Capítulo 5 - Last Christmas
"No último Natal, eu te dei meu coração
Mas no dia seguinte você o jogou fora (...)
Depois do primeiro fora, fiquei traumatizado
Fico longe, mas você ainda chama minha atenção
Me diga, amor, você ainda me reconhece?"
Last Christmas — Wham!
Alex Lawson
24 de dezembro, Jacksonville, Véspera de Natal
O Natal é a época mais mágica e brilhante de todas. A neve que deixa um clima gostoso, o sentimento de amor por estar perto da família, os sorrisos trocados na hora dos presentes e na ceia, tudo isso servia para fazer com que aquele fosse o momento mais especial e esperado no ano.
Eu costumava gostar do Natal. Gostava de ficar em paz com a minha família, de escolher presentes e ouvir músicas natalinas. A cidade inteira entrava no clima e o centro estava tão cheio que era impossível se comprar algum presente. Evelyn e eu tínhamos a tradição de compra-los juntos, mas esse ano eu não estava nem um pouco animado. Queria simplesmente passar a véspera de Natal deitado em minha cama, assistindo Simplesmente Amor e sofrendo por minha dor.
É óbvio que Naomi e Evelyn não me deixaram fazer isso. Fui obrigado a me arrumar como se fosse para uma festa de gala, pôr um sorriso no rosto e ir para o andar de baixo. Parecia que esse ano seria mais especial pois meus avós paternos viriam jantar conosco, assim como a irmã do meu pai e os meus avós de consideração – pais de Naomi. Eu teria que dar o meu melhor sorriso de fingir que estava tudo bem, mas a verdade é que cada vez que imaginava o quanto Camila e eu havíamos planejado passar esse dia juntos, uma parte minha morria. Infelizmente o destino tinha outros planos para nós.
— Ah, Alex, você está tão bonito. — Sue Lawson, minha avó paterna, disse assim que chegou, apertando minhas bochechas. — Que saudade de quando você era apenas um bebê gorducho que eu podia apertar.
Eu forcei uma risada.
— Estava com saudades, vovó. — Abracei-a.
— Onde estão os meus outros dois netinhos? — Ela disse, referindo-se a Evelyn e Jacob que estavam bem atrás de mim.
Edgar Lawson, meu avô, se aproximou e me deu um abraço apertado, carregado de saudade. Por mais que morássemos na mesma cidade, eram poucas as vezes que nos víamos, especialmente porque ambos eram viciados em trabalho. Talvez o vício do meu pai tivesse uma explicação afinal. Mónica e Juan Rojas eram os meus avós de consideração. Os dois sempre quiseram uma família grande e com muitos netos, e quando Evelyn e eu começamos a fazer parte da vida de Naomi, fomos acolhidos como netos pelos dois, assim como Jacob por parte da família do meu pai. Os irmãos mais velhos de Naomi moravam em Miami com as famílias por isso não vieram. Mas em compensação, Erica, a irmã mais nova do meu pai, havia vindo trazendo o marido e os gêmeos que valiam por todos os convidados no quesito bagunça, principalmente quando induziam Ferris – que era uma criança tão travessa quanto os pestinhas – a brincar com eles.
A ceia foi animada. Todos davam risadas, relembravam momentos alegres do passado e se deliciavam do peru como se fosse a última refeição das suas vidas. Eu forçava um sorriso e assentia com a cabeça cada vez que citavam o meu nome ou me elogiavam. Meu pai enchia a boca para falar sobre minha aprovação na FIU, em como eu estava ansioso para ir para Miami e ingressar no melhor time da Flórida. Não era nem um pouco verdade, mas eu apenas balançava a cabeça em concordância.
Depois do jantar, na sala, nós trocamos presentes e ficamos reunidos sobre a lareira por um bom tempo. Eu continuava no canto da sala, bebericando do vinho, desejando ficar embriagado naquela noite apenas para me livrar dos pensamentos que insistiam em me atordoar. Estressado com todo o barulho, fui para a área da piscina, mesmo sabendo que fazia um frio absurdo do lado de fora. Fiquei alguns minutos, apenas observando a neve cair, quando ouvi alguém se aproximar.
— Não sabia que era um fã do frio. — Jacob falou, ficando do meu lado.
— Pra mim tanto faz.
— Pensei que um atleta preferisse o calor para tirar a camisa e mostrar os músculos.
Virei o vinho de uma vez, sentindo meu corpo aquecer, e coloquei sobre a mesa. Não estava nada afim de responder às piadinhas de Jacob.
— Não me importo com isso. — Falei, seco. Talvez se fosse grosso ele entenderia que eu queria ficar sozinho.
— Eu soube sobre você e Camila. — Olhei para ele. — Evelyn me contou.
Faziam apenas dois dias que Jacob havia retornado para passar o feriado conosco, e era óbvio que ele já estivesse a par de tudo.
— Claro que contou. — Ri com escárnio. — Aposto que esteja feliz com a notícia.
Ele soltou uma risada sem humor, quase com ironia.
— Como pode pensar isso, Alex? Acha mesmo que eu ficaria feliz?
— Não sei, Jacob. Talvez o fato de você ser absurdamente próximo de Camila signifique algo.
— Nós somos amigos. Ela sempre foi legal comigo.
— Bem, o caminho está livre agora. Você sempre gostou de ficar com as minhas ex-namoradas. — Sorri de lado em puro escárnio.
— Pode ser, mas não seria esse o caso com Camila, seu idiota. Eu a vejo como uma irmã mais nova.
Apenas assenti.
— Olhe, Alex, eu sei que nós temos as nossas desavenças, mas eu nunca te odiei. Querendo ou não fazemos parte da mesma família e eu sempre irei proteger os meus. Te ver sofrendo me deixa mal.
Olhei para ele, sem reação. O que haviam feito com Jacob?
— O que aconteceu entre você e Camila?
— Queremos coisas diferentes. — Rapidamente desviei o olhar, tentando parecer indiferente. — Ela tem que ir para Nova York e eu para Miami. Fim da história.
— Só isso?
— Como assim só isso? O que você queria mais? — Uma pontada de raiva começou a brotar.
— Nada. É só que não acho que morar em cidades diferentes seja motivo para terminar um namoro.
A mesma conversa. Todos diziam a mesma coisa e eu já estava cansado.
— Ah, claro, porque você sabe muito sobre esse assunto, não é?
— Posso não ter namorada, mas entendo de garotas e um pouco sobre amor. O que você e Camila tinham não parecia ser frágil para ter um fim desses.
— Talvez estivesse enganado — Falei, tentando parecer o mais convicto possível.
— Ambos sabemos que não, Alex. O que vocês tinham não precisava ser dito, vocês não precisavam gritar aos quatro ventos que estavam apaixonados, bastava alguns momentos observando vocês dois que era possível ver o amor ali. — Disse. — Se você ainda se importa com ela, envie pelo menos um feliz Natal. Ela deve estar tão mal quanto você.
— Eu não...
— Não precisa se fazer de forte na minha frente. Demonstrar dor é só a sua parte humana desempenhando o seu papel. Até porque o homem não seria o homem sem a dor, certo? — Disse, me dando dois tapinhas no ombro, e saiu.
Peguei meu celular no bolso, ainda pensando no que Jacob havia sugerido e entrei em um dilema: enviar ou não enviar uma mensagem para Camila?
Camila Hayes
— Feliz Natal! — Nanabeth gritou, animada, quando depois do jantar, reunidos na sala, ela entregou presentes para Alice e eu.
O Natal dos Hayes era uma verdadeira festa. Mesmo quando éramos apenas nós quatro, jantando, ouvindo músicas natalinas, trocando presentes e assistindo um bom filme. Esse ano, as coisas pareciam ter virado de cabeça pra baixo. Meus avós resolveram vir, Jordan também veio passar um tempo antes de ir para casa dos pais, Alice precisava agir como se não estivesse grávida e eu tinha que engolir meu sofrimento ao lembrar que esse era o Natal que Alex e eu sempre pensamos em passar juntos.
A vida realmente não facilitava.
— Ah, vovó, obrigada. — Alice disse, abrindo o embrulho.
Eu agradeci, dando o meu melhor sorriso.
— Uau, adorei. — Falei, tirando o colar de ouro com meu nome de dentro da caixinha.
Alice ergueu as sobrancelhas, animada, ao ver que havia ganhado o mesmo colar, mas com o seu nome.
— Foi algo simples, mas de coração. — Vovô C disse, sentado na poltrona.
— É lindo, meninas. — Minha mãe disse, sentando no braço do sofá, enquanto olhava para o colar.
— Elogiando um presente meu? Que milagre, Helena. — Nanabeth resmungou, irônica.
— Eu sempre a elogio, Annabeth, mas você nunca pensa que é com sinceridade.
— E por acaso é?
— Claro que sim! — Exclamou minha mãe, irritada.
— Por favor, hoje não é noite de brigas. — Vovô C falou. — Que tal abrirmos o vinho para completar esse jantar maravilhoso que acabamos de ter?
Nanabeth e minha mãe continuaram se encarar, prestes a matarem uma a outra. Nada fora do comum na família Hayes.
Enquanto o vovô C abria o vinho com ajuda da minha mãe, no canto da sala, meu pai lançava olhares assassinos para Jordan – que estava praticamente encolhido no sofá, com Alice ao seu lado – e eu tinha a sensação de que ele poderia socar o garoto a qualquer momento.
— Não estou gostando nada disso. — Alice sussurrou para mim, nervosa. Eu observava ela mexer a perna incessantemente.
— Que horas Jordan vai embora?
— Mamãe pediu para que ele ficasse mais um pouco, então não sei.
— Peça para ele não demorar muito ou o papai vai mata-lo.
— Acha que não sei?! Estou quase passando mal aqui e...
— Alice, Jordan, se juntem a nós para tomar um vinho. — Nanabeth ofereceu e aquilo foi o suficiente para o clima de tensão se tornar pior.
Nossos pais olharam diretamente para Jordan e Alice – que tinham o semblante de preocupação tão forte quanto eles –, e eu me mantinha cética, sem saber o que falar ou como agir. Quando Alice e Jordan se levantaram, de mãos dadas, eu soube que a situação ficaria mais crítica do que já estava.
Alice pigarreou antes de começar a falar.
— Vovó, eu não posso tomar vinho.
Nossos avós se entreolharam sem entender absolutamente nada. Do outro lado da sala, minha mãe agarrava meu pai pelo braço na tentativa de impedi-lo de fazer alguma besteira.
— Alice, olha lá o que você vai falar para sua avó! — Papai rosnou, já nervoso.
Eu continuava quieta no canto do sofá, desejando desaparecer.
— Como assim não pode? O que está acontecendo aqui? — Ela perguntou.
— Talvez Alice possa nos explicar. — Vovô C disse, com sua calma de sempre.
— Ela tem algo para contar. — Minha mãe falou.
Alice respirou fundo, apertando a mão de Jordan, prestes para falar as três palavrinhas mágicas que revirava o estômago de todo mundo – e não, não estou falando sobre eu te amo.
— Eu estou grávida.
Boom.
A informação havia explodido como uma bomba na sala e tudo o que havia restado era uma expressão de completo choque nos rostos dos meus avós. Nanabeth teve que se sentar, sem entender muito bem, e vovô C, também surpreso, acabou se acalmando com mais facilidade. Ele era a calmaria para o nervosismo da minha avó. E Robert Hayes, a cópia perfeita da mãe, agora tinha – novamente – uma expressão de fúria para Jordan, como se o culpasse por toda a situação.
— Grávida? — Nanabeth perguntou, quebrando o silêncio.
— Sim. Óbvio que não foi algo planejado, mas estou disposta a arcar com as consequências — Alice olhou para Jordan. – Aliás, estamos.
— Fico feliz que saibam disso, mas criar um filho não é algo simples. — Vovô C falou.
— Nós sabemos disso, vovô. Ainda não vamos morar juntos, por enquanto eu ficarei aqui em casa pelo menos até termos condições de ter o nosso próprio lugar.
— Vocês têm que se casar. — Vovó disse, convicta. — Imediatamente.
— O que?! — Alice gritou.
— Que história é esse, Annabeth? Alice só tem vinte anos. — Minha mãe disse.
— Exatamente por isso. — Ela se levantou. — O que acham que as pessoas irão pensar quando verem Alice grávida e com uma criança sem pai?
— Eu sou o pai. — Jordan disse.
— Então assuma o seu papel, jovem infeliz! Case-se com Alice.
— Eu concordaria com a ideia se ele não fosse um terrível cafajeste. — Papai resmungou.
— Anna, não precisamos levar as coisas a esse ponto.
— Fique quieto, Christopher! — Nanabeth exclamou. — Precisamos manter as nossas netas seguras e tudo o que Alice necessita agora é de um casamento estável. Uma criança não pode ser criada fora de um laço matrimonial.
Eu tapei o rosto, cansada de toda aquela ladainha.
— O que é isso? Século dezoito? — Minha mãe perguntou, injuriada.
— Helena, o seu caráter pode aprovar coisas desse tipo, mas não o meu.
— Olhe aqui, Annabeth...
— Parem! — Alice gritou fazendo todos se calarem e olharem para ela. — Não veem o quão isso é ridículo? Pelo amor de Deus, eu não quero me casar agora e muito menos Jordan. Nós nos amamos muito, queremos ter uma vida juntos, mas não é o momento. A nossa maior preocupação agora é criarmos o nosso bebê de forma segura e saudável e um casamento não faria isso melhor ou pior. — Ela se voltou para Nanabeth. — Vovó, sei que quer ajudar, mas não acho que esse seja o melhor caminho. Jordan e eu podemos ser novos, mas essas decisões cabem somente a nós. Estamos bem e faremos de tudo para que nosso filho ou filha cresça em um lar cheio de amor.
— E ela sempre terá a família. — Nossa mãe completou, firme.
— Ok. — Ela disse, suspirando. — Só queria ajudar, Ali.
— Eu sei disso e agradeço muito, mas não precisa ir ao extremo. Só quero que saiba que o apoio de vocês é muito importante, afinal serão bisavós.
— Bisavó. — Ela riu levemente. — Pensei que fosse ouvir isso daqui vinte anos.
— O bebê será muito amado, Alice. Você tem todo nosso apoio. — Vovô C falou.
— Viu? As coisas podem ser muito bem resolvidas em um diálogo calmo. — Eu disse, atraindo atenção deles.
— Nada disso estaria assim se não fosse por esse verme! — Papai rosnou, tentando bater em Jordan, mas foi segurado por minha mãe e vovô C.
— Talvez seja hora de você ir. — Alice disse, levando Jordan para a saída.
— Talvez seja. Tchau, família! — Jordan falou, correndo dali.
Meu pai continuou sendo acalmado por minha mãe e seu pai, enquanto Nanabeth continuava sentada, pensativa com toda a situação. A única coisa que eu desejava era que todo esse medo sobre a gravidez de Alice sumisse.
Quando Jordan foi embora, as coisas ficaram um pouco mais calmas. Minha mãe resolveu colocar músicas, vovô C começou a contar piadas e, felizmente, o clima que era tenso ficou mais ameno. Porém as coisas dentro de mim pareciam estar em uma constante guerra.
Alex. Alex. Alex.
O nome dele não saia da minha cabeça, a lembrança do nosso namoro era extremamente fresca em minha memória. Meu coração acelerava e minha boca ficava seca cada vez que me recordava de algum momento nosso. Não conseguia aceitar o fim, continuava a me agarrar na ideia de que um belo dia ele viria até minha casa, pediria perdão, garantindo que nós namoraríamos muito bem a distância, e seríamos felizes para sempre.
Camila, sua idiota inconsequente, não existe amor que dure nesse mundo e nem felizes para sempre, minha mente gritava comigo e eu queria discordar, mas sabia que minha razão estava certa.
Depois da meia-noite, depois de termos desejado feliz Natal e trocado abraços, resolvi vestir meu casaco e ir para a varanda observar a neve cair. Foi impossível não chorar, não sentir a maldita dor acumulada vir como uma avalanche, e a única coisa que eu desejava era que tudo não passasse de um pesadelo. Queria Alex, queria seu carinho, seus beijos e seu amor nesse dia. O Natal que havíamos planejado passar juntos, que prometemos que trocaríamos um eu te amo apaixonado, não ia ser nada mais além de monotonia e tristeza.
Não sei porque, mas desejei que Alex deixasse seu orgulho e me enviasse uma mensagem de Feliz Natal. Poderia ser apenas isso e nada mais. Precisava saber que ele se importava, que ele ainda pensava em mim tanto quanto eu pensava nele. Eu precisava me agarrar ao último fio de esperança que ainda restava.
Tendo a certeza de que ele não me enviaria nada, deixei meu orgulho de lado e escrevi e reescrevi a mensagem umas trinta vezes antes de enviar um simples "Feliz Natal, Alex". Meu coração parecia que ia sair da minha boca depois do envio, como se fosse uma garotinha apaixonada mandando uma carta para o seu primeiro namoradinho.
É só Alex. Você o conhece, eu dizia a mim mesma, tentando me agarrar nessa ideia. Daria tudo certo.
Porém eu nunca recebi uma mensagem de volta e aquilo só me fez ter mais certeza de que nosso namoro tinha terminado definitivamente, sem chance de volta, e que ele não era mais o cara que eu havia conhecido.
Era hora de dar adeus aos sentimentos do passado.
Não pensem que eu gosto da situação, por que não gosto, viu?! Nós, stans de Calex, sofremos como o inferno. E vem mais por aí...
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