. Tentei organizar minha mala, porém só conseguia pensar no diálogo fofo que deveria estar acontecendo no outro quarto.
Em passos leves, me aproximei de porta e assisti a cena. Alex estava sentado na ponta da cama, ouvindo Margie atentamente. Ela ainda estava deitada na mesma posição que havia deixado.
― E eu me senti aliviada quando você apareceu.
― Fico feliz com isso, Margie.
― Sabe, eu não queria mais nenhum titio... ― Ela mexia nas orelhas do urso.
― Mesmo? ― Ela assentiu. ― E por que?
― Porque o último titio que eu tive fez muito mal a minha titia Mila. Eu não sei bem o que ele fez, minha mãe é minha amiga, mas ela disse que esses assuntos não eram para mim. ― Ela suspirou. ― Mas só de saber que ela fez algo ruim com minha titia, me deixou triste. Eu achei que todo titio que tivesse fosse ser do mal.
― Eu não acho que esteja errada em achar isso. Mas garanto uma coisa, Margie, esse titio aqui nunca vai fazer mal nenhum a sua titia e muito menos a você.
― Eu sei. ― Ela sorriu leve. ― Você é bonzinho, tio Alex. Quase um super-herói. É forte, legal, do bem e ainda é amigo dos animais.
Ele riu. Eu coloquei a mão na boca, abafar o riso.
― Bem, talvez eu seja. ― Ele sussurrou. Margie ergueu as sobrancelhas. ― Mas eu jamais poderia revelar, sabe disso, não é? ― Ela assentiu. ― Um dia te levarei para conhecer meu time de super-heróis. Eles costumam ficar em um campo de grama enorme.
― E eles são legais?
― Muito. É o lugar onde eu trabalho, acho que você vai gostar. ― Ela sorriu abertamente. ― São dez horas, princesa. Hora de dormir.
Alex a enrolou melhor com o edredom, deixando-a empacotada. Eu senti meu coração aquecer com a cena.
― Amanhã vamos brincar mais?
― Claro que sim. Podemos nos divertir na praia, ainda tem várias coisas legais por aqui. Mas teremos que ser mais cuidadosos, ok? ― Ela bocejou, assentindo.
― Você espera eu dormir?
Ele passou a mão pelos cabelos dela.
― Sempre.
Eu suspirei.
Margie fechou os olhos aos poucos, cansada. Alex continuava na mesma posição, velando o sono da garotinha.
― Eu gosto de você, tio Alex. Acho que não vai demorar muito para eu começar a te amar.
― E eu já amo muito você, Marjorie.
Vê as duas pessoas que mais amava em um momento como aqueles era, sem dúvidas, perfeito. Meu coração estava em plena tranquilidade e paz.
Me afastei da porta lentamente e fui para o banheiro. Enquanto tomava banho, sorri ao pensar em como Alex era a adição perfeita para minha vida. Ele era o amor tranquilo que por tanto tempo sonhei, era a pessoa que me completava sem precisar de muito e, acima de tudo, era aquele que amava as pessoas que eram importantes para mim, mesmo se não recebesse nada em troca.
Vesti uma camisa dele, ficando folgada para mim, e deixei os cabelos soltos, para secarem. Quando voltei para o quarto, Alex já estava deitado, mexendo no celular – sem camisa, pequeno detalhe.
― Você tem jeito com crianças, já te disseram isso? ― Perguntei, sentando ao lado dele.
Alex deixou o celular de lado e virou-se para mim, sorrindo leve. Ele parecia cansado.
― Várias vezes. Por que? Quer fazer uma comigo?
Eu ri e dei um tapa leve em seu braço.
― Sim, eu quero, mas ainda não. ― Suspirei. ― Você será um pai maravilhoso.
Alex respirou fundo e sorriu.
― Você realmente quer ter filhos comigo. ― Ele disse e não soube se era uma pergunta ou afirmação, havia emoção em sua frase.
― Claro que quero. Um dia, não sei, mas ainda acho cedo. Prometemos fazer as coisas com calma dessa vez, não foi?
― Sim, claro.
― Mas um dia, definitivamente, quero ter um bebê Lawson-Hayes. Só que aviso que sou da moda antiga, gosto da ordem dos acontecimentos. ― Fingi olhar para as unhas. Alex riu.
― Isso foi uma indireta?
― Encare como quiser.
― Eu irei.
Nós sorrimos um para o outro, mas eu senti meu sorriso sumir e as lágrimas se formarem em meus olhos. Alex franziu a testa preocupado.
― Camz, amor, o que foi? Por que está chorando? ― Ele tocou meu rosto com as mãos. Eu solucei.
― Eu tive tanto medo hoje, Alex. Achei que fosse morrer de tanto desespero. Falamos de filhos, mas eu não sei nem se serei uma boa mãe. Eu deixei que minha sobrinha fugisse da minha vista, quase a perdi, quem dirá o que pode acontecer com meus filhos.
― Não, Camila, não pense assim. Foi um acidente, não foi culpa sua. Isso ter acontecido não muda o fato de que você é a melhor tia que conheço para Margie e não tenho dúvidas de que será a melhor mãe de todas.
Eu me afastei dele e virei o rosto, olhando para a parede. O choro fazia minha garganta doer.
― Achei que aquele fosse ser meu último dia viva. ― Falei, relembrando de um dos piores dias da minha vida. ― Doeu como o inferno saber que não veria mais você, minha família, as pessoas que amava... foi um pesadelo.
― O que ele fez?
― Ele... ― Fechei os olhos e respirei fundo. ― Ele me bateu, me ameaçou com uma faca, me drogou. Deus, ele foi um maldito monstro. No fim, perto da hora que a polícia chegou, ele disse que não tinha medo porque em breve não restaria mais nada. ― Olhei para Alex. ― Ele iria me matar e em seguida tirar a própria vida, Alex.
Ele engoliu em seco.
― Eu não queria morrer. Tinha tantas coisas que eu precisava fazer, viver. Seria tão injusto para nós.
― Mas não aconteceu, Camila. Você está viva e aqui comigo, meu amor.
― Eu sei, e sou eternamente grata por isso. Mas percebi algo. ― Falei. ― Percebi que sou capaz de aguentar qualquer coisa e só suportei porque ele ameaçou fazer algo com Margie se não cooperasse. Com a minha Marjorie, Alex. ― Chorei baixinho, fazendo o possível para ela não ouvir nada. ― Só de imaginar que quase a perdi, penso que eu sou o verdadeiro monstro. Ela não merecia ter passado esse sufoco.
Alex me abraçou contra si e eu enterrei meu rosto em seu peito.
― Escute bem, Camila. Viktor está fora das nossas vidas para sempre, eu cuidei disso, Meghan e Zack também cuidaram. E Marjorie te ovaciona, você é o amor da vida dela e creio que nada nem ninguém nunca poderá substituir esse lugar. Nada do que aconteceu hoje foi sua culpa, já disse. Margie não a culpa, ninguém a culpa.
― Eu sei ― Falei. Olhei nos olhos dele. ― Me prometa que tudo vai ficar bem, que nós vamos fazer as coisas darem certo.
Alex segurou meu rosto e me deu um selinho demorado, encostando nossas testas em seguida.
― Eu prometo. Faremos tudo dar certo e seremos felizes, como todos os dias.
Assenti, me sentindo confortada com suas palavras.
― É impressão minha ou estamos perto do nosso final feliz? ― Ele riu.
― Bem, algumas pessoas merecem, não? ― Concordei.
― Eu te amo, Alex. Eu te amo para sempre.
― Eu te amo para sempre, Camila.
Eu o puxei para mim, beijando-o com tudo o que tinha. Alex me apertou contra si, fazendo eu me sentar em seu colo. Suas mãos exploravam meu corpo e sua boca na minha fazia cada parte da minha pele queimar como brasa.
Alex me fazia perder o senso, me provocava e sabia bem como me agradar. Ele era o pacote completo com uma infinidade de coisas boas. Era a pessoa certa para mim.
― Se você não quiser que eu continue, é melhor parar aqui. ― Ele sussurrou, arfando.
― Eu quero que continue. Eu preciso. ― Rebolei em seu colo, mas ele apertou minha cintura, me forçando a parar.
― Camila... ― Ele falou, em tom de aviso. Suas veias do pescoço saltavam, como se tivesse se segurando.
― Eu não farei barulho. ― Aproximei minha boca do seu ouvido. ― Vou gemer só para você.
Ele apertou minha cintura com mais força ainda, causando uma pressão gostosa.
― Ou você não quer? ― Perguntei, encarando-o novamente. ― Tudo bem se não quiser, mas apenas veja como estou pronta.
Peguei sua mão da minha cintura e levei até meu sexo quente e encharcado, afastando a calcinha para o lado. Alex e eu gememos juntos, com as bocas entreabertas bem próximas.
― Sente? ― Perguntei, os lábios roçando aos dele. ― Eu sou toda sua.
― Sim. Sim, eu sinto. ― Ele enrijeceu o maxilar. ― Puta merda, Camila, você ainda vai me matar.
Ri baixinho quando ele puxou a camisa que eu usava com força, jogando-a para longe, fazendo com que meus seios ficassem livres, bem à sua frente.
Joguei a cabeça para trás quando ele abocanhou o mamilo direito, chupando e mordendo, fazendo com que eu, involuntariamente, rebolasse em seu colo. Enquanto isso suas mãos passavam por meu corpo, apertando minha pele arrepiada, fazendo com que cada vez mais eu ficasse pronta para ele.
Deixando meus mamilos sensíveis, Alex puxou minha calcinha com força, rasgando-a e jogando no chão. Eu fiquei boquiaberta.
― Seu filho da puta! Você vai comprar outra.
― Se comprar outra significa que poderei rasgar quantas quiser, gastarei todo meu salário nisso.
Soltei um gritinho quando ele mudou nossas posições, ficando por cima de mim. Ele tapou minha boca com a mão.
― Sem barulho, Hayes. Quer que Margie acorde? ― Neguei com a cabeça. ― Então cumpra o prometido. Gema somente para mim.
Assisti ele se levantar e tirar a calça, bem na frente da cama. Admirei seu membro grande e ereto, pronto para entrar em mim, tanto quanto estava pronta para ele. Meu corpo vibrava, queimava, parecia querer entrar em combustão só por saber que finalmente receberia aquilo que desejou por tantos dias.
Alex veio subindo em cima de mim como um animal prestes a atacar sua presa, e quando estava perto o suficiente, afastou minhas pernas, deixando-as bem abertas para ele.
Respirei pesado, apertando os travesseiros, quando ele levou dois dedos até minha entrada molhada e começou a contornar meus lábios. Parecia uma tortura – uma deliciosa tortura. Meu ventre vibrava, latejava, implorava por mais com tão pouco. Seus dedos ágeis me provocavam, até que me penetraram, fazendo com que eu mordesse meu lábio inferior com força.
― Ah, eu adoraria ouvir você gritar agora. Mas vai ter que segurar por muitas semanas ainda.
― Eu te odeio. ― Rosnei.
― É, eu vejo bem o quanto me odeia.
Alex voltou a me beijar, começando um vaivém lento dentro de mim. Eu rebolava contra seus dedos, pedindo por mais, mas ele não respondia aos meus pedidos silenciosos.
Gemi, sentindo o gosto de ferro na boca depois de morder o lábio, quando ele tirou os dedos de mim e enfiou sua glande inchada. Ele enterrou o rosto em meu pescoço, apertando-me contra si, tentando ao máximo se segurar para não fazer barulho. Era até cômica aquela cena de nós dois evitando gemer ou gritar já que éramos conhecidos por fazer muito barulho em momentos como aquele.
― Ah, Camila, porra. ― Alex gemeu à medida que foi entrando dentro de mim até me preencher por completo.
Enrosquei minhas pernas em sua cintura e puxei seu rosto para mim, beijando sua boca de forma desengonçada, arfando a cada momento.
Os movimentos começaram lentos, calmos, provocantes, e aos poucos foram aumentando. Nossos corpos estavam extremamente conectados, um afundando o rosto no pescoço do outro, abafando os gemidos desesperados que insistiam em sair. Por baixo do edredom, suados, eu sentia meu corpo inteiro se preparar para explodir no prazer único que somente Alex sabia fazer acontecer.
Nossos olhares se conectaram e nossas respirações ficaram descompassadas juntas enquanto chegávamos perto dos nossos ápices.
Tomada por tanto tesão, inverti nossas posições novamente, ficando por cima. Alex sorriu, apertando minha cintura com força, aumentando a precisão dos movimentos. Eu comecei rebolando, com rapidez, mas estava tão perto de chegar lá que logo comecei a sentar em seu pau.
Segurando meus próprios cabelos, eu sentava em Alex com força, tentando a todo custo não gritar seu nome. Ele se sentou, apertando-me contra si, e ajudou com o aumento das investidas. Eu gemi quando ele gozou primeiro, sentindo seu jorro quente me preencher. Apreciei suas feições de prazer, sentindo o meu ser alimentado.
Depois de chegar ao fim do seu orgasmo, Alex focou totalmente em me fazer gozar. Apertando minhas coxas com força, ainda comigo por cima, ele me ajudou com os movimentos. Seu pau entrou cada vez mais fundo, até chegar no lugar onde eu queria.
Explodi em um orgasmo avassalador no momento em que Alex tocou em meu ponto G. A sensação aquecedora subiu desde meu ventre até os meus seios, fazendo meus mamilos doerem de tanto prazer. Eu arqueei as costas, sendo sustentada pelos braços fortes de Alex, mordendo meu lábio já cortado, lutando contra a minha vontade doentia de gritar pelo nome dele.
Quando terminei, caímos deitados na cama. Eu por cima dele e ele ainda dentro de mim, acariciando minhas costas suadas. Ergui um pouco o rosto para encará-lo e ele sorriu, sem ar.
Eu sorri de volta.
Nada precisava ser mais dito.
E é oficial: iremos até o capítulo 70!!! Como já havia dito no grupo, o fim do nosso casal está cada vez mais próximo ♥️ Teremos 70 capítulos, 1 epígrafe e 2 bônus. Não vejo a hora de vocês lerem tudo o que vem por aí!
Instagram: @sweetwriter8
Vejo vocês em breve!
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